terça-feira, 16 de dezembro de 2014

20º Capitulo: “Se eu te contasse o que ouço, às vezes, de noite…”

O fim do mês de Agosto chegou depressa. Milicent ia ganhando cada vez mais responsabilidades com o seu estágio. Para além de estar na equipa que estuda o caso de Mary Alice, tinha, ainda, mais dois meninos a seu cuidado: Jason de 10 anos com uma infecção nos pulmões e Ruli com apenas dois meses e uma forte infecção gástrica. Amber e Richard (Milicent ficou a saber que ele era o chefe do Centro) reuniam-se várias vezes com ela para a colocarem à prova e fazerem o relatório para a sua faculdade.
Em casa tudo corre às mil maravilhas. Marlene e Mario continuam o mesmo casal apaixonado e descontraído desde o primeiro dia. A verdade era que Marlene iria ficar apenas duas semanas, mas com os desenvolvimentos da sua relação com Mario ficou complicado de se ausentar. Decidiu que ficaria até Milicent regressar a Dortmund, já que coincidia com o inicio das suas aulas.
Milicent sentia-se feliz. Mesmo que não fizesse uma chamada para Marco durante este período de tempo, quando ele falava com Mario, Milicent acabava sempre por lhe dizer algo. Quando precisava de desabafar com ele fazia-o…no papel. Já tinha alguns papeis para lhe entregar…sete até agora. Todos os dias pensava no que iria ler quando ele lhe entregasse os dele…se os tivesse para entregar. Milicent acreditava que tinha, quanto mais não fosse para acabar tudo com ela.
Era o primeiro dia de Setembro e, já que Milicent e Mario estavam de folga, aproveitaram para passarem a tarde os três na praia. Milicent sentia que, cada dia que passava, era menos o tempo que estava com os dois.
- Ei oh Mario eu acho que aqui chega…não está aqui ninguém! – os três caminhavam pelo areal de uma praia deserta mas, para Mario, não era deserta o suficiente já que queria alguma privacidade.
- Sim…podemos ficar por aqui… - os três começaram a estender as toalhas e, quando deu por isso, Milicent estava a servir de vela, já que Marlene e Mario estavam aos beijos. Milicent aproveitou para registar o momento, partilhando-o no instagram.

E diziam que uns aí eram só mel...e isto é o que?

Milicent aproveitou a legenda que tinha deixado na imagem para se meter com eles:
- Ei é só mel, que nojo! – Reparou que os dois se riram e acabaram aquele momento a dois – Olha que giro…
- O que? –
Perguntou Marlene, já que Milicent continuava a olhar para o telemóvel.
- Vejam…não fomos os únicos a aproveitar que está sol. Ah e é amanhã que temos visita dessa pessoa – Milicent entregou o telemóvel a Marlene, retirando o seu vestido – vou à água.
Milicent não esperou que respondessem e foi até ao mar. Enquanto isso, Marlene olhou para o telemóvel da melhor amiga, partilhando com Mario. Era uma imagem de Marco e, com a descrição, percebiam o que Milicent tinha dito:
Dois dias de folga. Um em Dortmund, outro em Munique! #Peace




- Não acredito que ele continua a usar camisola na praia! – comentou Mario.
- E eu não acredito que tu reparaste nisso…
- Eu reparo em todos os detalhes, sim?
- Estou feita ao bife…se for preciso eu pinto o cabelo de verde florescente e tu não reparas.
- Ei, oh Marlene…não assassines o cabelo lindo da minha namorada –
Mario rodeou-lhe a cintura com os seus braços e os dois voltaram a uma troca de beijos despreocupada.
Milicent deu alguns mergulhos, nadou até que decidiu voltar à toalha. Marlene e Mario estavam deitados nas toalhas, quando ela o fez também. Milicent de uma ponta, Marlene no meio e Mario na outra ponta.
- O teu telemóvel está na mala, Mi. E tocou uma vez.
- Atendeste?
- Não…nós estávamos a…bom estávamos ocupados com a boca um do outro e não me deixaram chegar ao telemóvel. Mas era o Marco.
- Vocês são doidos! –
Milicent pegou no telemóvel, iniciando uma chamada para ele. Sem pensar, por instinto, sentia que devia falar com ele. Quando colocou o telemóvel ao ouvido, viu Marlene e Mario levantarem-se indo para a água.
- Pensava que não querias falar comigo…
- Não, não é nada disso, Marco. Eu é que estava dentro de água e os nossos amigos andavam a trocar saliva um com o outro.
- Uau Mili…isso é que são detalhes!

