terça-feira, 15 de abril de 2014

8º Capitulo: “Porquê “princesa”, Marco?”

Marco mantinha a sua mão na coxa de Milicent e olhava-a nos olhos. Por ele ficaria a olhar para ela durante horas. Milicent, aos olhos de Marco e de muitas outras pessoas, é uma rapariga linda, com uns olhos super exóticos e uma chama bem acesa.
- É suposto eu ter medo do que…Marco? – Milicent estava completamente à nora, sem saber o que pensar, se deveria realmente ter medo ou não.
- De mim! Sabes perfeitamente que eu mordo… - dito isto, deu uma pequena mordidela na perna da rapariga.
- Tu estás muito bem-disposto e não foi da noite!
- Foi, foi…ou pensas que dormir contigo não é motivo para me por bem-disposto? – Marco puxou Milicent para si e os dois trocaram um beijo demorado.
Se não tivessem sido interrompidos pelo serviço de quartos, teriam tido mais um momento só deles. Marco foi receber os pedidos e levou tudo para a varanda, colocando o tabuleiro em cima da cama.
- Tanta coisa para que Marco? – a verdade era que ele tinha exagerado um pouco: croissants, torradas, fruta, cereais, leite, café, sumo…um verdadeiro exagero.
- Disseste qualquer coisa…eu não sei o que é qualquer coisa para ti, nem sei o que te apetecia…pedi um bocadinho de tudo.
- Oh…fruta chegava, mas obrigada.
- De nada, minha princesa – Marco deu um beijo na testa de Milicent e sentou-se ao lado dela. Chamar-lhe de princesa…era algo que lhe saia do momento, ele gostava e queria mesmo fazer dela a sua princesa, mas para Milicent era um pouco estranho. Já era a segunda vez que lhe chamava princesa naquela manhã.
- Porquê “princesa”, Marco? – Milicent tinha de perguntar…aquilo estava a mexer demasiado com ela e tornava as coisas muito mais…intimas. Pegou numa maçã trincando-a.
- És uma princesa, a minha pequenina e mereces ser tratada como rainha. É demasiado?
- É…estranho.
- Tu és estranha e eu gosto de ti na mesma…por isso.
- Marco! – Milicent não sabia se ele estaria a falar a sério ou simplesmente a brincar. A verdade era que Marco tinha acordado mesmo muito bem-disposto. Ele desatou a rir, puxando Milicent para ele deixando o seu braço em torno do pescoço da rapariga – tu estás mesmo bem-disposto…
- Só para veres que eu não preciso de uma noite a malhar para ficar alegre e contente.
- É…estou a ver que sim…nem precisas de beber.
- Agora até estar bem-disposto faz mal?
- Eu não disse isso…é muito bom que estejas assim.
- Ah! – Marco soltou Milicent que ficou, mais uma vez, a olhar para a tatuagem que ele tem no braço – Hoje vem cá o Mario.
- O Götze? – Milicent tinha um certo tom de espanto na voz…não estava mesmo nada à espera daquilo.
- Sim.
- Traidor…
- Milicent!
- Que queres que diga? Quem é que deixa o Dortmund para ir para Munique? Só mesmo ele…
- Mesmo assim…ele não é traidor. Ele apenas escolheu o que era melhor para ele, aquilo que lhe iria permitir subir e progredir como jogador, já que como pessoa esquece…aquilo vai ser puto para sempre – Milicent e Marco desataram os dois a rir, mas Milicent conseguia perceber que aquela amizade era muito mais do que aquilo que pensava.
- Marco…adoro ver que a vossa amizade é mesmo a valer, mas o que ele fez foi um bocado mau…
- Estou a ver que não te vais dar bem com ele…
- Eu não me tenho de dar com ele.
- Se eu apresentar-te o Mario…não o cumprimentas?
- Ai…eu sei lá. O Mario é teu amigo…logo não posso misturar as coisas. E além disso, se eu o conhecer, é como teu amigo, nada mais.
- Vou-te apresentar o meu puto hoje.
- Não sei Marco…eu não posso ficar muito mais tempo. Não avisei os meus pais que não dormia em casa e devo-lhes explicações.
- Oh…eu entendo, mas se fores agora e depois voltares para jantar? O Mario já cá deve estar e jantávamos os três…
- A ver vamos…depende do ambiente lá por casa… - Milicent aproximou-se de Marco, beijando-lhe o ombro – não ficas chateado por ter chamado traidor ao Mario, pois não?
- Achas? Tu e muitos outros adeptos do Dortmund pensam nisso…é natural. Mas depois de conheceres o Mario mudas de ideias.
- Terei muito gosto em conhece-lo…mas Marco, não é estranho estares casado e me apresentares a ele?
- Ele já te chama cunhada, ele odeia a Carolin…
- Já tenho qualquer coisa em comum com o Marito… – Milicent olhou para Marco…e ele ria-se. Percebeu que aquilo não era um ódio de odiar, mas era aquele ódio de querer que Carolin não existisse – Eu não tenho nada contra ela…
- Eu sei…e eu percebi o que querias dizer.
- Porque “The biggest adventure you can take is to live your dreams”? – Milicent tinha de matar aquela curiosidade…”A maior aventura que podes ter é viver os teus sonhos”, aquilo fazia imenso sentido e era uma frase inspiradora.
