- Ainda bem que
vieste almoçar connosco – dizia Milicent, sentando-se num dos cadeirões de
jardim na casa de Mario e Marlene. Thiago sentava-se ao lado dela, olhando-a.
- Ainda bem foi
que tu vieste cá! Não estava mesmo nada à espera...
- Eu tinha
prometido que iria estar presente na tua recuperação e que, se pudesse, te iria
visitar – Milicent, que até então olhava para o céu, olhou para Thiago –
mas...com a lesão do Marco foi tão complicado.
- Claro e já
tínhamos falado sobre isso e eu entendo – Thiago agarrou a mão de Milicent,
fazendo pequenas carícias sobre a mesma – como é que está tudo?
- Vai ficando
cada dia melhor que o anterior. Estou numa fase tão boa da minha vida,
Thiago...
- Sabes que
isso se nota?
- Ai nota?
-
Perfeitamente. Estás com aquela tua energia tão contagiante e esse sorriso?
Nota-se que estás bem, muito bem aliás.
- Posso dizer
que, desta vez, as coisas foram todas completamente diferentes. Ele esteve mais
descontraído, mais presente do que das outras vezes. Começamos logo a brincar
com a situação no primeiro dia e, a partir daí, foi sempre a melhorar.
- Chegaste a ir
a alguma sessão de fisioterapia com ele?
- Fui. Até
porque ele já me tinha pedido da outra vez – Milicent encostou-se ao cadeirão,
cruzando os braços.
Lembrança
de Milicent, on:
- Oh Mili, mas
então?
- Então eu
tenho sono...
- Vou indo,
então – Marco que, até então, estava sentado ao fundo da cama levantou-se
agarrando-se às muletas.
- E vais
sozinho, não é amor? – Milicent virou-se de barriga para cima, olhando para
Marco que permanecia estático a olhá-la – Esqueceste-te que eu sou a tua
motorista?
- Eu ligo ao
Marcel.
- És tão tolo –
Milicent meteu-se em pé na cama, caminhando na direção de Marco. Por estar mais
alta que ele, teve de se baixar para o beijar – achas que eu não ia? Eu
prometi, eu cumpro. Mas que me apetecia ficar na cama, apetecia.
- Mas podes
ficar, a sério.
- Shiu, vou
tomar um duche rápido e já volto. Podias ir vestindo o menino...
- Vou vestindo
sim senhora – Milicent voltou a beijar Marco, descendo da cama para ir em
direção da casa de banho.
Antes de entrar
para o seu duche, Milicent deixou-se ficar por algum tempo a olhar-se ao
espelho. Cada vez mais gostava do que aquele espelho lhe transmitia. Em tempo,
olhar-se ao espelho era algo que nunca fazia. Milicent não sentia a confiança
necessária para se sentir bem com ela. Foi crescendo, foi amadurecendo sabendo
que, no último ano, foi quando cresceu mais e, agora, a olhar-se ao espelho
Milicent deixou de ver aquela rapariga do seu antigamente. Milicent via-se como
uma das partes de um casal com história, via-se como mãe de um bebé lindo e
saudável. Via-se feliz. Imensamente feliz.
Despachou-se o
mais rápido que conseguiu já que teriam de estar em pouco tempo no centro de
treinos. Chegou ao quarto, calçando o sapato que lhe faltava.
- Estão
despachados? – perguntou, capturando a atenção de Marco.
- Mais que
despachados! – Milicent aproximou-se deles – Obrigado, Mili – Marco levou as
suas mãos até ao rabo da namorada aproximando-a dele.
- Não te ponhas
com ideias, rapaz! – Milicent deu-lhe um curto beijo nos lábios, pegando em
Marten ao colo – Vamos lá embora que não podes chegar atrasado.
- Sim, chefe! –
Marco levantou-se, caminhando com ajuda das muletas. Milicent despachou-se mais
depressa que o namorado, acabando por meter Marten na cadeira do carro e
esperar no exterior do mesmo até que Marco se aproximasse dela.
- Andas a ficar
um lentinho... – antes que Marco pudesse ir para o seu lado do carro, Milicent
abraçou-o – eu tenho muito orgulho na pessoa que és.
- Acredita que
é proporcional ao orgulho que eu tenho por ti – Milicent sorriu, olhando-o.
- Vá, vamos –
abriu-lhe a porta do carro, agarrando nas muletas. Depois de as colocar no
porta-bagagem, Milicent foi para o lugar do condutor começando a dirigir-se
para o centro de treinos do Dortmund – como é que vai ser hoje?
- Não sei.
