segunda-feira, 8 de setembro de 2014

13º Capitulo: “Tu tens de pensar que só eu, tu e nós é que importa.”

Ainda nem duas horas haviam passado desde que Marco se tinha ido embora quando Marlene ligou a Milicent avisando-a sobre as noticias que tinham sido escritas sobre Marco.
Ao ler algumas Milicent percebeu que as coisas tinham acontecido de uma forma muito rápida e espontânea quando não o deviam ter feito. Mandou mensagem a Marco a pedir-lhe para, quando este chegasse a casa, lhe ligar.
O rapaz ia tranquilo na viagem e só quando chegou à casa onde tinha vivido os primeiros tempos com Milicent (a sua actual casa) é que viu que tinha uma mensagem dela a pedir-lhe para lhe ligar. Marco pousou a sua mala no chão, deitou-se no sofá iniciando a chamada com Milicent.
- Ainda bem que ligaste! Chegaste bem? Milicent disparou logo, antes que Marco falasse.
- Sim, a viagem correu bem e fiquei preocupado com a tua mensagem.
- Marco…isto está a ir depressa demais.
- Isto o que? – Marco estava confuso…na sua cabeça aquilo que Milicent estava a dizer não fazia muito sentido. É certo que a relação deles é diferente, mas é pensada e está a tomar as proporções necessárias e as suficientes.
- Isto. Nós. A imprensa já começou a falar.
- A sério?
- Sim…por causa das fotos minhas que meteste. Dizem que tens um novo amor.
- Não é mentira…
- Pois não, não é e ainda bem…mas eles vão começar a questionar tudo e a procurar-me.
- Não tenhas medo, Mili. Eu protejo-te.
- Eu sei disso…e só te posso agradecer. Mas…as pessoas começam a criticar-te. Já vi comentários tão…feios, horríveis. Dizem coisas de ti horríveis!
- Mili…com isso sou eu que me preocupo. Tu tens de pensar que só eu, tu e nós é que importa. Eles são resto, nós vivemos bem sem o resto e somos até mais felizes.
- Não te importas com o que escrevem? Com o que dizem?
- Desde que te tenha a ti, à minha família e aos meus amigos…eles não me importam nada.
- Tenho medo…
- Eu prometo que nada vai acontecer.
- Tenho de ir almoçar…falamos depois?
- Claro que sim, almoça que eu vou averiguar se a minha família já sabe alguma coisa…
- Disso ainda tenho mais medo. Eles vão pensar que eu sou uma oportunista e que te fiz a cabeça.
- Eles não são assim. Te garanto.
- Tenho medo na mesma…eu sou a outra. Vá, meu amor, eu amo-te tanto e já sinto tanto a tua falta…
- No fim-de-semana já aí estou. Bom almoço, princesa. Ich liebe dich, mein prinzessin (amo-te minha princesa).
- Ich liebe dich, mein mann (amo-te meu homem).
Os dois desligaram a chamada e, logo de seguida, Marco iniciou outra para a sua mãe. Em pouco tempo ela atendeu e, antes que dissesse algo, Marco falou de bom humor com a mãe.
- Dona Manuela, como vai? O seu filho está de volta a Dortmund e até gostava de almoçar consigo e o senhor Thomas, acha que pode ser?
- Estás mais animado do que aquilo que eu pensava…mas é mesmo melhor vires cá almoçar a casa é…temos algo a falar, não?
- Temos sim, mutter (mãe). – Marco despediu-se da mãe e voltou a sair de casa, indo, de carro, até casa da sua mãe.
Quando lá chegou, entrou com a chave que tinha, encontrando o seu pai na sala a ver o noticiário.
- Hallo vater (Olá pai) – Marco cumprimentou o pai com dois beijos, como era tão habitual nele. Desde sempre que cumprimenta os pais e as irmãs com dois beijos.
- Como é que estás?
- Bem e o pai?