- A maior aventura que estou a viver é o meu sonho…jogar futebol profissional, conhecerem-me pelo talento…tem sido difícil, tive dias que queria desistir, mas isto é a minha vida.
- Isso é tão bonito, Marco… - Milicent ficava cada vez mais impressionada com a pessoa que Marco Reus demonstrava ser…nunca, mas mesmo nunca, pensou que ele fosse assim. Também sabe que está a conhecer um lado de Marco que não é o “normal”, porque quando está com ele, quando os dois estão juntos, Marco é o marido infiel que procura…algo em Milicent. Mas, a verdade, é que sabem perfeitamente que aquilo está a ser muito mais do que um simples caso de amantes.

Milicent tinha passado o resto do dia em casa. O seu pai estava no tratamento e a mãe por casa. As perguntas foram mais que muitas, mas Milicent explicou à mãe as coisas por alto: “Conheci um rapaz em Dortmund, temos conversado e ele veio cá ver-me. É lindo, joga à bola e é conhecido. Tem mulher e sim…sou a amante dele.” As perguntas voltaram a surgir, os conselhos, o discurso de mãe…mas Milicent já tinha conversado sobre tudo aquilo com a avó…essa sim lhe deu o maior conselho de sempre “Segue o teu coração…se caíres, tens pessoas que te amam que te ajudarão a levantar”.
Tinha combinado com Marco que, sim, iria jantar com ele e Mario. Convencer a sua mãe de que iria ser responsável foi difícil, mas Renae não poderia duvidar disso…Milicent é muito mais mulher do que ela alguma vez pensava.
- Mãe, eu vou indo! – Milicent avisou, estava na sala e pegou na sua mala preparando-se para sair.
- Espera! – Renae pediu à filha que esperasse e, pouco tempo depois, estava na sala junto dela – Estás…muito bonita, Mili… - Renae não parava de repetir aquilo nos últimos dias…a verdade é que, eram poucas as vezes que via Milicent arranjar-se e, este ano, a mudança de guarda-roupa tinha sido brutal e a mãe ainda não estava muito habituada ao novo estilo mais…mulher de Milicent.


- Obrigada, mãe…
- Tem cuidado. E, se não vieres dormir a casa…avisa-me.
- Fique descansada… - Milicent foi ter com a mãe, dando-lhe um beijo na bochecha – eu já sei cuidar de mim.
- Cresceste depressa demais…e eu ainda não me habituei.
- Eu sei…para si ainda sou a Mili pequenina, que precisa de colinho. Às vezes ainda preciso…
- E quando quiseres, a mãe está cá para te dar. E a avó.
- Eu sei disso…mas agora tenho mesmo de ir, sim?
- Vai, vai…não te atrases.
- Eu aviso-a, caso fique por lá.
- Porta-te bem, Mili – Renae deu um beijo na filha e Milicent saiu de casa.
Foi de autocarro até ao hotel, era a forma mais rápida de lá chegar. Depois de se dirigir à recepção perguntando por Marco, rapidamente ele apareceu no átrio no hotel. Vinha com um sorriso enorme que, mais uma vez, fez o coração de Milicent disparar.
Ele fez-lhe sinal para Milicent ir atrás dele e, os dois, foram até um corredor escondido. Marco rodeou a cintura da sua pequena, encostando-a à parede.
- Mas isto agora é assim? – Perguntou Milicent, rodeando o pescoço de Marco com os seus braços.
- Por muito que me apetecesse beijar-te ali fora…não podemos dar nas vistas.
- E estás à espera de que?
- Para?
- Me beijares… - Marco sorriu, envolvendo-se num beijo bem demorado e apaixonado. Marco pegou em Milicent ao colo, permanecendo com ela encostada na parede, e agarrou as coxas dela com firmeza e alguma força – Acho que fiz bem em optar pela saia… - Milicent disse por entre beijos, levando Marco à loucura.
Começou a caminhar com Milicent no seu colo, até à casa de banho mais perto. Estava com um papel na porta a dizer “Avariada”…isso só garantia que ninguém iria entrar ali. Foram rápidos, foram apaixonados, selvagens, loucos e despreocupados. Vibraram com o momento, esqueceram-se de que existia um mundo lá fora, de que iriam ter de viver escondidos e apenas foram um do outro. E Marco provou a Milicent que sabe ser rápido, eficaz e bom.
- Marco ajuda-me, por favor – Milicent precisava de ajuda a apertar o soutien. Estava à imenso tempo a tentar fechá-lo mas sem qualquer tipo de sucesso. Marco aproximou-se dela, apertando o soutien de Milicent. Aproveitou e beijou-lhe o pescoço, deixando as suas mãos rodearem à cintura dela – temos o Mario à espera… - disse Milicent, virando-se para Marco.
- Diz lá sei ou não ser rápido?
- Sabes…e é bom de qualquer maneira – Milicent beijou-o, percorrendo com as suas mãos as costas ainda despidas de Marco.
Os dois despacharam-se e saíram daquela casa de banho. Enquanto caminharam pelo corredor foram de mãos dadas mas, ao chegarem ao átrio do hotel, acabaram por se afastar um pouco. Foram até à sala de refeições e Milicent avistou logo Mario que olhava para eles. No rosto do casal de amantes haviam sorrisos, os olhos brilhavam e isso não passou despercebido a Mario.