Todos os dias fazemos coisas diferentes para trabalhar os músculos.
- Não faz mal
nós irmos, pois não?
- Não. Eu falei
com o fisioterapeuta e ele disse que seria bom.
- É que eu não
me quero sentir lá uma emplastra – os dois riram-se e, quando deram por eles já
estavam perto da entrada do centro de treinos – será que vão andar por aqui as
tuas fãs?
- Não é
costume. Isso só acontece quando o treino é aberto ao público.
- Eu ainda não
percebi o que é que elas acham de mim, sabes? – Milicent parou o carro junto do
segurança abrindo a janela. O senhor viu Marco, abrindo a cancela de forma a
que Milicent entrasse.
- Mas elas
gostam de ti – Marco retomou a conversa – não viste que até te mandam prendas e
tudo?
- Tudo bem,
isso é a tua querida Luesne. Mas e o resto? Eu, no outro dia, vi comentários
estranhos.
- Como assim?
- Oh daqueles
que queriam casar contigo! – Marco riu-se e Milicent acabou por lhe dar uma
palmada no ombro – não te rias que o caso é sério! Olha se te apaixonas por uma
delas?
- Isso é
impossível porque eu sou perdidamente apaixonado por ti.
- Oh cala-te –
Milicent estacionou o carro num dos lugares disponíveis, saindo assim que o
desligou. Foi buscar as muletas de Marco, entregando-lhas quando ele já estava
de pé fora do carro – vamos lá a isto. É para trabalhares, ouviste?
- Claro!
- Acho bem –
Milicent retirou Marten da sua cadeirinha, fechando o carro.
- Então hoje
trazes companhia? – os dois olharam para trás, vendo Aubameyang aproximar-se
deles.
- Oh só cá
faltava este! – antes de ir ter com Marco, Auba foi ter com Milicent e, de
imediato, Marten começou a esticar o seu corpo na direção dele.
- Olha, olha
tens saudades do tio? – com alguma rapidez, retirou o menino do colo de
Milicent, fazendo com ele o avião – o Marten tinha saudades do tio Auba!
- Era bem feito
que te bolçasse para cima! – Milicent surpreendeu-se com aquele comentário de
Marco, acabando por se rir e ver Aubameyang parar e ficar a olhar para o amigo
– não me olhes assim, ele comeu à pouco tempo.
- Andas feito
um engraçadinho! Não eras assim, oh loiro! – Marten voltou ao colo da mãe,
rindo-se imenso – vão lá ter um momento em família na sala de recuperação. Mas
não façam bebés que aquilo tem câmaras por lá.
- Ainda bem que
nos dás essa informação...é que me estava mesmo a apetecer fazer coisas nessa
sala – atirou Milicent.
- E eu a pensar
que me ias dar um raspanete! Adeus, fui – ele começou a correr enquanto
Milicent e Marco caminharam em direcção da sala de tratamentos.
- Chega aqui –
a sessão de tratamento já ia a meio e Marco tinha aproveitado que estavam os
dois sozinhos para chamar a namorada. Milicent aproximou-se dele, passando com
a sua mão pela perna despida de Marco – fazeres isso é perigoso!
- Queres ver
que os ligamentos estão assim tão frágeis? – aproximou-se dele, passando a sua
mão para dentro da camisola de Marco.
- Estás muito
atrevida, estás.
- Devo
confessar que te tornas muito irresistível aqui deitado.
- Olha, olha –
Milicent riu-se, sentando-se na cadeira a sua lado – anda cá, Marten – Marco
abriu os seus braços na direção do filho que, muito depressa, se precipitou na
direção do pai – é muito bom ter-vos aqui.
- Também é
muito bom estar por aqui – Milicent agarrou a mão de Marco, beijando-a – e
estás mesmo irresistível hoje!
- A mãe está
tola! – Marten riu-se e foram interrompidos pela entrada do fisioterapeuta.
- Estou a
gostar deste bom ambiente! – colocou-se ao lado de Marco, passando com a mão
sobre a cabeça de Marten que o olhou – não sabes quem eu sou, não é? Mas eu
digo-te que sou o senhor das boas noticias – o fisioterapeuta olhou para Marco,
sorrindo-lhe – terminas esta semana a fisioterapia e, em principio, poderás
começar a trabalhar com bola no inicio da próxima semana.
- A sério? O
senhor está a falar mesmo a sério? – Milicent foi quem se expressou primeiro,
para espanto de Marco – não o vão pôr a jogar só porque ele é importante para a
equipa, pois não? O Marco precisa de recuperar a sério, totalmente.
