domingo, 18 de maio de 2014

10º Capitulo: “Tens aí o teu gajo e eu é que faço falta?”

- Quem é? – Marco via que Milicent sorria, logo não poderia ser ninguém que trouxesse problemas…em principio.
- É a minha melhor amiga, Marco… - Milicent olhou para ele, sorriu-lhe e retirou o cinto – O que é que ela está aqui a fazer? Ela não me disse que vinha… - abriu a porta do carro saindo do mesmo.
- As pessoas gostam de fazer surpresas, Milicent! – Marco falou um pouco mais alto, do interior do carro para que Milicent ouvisse.
A rapariga começou a caminhar em direcção de Marlene, da sua melhor amiga, a “irmã de outra mãe” como diziam.
- Mare! – Quase nem dava tempo à amiga para se virar para ela, os seus passos foram de tal forma apressados que o abraço entre as duas foi imediato – Que fazes aqui? Porque é que não me disseste que vinhas a Berlim? Ai eu tinha tantas saudades dos teus abraços! Sinto falta de ti! – Milicent quase nem deixava a amiga respirar. Abanava-a e nem dava espaço para que a rapariga respirar.
- Se não me sufocares eu explico-te tudo…
- Ai desculpa – Milicent soltou a amiga, agarrando na mão dela – é das saudades… - uma pequena lágrima escorreu pela bochecha da rapariga, fazendo com que Marlene a limpasse.
- Eu não quero que chores oh tonta…
- Fazes-me tanta falta aqui…
- Não digas asneiras! Tens aí o teu gajo e eu é que faço falta?
- Olha, nem comento – Milicent sabia que Marlene estava a brincar com ela, caso contrário teria ripostado algum tipo de resposta mais torta.
- Tu também fazes muita falta em Dortmund…
- Como é que estão as coisas lá?
- Tudo na mesma…mais seca porque a minha parceira está aqui, mas está tudo bem. Tenho aí umas coisas que os teus avós mandaram.
- Oh obrigada…mas tu vieste porque? Não tens aulas? – Tudo aquilo era estranho na cabeça de Milicent. As aulas só acabariam dentro de uma semana e Marlene não estava de férias.
- Já entreguei todos os trabalhos, fiz todos os testes e safei-me às cadeiras todas…acho que mereço uma semaninha com a minha babe.
- Vais cá ficar uma semana!? – Milicent não conseguia esconder a sua felicidade e abraçou a amiga – A minha mãe vai gostar de ter mais uma menina lá por casa! E eu vou dormir contigo, vamos falar tanto do que aconteceu nos últimos dias!
- Mi…duvido muito disso.
- Porque?
- Vais querer dormir com o Marco e não comigo.
- Podemos sempre dormir os três…e o Marco leva o melhor amigo dele…
- Ai de ti!
- Diz lá que não ias gostar de conhecer o Mario? Ele é cinco estrelas, Mare.
- Olha, mudas-te de opinião sobre ele foi?
- É…mas, espera – Milicent olhou na direcção do carro de Marco, percebendo que ele estava no exterior do mesmo a falar com Mario. Fez sinal ao seu…amante para que fossem ter com elas. Não o trataria como namorado…obvio que não.
- Milicent Werner, o que é que tu estás a pensar fazer?
- Dar-te a conhecer os homens das nossas vidas, Marlene Costa – Marlene é filha de pais portugueses, mas nasceu na Alemanha. Conhece a cultura do país dos pais, sabe falar e percebe o português mas sente-se mais alemã.
Não demorou muito até que os dois rapazes chegassem perto das raparigas. Marco teve a necessidade de ficar do lado de Milicent, colocando a sua mão direita nas costas dela. Milicent sorriu…aquele toque dava-lhe segurança e amor. Apenas o toque de Marco lhe transmitia muitos sentimentos.
- Boa tarde… - Marco e Mario disseram os dois ao mesmo tempo e ficaram, os dois, a olhar para Marlene.
- Boa…tarde – Milicent percebeu que a amiga tinha ficado um pouco contida…a verdade era que, a presença de Mario Götze, baralhava os fusíveis de Marlene.
- Marco, Mario, esta é a Marlene. A minha melhor amiga, a minha irmã de outra mãe. Mare…é o Marco, eu e ele coiso…tu sabes. E é o Mario, o melhor amigo dele – todos acabaram por rir pela forma como Milicent tinha apresentado Marco, a verdade é que até à manhã daquele dia eles eram, apenas, amantes.
Tanto Marco como Mario, cumprimentaram Marlene com dois beijos. Marco, por ter sido o primeiro, já havia regressado para junto de Milicent ficando, desta vez, atrás dela rodeando a cintura dela com os seus braços.
- Vocês…já andam assim em público? – Marlene fazia a pergunta que lhe estava a passar pela cabeça desde que tinha visto o gesto de Marco. Milicent levantou um pouco a cabeça, olhando para Marco sem saber ao certo o que responder.
Nenhum dos dois respondia, e foi Mario que teve a iniciativa de dar resposta a Marlene.
- Não os queiras ver em privado…é só mel. Foram feitos um para o outro, é o que é – Marlene ficara sem saber o que responder…afinal tinha sido Mario a responder-lhe. A pessoa que ela mais admirava. Ao contrário de Milicent, Marlene não tinha ficado tão decepcionada com a saída de Mario do Dortmund…sabia que era para o melhor dele.
- Vocês guardem lá os comentários sobre mim e o Marco para depois…bom, a Mare vai ficar cá uma semana. Fica em minha casa, temos as cenas dela para levar. Jantamos os quatro mais daqui a pouco?
- Por mim… - Marco respondeu fechando mais os seus braços, apertando Milicent para si.
- Eu também estou cá…e conhecer alguém que não tenha só mel…é interessante – respondeu Mario.
- Não uses a minha cena com o Marco para engatares a minha coisinha boa. Ela já é tua…só naquela – os olhos de Marlene estavam mais esbugalhados do que nunca…e Mario também a olhava com espanto marcado no seu semblante. Milicent tinha colocado as coisas em termos pouco acertados – Eu não disse nada, esqueçam o que ouviram. Às oito vamos ter com vocês ao hotel, portem-se bem coisinhas – Milicent começou a caminhar para junto de Marlene, quando Marco a puxou para ele dando-lhe um beijo nos lábios.
- Tens de te habituar a dar-me beijos quando vais embora… - falou baixo, voltando a dar-lhe um beijo.
- Depois falamos sobre isso… - Milicent virou-se para Marlene, pegou-lhe na mão e as duas começaram a andar – Como é que vieste?
- Carro, está por ali – Marlene começou a conduzir Milicent para o sítio onde estava o carro – Porque é que disseste aquilo, Mi?
- Saiu-me…e ele gostou porque bem vi lá um sorriso.
- Mi…isto não é a típica história onde uma começa a namorar com um e a outra com o melhor amigo!
- Não, não é…porque eu e o Marco não somos namorados.
- É…são amigos com benefícios de namorados…trata-te!
- Ele é casado.
- E pediu o divórcio ontem à noite – as duas chegaram ao carro e Marlene deu as chaves à melhor amiga. Seria mais fácil, já que Marlene não sabia onde é que a amiga vivia.
- Mas pronto…desculpa – Milicent começou a conduzir e pediu desculpa à amiga, percebendo que não tinha sido a melhor forma de falar.
- Não faz mal…aquele Götze é tão lindo, Mi!
- Imagina ele a beijar esse teu sinal sexy no pescoço… - Milicent olhou de esgueira para a amiga, referindo-se ao sinal que Marlene tinha no pescoço desde que nasceu.
- Olha…tu metes-te com essas coisas ao jantar e eu corro dali para fora!
- Não…a tua Mi controla-se.


