quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Feliz Natal!!!

Olá meninas!

Quero aproveitar antes de começar a época de nos dedicarmos a estar com os nossos para vos deixar aqui a minha mensagem de Natal. Desejo para todas vocês, um Natal cheio de amor, muita saúde e bons momentos em família. Esse deve ser o espírito de Natal e não andar por aí numa correria em compras para todas as pessoas. Às vezes basta um pequeno gesto para fazer alguém das nossas famílias feliz nesta época. Se forem daquelas meninas que gostam de oferecer...apostem nas raspadinhas ahahah são baratas e ainda podem dar um belo prémio a alguém!

Passem uma excelente consoada cheia de amor, com muitas gargalhadas e quentinho! Sim porque, segundos os meteorologistas, vai estar frio amanhã e nada melhor do que uma mantinha no colo, todos sentados uns ao pé dos outros e estar em família. É isso o mais importante. Desejo-vos um Feliz Natal e que o vosso 2016 seja cheio de novas conquistas, de novos desafios, sorrisos e muita saúde.

Beijinhos a todas.
Ana Patrícia.


sábado, 19 de dezembro de 2015

42º Capitulo: “mas nós vamos voltar a ser felizes, não vamos?”

- Estava com saudades disto, de Dortmund, de casa...mudei só os planos...
- E olha que foi uma bela mudança – Milicent explicava a Marco que havia mudado o que tinham planeado. Em vez de ser Marten a ir ter com ela a Munique, tinha vindo ela para Dortmund para estar com os dois. Precisava do namorado...de estar com ele e senti-lo.
- Marco...
- Se vais falar das notícias, não é preciso Mili – Milicent virou o seu corpo para Marco, ajeitando a sua saia – é muito bonita – Marco passou a sua mão pela perna de Milicent, olhando-a, de certa forma, enternecido.
- Que carinha é essa?
- Tinha saudades de te ter aqui.
- Eu também tinha saudades de estar aqui, Marco – aproximou-se dele, beijando-o. Acabou por deitar a sua cabeça no peito dele, olhando para Marten que dormia descansado na alcofa – ele está cada vez mais bonito.
- Bonito, gordo e chato!
- Marco! – Milicent olhou-o um bocado chocada – consideras o nosso filho chato?
- Oh doida – Marco riu-se, puxando-a para junto dele – é um chato bom. Já sabe que, se perde a chucha ou chorar, vai ter alguém lá para ele e o Marten gosta que lhe peguem ao colo, que o encham de beijinhos. É um chatinho assim, entendes? É muito nosso, muito meiguinho.
- Estava a pensar que era chato...de ser mau, sei lá.
- És tão doida – Marco beijou-lhe a cabeça, levando as suas mãos à cintura dela – estava com saudades de te ver aqui, neste sofá, nos meus braços... – apertou-a contra si, voltando a beijá-la desta vez no pescoço.
- Não vejo a hora de voltar em definitivo para cá...por mais que esteja a gostar de tudo aquilo, começo a não conseguir estar longe de vocês.
- Já só faltam duas semanas, Mili.
- A Amber já me propôs ficar lá – Milicent sentou-se, olhando para Marco – se eu não tivesse a vida que tenho, neste momento, eu aceitaria sem olhar para trás, sabes?
- É normal...é uma oportunidade para a vida.
- Mas não, agora não posso aceitar. Não quero. Aqui em Dortmund também há hospitais, é só começar a tratar de procurar emprego quando chegar.
- E vais conseguir, Mili – Marco agarrou as mãos da namorada – como é que estão os futuros pais mais giros da Alemanha?
- Olha! Esses somos nós! Eles são os segundos!
- Não dás esse título aos nossos amigos?
- Não! Até porque nós fomos pais primeiro – Milicent riu-se – vá, podem ser os mais giros de Munique.
- E nós de Dortmund?
- Sim – Milicent começou a fazer pequenos círculos na mão de Marco com o seu dedo indicador – eles estão felizes. Ainda não querem contar a ninguém, só nós é que sabemos. A Mare tem medo.
- Mas...há algum risco?
- Oh...a mãe dela já teve vários abortos, descobriram que é um tipo de doença e ela acaba por ter medo que lhe aconteça o mesmo.
- Ela já foi ao médico?
- Já. E está tudo bem. Mas, Marco, é normal...ela já começa a perceber que tem um feijãozinho pequeno para proteger. Eu também teria medo. Eu tive medo na minha gravidez.
- Tiveste?
- Oh claro...acabamos sempre por ter medo na fase inicial. Mas correu tudo bem, está ali o nosso piolho e, com eles dois, vai correr exactamente da mesma forma. Ela que tenha é menos enjoos que eu, coitadinha. Não lhe desejo esse mal...
- O Mario, quando me contou, parecia estar mesmo todo feliz.
- E está. Aliás, estão os dois muito felizes. E nós também vamos ser, não vamos Marco? – Milicent agarrou a mão do namorado beijando-a – eu sei bem que, neste momento, nenhum de nós consegue ser feliz. Eu não estou presente, não estou com vocês e sinto que estou a perder a minha vida estando em Munique. E tu, com as lesões, não tens feito o que mais gostas de fazer...e eu vejo que não és o mesmo – Milicent sentou-se no sofá, olhando para Marco – mas nós vamos voltar a ser felizes, não vamos?
- Vamos, Mili. Acredita que vamos...tudo o que te disse naquela carta mantêm-se. Eu não me sinto eu. É estranho, mas eu preciso de voltar a jogar para que tudo volte a ser como era. Mas eu garanto-te – aproximando-se da namorada, agarrou-lhe as mãos – eu vou voltar a ser feliz. Vou voltar a fazer-te feliz.
- Promete-me só uma coisa.
- Diz.
- Faz o Marten o bebé mais feliz do mundo no que faltam destas duas semanas.
- Assim o farei.
- E, depois, eu regresso. E nós voltaremos a ser o que éramos, Marco. Eu tenho noção da realidade, sabes? Eu já dei por mim a pensar tantas vezes nos primeiros tempos que passamos juntos...lembraste da noite em que conheci o Mario?


Foi de autocarro até ao hotel, era a forma mais rápida de lá chegar. Depois de se dirigir à recepção perguntando por Marco, rapidamente ele apareceu no átrio no hotel. Vinha com um sorriso enorme que, mais uma vez, fez o coração de Milicent disparar.
Ele fez-lhe sinal para Milicent ir atrás dele e, os dois, foram até um corredor escondido. Marco rodeou a cintura da sua pequena, encostando-a à parede.
- Mas isto agora é assim? – Perguntou Milicent, rodeando o pescoço de Marco com os seus braços.
- Por muito que me apetecesse beijar-te ali fora…não podemos dar nas vistas.
- E estás à espera de que?
- Para?
- Me beijares… - Marco sorriu, envolvendo-se num beijo bem demorado e apaixonado. Marco pegou em Milicent ao colo, permanecendo com ela encostada na parede, e agarrou as coxas dela com firmeza e alguma força – Acho que fiz bem em optar pela saia… - Milicent disse por entre beijos, levando Marco à loucura.
Começou a caminhar com Milicent no seu colo, até à casa de banho mais perto. Estava com um papel na porta a dizer “Avariada”…isso só garantia que ninguém iria entrar ali. Foram rápidos, foram apaixonados, selvagens, loucos e despreocupados. Vibraram com o momento, esqueceram-se de que existia um mundo lá fora, de que iriam ter de viver escondidos e apenas foram um do outro. E Marco provou a Milicent que sabe ser rápido, eficaz e bom.
- Marco ajuda-me, por favor – Milicent precisava de ajuda a apertar o soutien. Estava à imenso tempo a tentar fechá-lo mas sem qualquer tipo de sucesso. Marco aproximou-se dela, apertando o soutien de Milicent. Aproveitou e beijou-lhe o pescoço, deixando as suas mãos rodearem à cintura dela – temos o Mario à espera… - disse Milicent, virando-se para Marco.
- Diz lá sei ou não ser rápido?
- Sabes…e é bom de qualquer maneira – Milicent beijou-o, percorrendo com as suas mãos as costas ainda despidas de Marco.