- Se eu te contasse o que ouço, às vezes, de noite…ficavas chocado, amor.
- Tenho tantas saudades tuas…
- Mas tu mudas assim de assunto? E…isto está estranho.
- O que?
- Já não falávamos à uma semana e hoje estamos assim…como se nada se passasse.
- Acho que ambos queremos o dia de amanhã. E não queremos que nada mude.
- Chegas a que horas?
- Vou apanhar o avião às sete da manhã. Chego aí a Munique por volta das nove.
- O Mario já disse que te ia buscar. Eu vou ao Centro de manhã, acabo o turno às duas e depois…é tempo de decidirmos algo.
- Queres que te vá buscar?
- Não. Eu vou ter a casa. O Mario e a Marlene vão sair.
- Estou a ver que a minha ida a Munique já foi toda planeada por vocês…
- Foram eles –
Milicent aproveitou para se virar de barriga para cima, percebendo que Marlene e Mario estavam a sair da água – querem que estejamos à vontade.
- E vamos estar. Precisamos mesmo de falar tudo com calma. Olha, estou com o Nico…o meu sobrinho e com a Yvonne, a minha irmã. Falamos amanhã, meu amor?

- Sim…aproveita bem a tua família, Marco.
- Amanhã quero é aproveitar-te a ti
Milicent notou que ele falou quase em sussurro.
- És completamente louco. E não digas que é por mim…
- Tu sabes que é. Mas vá, meu amor, vou com o menino ali à semi-piscina que fizemos.
- Não afogues o menino!
- Fica sabendo que ele ama-me. Vou ser um excelente pai, segundo a minha mãe.
- Veremos, meu bem, veremos. Beijo nessa boca só minha!
- Beijo, Mili. Sabes onde… -
Milicent riu-se, sabendo que Marco se referia ao seu pescoço. Os dois desligaram a chamada e Milicent voltou a deitar-se de barriga para baixo.
Olhou para o lado e tinha os olhos de Marlene e Mario a olharem os seus.
- A água está boa, não está meus amores? Eu também acho que sim – Milicent não esperou qualquer resposta deles, deitando a sua cabeça na toalha.
- Se vocês não se acertarem amanhã, mato-vos aos dois! – Disse Mario mas Milicent não ligou.
Ansiava o dia de amanhã só para puder voltar a sentir o cheiro de Marco. Para perceber que nada mudou e que continuam a ser um do outro.