- Meninas, vocês ainda vão chegar atrasadas! – Renae falava junto da porta do quarto da filha.
- Entra mãe! – Milicent olhava-se ao espelho, penteando o cabelo.
- Mili, Mili…ui ui que vão cair os olhos ao rapaz.
- Mãe!
- Eu disse-lhe o mesmo D. Renae! – “Gritou” Marlene da casa de banho. A verdade é que, desde que conheceu Marco, que Milicent se sente mais confiante e pronta para usar roupas mais ousadas, mais femininas. A escolha para o jantar a quatro tinha sido mais uma aposta nesse sentido.


- Fala ela que está ali à mais de meia hora! – Milicent falou no mesmo tom de voz que a amiga esperando alguma resposta. Marlene não falou e saiu da casa de banho – E depois são os olhos do Marco que vão cair, mãe…aquelas pernas ali todas sexys para Mario Götze. Ui ui – a rapariga gostava de ver a sua melhor amiga assim: linda e confiante. Tal e qual como ela é.


- Olha, não vou jantar com vocês!
- Mare…por favor…estás toda sexy!
- Mas não é por causa do Mario!
- Queres ver que é por causa do Marco?! – Milicent fingiu estar chocada e só viu uma almofada vir na sua direcção – Isso é dos nervos…já te passam.
- Vocês continuam as duas iguaizinhas… - comentou Renae ao ver aquilo – E se não se despacharem chegam atrasadas.
- Sim, sim. Vamos lá, senhora Götza – “Götza” forma carinhosa de Milicent tratar a melhor amiga.
- Ai, se tu não fosses a minha melhor amiga levavas porrada!
- Vá, vamos lá – Milicent pegou na mão de Marlene e as duas saíram do quarto.
- Vêm dormir a casa? – Perguntou Renae.
- Sim…é capaz, mãe. Eu aviso-te, não te preocupes.
- Bom jantar meninas!
- Obrigada! – As duas falaram em uníssono, saindo de casa.

