domingo, 14 de dezembro de 2014

19º Capitulo: “Tens medo da trovoada…uau…”

Mario tinha Milicent na sua frente. Via, na cara dela, algum cansaço e sono…mas via, também um sorriso envergonhado. Não sabia bem o que pensar naquele momento, ficando um pouco bloqueado.
Milicent estava com sono e sentia-se cansada. Tinha passado a noite em branco em conflito consigo mesma. Pensou inúmeras vezes no que fazer, no que dizer…até que, por impulso, se levantou da cama, vestiu-se e foi até casa de Mario. A conversa com os seus pais tinha feito com que passasse a noite toda acordada, ela simplesmente ficou a pensar no que disse, no que ouviu e no que precisava de dizer ainda.
- Mario… - estiveram quase dois minutos a olhar um para o outro à entrada da porta sem saber exactamente o que dizer – ficarmos aqui não dá lá muito jeito…
- Desculpa, estava a pensar.
- Mais uma paragem de cérebro… -
os dois sorriram e Mario deu passagem a Milicent para entrar. Nisto ouvem um grande estrondo vindo do exterior, uma forte trovoada que assustou os dois. Mas que deixou Milicent completamente paralisada.
- Trovoada em Agosto…o mundo está perdido! – Mario caminhava pela sala reparando que Milicent permanecia no mesmo sítio. Ia para falar quando vê Marlene descer as escadas a correr. Foi ter com Milicent, agarrando nas mãos dela.
- Ei, ei, já passou…já passou, meu anjo – Milicent parecia ser acordada de um estado inconsciente, estando um pouco baralhada.
- Trovoada…
- Já passou, Mi. Já passou –
Marlene beijou a testa da amiga, dando-lhe um abraço. Milicent viu que Mario as olhava confuso e depressa sentiu-se envergonhada.
- Agora o teu namorado vai pensar que eu sou uma maricas do tamanho do mundo… - Marlene soltou Milicent e as duas caminharam até ao sofá, sentando-se à frente de Mario.
- Tens medo da trovoada…uau…
- Por favor…não gozes, Mario! –
Marlene chamou Mario à atenção.
- Eu não estou a gozar! É normal, aquele barulho assusta como tudo…mas…estás bem, Milicent?
- Sim…é só de não estar à espera que bloqueio. Tenho pânico àquilo.