- O que é que aquele gajo está ali a fazer? – Mario reclamava, vendo o carro de Mandzukić estacionado à frente do seu portão.
- Mario…eles são amigos – Marlene foi quem disse algo num primeiro momento.
- Abre o portão…deixa-o entrar e eu resolvo tudo. Aqui e agora – Milicent falou, fazendo com que Mario olhasse para ela – por favor, Mario.
Mario abriu o portão automático, fazendo sinal a Mandzukić para entrar. Colocou o seu carro no interior da garagem e, os três, foram até à porá de entrada onde estava Mandzukić.
- Boa tarde – disse ele. Todos o cumprimentaram. Mario um pouco mais azedo mas cumprimentou o colega de equipa. Mandzukić aproximou-se de Milicent – Achas que…podemos sair logo à noite?
- Acho que precisamos de falar…e eles podem ouvir. É que…acho que tu começas a achar que entre nós poderá haver algo. E, bom, na verdade nada poderá acontecer. Sabes que eu tenho uma pessoa…e não quero mais ninguém.
- Mas Milicent… -
Mandzukić pegou na mão da rapariga, levando-a até aos seus lábios. Beijou a mão de Milicent, olhando-a nos olhos – não estás com o Marco à tanto tempo…aposto que ele já se fez a qualquer uma. Se ficasses comigo…não irias sofrer.
- Mas tu andas na droga ou que? –
Milicent ficava chocada com o que Mandzukić acabava de dizer – Eu pensei que pudéssemos ser amigos de verdade, mas acabei de perceber que o Mario tinha razão. Tu só me queres levar para a cama.
- Não, não é isso…claro que não me importava.
- Oh meu Deus…eu não quero ouvir mais nada. Fazes o favor de por essas pernas a correr daqui para fora? –
Milicent virou-lhe as costas, mas foi impedida de andar já que Mandzukić a agarrou pelo braço – O que é que tu pensas que estás a fazer?
- Precisamos de falar…longe deles.
- Não, ela não vai contigo a lado nenhum –
disse Marlene, chegando-se à frente.
- Larga-me – Milicent ficou a olhar para Mandzukić que permaneceu a agarrar o braço dela.
- Tu não estás a ouvir o que ela te está a dizer? – até agora, Mario estava calado para não arranjar problemas já que Mandzukić jogava na mesma equipa que eles, mas chegou-se à frente, ficando entre Milicent e o companheiro de equipa – Vais largá-la, ou não?
- És pai dela, por acaso?
- Não, mas é como se fosse irmão…ou tu a largas ou…
- O que? Vais bater?
- Eu não quero arranjar problemas, Mario…mas se for preciso… –
Milicent sentiu o tom de voz de Mario mudar e Mandzukić largar-lhe o braço. Puxou Marlene para junto dela, sussurrando-lhe vai chamar o vizinho.
- Já larguei…estás contente? É que eu não. Não fico nada contente porque tu lhe fizeste a cabeça…ela estava quase a cair.
- Tu não regulas bem. Tu sabias que ela tem namorado.
- Que é um cabrão e que já deve ter comido mais que uma em Dortmund –
Milicent estava chocada com o que acabava de ver. Mario, aquele que considera ser uma pessoa calma, acabava de dar um soco a Mandzukić que, com o impacto, caiu no chão. Mario ajoelhou-lhe, metendo a sua mão no pescoço dele.
- Não te atrevas, sequer, a dizer o nome do Marco.
- Custa ouvir as verdades, não é?
- Ei, ei, miúdos vamos lá acabar com isto –
o vizinho da frente, um senhor na casa dos trinta anos que sempre ajudou Mario. Mandzukić levantou-se, indo na direcção de Mario. Foi impedido pelo vizinho e Milicent acabou por o empurrar.
- Isto acaba aqui e agora! Vai-te embora, a serio! – Milicent gritou com Mandzukić que entrou no carro desaparecendo em alta velocidade.
Depois de agradecerem ao vizinho, os três entraram para dentro de casa.
- Acho que vou precisar de gelo…
- Ele bateu-te? –
Perguntou Marlene preocupada.
- Não…só o Mario é que lhe deu um murro…não me digas que te dói a mão, cunhado?
- Não tenho culpa de ele ter mais dez centímetros que eu e parecer feito de pedra.
- Oh coitadinho do meu cunhado. Aqui a Milicent vai tratar de ir buscar o gelo já que…sou a culpada disso tudo.
- Não. Tu não tens culpa. Ele é que falou no Marco da maneira que não deve!
- O teu Marco vai adorar saber a forma como o defendes! –
Marlene sentou-se ao lado de Mario, enquanto que Milicent foi até à cozinha para ir buscar o gelo.


Naquela noite, Milicent escreveu o seu último bilhete para Marco. Sem ter feito de propósito eram oito cartões, todos eles com algo escrito que se relacionasse com eles.
No dia seguinte, acordou muito bem-disposta. Tomou um duche rápido, vestiu-se e maquilhou-se (nada exagerado, já que iria trabalhar). Foi até à cozinha, onde encontrou Marlene e Mario já a tomarem o pequeno-almoço.
- Bom dia, amores meus! – Milicent deu um beijo na bochecha de Marlene e outro na de Mario.
- Se estás assim tão bem disposta no dia de hoje…ainda bem que não vamos estar cá quando tu e o Marco ficarem sozinhos – atirou Mario.
- Não queiras saber não, Mario…mas fica descansado que a casa não vai abaixo.
- Parece-me que agora vamos voltar a ter a Milicent bem-disposta todos os dias…
- Espero que sim, é esse o meu objectivo de hoje: que ele traga a minha felicidade lá de Dortmund.
- Que coisa mais foleira…
- Mario! –
Marlene repreendeu-o e Milicent sorriu. Pegou numa maçã começando a sair de casa.
- Não te esqueças de ir buscar o teu amigo, sim?
- Ei temos de nos despachar, Marlene. Ele está quase a chegar…oh espera, falta uma hora –
Mario estava a gozar com Milicent que nada disse. Voltou a beijar cada um deles, saindo de casa. Estava alegre e cheia de energia para o dia. Entrou no seu carro, aproveitando para partilhar uma imagem nas redes sociais.