- Tenho vontade de ser…a Marlene com eles, Mi… - as duas estavam a sair do carro, quando tal afirmação surgiu por parte de Marlene.
- A…Marlene toda solta e espontânea que não foi à tarde?
- Sim…
- Então…sê apenas tu. Eles são cinco estrelas, super descontraídos e hoje jantamos no quarto. Podes ser espontânea à vontade.
- O Marco faz-te mesmo bem…
- Faz…
- Vê-se…esse sorriso, esse à vontade está de volta. A Mi está de volta, super apaixonada.
- É…é Marco o culpado – Milicent colocou o seu braço em torno do pescoço da melhor amiga e foram até ao hotel.
Como tinha combinado com Marco que iriam jantar no quarto e não na sala de refeições, Milicent dirigiu-se, com a amiga, directamente para lá. Ao chegarem à porta, bateu duas vezes na mesma e esperaram pouco tempo para que a porta se abrisse.
Era Marco quem as esperava, com um sorriso enorme nos lábios e super arranjado.
- Olá meninas, façam favor de entrar – Marlene, por ser a que estava mais à frente entrou primeiro, cumprimentando Marco com dois beijos. Milicent entrou de seguida, fechando a porta.
De imediato, Marco colocou a sua mão direita nas costas de Milicent puxando-a para si. Beijou-a, como se estivessem separados à imenso tempo. Aquele beijo…começava a ir por outros caminhos. A mão livre de Marco deslizou pelo corpo de Milicent, parando na coxa dela por baixo do vestido.
- Vocês controlem-se! Que vergonha…eu não te conhecia assim, Marco Reus! – A voz de Mario fez-se ouvir e, depressa, Milicent largou Marco.
- Olá Mario! – Milicent passou por Marco, cumprimentando Mario.
- Olá Milicent…vocês são frescos são – Milicent riu-se, não lhe estava a apetecer responder…percebeu que Mario e Marlene já se tinham cumprimentado.
- Fica à vontade, Marlene – disse Marco, tanto a sua princesa como Mario estavam já à vontade naquele ambiente. Marlene é que era a mais recente companhia deles.
- Obrigada. Trouxemos vinho…
- Esquecemo-nos do vinho no carro, Mare – só ao ouvir a melhor amiga falar do vinho é que se lembraram dele – Eu vou lá buscar.
- Não, eu vou lá… - disse Marlene.
- Eu é que tenho a chave, eu vou. Eles não te mordem, babe.
- Eu já te avisei, Milicent Werner!
- E eu prometi…desculpa – dito isto, Milicent saiu do quarto de hotel indo até ao carro de Marlene buscar o vinho.
- Então…há quanto tempo é que conheces ali a Milicent? – Mario era quem metia conversa com Marlene, os dois estavam sentados no sofá e Marco na cama, em frente deles.
- Hum…desde sempre. Moramos em frente uma da outra e nascemos quase na mesma altura.
- Então são mesmo melhores amigas…
- Acho que se nota, Mario – Marco meteu-se na conversa que os dois estavam a ter.
- Sim, nota-se. Então e tu ficas por cá quanto tempo?
- Hum…uma semana.
- É como eu…e tu és de Dortmund?
- Puto, pára de chatear a Marlene. Desculpa…ele é chato de natureza.
- Não tem mal…vocês são simpáticos e tu, Marco, fazes muito bem à minha Mi.
- Vês, sou simpático – Mario falou, aproximando-se mais de Marlene – e só estou a tentar arranjar-te uma cunhada.
- Acho que é melhor…procurares lá fora – disse Marlene.
- Tens namorado?
- Não mas…
- Então…e mesmo que tivesses, aquele casou e olha no que deu… - Mario estava numa de insistir com Marlene, a verdade é que não tinha ficado indiferente à beleza da melhor amiga de Milicent. E, pelo que até agora está a conhecer do seu interior, tem uma vontade enorme de a conhecer melhor.

- Ei, Marlene, não ponhas música portuguesa. Assim não entendemos nada…
- Isto é português? – Perguntou Mario quando ouviu o pedido de Milicent. Já tinha jantado e agora estavam a ouvir música. Cada um ia escolhendo as músicas e tinha sido a vez de Marlene. Optou por “Curtição” de Anselmo Ralph.
- Eles também não entendiam o “Nossa, nossa, assim você me mata” e dançavam. E sim, é português de Portugal, minha terra Mario – Marlene sentou-se no sofá e ficou a olhar fixamente para a melhor amiga.
- Que foi?
- Isto é da tua terra…
- Não, é da terra do meu avô. E tu sabes que eu sei muito pouco de português.
- Sim…mas sabes o que é fundamental fazer com esta música.
- Que é…?
- Dançar – Milicent sabia perfeitamente ao que a melhor amiga se referia. Kizomba…aquele estilo de dança quente, sensual, provocador que ela sabe dançar.
- Tu não sabes…e eles muito menos.
- Eu sei dançar! O “Nossa, nossa, assim você me mata” é a minha especialidade – atirou Marco.
- Bebé…isso comparado com o que se pede nesta música…é nada.
- É assim tão difícil?
- É preciso muito pouco movimento de pernas e muito movimento de ancas.
- E…a minha anca não se mexe bem? Anda, ensina-me… - Marco desafiava-a com um certo toque a sedução. Um certo desejo começava a surgir em Milicent…a sua mãe havia-lhe ensinado a dançar kizomba (por ser das poucas coisas que trás do lado do seu pai) quando era muito pequena e, desde sempre, dançar aquele estilo de dança a fascinava. Fazia com que o seu corpo todo se libertasse e os movimentos eram certos.
Nunca arranjou ninguém que dançasse bem, principalmente rapazes. As raparigas ainda se iam arranjando, mas rapazes nenhum.
Marco estava de pé, com a mão estendida na direcção de Milicent. A rapariga levantou-se, agarrou-lhe na mão e foram até ao espaço onde não havia muita mobília que os atrapalhasse.
- Geralmente, as mãos do homem acabam por quase ao pé o rabo da mulher… - Marco olhou-a com alguma estranheza, mas passou os seus braços por entre os de Milicent, colocando as suas duas mãos um pouco acima do rabo de Milicent.
- Assim?
- Sim…com o andar da coisa ainda vais parar mais abaixo – os dois estavam muito próximos um do outro e, ao falarem, quase que sussurravam um para o outro – as pernas…tens de as abrir um bocado, que é para eu conseguir por um bocadinho da minha no meio – Marco seguia as directrizes de Milicent e acabou por puxá-la ainda mais para ele – agora…a ideia é seduzir, movimentares a anca…assim – Milicent colocou uma mão sua por dentro da camisola de Marco agarrando-o com firmeza. A outra mão deixou-a solta, à vontade, e começou a exemplificar o que fazer com a anca.
Como é natural do kizomba, aquilo exigia entrega e sedução. Muitas são as pessoas que dizem que dançar este estilo de dança é quase como fazer amor dançando. Os movimentos são excêntricos, são de sedução, de calor, de entrega.
Marco acabou por separar um pouco a sua testa da de Milicent para olhar a cintura dela, para saber como fazer.
- Não olhes…sente apenas a minha anca – os olhos de Marco voltaram a estar presos nos de Milicent e, em poucos minutos, já os dois estavam em sintonia. Foi então que Milicent começou a prestar atenção à letra da música:

O plano entre nós
Era só uma curtição
E era proibido amar
Ou falar de paixão

- Sabes o que é que a música diz? – Os dois estavam tão embrenhados um no outro que sentiam a respiração ofegante de cada um e não sabiam qual seria a sua.
- O que?
- São duas pessoas que se envolveram…e o plano era só curtirem, não podiam falar de amar ou de paixão…
- E olha o resultado que deu para nós… - Marco percebeu que Milicent estava a referir-se a eles os dois. Puxou Milicent ainda mais para si, levando a sua mão para a coxa dela e os seus lábios para o pescoço da rapariga.
- Se aqueles dois não estivessem cá…isto ia por outros caminhos – Milicent mantinha a sua mão dentro da camisola de Marco e os movimentos da dança aumentavam a intensidade, os olhares enchiam-se de fogo, começavam os beijos mais picantes e as mordidelas mais atrevidas. Não queriam saber que estavam acompanhados, afinal Marlene e Mario já tinham começado a dançar também. Era cada um por si e eles não se importavam de…serem ousados um com o outro naquela dança.
- Estou a ficar louco, Mili…
- Já senti…
- Quero ficar sozinho…contigo, seres só minha, naquela cama.
- Daqui a nada vais é para um banho gelado…
- Se viesses comigo ficava bem quente – Marco subiu a sua mão até à nádega de Milicent, apertando-a.
- Controla-te…eles estão ali – Milicent, por mais que quisesse parecer estar “normal” não conseguiu. Sentiu um certo calor subir-lhe até à cabeça, fechou os olhos mordendo o seu próprio lábio.
A mão de Marco voltou à coxa de Milicent e os dois olharam-se.
- És a mulher da minha vida. Dás-me coisas…que nunca me deram, fazes-me feliz como nunca fui.
- E tu…fizeste-me aprender a amar de verdade. És o melhor que Dortmund e aquela discoteca me podiam ter dado – a música continuava a tocar, mas eles já tinham parado de dançá-la à alguns segundos. Acabaram por se beijar de uma forma completamente apaixonada.
- Mas tu estás doido!? – Os dois quebraram aquele beijo com o elevado tom de voz de Marlene. Marco virou Milicent ao contrário para verem o que se passava com aqueles dois e, um estalo bem no centro da bochecha de Mario apareceu.
- Mare!?
- Ele beijou-me, Mi!
- Sim…e deste-lhe um estalo?
- E…?
- O quarto dele fica ao fundo do corredor – respondeu, desta vez, Marco.
- Faço minhas as palavras do Marco… - Mario sorria…tinha acabado de levar um estalo mas estava a sorrir.
- Vocês querem é ficar os dois a fazerem filhos!
- Dão-nos mais depressa vocês os dois um sobrinho do que nós a vocês – Milicent olhava fixamente para a amiga rindo-se.
- Nem comento… - Marlene pegou na sua mala, nos sapatos e todos pensavam que ela se ia embora.
- Mare…não vás já embora – disse Milicent, ficando assustada porque a amiga poderia ter levado as coisas a mal.
- Eu vou embora vou…para o quarto ao fundo do corredor – sem dizer mais nada, ou olhar para mais ninguém, Marlene saiu do quarto de Marco.
- Bem…portem-se bem – disse Mario, começando a sair do quarto.
- Aqueles dois, amanhã vão aparecer com cara de caso, arranhados e a dizer que querem distância um do outro. Vai uma aposta? – Marco era quem falava, já que Milicent bebia mais um pouco de vinho.
- Não…prefiro apostar em ti, no teu corpo e naquela cama.
Marco nada disse e apenas tomou os lábios de Milicent de assalto. Teriam mais uma noite deles, mais uma noite em que seriam apenas e só um do outro.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

9º Capitulo: “O que sinto por ti é o suficiente para acabar tudo com a Carolin.”