Chegaram perto da mesa onde ele estava e Mario levantou-se.
- Desculpa a demora…Mario esta é a Milicent, Mili…é o Mario – Marco falou, olhando para os dois e esperava a reacção de Milicent.
- Boa noite – disse ela, cumprimentando Mario com dois beijos.
- Boa noite – os três sentaram-se, a mesa era redonda e acabou por ser melhor. Assim Milicent conseguia manter uma certa distância de Marco, para não dar tanto nas vistas.
- Já pediste alguma coisa? – perguntou Marco a Mario.
- Vinho, não sei se bebem os dois.
- Bebes? – Marco olhou para Milicent e, por instinto, os dois se riram.
- Sim… - a rapariga respondeu, retirando o casaco.
- Acho que me vou vomitar… - disse Mario, chamando a atenção de Marco e Milicent.
- Estás mal disposto? – Milicent perguntou, olhando atentamente para Mario.
- Não, não…vocês é que é só sorrisinhos e olhinhos…aposto que me deixaram aqui 20 minutos para…vocês sabem!
- Mario! – Marco chamou-o à atenção, mas acabou por não dizer mais nada já que Milicent…se sentia à vontade para falar com ele. O que acabava por ser estranho para ela.
- Se o Marco quis…aproveitar-me, é porque contigo não dá Mario – aquela resposta, aquele à vontade de Milicent, fez com que Marco gargalhasse e ficasse embevecido a olhar para ela.
- Calma…calma que ela não é como a Carolin.
- Por alguma razão estou aqui eu e não ela…ou não? – Milicent nem precisava de pensar o que responder…e até que estava a gostar de estar assim: solta. Marco era apenas um espectador no meio deles.
- Fica sabendo que, por mim, o casamento do teu amigo não tinha acontecido. Mas ele deve gostar mais das coisas como amantes…
- Mario…a verdade é que dá muito mais pica.
- Ei! Vocês…pimba pimba todo o dia, quase que aposto!
- Oh Mario…Mario, Mario – Milicent sorriu relembrando o que tinha acontecido à bem pouco tempo – se fosse só pimba pimba…estávamos lá em cima e não aqui.
- Tarados!
- E tu tens falta…
- Tenho…fica sabendo que deve ser mais activo que vocês os dois.
- Não exageres puto… - Marco, que até então não tinha falado, interrompeu – que eu saiba não tens ninguém, estás solteiro, sozinho com a tua mão.
- Marco, essa era escusada! – Disse Milicent, contendo o riso – acabei de ficar mal disposta…
- É porque estás a imaginar a situação! – Atirou Mario.
- Menos…muito, muito menos, seu tra… - Milicent travou a tempo, olhando para Marco como que pedindo desculpa.
- Arranjaste uma que é toda do Dortmund e que não vai à bola comigo…isto vai correr tão bem – Mario percebia perfeitamente o que Milicent queria dizer, não era a primeira nem a última pessoa que achava aquilo.
- Eu peço desculpa…eu estou a conhecer-te como o melhor amigo do meu Marco, não como o Mario parvo que deixou o Dortmund. Por isso, desculpa – Marco olhou para Mario, esperando algo do amigo.
- Ela chamou-me parvo!
- Mario…ela está magoada, como muitos adeptos. Talvez porque gostavam de ti no Dortmund.
- E…e então? Eu mudei de clube…mas continuo a gostar do Dortmund.
- Podemos não falar disto? – Perguntou Milicent – estávamos muito melhor a falar de pimba pimba do que disto.
- Quando é que deixas a Carolin? – Perguntou Mario, olhando para Marco.
- Porquê essa pergunta agora?
- Porque a Milicent é que deveria ser minha cunhada, toda para a frente, só pimba pimba…sim senhora puto.
- Olha…respeito pelas senhoras, Mario!
- Ela é que falou nisso…
- O Mario tem razão, Marco – Milicent, no momento de pura inocência, colocou a sua mão em cima da de Marco – nós é que nos atrasamos com o pimba pimba.
- Eish, a sério? Eu não vim jantar com dois amigos…eu vim jantar com dois tarados sexuais! – Milicent e Marco riram-se imenso, já Mario permaneceu estático por uns segundos mas depois acabou por se rir.
- Vamos falar de coisas sérias…
- O pacto? – perguntou Mario, deixando Milicent confusa. Se Mario estava a falar daquele pacto é porque sabia o que envolvia.
- Isso mesmo.
- Vamos nessa – Mario esfregou uma mão na outra, colocando os cotovelos em cima da mesa ficando a olhar fixamente para Milicent.
- Um pacto que vos envolve aos dois e tem a ver comigo…ok, começo mesmo a ficar com medo.
Marco sorriu, agarrando na mão de Milicent sem qualquer problema. Aquela sensação de que os dois sabiam algo que ela não sabia, deixava Milicent a morrer de curiosidade…e eles nunca mais abriam a boca para falar do tal “pacto”.


Olá meninas!
Espero que tenham gostado do capitulo e que me deixem as vossas opiniões! São sempre muito importantes para mim, é sinal de que existe mesmo quem está aí a ler.
Este capitulo, é todinho para a minha Ana Rita Pereira, obrigada por tudo e, sobretudo, por existires, por me teres "dado" o meu bombom.