- Quando ela era pequena… - Marlene olhou para Milicent, que assentiu com a cabeça para que continuasse a falar – bom, quando nós éramos pequenas, vá com dez anos, numa noite de tempestade…esta menina foi atingida por um raio.
- A serio? Aquilo tem mesmo electricidade?
- Tem. A minha avó tentou tocar-me e apanhou um choque. Tive uns dias no hospital para fazer montes de exames para ver se não ficava com sequelas.
- Que é que te deu para ires para a rua?
- Eu não fui à rua…a janela do meu quarto abriu-se e, eu tentei fechá-la mas o raio coiso…
- Uau…
- Bom mas vocês não querem falar disso –
Marlene interrompeu Mario, levantando-se – falem lá o que realmente interessa. Eu vou subir…
- Não…fica Mare… -
Milicent agarrou na mão da amiga que a olhou.
- Mas você…têm de falar.
- Tu deves ouvir o que nós vamos falar. É importante…pode ser não pode, Mario?
- Claro… -
Marlene olhou para os dois e acabou por se sentar de novo, no mesmo lugar. Milicent viu Mario sozinho no sofá em frente delas…não se sentia bem com aquela disposição que houve entre os três.
- Isto assim fica estranho…vamos para o chão – todos a olharam desconfiados mas, quando a viram sentar-se no chão fizeram o mesmo. Formavam um pequeno triângulo no meio dos sofás. Era possível estar perto dos dois, olhar os dois nos olhos, sentir o que iria dizer de uma maneira diferente – está melhor assim…
- Está sim – Mario concordou, agarrando a mão de Marlene.
- Eu começo que…preciso mesmo. Mas por favor não comecem com brincadeira que isto é sério. Se for lamechas é porque isto coiso…sai cá do coração – Marlene e Mario riram-se e Milicent respirou fundo – eu tenho noção que ontem a coisa tornou-se um bocadinho feia. As coisas foram ditas de uma maneira muito dolorosa…Mario…o que eu te disse acabou por ser aquilo que eu sentia… - Milicent fez uma pequena pausa, controlando a sua vontade de chorar – mas…eu disse-o de uma maneira fria…fui a Milicent que não sou…fui a Milicent quando tem uma falta enorme em si…era eu…mas eu com saudades e descarreguei tudo sem sentimentos…só com raiva de mim mesma – uma lágrima grossa caiu-lhe pela cara, levando a que, de seguida, muitas outras caíssem. Marlene e Mario, num impulso muito rápido e simultâneo, agarraram, cada um, numa mão de Milicent. A jovem rapariga sentiu, ali, amor de irmãos…amor daqueles que ama, aqueles que venera mas que não são seus irmãos de sangue – o que eu disse ontem… - Milicent olhou para Mario, tentando controlar a sua respiração – aquilo era o que eu pensava de ti…se eu estivesse melhor…se eu estivesse bem, ter-te-ia dito as coisas de uma forma diferente. Se eu estivesse bem…eu não tinha saído daqui sem que as coisas ficassem bem. Mario… - Milicent levou as suas mãos à cara, limpando as lágrimas. Voltou a agarrar as mãos deles, juntando todas numa pequena “torre” de mãos – ter vindo aqui para casa, fez com que eu mudasse completamente aquilo que pensava sobre ti. Vejo a forma como tratas dela, a forma como aprendes a amá-la todos os dias, a forma como entregas cada pedaço de tempo livre que tens a ela. Eu sei que nós não somos nada…que pouco nos conhecemos…mas eu vejo-te como um irmão. E não tenho obrigadas suficientes que cheguem para perceberes o quanto te estou agradecida – depois de ter conseguido terminar o que sentia que devia dizer, sentiu as suas lágrimas pararem e uma vontade de sorrir surgir. Sorriu…estava mais aliviada.
- Milicent…
- Espera, esqueci-me de uma coisa! Tu és uma pessoa realmente boa. Não és aquela pedra de gelo que eu pensava, não, não és. E mereces o melhor que a vida te conseguir dar e mereces o teu amor e mereces o Marco. Mereces ser feliz de verdade! E desculpa.
- Eu é que te tenho de pedir desculpa… -
para Mario era mais difícil falar sobre tudo aquilo…não estava habituado àquilo – bem, na verdade eu não estava nada preparado para termos esta conversa tão cedo…precisava de me mentalizar, mas agora tem de ser não é? – Milicent e Marlene entreolharam-se e sorriram – Tu entraste na vida do Marco e mudaste-o…e…bom eu tive ciúmes, mas já passaram atenção! Eu percebi que lhe fazes bem mas… - as duas raparigas viram Mario ficar diferente…ele vai chorar? Eu não consigo ver o meu namorado chorar! Era só o que Marlene pensava. Mario levantou-se, começando a andar – eu comecei a perceber que…não fazia mal amar ninguém. Que afinal…podia amar sem pensar que iria sofrer mais do que amar… - Mario voltou a olhar para elas as duas, continuando o seu discurso – a Marlene mudou-me, mudou a forma como eu olho para tudo. Tê-la comigo…é algo que agradeço todos os dias. A vossa vinda para aqui foi uma mudança radical na minha vida, ter duas pessoas maravilhosas com quem partilhar tudo do meu dia a dia…é muito bom. Vocês vieram ocupar um espaço que faltava aqui…é difícil estar sozinho aqui – Mario parou, sentando-se no sofá – eu peço desculpa por tudo aquilo que disse…mas só quero o vosso bem. Saber que o Mandzukić está mesmo interessado em ti e que quer investir em ti, mesmo com o Marco…mete-me nojo. É só ele que mete…tu não. Tu és uma pessoa autêntica, com bondade no coração e um amor pelo Marco que…é perfeito. Desculpa, Mi – Milicent chorou instintivamente…era a primeira vez que Mario a tratava da mesma forma que Marlene… - Miúda, não chores mais antes que…
- Comeces a chorar também, tartaruga – completou Marlene.
Mario nada disse e todos iam olhando uns para os outros. Milicent acabou por se levantar, seguida por Marlene que fez o mesmo.
- Desculpa, Mario.
- Desculpas-me a mim?
- Só estavas a proteger todos…não há nada para desculpar.
- Então ninguém tem de pedir desculpa.
- Vá, então agora um abraço! –
Disse Marlene, animada.
- Mas tu achas mesmo que o teu namorado faz dessas coisas? – Perguntou Milicent.
- Ela sabe. Achas mesmo que eu ia dar abraços a esta hora da manhã? Ainda por cima acordou-me!
- Eu tinha de falar contigo antes de ir para o Centro, oh!
- Vá, dêem lá um abraço. O que é que custa?
- Implica eu ter de me levantar, esticar os braços…isso dá trabalho.
- Mario…poupa-me. A Mi gosta de abraços e precisa deles.
- Ah mas eu dispenso…ele que te dê todos os abraços a ti –
Milicent preparava-se para se sentar, quando Marlene a empurra e as duas caem em cima de Mario que, no mesmo instante, as abraça as duas.
- Ei oh Marlene eu não acredito que tu acabaste de fazer isto! – Milicent berrava com alguma dificuldade, já que estava no meio dos dois, completamente esborrachada – deixem-me sair daqui!
- O Marinho está a abraçar-nos, meu amor.
- Eu dispenso isto…a sério.
- Oh cunhada, são abraços. Tu curtes deles.
- Oh sim…bastante, mas não dos teus! O teu braço está a aleijar-me a mama!
- Esta é tua? Ai que nojo! Eu pensava que era da Marlene! –
Por momentos todos ficaram em silêncio.
- Quer dizer, já nem sabes que mamas são as minhas? – Perguntou, fingindo-se chocada, Marlene.
- Sei, mas assim fica complicado e como ninguém se queixou eu deixei-me ficar quieto.
- Olha devias era chamar o teu amigo para tratar das minhas mamas que, depois disto, vão ficar todas doridas –
Milicent olhou para Mario e os três desmancharam-se a rir, ajeitando-se no sofá.
Mario permanecia deitado, Milicent estava sentada com as suas pernas por cima do tronco de Mario e Marlene estava deitada em cima de Mario, por cima das pernas de Milicent. Quem entrasse ali e os visse assim, iria achar tudo muito estranho.
- Dêem um beijinho – pediu Milicent.
- Mas estás doida? Eu não faço disso em público!
- Ei Mario, já fizeste! Faz lá outra vez… - Mario ainda ia opor-se àquele pedido, mas foi surpreendido pelo beijo inesperado de Marlene.
Por breves segundos, Milicent ficou a olhar para eles mas acabou por desviar o olhar ao lembrar-se de Marco. As lágrimas começaram a querer escorrer-lhe pela cara mas, depressa, esqueceu aquilo.
Voltou a olhar para os seus amigos, que continuavam envolvidos num beijo apaixonado. Milicent decidiu interrompe-los, dando um beijo na bochecha de cada um deles.
- Para quem não queria beijos…ainda deixavas a Mare sem respiração!
- Isso é tudo falta, sabes? –
Mario falou sem pensar, percebendo que Milicent ficara pouco à vontade com isso – Ei…desculpa.
- Não tem mal…
- Chegaste a falar com ele? –
Perguntou Mario, curioso.
- Sim…mas acho que até ele voltar cá não consigo falar com ele.
- Porque? –
Inquiriu Marlene.
- Saudades…e é melhor.
- Quando ele cá vier…é melhor haverem preservativos suficientes para a vossa acção.
- Ei oh Mario, até parece!
- Parece sim! Vocês os dois sozinhos em casa deve ser: acordam, sexo, Marco vai para treino, volta, sexo, comem, sexo, vão à casa de banho, sexo…