- E, poucos dias depois conheci a Marlene.
- Foi no dia a seguir, Marco.
- Foi? Tinha a sensação que não.
- Mas foi. Ela chegou lá a Berlim no dia do jogo. Tenho saudades desses tempos...
- Sabes do que é que eu tenho mais saudades, ainda? – Milicent acenou negativamente com a cabeça – quando falava com o Marten dentro da tua barriga.
- Falavas com ele e babavas-me a barriga com beijos!


- Então vês, se tu falas eu também devia falar! – Marco olhou para a barriga de Milicent, fazendo pequenos círculos sobre ela – Ele vai ouvir?
- Não Marco…mas a mãe dele ouve por ele… - Marco, por momentos, olhou para Milicent, acabando por se deitar ao lado dela, com a sua cara junto da barriga.
- Isto olha…vai ser estranho – Marco beijou a barriga de Milicent, roçando com o seu nariz sobre ela – sabes que só sei de ti à umas horas mas já te amo muito? – Marco falava quase em sussurro, como se estivesse a ter realmente uma conversa a sós com alguém que lhe respondia e não com o feto que está na barriga de Milicent – eu amo-te, porque amo muito a tua mãe e tu és o resultado de nós dois. Acho que vais ser uma menina, mesmo que nós falemos no masculino. Se fores menina, serás linda como a tua mãe…e eu vou ter de olhar bem para os rapazes à tua volta – Milicent riu-se, fazendo com que Marco parasse e aproveita-se para beijar a barriga, outra vez – a tua mãe ri mas depois também não vai achar piada, eu sei disso. Mas…se fores um menino, depois eu levo-te aos jogos que é para começares logo a jogar. O importante, como se diz, é que venhas com saúde. E amor já o tens…pelo menos aqui destes dois que vão ser os teus pais. Oh meu Deus, quando o tio Mario souber que tu existes vai fazer um escândalo! – Marco riu-se sozinho, voltando a beijar a barriga de Milicent – a mãe está a chorar, já viste? E aposto que vai dizer que é das hormonas…mas olha, vou acabar por hoje que temos de ir jantar e a mãe não pode ir assim a chorar para ao pé dos avós – Marco pousou a cabeça na barriga, ficando a olhar para Milicent.


      - O tempo passa depressa – comentou Milicent – daqui a duas semanas o Marten faz quatro meses, depois só falta um mês para o Natal, em Maio fazemos dois anos de namoro...
- Ui, dois anos? É precisa muita paciência para nos aturarmos um ao outro!
- Olha, fala por ti. Eu cá sou muito fácil de aturar.
- Menos quando acordas de mau humor, quando estás grávida e de mau humor ou quando estás mesmo mal disposta.
- Isso são só uns dias...deves contá-los pelos dedos da mão.
- Os da mão direita, com a mão esquerda e ainda preciso dos dedos dos pés!
- Tens muita razão de queixa, realmente! – os dois riram-se e Milicent voltou a deitar-se no sofá, com a sua cabeça em cima das pernas de Marco.


- Já viste aquele menino, Mili?
- Qual menino?
- Aquele! – Mary Alice apontou na direção de um jovem que estava sentado no banco em frente do delas. Milicent tinha aproveitado que Marco tinha ido para treino, para passear por Dortmund com Mary Alice e Marten. Estavam num parque, muito calmo e fresco, e Mary Alice tinha feito a sua pausa depois de ter andado no baloiço – ele só olha para aqui. Será que ele te conhece das revistas?
- Hum...é capaz Mary.
- Se calhar quer tirar uma fotografia contigo como as outras pessoas – Milicent riu-se, vendo a menina levantar-se – vou brincar com o Philipe!
- Com quem?
- É o meu amigo da escola – Mary Alice apontou para um menino que brincava no escorrega – ele está com a mãe que está ali – apontou para uma senhora sentada num outro banco, como que tranquilizando Milicent.
- Vai lá. Depois eu chamo-te para irmos lanchar.
- Está bem – Mary Alice afastou-se e, depois de colocar o carrinho de Marten à sua frente, Milicent voltou a olhar para o rapaz que Mary Alice tinha chamado à atenção. Milicent conhecia-o. E sabia que ele também a conhecia a ela...
Milicent tentou não ficar muito tempo a olhar para ele, concentrando-se ora em Marten, ora em Mary Alice.
- Já não te via há muito tempo – aquela voz...Milicent conhecia-a tão bem. Foram dois anos ao lado dele. Ao lado de Loresn, era ele. Aquele que, em tempos, Milicent jurava ser o amor da sua vida.
- Há quase três anos.
- Posso sentar-me? – Milicent afastou-se um pouco, possibilitando a Loresn que se sentasse – não estava nada à espera de te encontrar.
- Acredita que eu também não.
- É bonito – Loresn apontou para Marten, sorrindo – parabéns.
- Obrigada – Milicent, pela primeira vez, olhou-o bem nos olhos. Desde que se tinha aproximado que não o tinha conseguido fazer - O que é que tu queres?
- Eu não quero nada, Milicent. Tenho vindo a ver-te nas notícias, nas revistas cor-de-rosa e, eu tenho pensado muito em nós.
- Em nós? O nós que já não existe há tanto tempo?
- Tu foste importante para mim, tu mudaste-me e sabes perfeitamente disso. Se eu deixei a má vida...foi porque tu me obrigaste. Se eu regressei a casa, se voltei aos estudos foi porque não desististe de mim.
- E mesmo assim, depois de dois anos e de tudo isso, conseguiste enfiar-te na cama com a Kathrin.
- Foi, talvez, o maior erro da minha vida. Esse e não te falar das outras vezes que te vi.
- Hã?
- Já não é a primeira vez que te vejo. Quando passeias por Dortmund, quando andas pela zona das nossas casas...já te vi várias vezes. Mas nunca com coragem de te falar.
- Então...porquê hoje? – Marten despertou Milicent com o seu choro. A chucha tinha caído e Milicent comprovava aquilo que Marco lhe tinha dito. Colocou a chucha a Marten, voltando a olhar para Loresn.
- Porque foi a primeira vez que te vi com ele...Milicent – Loresn agarrou a mão que Milicent mantinha sobre o carrinho de Marten, assustando-a – eu preciso da tua ajuda.
- Desculpa? Só podes estar a brincar comigo...
- Eu voltei a consumir.
- Isso não me espanta. Sempre foste fraco e a recaída iria acontecer. Não penses sequer em contar comigo para alguma coisa.
- Eu só quero sair deste vício. Outra vez.
- Tenta arranjar uma associação que eles ajudam-te. Loresn, tu não podes aparecer assim e pedir isso. Não depois do que nos aconteceu. Eu vou embora – Milicent colocou a sua mala pressa ao carrinho de Marten, levantando-se – pensa em arranjar mesmo ajuda.
- Eu quero a tua...
- Eu não te posso ajudar – Milicent caminhou em direção da parte dos escorregas, chamando Mary Alice. A menina ainda tentou convencer Milicent a ficarem mais um pouco, mas a rapariga conseguiu seduzi-la com a ideia de irem comer o maior gelado que conseguissem.
Depressa chegou a casa e, depois de uma pequena troca de palavras com Marco foi dar banho a Marten adormecendo-o. Acabou por voltar à sala, sentando-se no sofá.
- Tens a certeza que estás bem? – perguntava Marco – Desde que vieste do passeio que estás estranha.
- Eu encontrei uma pessoa no parque...
- Não me digas que foi a Carolin.
- Não, mas é quase parecido – Marco arqueou a sobrancelha e Milicent acabou por se rir – foi o meu ex-namorado. O Loresn.
- Olha, finalmente sei o nome dele!
- Ainda não te tinha dito?
- Não...nem o nome, nem como ele era. Nunca quiseste falar muito dele.
- O Loresn foi aquele que eu sempre pensei ser o meu grande amor, Marco – Milicent agarrou-lhe na mão direita, fazendo pequenos círculos sobre a palma da mão de Marco – estive com ele dois anos...dois anos que me marcaram muito. Ele era o rebelde da escola, tinha problemas com todos e chegou a desistir dos estudos. O Loresn dava-se com gente da pesada, com gente má que o tornavam ainda pior. Mas eu...eu via o lado do Loresn que mais ninguém via – Milicent olhou para Marco e, pela primeira vez, falava de Loresn com ele...essa é que era a verdade.
- Para além do motivo pelo qual se separaram...alguma vez ele te fez mal?
- Não. Ele comigo não era violento, não era bruto nem nada. Sempre me tratou como se fosse, talvez, o bem mais precioso dele durante a fase em que andou na droga.
- Ai ele era desses?
- Era. Ele nunca consumiu tanto como os outros com quem se dava, estava mais na parte do comércio, na parte dos esquemas estranhos, dos assaltos... Mas, Marco, eu consegui mudá-lo. Ele deixou de consumir, deixou de andar com o pessoal da droga e até regressou à escola. Passamos um ano bem, um ano em que ele foi um namorado impecável. Até ao dia em que ele fez o que tu sabes.
- Como é que soubeste?
- Que ele me tinha traído? – Marco acenou afirmativamente com a cabeça – eu acho que já te tinha dito...eu apanhei-os juntos. Na casa dele.
- E hoje...o que é que ele queria?
- Meteu-se outra vez na droga e queria a minha ajuda. Chocou-me um bocado vê-lo. Aqueles olhos...via-se mesmo que estava pedrado.
- E agora?
- Agora eu só quero deixar de pensar que me cruzei com ele. E ele que arranje uma associação que há muitas por aí. Ele faz parte do meu passado e eu nunca mais o quero no presente, nem no futuro.
- E se...ele algum dia voltar a procurar-te?
- Eu não sei, Marco. Eu não sei.