Beijinhos.
Ana Patrícia.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

7º Capitulo: “Porque…eu tenho medo de te perder de vez.”

Milicent e Marco permaneciam no carro, ela com o seu corpo voltado para o de Marco e ele com o seu virado para ela. Milicent tinha a cabeça encostada ao banco do carro…esperando a tal proposta e o tal pacto que Marco tinha para lhe fazer.
- Eu menti-te.
- Mentiste? – Milicent não estava, de todo, à espera daquilo.
- Menti…eu não disse nada à Carolin.
- Ai…ainda bem, Marco.
- Ainda bem?
- Sim…ela não merecia isso.
- Como é que podes ser assim?
- Assim como Marco? Preocupada? A tentar não estragar a vida a uma pessoa? Eu só acho que…embora eu goste imenso de ti e queira mesmo que fosses só meu, eu não quero acabar com o que existe entre vocês. Tu podes pensar que não é nada…mas é. Ela ama-te, Marco.
- Eu não sei se a amo, Mili…esse é que é o problema.
- Tens de passar mais tempo com ela. Agora estás de férias…é a altura perfeita para perceberes isso.
- Não…se isso acontecesse, não ia existir proposta.
- A que me tinhas para fazer? – Milicent puxou as mangas do seu casaco um pouco mais para baixo. Estava com frio, mesmo que a temperatura no carro fosse agradável. O frio de Milicent devia-se aos nervos…estava nervosa por causa da conversa e isso dava-lhe frio.
- Sim…essa mesmo. Estás com frio? – Marco colocou as suas mãos em cima das de Milicent, que estavam uma entrelaçada na outra.
- É dos nervos…
- Estás nervosa?
- Disto…desta conversa.
- Mili… - Marco aproximou-se um pouco mais de Mili, aquilo que era possível visto estarem no carro, e deu-lhe um pequeno beijo na testa – Não tens de estar nervosa…não há razões para isso.
- Há sim Marco…
- Porque, minha tonta?
- Porque…eu tenho medo de te perder de vez.
- Não tenhas…eu vou ser teu. Nem que seja durante horas.
- Marco, nós não podemos. Essas horas vão começar a não ser suficientes, vai começar a doer quando fores embora. E depois vamos querer mais e mais horas e não podemos porque tens de estar com ela…e eu estou aqui.
- E eu não estou aqui também? – Milicent deixou que um pequeno sorriso se formasse nos seus lábios. Porque com Marco…aquela sensação de protecção estava lá, aquela sensação de estar bem, de estar feliz – vamos falar de coisas sérias.
- Até agora estivemos a brincar?
- Mais ou menos…
- Oh…não é mais ou menos não. Aqui ninguém brincou Marco.
- Eu sei disso…mas queres o que primeiro? Pacto ou proposta?
- A proposta…
- Ora bem…como sabes, não tenho lua-de-mel. A Carolin não pode sair do país e não vamos para lado nenhum.
- Sim…
- Bom, e ela durante o próximo mês vai para Munique por causa desses problemas que a prendem na Alemanha.
- Mas ela…tem algo assim problemas tão graves por aqui?
- Se aceitares a minha proposta, eu conto-te.
- Isso é chantagem Marco.
- Eu não te estou a ameaçar.
- Mas eu quero saber…
- Isso já não é nada comigo.
- Vá, diz lá essa proposta.
- Este mês somos só nós. Aqui. Em Berlim – Milicent olhava para Marco sem saber ao certo o que pensar. “Sermos só nós? Aqui? Em Berlim? Mas…como raio queres fazer isso?”
- Marco…isso não pode ser…os meus pais…as outras pessoas.
- Posso explicar?
- Podes.
- Eu ficava por cá, um hotel chega-me. E fazíamos a nossa vida…passávamos o tempo que quiséssemos juntos, as noites que quiséssemos juntos…éramos só nós como nos últimos dias.
- Isso…significava que te ia ter para mim quando quisesse?
- Se significasse que eu também te tinha para mim quando quisesse, sim…significava – Marco deixou as suas mãos deslizarem até às pernas de Milicent, que seguiu a trajectória que ele fazia com os seus olhos.
- Mas…
- Que é que vais inventar para aí?
- Nada…mas e as outras pessoas? A tua família…o que é que lhes dizes a eles?
- Que vou de férias…que vou descansar – por um lado a ideia agradava a Milicent…puder ver Marco todos os dias era algo que lhe agradava. Mas, por outro lado, existiam aquelas dúvidas, o medo de que algo corresse mal.
- Tenho medo, Marco.
- Medo porque?
- E se as coisas se complicam?
- Como é que podem complicar? Se quiseres estar comigo estamos juntos…se não, não.
- Mas…não é isso.
- Então é o que?
- Não sei…
- Mas não queres?
- Quero…acho que é esse o problema – o medo de Milicent prendia-se, também, com a possibilidade de ela se habituar a estar com ele. Por mais que quisesse estar com Marco…havia o medo.
- Queres que me vá embora, é isso?
- Não! – Milicent colocou as suas mãos nas de Marco, olhando-as – Só…tenho medo – olhou para Marco que lhe sorriu.
- Não tenhas. Venho para cá, ou não?
- Vem…?
- Tens de dormir em casa?
- Hã?
- Teu Marco está cá, minha Milicent aqui está…é de noite, podíamos dormir juntos hoje.