Milicent tinha Marco e Mario a olharem para si, Marco falava e Mario ia rindo de vez em quando. Aquele pacto…era, no mínimo, surreal na cabeça de Milicent.
- Mas eu ainda não percebi o porque do Mario estar envolvido nisso… - disse Milicent, quando Marco fez uma pequena pausa no seu raciocínio.
- Ai Milicent! – Mario, que era apenas um espectador, interviu – Ele já explicou, é loiro mas não é burro e, por isso, explicou bem. Vai haver um torneio de dois dias aqui em Berlim, ele vai participar nos jogos, certo?
- Sim… - Mario ia explicar tudo, de novo a Milicent e ela ia seguindo o raciocínio dele.
- A ideia é: ele marcar golos para ti, mas só eu é que sei quando é que são esses golos. Ou seja, eu vou estar do teu lado a ver os jogos e quando forem os teus golos aviso.
- E…porque é que eu tenho de estar contigo?
- Porque sou o melhor amigo dele…logo sou aquele que sabe dos segredos todos do Marco, tipo tu.
- Mas as pessoas vão começar a fazer filmes…
- Não penses nisso – Marco voltou a falar, colocando a sua mão por cima da de Milicent – o Mario vai estar lá e vais perceber que o festejo de cada golo que marcar é para ti…será assim a partir de agora. Os meus golos…são teus.
- Isso é muito bonito…mas tu não vais marcar golos – Milicent queria ter parecido séria naquilo que acabara de dizer, mas Mario riu-se…o efeito tinha sido o contrário.
- Está aqui uma pessoa a ser romântica e tu és assim?
- Bebé, amor da minha vida, a tua morenaça está a brincar contigo. É tão lindo o que nosso pacto que, se não estivéssemos em público, espetava-te já um beijo nesses lábios meus! – Milicent tinha, realmente, percebido que Marco queria criar uma ligação com ela…um ligação mais de compromisso. Isso assustava-a, claro que sim. Ele é casado…isso estará sempre a ser a barreira entre serem os dois sem problemas em assumi-lo e terem de fazer tudo às escondidas.
- Eu só pergunto: porque é que casaste? – Marco queria ter respondido a Milicent mas aquela pergunta do seu melhor amigo chamou-lhe à atenção.
- Porque é que estás a fazer essa pergunta?
- Vê-se perfeitamente na tua cena com a Milicent tudo o que não se vê com a Carolin. Não te via tão feliz como te tenho visto nestes últimos dias…e eu só pergunto porque é que casaste? Podias simplesmente não ter casado e agora não tinham de andar os dois às escondidas.
- Não é assim tão fácil, Mario… - desta vez era Milicent a espectadora da conversa que os dois amigos estavam a ter.
- Tu é que tornas tudo difícil, puto. Estás a manter uma relação com a Carolin onde ela vive na ilusão de que está tudo bem. Para que é que vais continuar com ela se estás a comprometer-te um mês com a Milicent? – Marco não estava, de todo, à espera daquela conversa vinda de Mario. Tudo o que o amigo lhe dizia fazia sentido, mas também sabia que, ao acabar tudo com Carolin, uma semana depois de terem casado era demais.
- E o que é que eu faço a um casamento de uma semana?
- Acabas com ele! Fácil, simples e eficaz. É a solução para tudo isto…eu entendo que tenhas medo do que vai ser escrito e especulado sobre a tua vida, compreendo que, também, não querias deixar a Carol no momento em que ela está…mas puto, ela é mais importante – Mario apontou para Milicent e o olhar de Marco direccionou-se para o da rapariga.
Milicent, por momentos, pensou em fugir. Aquela conversa fazia-lhe confusão, deixava-a com um sentimento de culpa por querer Marco só para ela, por querer ser a sua namorada, por querer ser dele sem que haja uma outra pessoa entre eles.
- Pensa no que estás a perder com a Milicent ao estares casado com a Carolin…é só isso.
- Não… - Milicent pronuncia-se pela primeira vez…com uma voz um pouco abatida – Ele não pode acabar com a Carolin, Mario. A relação deles já tem anos…o que eu e ele temos são dias…como é que anos se apagam com dias?
- Com o sentimento… - quem lhe respondeu foi Marco…só ele saberia responder àquela pergunta com toda a certeza. O sentimento que começava a crescer, dia após dia, entre eles conseguia com que uma relação de anos se colocasse em causa – O que sinto por ti é o suficiente para acabar tudo com a Carolin.
- Mas não podes…e já falámos sobre isto… - por muito que se sentisse à vontade para falar, mesmo com a presença de Mario, não o queria fazer – Eu não quero estragar a vida a uma pessoa…
- Deixa que te diga que ela já estragou a vida a ela própria… - Mario interrompeu Milicent e ela sabia o que o melhor amigo de Marco se referia: o assalto.
- Vês!? Ela está numa fase que pode ficar presa! E o Marco está aqui! Vocês por acaso sabem como é que eu me sinto…como é que isto me faz sentir enquanto pessoa? – os dois amigos percebiam que Milicent estava prestes a revelar o seu estado de espírito, pelo que optaram por sair da sala de jantares (uma vez que também já o tinham terminado). Mario não os acompanhou, achava que era uma conversa que os dois precisavam de ter a sós.
- Agora estamos só os dois… - Marco fechou a porta falando pela primeira vez para Milicent desde que saíram do elevador.
Milicent tomou a iniciativa, sentando-se no fundo da cama. Marco fez o mesmo, mantendo uma certa distância entre eles.
- Marco…eu não quero que a Carolin fique sozinha neste momento. Não podes simplesmente chegar perto dela e dizer-lhe “Olha, está tudo acabado. Eu tenho outra.” Isso é cruel!
- Mili…eu iria falar de outra maneira com ela…
- Mesmo assim! Seja qual for a maneira…é cruel. Faz de mim a pior pessoa do mundo, faz de mim alguém que destruiu uma família, que destruiu um casamento.
- Nós só tínhamos isso…um casamento. Não éramos uma família. Ela não quer ter filhos, eu quero ser pai…não consigo fazer com que ela mude de ideias…e já estamos juntos à algum tempo.
- Tenho medo Marco…
- Do que?
- De ser só tua…de sermos um nós. Começam depois a investigar o porque de te teres separado, o porque de andares em Berlim por um mês…e eu não quero expor-me. Eles vão começar a perseguir-nos como se fossemos criminosos.
- Tens medo da imprensa?
- Tenho.
- Eles até são calmos Mili…e eu vou proteger-te. Eu não quero que exponhas nada da tua vida, mas quero-te só para mim. Quero que faças de mim o teu homem e eu faço de ti a minha única mulher – Marco colocou a sua mão no pescoço de Milicent, chegando-se para junto dela – só desfaço o meu casamento se tu quiseres ser minha.
Tudo aquilo era uma confusão na cabeça de Milicent. Tudo batia certo mas, ao mesmo tempo, nada fazia sentido. Aproximou-se de Marco, dando-lhe um pequeno beijo nos lábios.
- Posso dormir agarrada a ti?
- E acabamos a conversa assim? Sem sabermos se vai haver…um nós?
- Amanhã…amanhã falamos disso Marco. Tenho saudades tuas, dos teus mimos.
- Só estivemos separados por horas…
- E eu tenho saudades na mesma…estou dependente de ti. Estou cansada e…podemos dormir?
- Claro – Marco percebia que aquilo era complicado. Era complicado para si, quanto mais para Milicent. Puxou o corpo da jovem rapariga para si, deixando os seus lábios no pescoço dela. De imediato sentiu o corpo de Milicent relaxar e os braços dela rodearem a sua cintura.
- Começas a perceber que beijos no meu pescoço é bom para descontrair…
- E começo a perceber que se te agarrar assim – Marco colocou as suas mãos na cintura de Milicent – com a quantidade certa de força – Marco fez mais força na cintura da rapariga – tu ficas ainda mais relaxada. Se eu te deitar – o rapaz fez com que o seu corpo e o de Milicent caíssem sobre a cama de forma a ficarem já em posição de dormir – e te mexer nas costas – Marco passou a sua mão para dentro da camisola de Milicent, começando a fazer pequenos círculos no centro das costas da rapariga – tu vais acabar por adormecer sem que dês conta.
- Como…
- Como é que sei isto? Porque conheço cada detalhe teu. Quando estás a dormir e tens frio, procuras a minha mão para eu te puxar para mim. Quando nos beijamos só porque sim, estás sempre a sorrir e a tua mão esquerda vai sempre parar ao meu rabo. E agora deixaste-me a falar sozinho porque já adormeceste… - pouco depois de Marco ter começado a falar, Milicent fechou os olhos. E, tal como Marco tinha pensado, a jovem rapariga estava mesmo a dormir – Mesmo que tu não queiras…o meu casamento acabou  – Marco depositou um beijo na bochecha de Milicent, continuando a olhar para ela e a mexer-lhe nas costas. Pegou no telemóvel e iniciou a chamada telefónica. A chamada que seria o novo começo da sua vida.