Os dias em Dortmund passaram num instante e Milicent regressou a Munique depressa. A sua última semana no centro já ia a meio e Milicent andava cheia de trabalho e andava ansiosa e com medo. Sentia que precisaria de desabafar com alguém...e só o poderia fazer com uma pessoa.
Chegou a casa, vendo Mario a jogar consola.
- A Marlene?
- Boa tarde para ti também, oh estúpida! Sai lá da frente!
- Olha, isso são maneiras de me tratares? – Milicent permaneceu à frente do ecrã da televisão, cruzando os braços.
- O que é que queres?
- Falar contigo!
- Então porque é que falaste na Marlene?
- Porque é um assunto que só tu sabes. Põe isso na pausa um bocadinho, vá – Milicent sentou-se ao lado de Mario, vendo que ele tinha colocado o jogo em pausa. Olhou-a, reparando que Milicent estava bastante nervosa.
- O que é que se passa?
- Eu não sei se sabes mas, depois de sermos mães, demora um bocado a termos a menstruação normal – Mario olhava-a de maneira estranha, levando a mão direita à sua cara...
- E porque é que eu estou a ouvir isso?
- Porque eu preciso de me explicar! Não fiques com esse ar escandalizado! Bom, já fez um mês desde que eu tive a minha e...já me devia ter aparecido à duas semanas.
- Então, estás com um atraso. Não me digas...estás grávida? Outra vez? Fogo! Vocês trabalham bem, deviam começar a usar mais métodos contraceptivos!
- Mario...concentra-te! – Milicent não se riu perante o que ia saindo da boca de Mario...e Mario percebeu que ela estava apavorada – eu...não nada, nadica com o Marco à já um mês. Desde que vim para cá.
- Como é que é?
- É isso!
- Tu tens de ir fazer testes, ao médico de preferência. Tu não podes estar grávida. Isso ia significar que...
- O bebé era do Thiago – Milicent baixou o olhar depois de expulsar todos aqueles pensamentos que tinha para si mesma – Mario, o que é que eu faço agora? Eu dei cabo de tudo!
- Primeiro acalma lá os neurónios. Segundo, se estiveres mesmo grávida, eu deixo de falar contigo.
- Uau... – Milicent sentiu-se estranha naquele momento, sentiu que tinha acabado de perder alguma coisa.
- Eu estou a gozar! Oh miúda, vá. Tem calma!
- Calma. Eu posso ter dado cabo de tudo, Mario!
- Quiseste brincadeira...
- Mario! Não me faças sentir pior...
- Tem calma, miúda. Tem calma – Mario puxou-a para junto dele, abraçando-a – eu sei algumas coisas, a menstruação depois da gravidez não é regular. Não te assuste, vá.
Milicent ficou surpreendida com Mario e acabou por se encostar ao sofá, vendo Mario jogar. Almoçaram os dois, enquanto Marlene iria ficar o dia todo pela faculdade. Milicent, depois da sua hora de almoço, voltou ao centro onde teve uma tarde muito pacífica.
Quando se preparava para sair, viu que tinha duas chamadas de Mario no telemóvel. Ligou para ele, enquanto se vestia.
- Mi...
- Isso eram saudades minhas?
- É uma coisa séria, Mi.
- O que é que se passa?
- É a MarleneMilicent sentou-se de imediato no banco, olhando para a paredevem ter connosco.
- Onde?
- A casa. Nós estamos em casa.
- Mas está tudo bem?
- Vem, Milicent.
Despachou-se o mais depressa que conseguiu para, depois, rumar até casa. Levava o seu coração nas mãos...assustada com o que se poderia ter passado.



Olá meninas! 
Aqui estou eu, dois anos depois a trazer-vos este capítulo de aniversário. São já 42 capítulos de uma história da qual eu me orgulho imenso, na qual eu tento surpreender e dou o máximo de mim. Nesta história eu sinto que consigo dar todas as voltas, desafiar-me enquanto "escritora" e, sinceramente, é aquela que mais prazer me dá escrever. 
Quero agradecer-vos por todos os 159 comentários, por mais de 8.000 de visualizações do blog e pelo carinho. Espero estar daqui a um ano a comemorar o terceiro aniversário e ter-vos desse lado. Obrigada. 
Ana Patrícia.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

41º Capitulo: “ele mentiu-te mas foi por uma boa causa…”