- Parece-me que pode ser.
- E vamos já?
- Sim, por mim sim.
- Já conheces alguma coisa da cidade?
- Pouco…mas há um hotel perto daqui.
- Isso agrada-me – Marco e Milicent sentaram-se como deve ser nos bancos do carro, já que ele ligou o motor do mesmo.
Depois de colocar o cinto de segurança, Milicent olhou para Marco e, depois de passar alguns (bastantes) segundos a olhar para ele, Marco acabou por se meter com ela.
- Tinhas saudades do teu loirinho, não tinhas? – Milicent, se não estivesse tão enamorada por Marco, teria respondido algo do tipo “É isso e o centro do mundo ser no teu umbigo!”. Mas não..,apenas se limitou a acenar que sim com a cabeça, a encostá-la no banco e começar a mexer na cabeça de Marco – Aqui o loirinho também tinha saudades da sua morenaça.
- A tua cabeça é tão redondinha – a rapariga mexia na parte da nuca de Marco, a parte que tinha menos cabelo. Milicent sentia-se atraída pela cabeça de Marco o que, para muitos, poderia parecer estranho.
- Deves ser a única que mexe nela…só mesmo a minha mãe é que tem a mania de mexer sempre.
- É tão redonda e fofa, Marco!
- Olha…pronto, apaixonaste-te pela minha cabeça?
- Se fosse só pela cabeça… - Marco olhou de relance para Milicent sorrindo-lhe. Enquanto que ela continuava a mexer na cabeça de Marco, ele colocou a sua mão direita em cima da perna dela.

Estavam, pela primeira vez em dias, frente a frente fechados no elevador. Milicent estava encostada de um lado, agarrada à barra de ferro, enquanto que Marco estava parado no meio do elevador a olhar para ela. Faltavam, ainda, 4 pisos para chegarem ao 8º andar do hotel, o andar onde ficava o quarto.
Milicent olhava para Marco como que esperando algo da parte dele…e Marco sabia perfeitamente que teria de a tocar, que tinha de a beijar, que tinha de a sentir nas suas mãos. Marco aproximou-se de Milicent colocando as suas mãos na cintura dela, levantando a roupa que ela trazia vestida, assim tinha a sua pele em contacto com a dela. Milicent sentiu o seu corpo a vacilar, as suas pernas pareciam ter ficado fracas, de um momento para o outro, o seu coração disparou. Disparou porque aquele toque, aquela proximidade, aquela pele de Marco a fazia ficar acelerada.
Marco encostou a sua testa à de Milicent, que rodeou a cintura dele com os seus braços.
- Odeio-te tanto, Marco – Milicent olhava-o nos olhos e viu que o tinha apanhado desprevenido.
- Ai sim? Dessa não estava eu à espera…
- Não…eu não te consigo odiar. É impossível pensar em odiar-te…fazes-me tão feliz, fazes-me sentir bem comigo mesma, apesar de tudo… - Milicent sentia um pouco a vergonha a apoderar-se dela, mas teria de dizer o que sente por Marco cara-a-cara – eu sou a outra, sou quem passa menos tempo contigo…mas quando estamos assim, eu sinto-me tão perto de ti, sinto como se te conhecesse o suficientemente bem para saber que estamos os dois em sintonia.
Tanto um como o outro, sabiam perfeitamente que entre os dois as coisas era muito mais que noites apaixonantes, ou momentos de loucura…porque ambos sabem que podem ficar simplesmente a dormir nos braços um do outro sem que queiram levar as coisas por outros caminhos.
- Sinto-me melhor aqui do que em minha casa. Acho que te chega para perceberes a falta que me tens feito.
- Isto é mais do que noites de loucura, não é?
- É…
- Como é que pode ser?
- Eu não sei Mili – Marco juntou ainda mais o seu corpo ao dela, subindo as suas mãos até à zona das costelas.
- Daqui a nada fico despida em pleno elevador… - Milicent falava com Marco com os seus lábios quase colados aos dele. Conseguia sentir a respiração quente dele no seu nariz, sentia que os olhos dele estava colados nela…e ao olhar para ele percebeu que Marco sorria. Os lábios formavam um sorriso perfeito, os seus olhos tinham um brilho diferente. Marco estava visivelmente feliz. E Milicent só conseguia ficar ainda mais feliz.
- A tua sorte é que estamos quase a chegar ao 8º andar… - dito isto, o elevador parou e Marco soltou Milicent. Os dois sorriram e saíram do elevador, encaminhando-se para o quarto que lhes estava destinado.
- Ainda não me deste um beijo… - disse Milicent ao chegarem à porta do quarto.
- Nem vai ser agora. Esqueci-me da mala no carro, vai entrando.
- Que mala?
- Com roupa…
- Tu já vinhas preparado para ficar?
- Já – Marco piscou-lhe o olho e começou a correr para apanhar o elevador que agora iria descer. Milicent ficou a olhar para ele, até ter entrado no elevador e só depois entrou no quarto.
Achou o quarto acolhedor. Nada daqueles quartos enormes, com mais do que uma divisão. Era um quarto acolhedor, quase que se sentia em casa. A verdade era que: o cansaço era tanto que de ver só a cama lhe dava vontade de deitar. E nem pensou duas vezes.