- Podes parar por aí! Oh meu Deus…tu achas que nós somos assim tão tarados?
- Parecem!
- Não…não mesmo –
Milicent encostou a sua cabeça no sofá, olhando o teto – mas não era má ideia renovar o stock.
- Dos de morango, não é?
- Mario isso não era para disseres! –
Marlene repreendeu-o, dando-lhe uma leve chapada no braço.
- Eu estou feita com vocês todos! Deixei-me sair daqui! – Marlene levantou-se para que Milicent saísse dali. Como estava em cima de Mario, aproveitou o facto para se sentar em cima da barriga dele, antes de se meter em pé.
- Que gorda, meu! Podias ter-me partido as costelas!
- Oh sim…tenho o mesmo peso que a Marlene e se todas as noites a tens em cima de ti, já estás mais do que habituado, cunhado –
Milicent sorriu e viu que ele se levantava também – posso pedir uma coisa?
- Mais beijos ou abraços não!
- Não é isso…posso só dormir duas horinhas lá em cima?
- Estás em casa…não tens de perguntar isso, cunhada. Dorme, tem sonhos bonitos que nós depois acordamos-te e levamos-te ao centro.

- Obrigada – Milicent aproximou-se dos dois, já que estavam lado a lado, e abraçou-os – eu amo-vos muito, meus irmãos – Marlene levou a sua mão até às costas da amiga, acariciando-a. Mario fez o mesmo, mas na cabeça de Milicent. Ninguém disse mais nada, ficaram apenas abraçados por algum tempo.