- Vai-se indo… - Thomas olhava para Marco como que lhe dizendo que sabia o que se estava a passar. Marco sentou-se no sofá em frente onde o pai estava sentado.
- A mãe?
- Cozinha…Manuela? – o pai chamou a mãe que, em poucos segundos, estava já na sala, com o avental colocado.
- Filho…
- Olá mãe – Marco levantou-se, dando dois beijos à mãe e um abraço um pouco demorado – precisamos de falar… - Marco soltou a mãe do abraço, pegando na mão dela. Os dois sentaram-se no sofá em frente de Thomas e Marco começou – Vocês já viram alguma coisa, certo?
- Está nas notícias online… - respondeu Thomas.
- Eu tenho de vos contar tudo direito. Eu estive este mês em Berlim, não foi apenas de férias. Eu estive com ela. Vocês, mais do que qualquer pessoa, perceberam que no dia do meu casamento, algo não estava bem – Marco recordou o momento em que os pais estavam perto dele e lhe perguntaram imensas vezes se havia algo a incomodá-lo. Sempre negou – a verdade é que eu estava com dúvidas. Mas não podia cancelar um casamento por uma coisa de uma noite. Eu deixei que existisse casamento…mas na noite de núpcias, às cinco da manhã fui ter com ela. Vocês sabem que o que eu mais respeito é a família, sabem que, se eu tomo as decisões que tomo é porque penso nelas e sei que são as melhores para mim – Manuela ia a falar – deixa-me continuar, mãe. Eu conheci-a no dia da despedida de solteiro. Ela estava a trabalhar na discoteca e…eu amei-a ao primeiro olhar. Eu percebi que não amava a Carolin, percebi que o que havia com ela não era amor. Tive momentos com ela e depois perdi-a. Foi para Berlim viver com os pais…e eu tive de ir atrás. Era impensável ficar sem o seu carinho, sem o seu amor…ela dá-me amor. Ela chama-se Milicent e será a minha namorada por muito tempo.
Manuela e Thomas olhavam-se e olhavam o filho. Ambos estavam um pouco sem reacção ao que tinham acabado de ouvir. Foi Manuela que tomou a iniciativa.
- A Carolin já sabe, certo?
- Sim…eu disse-lhe logo o que se passava. Os papéis do divórcio vão avançar, mas ainda demoram. E se ela levantar problemas ainda mais.
- Ela…é mesmo especial, não?
- Acreditem que…é a definição que eu tinha para mulher ideal e ainda consegue superar tudo isso.
- Não achas que estás a ser precipitado? – Perguntou Thomas.
- Não sei, não sei pai…mas quero viver o agora…com ela.
- Tu tens o nosso apoio em tudo. O que precisares nós estaremos cá e iremos dar-te todo o apoio que precisares – Thomas falou olhando o filho nos olhos.
- Obrigado.
- Ela é de Berlim? – Inquiriu, curiosa, Manuela.
- Não. Ela é cá de Dortmund. O pai é que está a fazer um tratamento de oxigenação do cérebro lá e ela está com eles.
- Já conheces os pais dela?
- Já…e os avós. São excelentes pessoas, mãe. Quando as coisas forem mais…sérias e quando ela vier cá a Dortmund, eu apresento-vos a ela.
- Acho bem que sim! É a minha nova nora – Marco sorriu com aquilo, olhando para a mãe – diz lá, que idade é que ela tem?
- 21. Ela tem 21 anos, está no terceiro ano de medicina e vai fazer o quarto em pediatria.
- Pediatra?
- Sim. A avó era e ela quer seguir as pisadas dela. Alem de que ama crianças e ajudar os outros.
- Começo a ficar curioso para conhece-la – falou Thomas.
- És tu e eu – concordou Manuela, beijando a testa do filho – podes contar com o nosso apoio mesmo, Marco.
- Obrigado.
Os três ficaram a falar um pouco sobre o que tinha acontecido em Dortmund durante a ausência de Marco, sendo que depois foram almoçar.