- Obrigada por teres vindo...
- Um almoço grátis é sempre bem-vindo – Mario sentava-se em frente de Milicent no restaurante onde tinham combinado encontrar-se. 
- Ah, tu queres é almoços grátis! 
- Sabes como é que é, cunhada. 
- A Marlene não estranhou? 
- Não – Mario colocou o seu telemóvel em cima da mesa, olhando sério para Milicent – eu disse-lhe que ia ter com o Alaba. 
- Obrigada...
- De nada, miúda. Vá, fazemos os pedidos? 
- Sim, sim. Não me leves é há falência! – os dois riram-se e acabaram por fazer os pedidos para aquele almoço. 
- Porque é que querias falar só comigo? 
- Ontem, quando me disseste que esperavas que eu soubesse o que estava a fazer com a minha vida...eu fiquei com a sensação que precisava de desabafar com alguém – Mario arqueou a sobrancelha – eu sei, é estranho ter-te pedido para vires mas...eu não consigo falar disto com a Marlene. 
- Mi...tu sabes que eu estou aqui para o que precises. Posso ser meio maluco às vezes, mas é porque não gosto de vos ver tristes ou a levar as coisas muito a sério. 
- Eu sei, Mario. Eu sei. Tu sabes o que aconteceu entre mim e o Thiago?
- Não – ele acabou por esbugalhar um pouco os olhos, cruzando os braços e encostando-se na cadeira – o Thiago não me disse nada, mas tu deves querer dizer...
- Não me sinto bem comigo mesma se não contar a ninguém – a empregada do restaurante interrompeu-os, servindo-lhes o almoço. 
- Eu vou ter de guardar segredo, não é?
- Pelo menos até eu contar ao Marco...por favor, Mario. 
- Tudo bem, sente-te à vontade para falar comigo. 
- Mesmo Mario...isto se calhar não é boa ideia, tu és amigo do Marco...
- Sou. E ele é quase como meu irmão. Mas tu também e, se queres falar comigo neste momento, eu tenho de te ouvir. Fala, vá. 
- Nós estávamos a levar tudo tranquilo no jantar e ele não se esticou comigo, até beber mais um copo. Pediu-me um beijo quando lhe pedi as chaves do carro. Mas nós fomos sinceros um com o outro e eu pedi-lhe não se esticasse. Ele respeitou isso, Mario. 
- Estou a acompanhar...
- Íamos dormir em quartos separados, mas eu ouvi-o chorar na sala e...quando fui ter com ele, Mario, ele estava tão triste! Ele chorava tanto e estava em pleno sofrimento. Eu quis aconchegá-lo, de certa forma, mas acho que não o fiz da melhor maneira. 
- Vocês...tu e ele, coiso. 
- Sim...mas foi porque eu quis. Oh, Mario eu sinto-me tão má pessoa neste momento – Milicent, sem que desse conta, deixava escapar algumas lágrimas pelo rosto. 
- Miúda – Mario agarrou a mão de Milicent, fazendo-a olhar para ele – sabes o que sentes pelo Marco, não sabes? – Milicent limitou-se a acenar que sim com a cabeça – e é com ele que queres estar? 
- Claro que é Mario...com ele, com o nosso filho...eu sabia que vir para cá era um erro! 
- Mi, considera isso sexo de reconforto – Milicent olhou-o um bocado espantada – ele estava carente e tu, de certa forma, também. Quiseres reconfortá-lo e aconteceu. Não te martirizes por isso...
- Não devias dizer isso, Mario! 
- Porquê? 
- Porque me devias gritar, chamar-me uma oferecida e parva. Devias pedir-me para acabar tudo com o Marco, para sair da vida dele e deixar-me de rastos! 
- Eu não vou fazer isso! – Mario riu-se, continuando a comer – tu foste sincera, eu sei o que pensas e o que queres para a tua vida. Agora...tu não podes esconder isso do Marco por muito tempo. 
- Eu sei que não...mas depois daquela carta, eu sinto que se lhe disser agora ele vai acabar tudo, sentir-se inseguro e não é o que eu pretendo para a vida dele. Para a nossa vida. Eu quero ser feliz com ele, quero que ele seja feliz...e, neste momento, ele não é totalmente feliz. 
- A cada dia que passa eu vejo-te sofrer cada vez mais, Mi. Tu choras todas as noites, estás em baixo e eu vejo que precisas deles – Milicent ficava sempre surpreendida com estas conversas que tinha com Mario. Ele conseguia ser sincero e frontal com ela. 
- Eu sinto que devia estar com eles, Mario. 
- Mas também devias estar a exercer a tua profissão. E tu sentes-te feliz quando estás lá no centro com os meninos, isso nota-se. 
- Mario – Milicent agarrou-lhe na mão – amanhã vão surgir noticias que eu ando contigo – os dois riram-se, até para aliviarem toda aquela situação – obrigada por seres tão honesto e frontal comigo. E por me aconselhares. 
- Só sou para ti o que mereces que seja. E, Mi...eu também preciso de conselhos. 
- Diz, agora viro eu a psicóloga. 
- Há uma forte possibilidade da Marlene estar grávida – Milicent sentiu-se ficar chocada dos pés à cabeça, literalmente. Estava boquiaberta, um bocado emocionada com o que acabava de ouvir e, sobretudo, atordoada. 
- A Mare. Grávida. 
- Ela não sabe. 
- Como é que ela não sabe?
- Ela enganou-se nas contas do ciclo. Eu pedi à minha mãe que as fizesse...e ela está com um atraso de três semanas. 
- Tu andas atento a tudo... – mais uma vez, Mario conseguia surpreende-la. 
- Sim...o que é que eu devo fazer? 
- Ai, Mario...devias falar com ela. Porque, se esse atraso for uma gravidez, ela precisa de começar a controlar-se nas bebidas alcoólicas, precisa de ir ao médico. Tenta...
- Podes falar tu com ela? Eu não consigo...
- Tudo bem, eu tento falar com ela sobre isto. 
- Obrigada, cunhada. 
Os dois passaram o resto do almoço a especular sobre a gravidez de Marlene. Milicent via, nos olhos de Mario, um desejo enorme que aquela possibilidade se tornasse verdade. Conseguiu que ele admitisse que “ser pai, neste momento, seria a melhor coisa que me poderia acontecer”. 
Milicent não poderia ficar mais feliz caso fosse mesmo verdade. A sua Marlene grávida...iria ser a animação!



- Achas que podemos falar, Mare? – Milicent, ao chegar a casa, foi ter com a amiga ao quarto – o Mario disse que estavas aqui...
- Estava a estudar mas sabe bem fazer uma pausa – Milicent entrou no quarto, sentando-se ao fundo da cama. Olhava para Marlene que arrumava alguns dos papéis que tinha espalhados pela secretária. 
- Está complicado isso? 
- Mais ou menos...mas é só mais este semestre e acabou – com a mudança para Munique, Marlene tinha deixado o primeiro semestre do terceiro ano em atraso. Estava, agora, a recuperá-lo. 
- Se precisares de ajuda diz...e também te posso dar os meus apontamentos. 
- Obrigada, Mi – Marlene levantou-se da cadeira, sentando-se no meio da cama. Milicent virou o seu corpo para a amiga, olhando para a barriga dela e, de seguida, para os olhos de Marlene – diz-me, que me queres? 
- Bom...é que, hum – Milicent não sabia como começar a falar...iria ter de optar pela forma mais simples e sem meter os pés pelas mãos – o Mario falou comigo sobre ti...
- Então eu fui o tema do almoço de cunhados?
- Não me digas. Já aparecemos nas notícias com o título: “Milicent passa à frente de Thiago e avança para Mario, namorado da melhor amiga”? – Marlene riu-se e Milicent acabou por fazê-lo, também – ele mentiu-te mas foi por uma boa causa...
- Se fosse para andar com uma galdéria qualquer, levava porrada! 
- Coitado. Não, não, ele só foi almoçar comigo porque...ele está preocupado contigo, Mare. 
- Por andar a estudar dia e noite? 
- Não...nem é isso. Ele entende perfeitamente a tua situação – Milicent aproximou-se da amiga, agarrando-lhe nas mãos – tu tens um namorado muito atento contigo, sabias? 
- Olha, não se nota nada! 
- Mas, hum...ele é mesmo muito atento contigo Mare. Ele já envolveu a mãe no assunto e tudo. 
- A...mãe? 
- Sim, fofa, a tua sogra querida que nunca me apresentaram! 
- Lá nisso tens razão...tens de conhecer os pais do Mario antes de ires, mas vá passa lá ao assunto! 
- Ele e a mãe andaram a fazer contas e...o Mario diz que estás com um atraso de três semanas – Marlene olhava para Milicent chocada, surpreendida e completamente atordoada. Marlene permaneceu estática durante alguns segundos, olhava apenas para Milicent pestanejando – Mare...
- Como é que...
- Ele está atento a todos os teus detalhes, Mare. 
- Isso é impossível, eu tenho a certeza que só me devia vir daqui a uma semana! 
- O melhor mesmo é tirares essas dúvidas – Milicent abriu a sua mala, retirando de lá um teste de gravidez – queres? 
- Não sei! – Marlene levantou-se, começando a andar de um lado para o outro – olha se eu estou grávida? Com o que aconteceu com a minha mãe...
- Ei, ei...nada dessas coisas – Milicent, indo ter com Marlene, agarrou-a pelos pulsos fazendo-a olhar para ela – não comeces já a sofrer por antecipação, nem a imaginar coisas. Toma – Milicent entregou-lhe o teste.
- Fica aqui! 
- Eu fico – Milicent sentou-se na cama, enquanto Marlene foi até à casa de banho. 
Esperou, andou de um lado para o outro no quarto ansiosa, chamou por Marlene obtendo apenas um “espera” da parte dela. Sabia que não demoraria muito tempo a saber o resultado...e aquela espera estava a deixá-la demasiado ansiosa. 
Estava sentada na cama, a olhar para as suas unhas das mãos, quando Marlene saiu da casa de banho. Praticamente como tinha entrado: com medo estampado no rosto. 
- Então!? – Milicent aproximou-se de Marlene, olhando expectante – sim ou não?
- Sim. Aquele Mario consegue ter razão em tudo! 
- Ai, ai, ai que lindo! – Milicent abraçou Marlene, fazendo-a rodar sobre si mesma – oh, ai – olhou para a amiga – parabéns ou...
- Obrigada – Marlene sorriu, abraçando Milicent – ai caraças vem aí uma mini tartaruga! 
- Vem, vem. Vá, tens de lhe ir dizer – Milicent afastou-se de Marlene, ajeitando-lhe o cabelo – vai, vai. 
- Anda comigo. 
- Oh, mas esse momento devia ser vosso. 
- Mas eu quero que estejas lá, vá. Eu não lhe consigo dizer estar coisas...
- É só chegar lá e dizer: estou grávida. É fácil.
- Foi assim que disseste ao Marco? 
- Não – Milicent riu-se, agarrou a mão de Marlene, começando a contar-lhe como tinha contado a Marco. 