Descalçou-se, retirou as calças que trazia vestidas, o casaco e o soutien, deixando-os em cima do cadeirão. A camisola que trazia vestida era quente e dormir acompanhada diminuía o frio. Mesmo estando temperaturas de verão de dia, as noites são frias.
Milicent abriu a cama e deitou-se. Esperando a chegada de Marco, que não demorou muito. Depois de ter tirado a mala do porta bagagens, voltou ao quarto onde já encontrou Milicent deitada, super aninhada nela mesma. Marco pensava que ela estava a dormir, não se mexia e a respiração estava demasiado pesada.
Depois de, também ele se ter despido e apenas ter ficado em boxers, foi deitar-se do outro lado da cama. Meteu-se dentro dos lençóis, colocando uma das suas mãos na nádega de Milicent, puxando-a para si. Deu um beijo na testa de Milicent e preparou-se para adormecer também.
- Demoras-te… - Milicent colocou a sua mão direita na barriga de Marco, colando os seus lábios no peito dele.
- Pensava que já estavas a dormir – Marco subiu a sua mão até às costas de Milicent, fazendo pequenos círculos no centro das mesmas.
- E só tinha o meu beijo de manhã? – Milicent olhou para Marco, sorrindo. Ele retribuiu-lhe um sorriso que a começava a desnortear. Nada disse…apenas fez aquilo que já tinha vontade de fazer à algum tempo. Beijou-a.
A mão que antes estava nas costas de Milicent, agora pairava sobre o pescoço dela. Nenhum deles tinha pressa de separarem os lábios um do outro, não tinham pressa de o tornar em algo mais. Havia desejo, paixão e saudade. Isso eles sabiam que existia: uma saudade de estarem assim, nos braços um do outro.
Milicent passou para cima de Marco e separou os seus lábios dos dele. Levantou o seu tronco, ficando sentada em cima de Marco, e pegou nas mãos dele levando-as para as suas coxas.
- Conta-me lá os problemas da Carolin.
- A sério?
- O que?
- Tu queres falar dela, em vez de…hum…tu sabes! – Marco percorreu as coxas de Milicent com as suas mãos, tentando puxá-la para si.
- Quero.
- Oh Jesus…
- Oh Marco – Milicent começou a dar-lhe beijos no tronco – Marquinho…estás assim tão necessitado?
- De ti, até que estou… - Marco tentou puxar Milicent para junto dele, mas a rapariga percebeu isso e voltou à sua posição anterior.
- Só me convidas-te para dormir, que eu me lembre!
- Milicent…Mili… - Marco voltou a colocar as suas mãos nas coxas de Milicent, levantando o seu tronco de forma a ficar com os seus lábios bem junto aos de Milicent – Vais resistir? – Marco percorreu as costas de Milicent com as suas mãos, ao mesmo tempo que lhe beijava o pescoço.
- Vou…vou mesmo Marco – Milicent afastou um pouco o seu tronco, para conseguir olhar Marco – A tua Milicent hoje está cansada…andou o dia todo de um lado para o outro. Temos um pequeno-almoço que pode muito bem servir para outras coisas.
- Sendo assim…falemos então – Marco colocou o cabelo de Milicent para trás, dando-lhe mais um beijo no pescoço e outro nos lábios. Permaneceram os dois sentados, Milicent em cima das pernas de Marco e ele a agarrar-lhe as coxas.
- Obrigada.
- Oh…nada disso. Tenho saudades tuas, de estar contigo em todos os sentidos…mas uma noite de conversa e dormir contigo, já é o suficiente para mim – Milicent sorriu para Marco, colocando as suas mãos na cara dele e deu-lhe um beijo super demorado nos lábios. Quando quebrou o beijo, deixou as suas mãos na cintura de Marco e apenas o olhava – vamos, então, falar de dois temas importantes – Marco parecia entusiasmado por ir falar com Milicent…ele queria conhece-la em todos os sentidos, queria saber o máximo de coisas sobre ela e teria a hipótese de fazer algumas perguntas esta noite.
Recostou-se na cama entrelaçando as suas mãos nas de Milicent.
- Dois temas? – Perguntou Milicent curiosa.
- Sim…tu queres saber da Carolin e eu quero saber de ti.
- De mim?
- Sim…mas primeiro vou explicar-te as coisas da Carolin que demora menos tempo.
- Força.
- Bom…eu conheço a Carolin à quase quatro anos. Namoramos à dois e casámos à pouco como sabes. Mas a Carolin tem aí uns problemas com a justiça.
- Problemas com a justiça…do tipo com a polícia? – Milicent estava super baralhada…afinal Marco estava a dizer-lhe que a mulher com quem ele tinha casado…pode estar envolvida em esquemas ou outras coisas quem envolvem a justiça?
- Sim…a Carolin à cerca de dois meses esteve em Munique e teve uns problemas graves por lá. Eu ainda não entendi porque é que ela o fez…afinal ela tem dinheiro suficiente e podia ter comprado aquilo que roubou.
- Ela roubou?
- Sim…roubou uma pulseira ou um colar, acho que era um colar, numa ourivesaria…muito cara. E depois foi presa, mas disse umas coisas aos polícias e isso agravou as coisas.
- Bem…eu meti-me com o homem errado mesmo!
- Hã?
- Avança que eu explico depois.