Três semanas depois:

Cada vez é mais incerto o futuro de Milicent. Se pensava que iria ficar em Berlim durante seis meses…está completamente enganada. Ainda só tinham passado dois meses e estava pronta para regressar a Dortmund.
- Tens a certeza que não te esqueces de nada? – Perguntava Hinrich à filha.
- Tenho pai…mas também se ficar alguma coisa não faz mal.
- Despacha-te, vá. Tens o comboio para apanhar – Renae avisava a filha já que a hora de embarque se aproximava.
- Desculpem…
- Do que?
- De não ficar com vocês…
- Milicent, é o teu futuro que está em causa. Nenhum de nós sabia que tinhas de fazer um estágio para te habilitares a frequentar o quarto ano da faculdade… - Milicent tinha recebido a noticia à poucos dias. Iria ter de fazer um estágio de dois meses para que se pudesse candidatar à especialização em pediatria. Quando essa notícia surgiu, tanto Milicent como os pais não pensaram duas vezes e decidiram que ela iria frequentar esse estágio e não iria perder o ano de especialização.
- Vocês ficam bem?
- Claro que sim, sua tonta – Hinrich abraçou a filha e, depressa, Renae abraçou-os também.

A despedida não demorou muito, já que Milicent começava a ficar atrasada. Foi até à estação de comboios de Berlim, rumando para Dortmund. Iria de surpresa, ninguém sabia, mas deixou uma pista no seu Instagram, quando já estava em Dortmund.

I'm comming home
Em dez minutos o comboio parou na estação e Milicent saiu dele. O cheiro de Dortmund era, sem dúvida, diferente do de Berlim. Milicent estava em casa…mas não por muito tempo. O estágio que tinha de fazer…era em Munique.
Foi de táxi até casa dos avós e, em jeito de surpresa, tocou à campainha em vez de utilizar as suas chaves. Poucos segundos bastaram até que Jolandi lhe abriu a porta:
- Milicent!? - Jolandi tinha sido apanhada de surpresa. Sabia que a neta iria para Dortmund mas só a esperava no dia seguinte - Porque é que não nos avisaste? Íamos buscar-te! - Depressa abraçou a neta, puxando-a para dentro de casa. Milicent colocou a mala junto das escadas e as duas foram até à cozinha, onde estava Abelard - Olha quem chegou! - Abelard olhou para a neta, esboçando um sorriso enorme. Levantou-se, indo abraçá-la.
Os três sentaram-se à mesa, relatando os diversos acontecimentos dos últimos dois meses. Depois de estar algum tempo a falar com os avós, foi até ao seu quarto deixar as malas. Teve de as desfazer já que, quando fosse para Munique na próxima segunda feira (dentro de uma semana), teria de fazer malas com outro tipo de roupas visto que iria passar dois meses em Munique.
Quando tudo estava arrumado pegou no seu telemóvel avisando os pais que já tinha chegado. Fez mais uma chamada, desta vez para Marlene.
- Mi! Já chegaste?!
- Já sim senhora! Já estou na minha casinha, no meu quartinho com as minhas coisinhas!
- É só uma semana, não é?
- Sim...depois vou para Munique por dois meses...
- Não te preocupes que a tua Mare vai visitar-te!
- Queres é ir ver o Mario!
- Também...também! Olha o Marco já sabe?
- Não sei...
- Como assim, não sabes?
- Ainda não consegui falar com ele desde ontem...vou tentar agora.
- Faz isso sim, depois liga-me.
- Está bem, princesa.
As duas desligaram a chamada, levando Milicent a iniciar outra. Desta vez com Marco. Só à segunda tentativa é que ele atendeu.
- Amor da minha vida!
- Começava a ficar preocupada Marco!
- Porquê princesa?
- Porquê? Ainda perguntas? Desde ontem que te estou a tentar ligar e nada, bebé!
- Há pouca rede onde estou...
- E ... estás onde?
- Zurique! Vim com o Marcel passar uns dias...desculpa não te ter avisado.
- Fizeste bem, amor. Mas...
- Aconteceu alguma coisa?
- Não...quer dizer sim.
- Então Mili?
- Bem...eu vou fazer um estágio de dois meses para ser pediatra. Em Munique...
- Vais para Munique? Quando?
- De hoje a uma semana...
- Mili...eu não vou puder ir a Berlim.
- Eu estou em Dortmund...vim buscar algumas coisas...vinha despedir-me.
- Princesa...fazemos assim: eu e o Marcel vamos ficar cá até terça feira da próxima semana, eu depois começo os treinos mas quando puder eu vou ter contigo!
- Ah...sim, tudo bem.
- Princesa, eu amo-te mas agora vou ter de desligar. Vamos entrar na discoteca.
- Diverte-te - Milicent não estava, de todo, à espera que Marco fosse reagir assim. Ela queria estar com ele, matar aquela saudade e ser der por algum tempo e Marco...Marco estava em Zurique com um dos seus melhores amigos, prometendo que estariam juntos quando pudesse.
Milicent sentiu-se um pouco desvalorizada. Ele tinha acabado de escolher estar com o amigo do que falar/estar com ela.