- O que é que aconteceu, Mili? – Marco começava a ficar impaciente com aquele silêncio da parte de Milicent. 
- Estou a tentar achar uma maneira de te explicar…mas, Marco, isto pode mudar tudo o que há entre nós. 
- Estás a começar a assustar-me… - Milicent foi até Marco, agarrando na mão esquerda dele.
- Eu também fiquei super assustada…mas tens de me prometer uma coisa. 
- Diz.
- Vais ser sincero comigo…depois de te contar o que aconteceu. Vais ter de falar, vais ser muito sincero porque…eu preciso disso. 
- Claro…mas fala. 
- Bom…ai… - Milicent levou a mão de Marco ao encontro da sua barriga, Marco desviou o seu olhar para a barriga de Milicent que lhe sussurrou, ao ouvido – três semanas. 



- Vocês têm de ser românticos em tudo o que fazem, realmente. 
- Também podias ser com o Mario – as duas desciam as escadas, reparando que Mario estava no jardim – olha aquele parece um sem abrigo ali sozinho. Tens a certeza que não queres ir sozinha?
- Tenho. Eu não consigo! 
- Pronto, anda lá – as duas saíram em direção do jardim, capturando a atenção de Mario. 
- Olhem quem são elas... – Milicent via-o olhar para Marlene com um brilho nos olhos ainda maior. Sorria. Milicent só conseguia sorrir quando via o quanto Mario gostava da sua amiga. Marlene foi na direção dele, sentando-se ao colo de Mario – e depois o gordo sou eu! Estás pesada, ó Marlene! 
- Então prepara-te... – Mario olhou para Milicent e, depois, para Marlene perante aquela afirmação da namorada – tens a mania de não ligar nenhuma às coisas, mas desta vez tens razão. São três semanas de atraso sim senhor. 
- Marlene, isso quer dizer...
- Que vou ser mãe de uma mini tartaruga – Marlene olhou-o, deixando-se envolver no abraço de Mario, recebendo os beijos que ele tinha para lhe dar. 
Milicent guardará aquele momento para sempre no seu coração. Capturou o momento com a objetiva do seu telemóvel, partilhando a fotografia nas redes sociais. Sem levantar grandes pistas.

Estes dois são a coisa mais linda de sempre!



- Está na hora de ligarmos à mãe, não achas? – Marco pegava no filho ao colo, retirando-o da alcofa, e sentou-se com ele no sofá. Mantinha Marten nos seus braços, brincando com as mãos do menino – o que é que andará ela a fazer com os malucos dos tios? Isto de estarmos os dois sozinhos já começa a ser chato, não é? – Marco sentia falta da luz que Milicent trazia àquela casa, sentia falta da sua voz a ecoar por todos os cantos da mesma. O seu cheiro permanecia ali, mesmo que não fosse tão intenso. Ia começar uma vídeo chamada com Milicent, quando tocaram à campainha de sua casa – quem será a esta hora? 
Com Marten nos braços, Marco dirigiu-se à porta de casa para ver quem estaria fora do portão. Era Aubameyang. Depois de lhe abrir o portão, Marco abriu a porta de casa esperando que ele chegasse. 
- Boa noite! – disse, visivelmente animado, Aubameyang – olá miudinho fofo – passou com o seu dedo pela testa de Marten, entrando em casa de Marco – decidi vir ter com vocês. Estão sozinhos e devem precisar de um amigo. 
- Não precisavas de te incomodar – Marco fechou a porta e os dois dirigiram-se à sala – deixaste a tua mulher e o teu filho... 
- Eles é que me disseram para vir, não te preocupes. Como é que estão as coisas? – os dois sentaram-se no sofá e Marco começou a brincar, de novo, com a mão do filho. 
- Vai tudo com calma...ia agora ligar à Mili. 
- Liga-lhe, liga. Já não falo com ela à muito tempo. 
- Ela não gosta de falar contigo, não sei se sabes... 
- E tu és muito engraçadinho, não haja dúvida – os dois riram-se e Marco pegou no telemóvel para começar a vídeo chamada. 
Não demorou muito até que Milicent atendesse. 
- Olha, olha tens companhia... 
- Boa noite para si também! 
- Auba, querido, boa noite era se não me tivesses assustado! Que raio de cabelo é esse com...isso são flores aí desenhadas de lado? 
- Não! Isto são estrelas! – aproximando-se do telemóvel de Marco, apontou para as estrelas que tinha desenhadas no coro cabeludo. 
- Ia jurar que isso eram flores... 
- A tua namorada é uma parva – Aubameyang encostou-se no sofá, deixando Marco a olhar para Milicent. 
- Diz ao teu amigo que parva é a coisinha dele. 
- Auba, a Mili diz que... 
- Eu ouço, sim? Ela que vá dar uma volta! 
- Não vês que eu já estou a dar uma volta, ó esperto? 
- Foram passear? 
- Hum...vim só eu, Marco. Há coisas que precisas de saber. Por exemplo: vê lá se conheces este portão lindo Milicent mostrou na imagem o portão...e Marco ficou sem reacção – terra chama Marco? 
- Oh...Mili, o que é que estás aí a fazer? 
- Talvez queira...voltar para casa. Podias abrir o portão...não sei onde tenho as chaves, o mais provável é estar no fundo da mala. 
- Eu, se fosse a ti, não abria. Deixava-a passar ali a noite - disse Aubameyang.
- Sabes...és mesmo parvo! 
- Tu também, querida. Deixa lá – Marco riu-se, acabando por se levantar. 
Abriu o portão da rua e, de seguida, fez o mesmo com a porta. Depressa viu Milicent aparecer no pátio da entrada da casa, correndo muito depressa. 
Assim que chegou perto de Marco, deixou o seu corpo embater contra o dele, mesmo com Marten no meio deles. Deixou-se envolver pelo conforto do abraço (com um braço) de Marco. Deixou-se deliciar com o perfume do namorado misturado com o perfume do seu filho. 
- Eu voltei.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