Alguém acordou demasiado bem-disposta para fotografias pela manhã. Que seja um dia em grande!


Em menos de uma hora tinha chegado ao Centro, estava equipada e a fazer a sua ronda. Começou pelo pequeno Ruli, de seguida Jason deixando Mary Alice para o fim já que teria de fazer uma análise mais pormenorizada do seu caso. A infecção dos pulmões ainda não estava completamente tratada e todo o cuidado era pouco.
- Estás muito animada hoje, Mili…
- O meu namorado vem cá hoje…
- Vão fazer as pazes?
- Vamos tentar…mas, Mary…tu hoje estás diferente. Passa-se alguma coisa?
- É que…eu não sei se é bom falar disto ou não. Porque se for mau eu não quero mais coisas más a acontecerem-me.
- Meu anjo… -
Milicent sentou-se na cama de Mary Alice, agarrando-lhe na mão – tens de me dizer tudo o que sentes…nós estamos cá todos para cuidar de ti.
- É que…eu já não vejo tudo preto.
- Como assim, meu amor?
- Ontem, quando eu acordei eu via umas manchas amarelas e hoje estão brancas.

- E dói-te os olhos, ou sentes que estão mais sensíveis?
- Não…eles estão normais. São só mesmo essas manchas.
- E vês mais alguma coisa?
- Não…só manchas. O que é que achas que pode ser?
- Talvez seja o bichinho dos teus olhos que começa a ir embora, meu anjo –
pelo que Mary Alice lhe dizia, tudo indicava que, ao fim de um ano, o tratamento poderia estar a fazer efeito – mas eu vou chamar o teu oftalmologista que é para fazer exames mais profundos. Mary…tens de me dizer sempre o que sentes sim?
- Sim…eu sinto que…gostava de ser tua mana –
Milicent, ao logo do mês de Agosto tinha falado abertamente com Mary Alice sobre os seus pais quererem adoptar uma menina. Mary Alice sempre lhe disse que não queria ter outros pais. E hoje…estar a dizer algo assim, de forma tão espontânea, era como que uma esperança para Milicent. Nada disse, limitou-se a beijar-lhe a testa, agarrando na mão dela de novo.


Olá meninas!
Aqui vos deixo mais um capítulo. Espero que gostem e que deixem os vossos tão carinhosos comentários.
Beijinhos.
Ana Patrícia.

4 comentários:

  1. Olá

    Adoreiiiiiiiiiii *_*


    Beijinhos

    A.M

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  2. Olá!
    Bem depois do outro, neste só me resta mesmo dizer E O RESTO?! opá quero mais, quero a relação do Mário-Mare a desenrolar-se, que a Mili-Marco a fazerem as pazes e a mostrarem o que escreveram, quero os momentos deles, e quero muito a Mary mana da Mili.
    Aiiii Mário, mas que murro tão bem dado naquela besta!

    Pronto, já me consciencializei que acabou mesmo.

    Quero o próximo muito rápido, tipo agora a seguir era ótimo *-*

    Beijinhos, quero quero quero muito (pareço uma criança!) <3

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  3. Amei! Está excecional!
    Espero realmente que a pequena esteja a recuperar a visão, que o tratamento esteja finalmente a fazer efeito...
    E a reconciliação do casal maravilha? Estou a espera, eu quero-a!!
    Adoro a tua fic e quero mais capítulos....
    Beijinhos
    Nana

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  4. Holla :)
    Agora sim vou finalmente actualizar-me :P
    Gostei mt de ler este capitulo :)
    Nunca pensei que o Mário dê-se um soco no colega de equipa :O...mas foi bem feita
    Espero que o casalinho se resolva duma vez por todas, espero que a Mary recupere e q seja adoptada pelos pais da Mili ;)
    Próximo bjs

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