- Pronto…como tínhamos o casamento, eu paguei a fiança e ela saiu em liberdade. Mas ficou agendado uma audiência para depois de amanhã para ver o que fazer com ela. Mas eu principio vai ter de ficar a fazer serviço comunitário na prisão.
- E…porque é que tu não vais com ela? Ela vai precisar de ti, Marco! – Milicent largou as mãos de Marco…aquele sentimento de culpa voltava a surgir.
- Porque não posso – Marco levantou o seu tronco, ficando olhos nos olhos com Milicent – não me deixam envolver no caso por estar casado com ela. E quando ela entrar na polícia não pode ter contacto com o exterior.
- Mesmo assim…um olhar bastava-lhe.
- Ela terá…os da família dela. Mas eu não posso mesmo, Mili…seria desrespeitar o que os polícias disseram e podia ser pior.
- Tens a certeza que é mesmo isso Marco? Não estás apenas a dizer só para ficares…aqui? – Marco entendia o porque daquela pergunta…Milicent não queria ficar com um peso na consciência (ainda maior) por afastar Marco da sua mulher.
- Confia em mim…é o que se está mesmo a passar. Se eu pudesse eu estava com ela no dia do julgamento…mas não posso – Marco voltou a pegar nas mãos de Milicent, colocando-as no seu peito – o que está aqui dentro, neste momento só consegue bater por ti…fazes-me sentir vivo e sem medos. Desistir nunca foi para mim, mas agora…agora sinto que nunca vou desistir de nada na vida. Eu não vou desistir de ti, de nós. Eu estou casado, eu estou casado com ela…mas eu só consigo sorrir contigo e ele só bate assim por ti.
- Não estarás…a ser demasiado precipitado ao dizer isso?
- Não. É o que eu sinto, é o que tu me fazes. Pelas aparências eu tinha de estar com ela, sempre do lado dela. Mas eu não quero…se me dessem a escolher entre uma hora contigo e uma semana com ela, eu escolhia a hora contigo sem pensar.
- Porque só…há sexo.
- Não, não! – Marco sabia que aquilo podia estar na cabeça de Milicent…inicialmente também estava na dele “Pode ser e apenas será sexo”. Mas era muito mais do que isso, é uma ligação mais que sexual, mais que carnal – Não é só sexo! Não é nada disso…
- Mas era o que tu querias…se eu não quisesse falar da Carolin…tu querias sexo – o tom de voz de Milicent subira ligeiramente…aquilo tinha mexido com ela, essa era a verdade.
- Porque é que estás a ser assim? – a voz de Marco estava, também ela, mais alta do que o normal…mas estavam os dois demasiado próximos um do outro para começarem a discutir. Tinham quase os lábios colados um no outro, à medida que falavam sentiam a respiração um do outro na cara.
- Porque sou mulher e tenho essas duvidas…porque apesar de saber que posso estar a ser usada, eu quero ser usada! Eu nunca me senti assim! Nunca senti que precisasse de ser a amante para me sentir desejada, por me sentir acarinhada. Tu dás-me tanto e eu sei que significo tão pouco para ti! – Milicent falava o que lhe ia na alma…era preciso dizer tudo o que tinha para dizer a Marco.
- Aí é que tu estás completamente enganada! – Marco colocou as suas mãos no pescoço de Milicent, com alguma brusquidão. Rapidamente se apercebeu que o tinha feito e limitou-se a fazer menos força e a colar a sua testa na dela – Tu significas mais para mim do que qualquer outra mulher significa ou significou. Tu és mais do que sexo, és mais do que loucura…começas a ser a razão dos meus sorrisos, a razão dos meus suspiros…eu começo a achar que eu, eu é que significo pouco para ti – o que tinha começado numa conversa banal sobre Carolin, estava a tornar-se uma discussão entre os dois. Mas super diferente de uma discussão normal. Eles tocavam-se, quando falavam os lábios tocavam uns nos outros. Eles discutiam…falavam mais alto que o normal, expunham os sentimentos, mas faziam-no de uma forma completamente estranha.
- Nós estamos a discutir, mas eu só penso em te beijar, eu só te consigo tocar…explica-me como é que podes duvidar do que sinto por ti?
- Da mesma maneira como tu duvidas do que eu sinto por ti.
- É por isto que eu começo a não saber o que sinto…eu pensava que já tinha amado alguém…mas cada momento contigo me faz perceber que não…que eu só agora estou a descobrir o que é amar alguém. Com pequenos gestos. Eu não te amo…mas amo a pessoa que és…e aquilo que me dás.
- Então responde-me: achas que é só sexo?
Milicent sabia a resposta àquela pergunta…mas ela tinha dúvidas, tinha de as expor. E foi melhor faze-lo assim, do momento.
- Não.
- Então porque é que começamos a discutir?
- Porque tenho duvidas…porque sou nova e estou a lidar com coisas que nunca antes tinha lidado.
- Então…eu só quero que sejas sempre assim. Directa e pergunta sempre as coisas…não fiques a pensar.
- Desculpa…
- Desculpa eu…não queria que pensasses que és só mais uma…eu já te disse, mas volto a dizer, tive três namoradas mas quero que sejas a minha quarta e última.
Milicent nada conseguiu dizer…apenas colou os seus lábios aos de Marco e os dois envolveram-se num beijo carregado de paixão.