- Estou a ver
que tens aqui uma defensora...
- Ela nem
costuma ser assim tão expressiva, hoje não sei o que lhe está a dar.
- Eu já disse
que estás irresistível aí deitado e olha viste agora vou corar – Milicent
estava mesmo sem filtro nenhum nas suas vontades de falar, de se expressar e
dizer tudo o que lhe ia pela cabeça.
- Não se
preocupe, menina. Aqui o rapaz está completamente recuperado. Vamos mantê-lo em
fisioterapia mais uns dias para não o prejudicar.
- Graças a
Deus! Já vais passar o Natal sem as muletas! – todos se riram e Milicent sentiu
o seu coração, finalmente, sossegar.
Lembrança
de Milicent, off.
- Acho que, se
o Marten não tivesse passado aquela noite com cólicas tínhamos feito o bebé
número dois – acabou Milicent por se confessar a Thiago.
- Tens assim
tanta vontade de ser mãe outra vez?
- Não, por
agora fico bem só com o meu menino – Milicent recostou-se no cadeirão – mas
sinto que voltamos a ser os mesmos de antigamente, sabes? Ao inicio, eu e o
Marco éramos tão focados um no outro e nos prazeres bons da vida que, aqueles
dois lá dentro, muitas vezes nos ligavam e perguntavam logo: “interrompemos o
sexo?” – os dois riram-se com fortes gargalhadas.
- Isto está
muito animado por aqui – ao ouvir a voz da amiga, Milicent só conseguiu olhar
para Marlene.
- A Milicent
estava aqui a falar de quando tu e o Mario lhe ligavam a interromper momentos
íntimos – comentou Thiago.
- Não, não! Eu
nunca interrompi momentos desses – Marlene sentou-se em cima das pernas de
Milicent que levou as suas mãos até à barriga da amiga – o Mario talvez!
- O Mario sim!
E depois o Marco não lhe desligava nunca a chamada. Ficavam horas à conversa e
lá se ia o momento – os três riram-se e Milicent começou a sentir os pontapés
de Erik – eu bem rezei para que fosses menina – começou a passear com uma das
suas mãos pela barriga de Marlene, rindo-se – mas vais fazer é a vontade ao teu
pai, não é?
- Parece que é
Mi – Marlene agarrou as mãos de Milicent e as duas olhavam para Thiago – sabias
que ela queria que o Mario apanhasse um desgosto ao saber que era uma menina e
não menino?
- Sabia, sabia.
O Mario contou-me.
- Mas as minhas
preces não foram ouvidas!
- Eu gostava de
ver, no dia em que descobríssemos que seria menina, o que é que tu e o Mario
faziam – comentou Marlene – tu, provavelmente, fazias uma festa.
- Oh, não...eu
acho que só o dizia mesmo para picar o Mario. Mas que queria uma menina, lá
isso queria.
- Ainda com
essa conversa? – questionou Mario, chegando ao jardim.
- Só faltavas
mesmo tu, senta ao colo do Thiago – disse Milicent, fazendo com que todos se
rissem. Mario sentou-se ao lado de Thiago, olhando para elas – que foi?
- Estás
demasiado animada e elétrica para meu gosto.
- A isto se
chama falta, imensa falta!
- Do teu filho?
– perguntou Thiago, fazendo com que todos se rissem – ah! De sexo!
- Mas não vamos
falar sobre isso...até porque ainda só passaram umas doze horas desde a última
vez.
- Que tarada,
Mi!
- Mario, shiu,
tu sabes que é preciso muito treino para manter os músculos a funcionar. E,
quando o Marco estava lesionado, uma pessoa habituou-se a muito...oh por favor,
vocês estão a fazer com que eu, desbocada, esteja aqui a falar da minha vida
íntima!
- Vou telefonar
ao teu companheiro, então.
- Mario, não
que vergonha! – demasiado tarde. Mario já fazia a chamada, olhando sério para
Milicent – algo me diz que vais fazer videochamada.
- Vês como tu
sabes!?
- Oh que
vergonha. Esconde-me, Mare – Milicent tentou esconder-se atrás de Marlene mas
acabou por espreitar para ver o que Mario estava a fazer – ele vai mesmo fazer
videochamada?
- Vai, boneca –
Marlene riu-se e Milicent acabou por se recostar no cadeirão.
- Fogo, tanto
tempo para atender porquê? Não eras assim, oh macaco! – começou Mario por
dizer, assim que Marco atendeu a chamada.
- Experimenta ter um bebé super agitado e logo
vês como ficas sem tempo para atender videochamadas de amigos parvos!