 A cabeça de Milicent parecia pesar. Acordava com umas dores de cabeça horríveis mas tinha dormido bem…o que era um pouco contraditório. Espreguiçou-se na cama, procurando por Marco e, para seu espanto, não o encontrou naquela cama que agora lhe parecia enorme.
Sentou-se na cama, encostada à cabeceira da mesma, esfregou os olhos e olhou para a pequena varanda do quarto. Marco também não estava lá… “Pronto…fugiu. Foi ter com a Carolin e deixou-me de vez. Deve haver um papel algures, mas nem vou procurar!” – Milicent convencia-se a si mesma que Marco tinha ido embora, estava prestes a chorar e a enfiar-se debaixo dos lençóis, quando ouve o barulho de algo a cair na casa de banho.
“Ele está ali? O Marco não foi embora!” – sentia-se melhor…mas sem saber se o queria encarar. Cerca de dois minutos depois, Marco aparece no quarto apenas de boxers e com o seu cabelo loiro molhado e despenteado, o que lhe dava um ar (ainda) mais irresistível.
- Acordei-te…?
- Não… - Milicent via, no rosto de Marco, felicidade. Ele estava feliz, como nunca antes o tinha visto. Já o tinha visto feliz…mas não daquela maneira. Um outro brilho havia naquele olhar, um outro brilho tinha aquele sorriso.
Marco voltou a enfiar-se na cama, dando um beijo na bochecha de Milicent.
- Bom dia, meine prinzessin (minha princesa).
- Bom dia… - Marco tinha aquela maneira dele de lhe chamar princesa há já algum tempo…mas Milicent nunca soube como lhe retribuir. Príncipe? Amor? É tudo muito…estranho. “Se bem que ontem à noite lhe chamas-te bebé e amor da tua vida…”
- Será que hoje posso ser eu a pedir mimo? – Perguntou Marco, olhando para Milicent.
- Não precisas de pedir… - Marco deitou-se em cima de Milicent, ficando com a sua cara encostada ao pescoço de Milicent. A rapariga depressa o acarinhou, levando a sua mão até às costas de Marco. Sei saber porque, estava bem-disposta.