Uma semana depois:

Milicent e Marlene tinham rumado a Munique juntas. Marlene iria passar alguns dias em Munique com Mario, enquanto ajudava a amiga com as mudanças já que também ela iria ficar em Munique. Tinham combinado encontrar-se com Mario junto do café para este as ajudar. Quando elas lá chegaram, já Mario estava sentado na esplanada.
- Olha quem são elas! Bem-vindas a Munique!
- Obrigada - foi visível a Mario, através da resposta seca e curta de Milicent, que ela não estava bem. Cumprimentou-a com dois beijos, indo até junto de Marlene, rodeando a cintura desta com os seus braços.
- Tinha saudades tuas, pequenina.
- Tu não sabes o que dizes!
- Sei, sei...e também já percebi que ela não está bem.
- Problemas no paraíso...
- É mais a convivência com o inferno - Milicent ouviu o que Marlene tinha dito a Mario que soltou a rapariga e os dois sentaram-se na mesa onde ela estava.
- Que se passa, cunhada?
- Só o devo ser se fores namorado da Mare...
- Que se passa...? - Mario olhou para Marlene visivelmente confuso. Marlene fez-lhe sinal para que se calasse mas, quando olharam para Milicent já ela tinha lágrimas escorrendo-lhe pela cara.
- Passa-se que o teu amigo é um otário. Passa-se que ele desde que soube que eu vinha para Munique nunca mais telefonou, nem atende chamadas. Passa-se que ele preferiu estar com o amiguinho em Zurique do que despedir-se da namorada. Passa-se que ele, basicamente, disse que quando tivesse tempo passava cá.
O silêncio apoderou-se naquele espaço. Marlene sabia o que se passava e custava-lhe ver a amiga naquele estado. Mario estava sem reação e nem sabia o que dizer a Milicent.
- Esse gajo é muito cabrão! Não me digas que o amiguinho é o Marcel?
- É...
- Esse gajo só sabe levar o Marco por outros caminhos.
- Podemos não falar deles? Por favor?
- Mas...como é que ficam as coisas entre vocês?
- Eu não sei e, neste momento, não quero saber!
- É...nós combinamos aqui contigo porque precisamos de saber se há algum apartamento, pequeno, para alugar - Marlene mudou de assunto já que sabia que Milicent não conseguia continuar a falar daquilo.
- É, precisamos de um apartamento. Sabes de alguma coisa Mario?
- Bem...assim de repente...a minha casa?
- Que?! - Marlene foi quem exteriorizou o espanto que houve com o que Mario tinha dito.
- Sim, vocês podem ficar em minha casa. Há um quarto de hóspedes e a Marlene dorme comigo.
- Que?! - se existisse um buraco ali perto, Marlene tinha-se enfiado nele.
- Fofinha, não te faças de estranha comigo. Tenho saudades tuas e somos mais do que amigos.
- Desde quando?
- Desde que nos conhecemos.
Os dois ficaram a olhar-se e Milicent decidiu intervir.
- Isso é muito bonito, mas eu preciso mesmo de uma casa.
- A sério, fiquem na minha. Ajudam-me com os almoços e jantares.
- É e vivemos às tuas custas? Não, não!
- Podem pagar-me o que quiserem, mas eu não aceito. Vá, venham - Mario levantou-se e as duas raparigas continuaram sentadas - Munique é perigosa para duas raparigas como vocês. E se alugassem uma casa, com a Marlene nos meus braços todo o dia, a Milicent ia ficar sozinha. Vêm para minha casa ou não?
- Mas temos de combinar que ajudamos com as contas - Marlene levantou-se, aproximando-se de Mario. Rodeou-o com os seus braços dando-lhe um beijo nos lábios.
Nenhum dos dois estava à espera...era o primeiro beijo entre eles, e partiu de iniciativa de Marlene. Os dois estavam completamente envolvidos num beijo calmo e bonito (aos olhos de Milicent) e pareciam não querer terminá-lo.
- Oh pombinhos, olhem aí as figuras! - Milicent falou, levando a que os dois quebrassem o beijo. Marlene estava completamente rendida a Mario, era visível.
- Se ela quis eu tive de aproveitar não é? - todos se riram, sendo que Milicent se lembrou de Marco. Faltava ali ele...- Vamos para casa?
- Mas vocês decidem tudo por mim?
- Estando tu a precisar de miminho, sim!
- Quem os sabe dar como deve ser está em Zurique...
Ninguém disse mais nada...Mario apenas tentou animar a coisa e os três foram até sua casa.