40º Capitulo: “olha, o Marco aleijou-se outra vez”

- Eu também ficaria com ciúmes... – comentava Marlene, depois de Milicent lhe contar o que se tinha passado – Mi...tu quando vens a Munique arranjas sempre um amigo novo, já reparaste? 
- Que culpa tenho eu que os amigos do Mario sejam simpáticos? – Milicent riu-se, vendo que Marlene a olhava muito séria – oh Mare...
- Oh Mare nada. Tu tens um compromisso, usas essa aliança de namoro no dedo...
- Mas eu não me quero fazer ao Thiago! Achas? Depois de tudo o que construi com o Marco? 
- Olha que ele pensa exatamente o contrário, pelos vistos. 
- Sabes o que te digo? Que o Marco anda com inseguranças a todos os níveis e, às vezes, torna-se cansativo. 
- Vocês estão é a tornar-se daqueles casais que já estão casados à anos. 
- E não deveria ser assim... – Milicent bem sabia que aquilo era verdade. Por mais que as coisas estivessem bem, que estivesse apaixonada por Marco como no primeiro dia...ela sabia que a lesão do namorado tinha afetado imensas coisas.
- Mana! – as duas assustaram-se com a entrada de rompante de Mary Alice na cozinha – olha, o Marco aleijou-se outra vez.
Marlene olhou para Milicent que não poderia estar mais incredula com o que acabava de ouvir. As três dirigiram-se à sala, onde todos as olharam. Milicent pegou no telemóvel, ligando para Marcel. 
- Olá, Milicent. 
- Marcel...como é que ele está? Já sairam do estádio? 
- Já. Ele até já deve ter chegado ao hospital. Ele não me pareceu muito mal...pelo menos conseguiu caminhar um bocado. Não deve ser tão grave como a outra. 
- Mas foi no pé? 
- Não estavas a ver?
- Não. Eu estava a fazer o comer, a Mary Alice é que me veio dizer...
- Foi exatamente no mesmo pé...
- Oh não…eu vou com os meus pais para Dortmund hoje – todos a olharam e Milicent percebeu que estavam surpreendidos por aquela decisão tão espontânea dela. 
- Fogo ele conhece-te mesmo bem – comentou Marcel, fazendo com que Milicent acabasse por sorrir – ele pediu-me para te dizer que quer que fiques aí. Ele não quer que abdiques da tua oportunidade e, se os médicos lhe derem autorização, ele vai aí passar uns dias contigo. 
- A sério?
- Sim. Mantem-te perto do telemóvel, mais daqui a nada eu ligo para te avisar se ele sempre vai para aí. Assim o Marten escusa de vir com os teus pais, entendes? 
- Sim. Obrigada, Marcel. 
- De nada Milicent ainda esteve mais alguns minutos à conversa com Marcel, para saber ao certo o que tinha acontecido e como ele estava. 
Explicou tudo aos pais e a Marlene, acabando por tranquilizar todos. As horas iam passando e não havia meio de lhes serem dadas noticias. Assustaram-se quando ouviram a porta de casa abrir-se. Era Mario. 
- Boa noite – disse ele, indo cumprimentar todos. Sentou-se em cima das pernas de Marlene, olhando para Milicent que estava a seu lado – o teu namorado é mesmo de porcelana, não é? 
- Oh Mario! – Marlene deu-lhe uma palmanda nas costas, fazendo com que Mario a olhasse chocado. 
- Ele tem razão, Mare...aquele homem está frágil – Milicent levou as suas mãos à cabeça, acabando por se sentir a desabar por dentro...começava a aperceber-se do que poderia surgir, era uma recaída e não sabia o que poderia significar para Marco. 
- Ele pareceu-me mais confiante do que na primeira, cunhada – sentiu a mão de Mario no ombro e, de seguida, uma outra nas costas. Calculou que fosse a de Marlene. Agradecia, interiormente, estar com eles neste momento. Melhor do que ninguém, eles dois poderiam saber o que lhe passava pela cabeça. 
O som que Milicent mais ansiava fez-se, finalmente, ouvir. Apressou-se a atender a chamada. Era Marco. 
- Marco...
- Devem ser umas quatro semanas de paragem...
- Como é que estás?
- Bem. dentro dos possíveis. Ando com azar neste pé. Mas, os médicos dizem que só devo começar a recuperação no final da próxima semana. Queres que vá para aí? 
- Isso nem é pergunta que se faça...claro que quero. 
- E eles...não se importam? 
- Só falei com a Marlene sobre isso...mas acho que eles não se importam – Milicent olhou para a amiga, que sussurrou algo a Mario que, no segundo seguinte, retirou o telemóvel das mãos de Milicent. 
- Quando é que chegas, oh fofo? – Milicent riu-se. Mesmo sabendo que Mario estava preocupado e, até mesmo, assustado percebeu que ele queria animar Marco – eu vou buscar-te, então. Vou passar à donzela – Mario entregou o telemóvel a Milicent, ouvindo Marco a rir. 
- Não te trates, não. 
- Eu também acho que ele devia ser internado – comentou Milicent, sentido uma palmada no braço – fogo, Mario! Essa doeu! 
- O que é que ele te fez?
- Deu-me uma palmada no braço. 
- Faz-lhe queixinhas, faz – Mario levantou-se, indo pegar em Marten. Milicent deixou-se encostar no sofá, entrelaçando o seu braço com o de Marlene.
- Quando é que chegas? 
- Por volta das dez. 
- Vou ligar à Amber para lhe pedir...
- Mili...faz o teu dia normalmente, por favor. O Mario vai buscar-me, vamos para casa e eu assim sinto-me melhor. A sério. 
- Mas...
- Não há mas, nem meio mas. Faz isso por mim. 
- Tudo bem...
- Não fiques chateada. Eu prefiro mesmo assim, Mili. 
- Eu não fico...só queria aqui estar quando chegasses. 
- Vais estar depois, meu amor. Olha, vou ter de desligar. Os médicos ainda querem falar comigo por causa da recuperação. E tu, vai descansar que amanhã tens um dia importante. 
- Marco...tu estás bem? Ficas bem?
- Sim. Não te preocupes, a sério. Vamos encarar isto como uma recaída e que irá ficar tudo bem.
- Sim...
- Vá, beijinho. E até amanhã. Ich liebe dich, mein princessin.
- Ich liebe dich, mein Marco – Milicent desligou a chamada, encostando a sua cabeça no ombro de Marlene. 
- Como é que ele está? – perguntou a mãe. 
- Acho que um bocado afetado mas...pareceu-me confiante na recuperação. 
- Ele é um osso duro de roer – comentou Mario, sentando-se com Marten nos seus braços – e depois tem este miúdo lindo...recupera ainda mais rápido. A namorada é que pronto...é a ovelha negra da família. 
- Tu és mau para a mana! – comentou Mary Alice, sentando-se ao lado dele – Depois é normal que ela não goste de ti – todos se riram, até Mario, com aquelas constatações tão perspicazes de Mary Alice. 