- Não te acordei mesmo?
- Não, bebé… - “Fica bebé por agora…depois logo se vê”.
- É que já tomei banho e podia ter-te acordado.
- Acredita que se o tivesses feito, eu tinha ido ter contigo.
- Isso é bom saber… - Marco olhou para Milicent e os dois beijaram-se. Um beijo calmo e curto, aqueles “só porque sim” – E…acho que outra coisa que te vou contar é ainda melhor de saber… - Milicent ficou sem saber o que esperar, mas pelo sorriso que Marco tinha nos lábios só poderia ser algo bom. Marco sentou-se ao lado de Milicent, agarrando-lhe na mão – Ontem adormeceste…como seria de esperar.
- Desculpa…e tu ias explicar-me como é que sabias que os beijos no pescoço me fazem descontrair.
- Eu expliquei! Tu é que não ouviste.
- E não vais contar à tua Mili outra vez?
- Não…vou contar-te é o que aconteceu depois!

Memória Marco – ON

Esta vida tem de acabar. Se eu quero estar com a Milicent, só tenho é de explicar tudo à Carolin. Não é justo para ninguém as coisas ficarem assim…vão chamar-me impulsivo, traidor, mentiroso, tudo e mais alguma coisa, mas eu tenho a certeza que é isto que quero fazer.
Chamada iniciada…é só a Carolin atender e o resto virá com a conversa.
“- Marco! Meu amor, como estás?”
- Olá Carolin, está tudo bem…e como é que estás tu? – Era perceptível a diferença nas vozes. Ela estava animada e eu a falar mais baixo por causa da Mili.
“- Está tudo bem…estão a tratar-me bem por aqui e dizem que até posso ter sorte e o trabalho comunitário acabar mais cedo”
- Isso é bom!
“- Estás estranho Marco…”
- Conheces-me…
“- Já devias saber que sim.”
 - Bem…isto não há uma maneira fácil de se dizer. No dia da minha despedida de solteiro bom, eu conheci uma rapariga e…nós envolvemo-nos na noite de véspera do nosso casamentos.
“- Tu…e ela…?”
- Sim…mas não foi só nesse dia. Têm sido alguns dias e…eu agora quero estar com ela.
“- Marco…tu estás a dizer que…tens outra?”
- Sim. É isso que eu estou a querer dizer. Só que…eu não quero que ela seja a outra. Tu sabes que eu sempre fui sincero e que tenho cabeça e, Carolin…eu apaixonei-me por ela. Eu sei que tu vais dizer montes de coisas, que vais ficar triste, decepcionada, magoada e tudo mais…mas eu quero ficar com ela.
“- E…porque é que casaste comigo?”
- Pensei que fosse uma coisa de uma noite…
“- Eu nunca esperei isto de ti…depois dos anos que passámos juntos eu espera respeito! E tu nem isso me dás! És nojento Marco! Fica lá com a ranhosa que arranjas-te, mas isto não fica assim. O divórcio vai avançar, mas que fique bem claro…que és uma merda de homem!” Eu estava à espera…estava à espera que isto fosse assim…mas é a minha felicidade e a da Mili que estão em causa. É o meu futuro com ela…o futuro que eu não quero abdicar.

Memoria Marco – OFF

- Marco…
- Não me interessa se gostas ou não, se querias que acontecesse ou não. Eu fiz porque tinha de ser feito. As coisas não podiam continuar assim…eu quero estar contigo e não com ela. E ponto.
- Eu vou estar sempre do teu lado…venha o que vier. És o meu homem…e só meu! Sejamos egoístas, cobardes ou impulsivos…agora somos nós – os dois estavam em harmonia…isso percebia-se. Cada um queria que apenas fossem os dois e agora são.
É claro que existe todo o mundo lá fora…mas eles estão juntos como um só.