Marco acabou por quebrar o beijo e se deitar, mesmo com Milicent sentada em cima dele.
- Querias falar de mim?
- Sim…anda aí uma coisa a baralhar-me.
- Em mim?
- Sim.
- Bem…o que é que eu baralhei aí dentro dessa cabeça?
- Na verdade, tudo…
Milicent não conseguiu responder…aquilo tinha-a feito derreter por dentro. A forma como Marco dizia as coisas, com tanta espontaneidade, fazia com que ela fosse apanhada várias vezes de surpresa. Milicent aproveitou para se deitar em cima de Marco e beijar-lhe o peito. 


- Baralhas aqui o sistema todo da tua Mili…
- Desculpa lá…mas tu fazes o mesmo.
- Oh… - Milicent saiu de cima de Marco, ficando sentada do lado da cama que lhe pertencia a olhar para ele – mas vá, diz lá o que é que te baralhou.
- Bem…eu conheci os teus avós e eles são loiros, mesmo loiros. E tu és aí toda morenaça, sem qualquer semelhança, nesse aspecto, com eles…
- Então foi o moreno que te baralhou… - Milicent riu ao lembrar de algumas das vezes em que já teve de explicar o porque de ser morena – bom, tu estiveste com os meus avós paternos. Todo o lado do meu pai, todos os Werner são loiros. Mas o lado da minha mãe é completamente diferente. A minha avó materna é loira, mas o meu avô era moreno e angolano.
- Então a tua mãe é uma mistura…
- Sim. A minha mãe é super morena, também, e super clara de pele. Eu saí assim…morena de cabelo e quando apanho sol fico logo mais escura.
- Então tu tens acesso a duas culturas diferentes…
- Mais ou menos. O meu avô morreu quando eu era muito pequena…e a minha avó não é angolana, é mesmo alemã. Por isso conheço mais do alemão do que desse lado do meu avô.
- Lamento isso…
- Não tem mal. Eu não me lembro dele…eu era mesmo pequena, tinha dois anos ou qualquer coisa assim.
- Hum…mas anda cá – Marco puxou Milicent para junto dele – sejamos muito honestos…a mistura dos teus avós, passando os genes para a tua mãe, que os juntou com os do teu pai…deu a morenaça mais linda que eu alguma vez conheci.
- Exagerado.
- Realista.
- Oh…obrigada, sim? É um grande elogio, vindo do loirinho mais lindo desta Alemanha, cheia de loirinhos - Milicent deu um beijo a Marco, pousando a sua cabeça no peito de Marco.
Milicent estava completamente cansada e não demorou muito até adormecer, no peito de Marco. A ouvir o batimento do coração daquele que começa a ser o homem que a faz mais feliz.

 Estava uma manha de sol magnífica. Marco acordou, mas ao ver Milicent a dormir tão calmamente, tão serena e bonita, que nem teve coragem de a acordar. Deu-lhe apenas um beijo na testa e levantou-se da cama, saiu do quarto indo até à varada. Deitou-se no grande sofá, mais parecido a uma cama, que se encontrava na varanda e ficou apenas a observar a paisagem de Berlim. Podiam ser só prédios, mas era bonita.
Passaram-se cinco minutos desde que Marco se tinha levantado, foram precisos esses cinco minutos para Milicent dar pela falta dele. Abriu os olhos, a luz do sol batia-lhe na cara mas uma sensação de bem estar e de conforto estavam nela.
Espreguiçou-se e conseguiu ver Marco através da porta de vidro que separava o quarto da varanda. Ficou ainda alguns segundos a olhar para ele e só depois se levantou. As pernas pareciam fraquejar e estava super mole, mas lá conseguiu chegar junto de Marco.
- Bom dia… - Milicent sentou-se ao lado de Marco, roubando-lhe um beijo.
- Bom dia, minha morenaça linda.
- Ai…dormi tão bem – Milicent rodeou o pescoço de Marco com os seus braços e roçou o seu nariz no dele.
- Dormiste tu e eu…e acordar e ter-te assim, aqui a dar beijinhos a mim.
- Todos os que quiseres, meu pequeno.
- Tu é que és minha pequena, sim?
- Oh… - Milicent apenas não argumentou e envolveram-se numa demorada troca de beijos.
- O que é que a minha princesa quer para o pequeno-almoço? – Marco quebrou o beijo, porque a ele lhe dava a fome.
- Qualquer coisa… - Milicent afastou-se encostando-se nas costas do sofá.
Marco pegou no telefone do quarto e fez os pedidos do pequeno-almoço. Enquanto que Milicent pegou no seu telemóvel e partilhou mais uma fotografia (desta vez no seu perfil de Instagram) que tinha tirado com o seu Marco. Ninguém saberia que era ele, nem que eles estavam juntos…mas ela sabia e adorava aquelas fotografias deles.

Dizer bom dia é pouco. Começar o dia com ele é um óptimo dia!
- Mili… - Marco já não falava ao telefone e olhava agora para ela.
- Diz?
- Há uma coisa que tenho de te pedir.
- É por causa das fotos? Ninguém percebe que és tu…
- Não, não. Nada disso – Marco percorreu com a sua mão, a perna de Milicent.
- Então?
- Está relacionado com o pacto…e a noite de ontem.
- Começo a ficar com medo.

- Eu teria…