- Oh só a voz
dele me está a deixar maluca – comentou, baixinho, Milicent. Algo que não
passou despercebido a Marlene que depressa olhou para a amiga – estou cheia de
vontade de sexo, sim.
- Não caias em
tentação...
- Só com o
Marco. E algo me diz que ainda vou hoje para Dortmund.
- Oh, mas agora
nem ficas connosco?
- Quem não
fica? – perguntou Mario, ouvindo o que Marlene perguntava.
- Eu! Vou comer
um gelado – avisou Milicent, olhando para o amigo.
- Nem queres
ver o teu namorado?
- Mais vale ela
não o ver – interveio Marlene – ainda começam com preliminares via telemóvel –
Milicent e Thiago riram-se, juntamente com Marlene. Mario olhava-os sério – oh
tartaruga, estás tão sério porquê?
- Porque me
parece que está tudo a pensar demasiado em sexo! – Mario voltou a olhar para o
telemóvel e, juntamente com Thiago, falavam com Marco.
- Deixa-me ir
ali, Mare – Milicent esperou que a amiga se levantasse para que pudesse ir ter
com eles. Sentou-se em cima das pernas de Thiago, olhando para o telemóvel – oh
Mario, não me queres apresentar este teu amigo?
- Eu também não sei porque é que ele não nos
apresentou antes...
- Vocês parecem
dois adolescentes com as hormonas aos saltos! – comentou Mario, fazendo com que
Thiago se risse.
- O teu amigo
anda demasiado atraente...fica tão difícil controlar estas vontades, Mario.
- Olha aí! O teu filho ainda ouve o que estás
a dizer! E ele não pode ser como a mãe.
- Oh! Se for
como tu deixa lá que também não é melhor! Onde é que anda o nosso fofo?
- Está no quarto a ser mimado pela avó. A
minha mãe veio cá e está lá em cima com ele.
- Já compraste
a minha prenda?
- Mas tu fazes
anos por acaso? – perguntou Mario, interrompendo a conversa dos dois.
- Não! Mas
amanhã é dia dos namorados! Eu mereço uma prenda...
- Eu não te chego? – perguntou Marco,
capturando a atenção de Milicent.
- Chegas...mas
assim com muito menos roupa do que essa que tens vestida.
- Olha, a sério
parem lá com essas coisas! Que tarados, que vergonha! Nem com visitas se
comportam – Mario queria parecer revoltado com aquela situação mas acabou por
se rir.
- A visita não
é nenhum estranho e, é verdade, devíamos combinar um jantar os três – Milicent
olhou para Marco, vendo que Thiago também o olhava – que acham?
- Por mim é quando der mais jeito ao Thiago...
- Havemos de
combinar qualquer coisa, sim – Milicent sorriu, vendo que os dois estavam em
sintonia e que, até, se poderiam dar bem.
- Por mais
tempo que passe, estes jogos com a seleção são sempre os que me deixam mais
nervosa – comentava Milicent com a sua sogra.
- Acredita que
estamos as duas na mesma situação.
Marco estava em
estágio com a seleção. Tinham um compromisso com a Geórgia rumo ao europeu de
2016 e, desde que Marco se tinha ido embora, Milicent não conseguia sossegar.
- Vá lá, bebé.
Colabora com a mãe...é só abrires a boca e comer, isto é tão bom! – Marten
estava num daqueles dias em que birra era a única coisa que conseguia fazer.
Milicent e Manuela tentavam entretê-lo de todas as maneiras mas nada o
conseguia pôr de bom humor.
- Pode ser que
sossegue a ver o pai jogar... – disse Manuela, fazendo com que Milicent
sorrisse.
- Obrigada por
ter vindo para ao pé de nós – agarrou a mão da senhora, recebendo um beijo na
testa.
- É tão bom
estar com vocês. Por mais birras que aí o nosso menino faça, ele consegue ser
bem disposto.
- Anda a ficar
tão irrequieto...desde que começou a gatinhar como deve ser não quer outra
coisa.
- Então
prepara-te quando começar a andar! – Manuela riu-se e Milicent acabou por fazer
o mesmo.
- Dá, dá –
Marten agarrava a mão de Milicent, puxando-a para si – du dá.
- A mãe dá, mas
tens de comer! – Milicent aproximou a colher de Marten que depressa se afastou
dela – Marten, bebé, assim não dá!
- Vamos para a
sala – Manuela aproximou-se da cadeira de Marten olhando para Milicent – daqui
a pouco começa o jogo e vamos conseguir que ele coma.