Milicent tentou concentrar-se toda a manhã. Tarefa essa que lhe pareceu ser impossível de realizar. Só pensava que Marco poderia já ter chegado, que poderia estar com dores...como é que ele estaria a reagir e no que lhe poderia estar a passar pela cabeça. 
Amber não ficou indiferente ao estado de Milicent dando-lhe, por isso, autorização para que tivesse a tarde de folga. Assim que chegou a casa, deparou-se com todos na sala a rirem à gargalhada. Também ela sorriu, ficando mais aliviada. Reparou que Marco brincava com Marten, fingindo que o filho era um avião. 
- Boas tardes! – disse Milicent, capturando a atenção de todos. 
- O que é que eu disse? – perguntou Marco – ela não ia aguentar lá o dia todo! 
- E, senhora Mi, à sua pala perdemos uma aposta – atirou Marlene. 
- Não me digam que foram apostar dinheiro...
- Não! – Mario parecia estar indignado – a Marlene preferiu apostar em fazer almoços e jantares enquanto o Marco cá está. 
- Ah! Então eu também estou incluída, certo? Fico livre das tarefas? – perguntou Milicent, aproximando-se do sofá onde estava Marco. Levou as suas mãos aos ombros do namorado, encostando o seu queixo na cabeça dele. Marco levantou Marten, aproximando-o de Milicent – olá, coisa mais boa da mãe! Já viste, agora fico livre de almoços e jantares! 
- Não é justo! O Marco já sabia, de certeza, que vinhas para casa. 
- Não sabia nada! Ela não me disse! – defendeu-se Marco, colocando o filho deitado nos seus braços – mas eu já a conheço.
- Às vezes até conheces bem demais – Milicent desceu as suas mãos até ao peito de Marco, dando-lhe um beijo na bochecha. Reparou que não tinha gesso na perna. Mantinha-a sobre a mesa de centro, apenas envolvida em ligaduras. 
- De repente comecei a sentir-me a mais... – comentou Marlene – Mario, podíamos fugir, não? 
- É, eu acho que podemos – Mario levantou-se e Milicent acabou por se rir. 
- E...podiam levar o Marten com vocês? – questionou Marco – por favor...
- Vocês vejam lá o que é que fazem no meu sofá! – Mario pegou em Marten ao colo, começando a andar. 
- Deves querer o menino só para ti – Marlene, numa atitude perspicaz e eficiente, retirou Marten dos braços de Mario – coisa boa da tia, este Mario deve pensar que é bom tio não é? 
Milicent e Marco olhavam para eles, à medida que subiam para o andar de cima. 
- Mais uns tempos e estão aptos a ser pais – comentou Marco. 
- Podes crer – Milicent olhou-o, reparando que, por detrás daquele sorriso maravilhoso que tinha nos lábios, havia um Marco triste. Beijou-o, antes que pudessem falar sobre alguma coisa. 
- Tenho uma coisa para ti... – Marco interrompeu o beijo, olhando para Milicent. Retirou, debaixo da almofada, um envelope – voltamos às cartas.
- Ai...as cartas! – Milicent sabia que, por detrás de cada carta de Marco, havia sempre um sentimento estranho nela. Ficava ansiosa à medida que as lia, sentia-se nervosa mas feliz. Porque em cada carta, Marco era sincero como não conseguia ser ao falar. 
Entregou-a a Milicent que, de imediato, começou a lê-la. 



Acho que foi exatamente isto que nos faltou na primeira lesão. Melhor do que ninguém, sabes que consigo por tudo numa carta...como não consigo dizê-lo por palavras. 
Não te posso esconder que, ao fim de regressar aos treinos e começar a ver a recuperação chegar a um fim que queríamos, esta lesão veio deitar-me abaixo. Não te poderei esconder isto. É a verdade.
Preferi vir para cá, estar contigo, com o nosso filho e com eles. Prefiro isto do que estar sozinho em Dortmund, só com o Marten, e não saber o que fazer com a minha situação. Muita gente poderia pensar que sou uma flor de estufa, que à mínima coisa vai abaixo...mas depois da recuperação, nunca se está à espera que volte a acontecer quase o mesmo.
Não sei como será daqui para a frente. Não faço mesmo ideia nenhuma. Tenho medo de não conseguir ser o mesmo Marco, de ter mudado brutalmente...e eu já percebi que tu sabes que eu estou diferente. Acho que sabes que, neste momento, não sou o mesmo Marco por quem te apaixonaste. Podes, contudo, acreditar que te amo mais do que nesses primeiros tempos da nossa relação.
Não quero que abdiques de nada da tua vida para estares a meu lado e me apoiares neste momento. Eu sei que o vais fazer, que me vais apoiar em qualquer parte do mundo. Por isso, peço-te Mili, que fiques aqui, que sigas com o planeado e que sejas feliz. Nunca na vida pensei encontrar alguém tão maravilhoso como tu, não pensei ser merecedor de alguém como tu. Muito menos neste momento. 
Depois de tantos dias onde não te tratei da melhor maneira, depois de ciúmes parvos e sem fundamento, depois de tanto pensar que não irias aguentar com a pressão...eis que estamos juntos há um ano e quatro meses, temos um filho lindo e uma vida relativamente estável, mesmo com estas lesões e as mudanças que tu mesma tens vivido. 
Imagino-me a teu lado daqui a dois, dez, vinte ou sessenta anos. Imagino a minha vida a teu lado. Não será a vida perfeita, nem o conto de fadas...será, sim, a nossa vida, com os nossos problemas, os nossos obstáculos. Mas sei que, juntos, vamos estar sempre lado a lado para ultrapassar tudo. Para nos superarmos juntos.
Sei que, a nível psicológico, não estou nas melhores condições. Sinto-me atordoado com tudo, um pouco afastado e desanimado. Não sei como serei enquanto namorado e pai nos próximos tempos. Melhor...eu sei que não quero ser mau em ambos os meus papéis. Eu sei que não quero falhar, que não vos quero desiludir. Enquanto aqui estiveres...eu acho que podemos vir a sofrer com isto, sabes? E desculpa se estou a ser muito duro, mas precisamos de nos ser honestos um com outro.


- Marco...
- Mili, continua, por favor – Milicent não se sentia com capacidades para continuar a ler aquela carta. Estava com medo que, no fim, existisse um ponto final que não estaria à espera. 


Podemos vir a discutir mais, podemos sofrer Mili...eu não quero que aconteça, mas preciso de colocar todas estas hipóteses que vão na minha cabeça. E eu peço-te desculpa já, se falhar no meu papel de namorado. Uma coisa eu te vou prometer: com o nosso filho eu pretendo não falhar. Ele precisa de mim, tanto como eu preciso dele neste momento. Peço-te, que o deixes ir comigo para Dortmund...mesmo que penses que não serei capaz de tomar conta dele. 
Se, e eu prometo que vou fazer de tudo para que isso não acontece, nos chatearmos, se discutirmos muito e precises dele a teu lado...eu não serei egoísta e ele virá ter contigo. Mas peço-te, por favor, que se mantenha tudo como estava planeado antes da lesão. Já deves ter interrompido a leitura, a chorar, e quase suplicando para eu te impedir de a leres até ao fim. Mas eu, aí, pedi-te para a continuares a ler. 
Que fique muito claro que não está a ser o fim de nada, que não quero dar tempo nenhum à nossa relação nem que estou a acabar. Estou, apenas, a ser o mais honesto contigo. É como me sinto: frustrado, sem grandes vontades e com muita raiva em mim. Não quero que a nossa relação acabe, não quero.
Quando olhares para mim, fá-lo com orgulho e não com pena. Fá-lo com amor e não com ódio. Olha para mim e mostra-me que o nosso amor continuará intacto, mostra-me que, apesar de ter escrito tudo isto, eu posso acreditar que juntos vamos ser felizes. 
Peço-te paciência. Que tenhas paciência comigo...


Amo-te, mais do que qualquer dia pensei vir a amar. 

O teu Marco. 


Milicent estava perplexa perante aquela carta. Eram demasiadas emoções, demasiados sentimentos. Gostava quando Marco era sincero com ela, honesto e quando se expunha desta forma. Mas, desta vez, não tinha sido como as outras. Milicent sentiu que ele lhe estava a dizer que tudo poderia acabar de um momento para o outro. E isso assustava-a. 
Fechou os olhos, limpando as lágrimas que lhe caiam. Voltando a abri-los, olhou para Marco com a certeza que o ama. Com a certeza que não irá desistir dele, nem do amor que os une. Não precisou de lhe dizer nada, optou por beijá-lo de forma tão intensa querendo que aquele momento nunca chegasse ao fim.