- Não me apetece nada, mas mesmo nada sair daqui… - Milicent preparava-se para deixar Marco, para sair daquele quarto de hotel e ir ter com os seus pais. Mas não tinha essa vontade.
- Logo à tarde estamos juntos outra vez, Mili.
- Mas vais estar a jogar…e eu com o Mario a chatear.
- Ele não chateia muito. Metes os fones e isso resolve-se.
- É?
- Sim…e vocês até se dão bem…
- É…o rapaz até que diz umas coisas acertadas – Milicent sentou-se no colo de Marco, beijando-o de seguida. Precisava daquele contacto, daquele amor. Pegava no telemóvel sem que Marco se apercebesse…para mais uma foto deles. Se bem que, desta vez, havia mais pormenores mesmo deles.
- Tu e as fotografias…
- Não gostas?
- Gosto…e as nossas até que são bem bonitas.
- Então…eu prometo que é só para os meus amigos. Ninguém saberá a não ser eles e os meus familiares que tenho…alguém.
- E um dia vais apresentar-me a eles?
- Pessoalmente?
- Sim…
- Já conheces os meus avós…
- Sim, mas os teus pais não.
- Vamos com calminha que há um divórcio ainda pelo meio.
- Tens razão, tens razão sim senhora.
- Vou despachar-me antes que a minha mãe me obrigue a ficar em casa.
- E não queremos isso…
- Pois não! – Os dois voltaram a trocar um beijo, desta vez mais demorado.
Milicent saiu do colo de Marco, carregando a fotografia no seu Facebook:

Agora és só meu e eu nunca te vou deixar. Cada dia és mais importante…apaixono-me mais em cada sorriso teu.
Milicent esteve perto de não sair de casa…Renae teve uma conversa com a filha sobre tudo o que se andava a passar. Estava preocupada com a situação amorosa (se é assim que se pode dizer) que Milicent andava a viver.
A jovem encarou a mãe para que ela percebesse que Milicent era responsável, que ela sabia o que estava a fazer e que, acima de tudo, estava feliz. Renae acabou por deixar a filha ir…não queria que aquela felicidade que via em Milicent acabasse por sua causa.
Milicent arranjou-se e, antes de sair de casa, publicou uma fotografia para Marlene no Instagram:

Vês ali o anel que me deste? É só hoje o ele me chatear e leva com ele. Tenho saudades tuas, minha doida. Beijos. A tua Mi.
O “ele” era Mario e Milicent tinha a certeza que ela ia entender, já que tinham falado durante algum tempo ao telemóvel e onde Milicent contou tudo à amiga.

- Mario, a serio, controla-te! Ou então vai para ali jogar! – Milicent e Mario estavam juntos, na bancada do estádio municipal, há cerca de 20 minutos e Mario só dizia que queria ir jogar. E, desde que o jogo tinha começado (à 5 minutos), que só chamava por Marco.
- O meu Ken preferido está a jogar, queres o que?
- Que te controles! E…Ken?
- Diz lá que não são parecidos!?
- Não têm nada a ver…o Ken é moreno, o Marco é loiro. O Ken namora com a Barbie e o Marco tem uma Nancy! – Mario gargalhou bem alto, fazendo com que Milicent o fizesse também.
O rapaz ia a falar para Milicent, quando se focou no jogo: Marco ia isolado com a bola nos pés e só tinha o guarda-redes pela frente.
- Vai ser golo! Vai ser golo! – Ainda a bola não tinha entrado e Mario já estava de pé. Alguns espectadores também e Milicent acabou por fazer o mesmo…e era golo! – EU DISSE! Foi golo! – Mario ia a virar-se para celebrar com Milicent, mas acabou por ficar especado a olhar para Marco – A mão esquerda foi ao rabo…a mão direita no cabelo…aí tens a tua celebração, cunhada – Milicent ficara baralhada com tudo…Mario chamou-lhe cunhada e depois era o festejo que se tinha de processar…mão esquerda no rabo? “Costumas meter a tua mão esquerda no rabo dele…” até fazia sentido. Mas e a outra?
- Mario…sabes o porque da direita na cabeça?
- Só tu lhe podes mexer na cabeça sem pedir.
- Obrigada… - Milicent sentiu o seu coração ficar do tamanho de uma formiga…aqui mexia com ela…percebia-se que Marco…sabia como o fazer.
- E o porquê da esquerda? Essa eu não sei…
- Olha…não te digo!
- Ei diz lá, cunhada! – os dois sentaram-se.
- Não me chames isso porque cunhada é a outra.
- Ainda…
- Pois.
- Vá diz lá!
- São várias as vezes que a minha mão esquerda fica naquele rabo!
- Badalhocos!
- Tu é que quiseste saber…não te queixes, então.
Os dois passaram o resto do jogo a falarem, a conhecerem-se um pouco melhor e a contarem os golos de Milicent. Naquela tarde tinham sido 4.

Hoje foram quatro…amanhã logo saberemos o total e, acho que depois disto, sou eu a surpreender-te. És o melhor homem para mim.
Os dois estavam já no carro de Marco quando Milicent publicou aquela imagem. Ao olhar em frente, depara-se com alguém que não esperava, de todo, ver ali.
- Que se passa? – Marco apercebeu-se que Milicent estava petrificada a olhar para a tal pessoa – Quem é?