- Deus a ouça!
Tu hoje estás tão teimoso – Milicent colocou-se de pé, dando um beijo na
bochecha do filho que se riu – assim consegues que a mãe se esqueça da tua
teimosia!
- Acho que
nisso saiu ao pai. O Marco era igualzinho com a idade do Marten.
- A minha mãe
diz isso de mim...ele tem teimosia dos dois lados.
- Mas tu não me
pareces tão teimosa como o Marco.
- Tem os seus
dias, Manuela – as duas riram-se e, depois de Manuela pegar em Marten ao colo,
foram os três até à sala. Sentaram-se as duas no chão em frente da televisão.
Manuela
mantinha Marten entre as suas pernas e o menino, muito animado, batia palmas
olhando para a televisão. Milicent ia conseguindo dar-lhe a comida para seu
contentamento. Manuela mantinha o neto sempre distraído para que Milicent
conseguisse engana-lo com a comida.
Estavam tão
entregues àquele momento que só quando ouviram os comentadores falar um pouco
mais alto é que se aperceberam que tinha sido golo de Marco.
- Foi golo do
pai, Marten! Foi golo! – dizia Manuela visivelmente feliz.
- Pai! –
surpreendendo as duas aquela palavra saiu da boca do menino que olhava e
apontava fixamente para a televisão. A imagem era de Marco a sorrir. Milicent
deu um beijo na bochecha do filho, passando com a sua mão pela barriga de
Marten.
- É o pai, sim
senhora – olhou para Manuela que sorria – já seria de esperar, sabe? Ele já
tentava mas só lhe saia “pá”. Marten? – o menino olhou-a – mãe, agora tens de
aprender a dizer mãe, mãe!
- Mã!
- Mãe, meu
amor. Mãe.
- Pai! Pai,
pai, pai – batia palmas à medida que falava, causando a gargalhada entre as duas.
Milicent já
dormia quando Marco chegou a casa. Tentando fazer pouco barulho para não
acordar a namorada e o filho, Marco acabou por perceber que Milicent tinha
acordado. A rapariga agarrou as mãos do namorado, encostando o seu corpo ao
dele.
- Dorme, ainda
é de noite – disse-lhe, baixinho, Marco.
- O Marten
disse a primeira palavra como deve ser – Milicent não resistiu e acabou por se
virar para ele – como é óbvio disse “mãe”.
- A sério? –
Marco deu-lhe um beijo na testa, envolvendo o corpo da namorada com os braços –
gravaste?
- Gravei...pega
aí o meu telemóvel – Marco fez o que Milicent lhe disse – agora tu sabes onde
ir. Eu vou dormir – Milicent encostou a sua cabeça no peito de Marco, esperando
que ele visse e ouvisse a gravação.
Milicent tinha feito
um vídeo a dar banho a Marten onde se ouvia o menino a repetir por diversas
vezes a palavra “pai”.
- Estás com
ciúmes...
- Não. Eu sou a
“mã”! É fofinho – voltou a olhá-lo – ele disse pai assim que te viu na
televisão.
- Ele disse
pai! – Marco abraçou a namorada, visivelmente feliz.
- Não fiques
convencido! O próximo vai ter de dizer mãe primeiro! – os dois riram-se e
acabaram por permanecer acordados e a falar durante algum tempo.
O mês de Abril
tinha começado e, com ele, grandes acontecimentos estariam por chegar. Para
começar? Um Dortmund vs Bayern Munique com o regresso de Thiago à convocatória
do Bayern, Mario de volta a Dortmund. O mês traz, também, a fase final da
gravidez de Marlene. Algo que Milicent sente estar prestes a acontecer.
- Achas que não
faz mal estar aqui? – perguntava Milicent a Marco. Tinha ido ter com ele à
entrada para o relvado, levando Marten consigo.
- Claro que
não.
- A Marlene
está estranha hoje – já tinha estado com a amiga – não pára quieta e diz que o
Erik está irrequieto.
- Achas que...
- Não sei mas,
se o jogo for uma animação, ainda a temos de levar à maternidade.
- Marco? – uma
voz que Milicent conhecia muito bem fez-se ouvir. Os dois olharam para trás de
Marco, vendo Thiago a acenar.
- Vai lá –
incentivou Milicent.
Talvez não
esperasse aquele momento num jogo como o de hoje mas ia acontecer. Marco e
Thiago iriam estar frente a frente.
Olá meninas!
Aqui fica mais um capítulo! Fico a aguardar pelos vossos comentários!
Beijinhos,
Ana Patrícia.