- Já estás mais animada, Mili! – dizia Mary Alice.
- Já fiz as pazes com o meu amigo.
- O teu namorado?
- Não…com ele ainda não.
- Porque?
- É complicado de explicar, Mary…mas sabes, às vezes, nós adultos, temos conversas menos boas e demoramos a esquece-las…mas isto passa.
- Quando passar…trazes cá o teu namorado?
- Queres conhece-lo?
- Sim! Deve ser muito querido como tu.
- É…ele é muito querido, é lindo e adoraria conhecer-te.
- Como é que ele é? É loiro?
- É –
Milicent riu-se, continuando – é loiro, de olho azul.
- Como eu!
- Sim.
- Também és loira, Mili?
- Não…eu sou morena, olhos verdes.
- Vão ter filhos bonitos…

- Ainda é muito cedo para isso…mas ele virá cá ver-te. Mais dois amigos meus. Vem o Marco, a Marlene e o Mario.
- O teu namorado é o Marco?
- Sim…
- Vou gostar de os conhecer…
- E eles a ti, meu anjo –
Milicent deu-lhe um pequeno beijo na testa – Mary…?
- Sim?
- Tu…queres ter uma família nova? –
Milicent tinha de fazer aquela pergunta…precisava de saber.
- Claro que sim! E que tivesse uma mana para brincar comigo! – A resposta sincera de Mary Alice mexeu com Milicent…queria aquela pequena na sua vida. Na sua família.

Voltou para casa de Mario quando o dia no centro terminou. Voltar a estar ali, com os dois, fazia-a pensar muito mais em Marco e nas saudades que tinha dele. Faltavam quatro semanas para o voltar a ver, sem saber se aguentaria tanto tempo.
Naquela noite, Milicent escreveu o seu primeiro bilhete para Marco. A primeira frase tal e qual como combinaram. Aquilo que sentia…estava escrito para ser entregue a Marco. Quatro semanas precisam de passar para lhe entregar tudo o que escrever…quatro semanas têm de passar para voltar a sentir o cheiro dele. Precisam de passar quatro semanas para ter a prova que não desistem um do outro.

Olá meninas!
Espero que o vosso fim de semana tenha corrido bem e sei que este capítulo chega mesmo no fim de um Domingo frio e chuvoso (pelo menos em Portugal).
Espero que tenham gostados e, se não fosse pedir muito, gostava imenso que respondessem a uma pergunta: o que esperam daqui para a frente?
Muitos beijinhos, fico à espera dos vossos comentários.
Ana Patrícia*

4 comentários:

  1. Olá

    Adorei *_*


    Beijinhos

    A.M

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  2. Quero mais! Quero mais! Quero mais!
    Por favor....
    Adorei e quero mais!
    Quero Mili e Marco rápido please...
    Beijinhos
    Nana

    ResponderEliminar
  3. Olá!
    Bem, li a tua fic toda em vinte e quatro horas, portanto já deves ter percebido que sou completamente viciada em Mili-Marco, adiante, e antes de falar da história em si, tu tens tanto talento para isto, tens mesmo, amo, mas amo mesmo a maneira como escreves, que delícia (babei)!
    A história em si, fiquei chocada no inicio, homem noivo?! vá tá bem, é traição, é horrivel, mas pronto,..agora ele foi mesmo com o casamento para a frente?! Deus meu, eu a pensar que não ias mesmo fazer isso (mas fizes-te, mázinha que foste!) mas até que foi fofo, ele ceder a casa dele, aqueles momentos de pura loucura, a entrega daqueles dois era fenomenal, e comecei a apaixonar-me por eles, são mesmo o casal mais fofo. Depois a Mare e o Mário, é só rir, o andacá-saidaqui deles é ultra fofo. (eu agora vou-me lembrando de coisas da história, se isto sair uma caca sem nexo, desculpa :c) Ah, e o Marquitos ir lá para a Suiça e deixar cá a Milicent?! Fiquei furiosa, a sério que sim porra e ainda por cima o outro (ñ sei como escrever aquilo mesmo) a comê-la com os olhos, grrrr! Odeio vê-los assim separados, afastados, odeio, pronto odeio mesmo!! E a discussão Mili-Mário, opá eu só pensava 'Mare quando é que vais intervir e calar aqueles dois?!' eles tavam a dizer coisas sem sentido já! Ohh e a menina? que coisa boa, espero mesmo que os pais dela queriam adotá-la! Ah e a porrada da princesa e da bruxa má? Que mierda, espero que não venha mais daí, ela podia mesmo ir presa né? davas um jeitinho ihih, bem não escrevi nem metade do que queria de certeza, mas tudo só para te dizer que estou viciadissima e a sofrer com isto portanto, escreve, escreve muito que tou com o coração aos pulos para ler isto.

    Em relação à pergunta, eu até tenho medo de responder : eu espero que a Mili e o Marco estejam bem, espero que o Mário e a Mare sejam felizes e quero que os pais dela adotem a menina e quero que a Mili conheça a família Reus, e quero mais momentos fofos deles, sim é isso que espero mas sei que é isso que tu não vais fazer, mas pronto :c

    Beijinhos, e quero muito muito muito rápido o próximo.

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  4. Holla :)
    Já vi que tenho um capitulo em atraso...mas vou já actualizar-me :P
    Sobre este capitulo...gostei muito e quero mais :)
    Ainda bem que a Mili e o Mario fizeram as pazes :D
    Próximo bjs

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