Milicent fazia a sua ronda pelos quartos do centro pediátrico com um sorriso contagiante no rosto. Estava feliz por ali estar, por se sentir útil e puder fazer o que mais gosta. Nunca pensou que a prática da pediatria fosse tão fascinante como o está a ser. 
- Ainda bem que te vejo! – Daysi surpreendeu Milicent ao sair de um dos quartos. 
- Aconteceu alguma coisa? 
- Não, não, nada disso! Amanhã vai haver um jantar organizado por todos aqui do centro. A Amber já te disse?
- Não...
- Provavelmente esqueceu-se, coitada, anda com imensa coisa para fazer – Daysi deu o braço a Milicent e as duas começaram a caminhar em direção da cantina. Estava na hora de almoço – bom, mas estamos a contar contigo e um acompanhante que querias trazer.
- Obrigada Daysi. É pena é que o Marco já tenha ido embora...
- Ai ele já foi? 
- Sim...à dois dias, com o menino. 
- Oh não sabia. Então mas vais tu, para te divertires um bocadinho. E se quiseres levar alguém estás mesmo à vontade. 
- Então e...é preciso assim ir arranjadinha, certo?
- Certo sim! Podes não arranjar-te muito porque depois dás cabo de todas as hipóteses às solteironas que lá estiverem - As duas riram-se, acabando por dar inicio ao almoço. 
A tarde de Milicent não foi muito movimentada, já que a passou no gabinete de Amber a fazer os relatórios médicos das crianças que tinham dado entrada no hospital pela manhã. No fim do dia, cansada mas com a sensação de dever cumprido, Milicent regressou a casa para junto dos seus amigos. 
Deparou-se, ao abrir a porta de casa, com Mario deitado no chão. 
- Não me digas que a Marlene te obrigou a ficar aí... – fechou a porta, indo até ao sofá. Sentou-se, olhando de forma estranha para Mario. Ele parecia estar concentrado nos seus pensamentos. 
- Eu estava a meditar, Milicent. Estragaste tudo...
- Estavas, estavas. Aposto que devias estar a pensar quais são as posições do kamasutra que ainda não experimentaste! 
- Só ainda não as experimentei todas porque as que faltam a tua amiga diz que são arriscadas demais. 
- Tarados! 
- Até parece que também não és – os dois riram-se e Marlene apareceu vinda da cozinha. 
- Bem me parecia que tinha ouvido a tartaruga falar – aproximando-se de Mario, Marlene sentou-se em cima da barriga dele – do que é que falavam vocês? 
- Do kamasutra! – respondeu Milicent, fazendo com que Marlene se risse – vá, meninos, amanhã tenho um jantar lá do centro. 
- Marlene – ela olhou para Mario que a chamava – vamos ter a casa só para nós!
- Não te ponhas a inventar, oh Mario! 
- Até parece que vocês não têm sexo desde que eu vim para cá! – atirou Milicent a rir-se. 
- Olha, mas não é como antes – Mario olhou para Milicent – ouve lá...o que achas de levares o Thiago contigo. 
- Levar...o Thiago?
- Qual é o problema? Vocês não se estão a dar bem? 
- O problema é esse, Mario! – atirou Marlene – À pala do outro Mandzukic, a Mili e o Marco chatearam-se. Não queiras fazer porcaria. 
- Oh, eu já falei com o Marco naquele dia em que eles estavam no quarto. Ele percebeu tudo e, agora, eu ligo-lhe e explico tudo. A sério. Opa é que o Thiago anda mesmo em baixo, a precisar de sair e se divertir um bocado...
- Tudo bem – Milicent falou, fazendo com que os dois a olhassem surpreendidos – eu vou com o Thiago. Mas, se por acaso, o Marco ficar com ciúmes, com coisas parvas eu mando-o ir falar contigo! 
- Combinado, cunhada. 



- Já não vestia algo assim desde que fiquei de barrigão...
- É...e agora vais andar com o Thiago assim.
- Tu não achas mesmo boa ideia, pois não? – Milicent olhou para Marlene, vendo-a sentar-se ao fundo da cama de Milicent. 
- Só acho que, tendo em conta que tiveste uma carta com um conteúdo desconhecido mas preocupante...só acho que devias ter cuidado. 
- O Marco não levantou problemas, Mare. E falamos muito sobre isso, ontem à noite. 
- Eu sei, mas ele pode sentir, mais tarde, alguma coisa. Tipo ciúmes. 
- Então...é melhor dizer que não vou...
- Não! Então, não! – Marlene levantou-se, indo na direcção da amiga – Não faças isso só porque estou insegura por ti. Vai, vai e diverte-te com o Thiago que bem precisa de se divertir um bocado. 
- Estou bem?
- Ótima! – Milicent olhou-se ao espelho acabando por sorrir. Sentia-se bem, confiante como ainda não se tinha sentido desde que Marten nascera.



As duas desceram até à sala, encontrando Mario sentado no sofá. 
- Não vais ter frio, Milicent? 
- Eu levo um casaco, Mario. 
- Não é muito justo? 
- Olha...viraste meu pai agora? 
- Não, não. Nada disso...só estou a zelar pelo teu bem. 
- Diz que é o meu bem, diz. Ouve lá e o teu amigo, está muito demorado? 
- Estou aqui! – Milicent, um pouco atordoada, virou-se para Thiago que estava a entrar em casa, vindo do jardim – bem, eu sinto-me intimidado com uma miúda tão gira e comprometida ao lado. 
- É bom que tenhas isso em mente – alertou Mario. Thiago aproximou-se de Milicent, cumprimentando-a com dois beijos. 
Os dois despediram-se de Marlene e Mario, Thiago era quem iria levar o carro e Milicent deu-lhe as indicações para onde se tinham de dirigir. 
- Tens a certeza que o Marco está na boa? – perguntou Thiago. 
- Sim, ele confia em mim e sabe que somos só amigos – Milicent olhou para Thiago que estava concentrado na estrada – tu...também sabes disso, certo? 
- Sim, Milicent – com os olhos fixos na estrada, Milicent conseguiu notar um certo desconforto em Thiago – não vou negar que não me sinta bastante atraído por ti – okay...por esta é que eu não estava à espera – mas, também sei que saí de uma relação à pouco tempo e tu estás numa e és mãe. Acho que estou carente, é isso. 
- É bom mesmo que saibas isso. Eu já tive problemas na minha relação com o Marco, não estamos a atravessar uma fase maravilhosa por causa das lesões dele...mas temos um filho e há amor – Milicent era do mais sincera que conseguia ser. Não poderia alimentar esperanças em Thiago – mas eu estou a adorar conhecer-te, és um rapaz cinco estrelas e divertido. Enquanto cá estiver...eu poderei tentar fazer com que essa carência seja menor, mas só como amigos. Podemos passear, ver filmes e comer gelados, mas é só isso Thiago. 
- Eu sei disso – por breves instantes, Thiago olhou para Milicent sorrindo-lhe – e agradeço-te por isso. Por me teres convidado para vir contigo. 
- Não tens que agradecer. Até pode ser que encontres por lá uma médica ou enfermeira que te ache piada. 
- Acho que vou deixar passar...neste momento não preciso de namoradas – Milicent entendia-o, sabia bem o que ele queria dizer com aquilo. Sabia muito bem o que era sentir aquilo. 
Depressa chegaram ao restaurante onde iria decorrer o jantar. Milicent foi cumprimentando todos aqueles que conhecia, apresentando Thiago como seu amigo. Avistou Daysi, indo ter com ela. 
- Ainda bem que eu já tenho cinquenta anos e um casamento de trinta! Se fosse solteira e mais nova, não tinha hipóteses contigo por perto – as duas riram-se e Milicent cumprimentou-a com um abraço. 
- Daysi...não é assim nada de especial. 
- Nada de especial? Oh, eu bem vi todos a olharem para ti à medida que passavas por eles. 
- Eu confirmo! – concordou Thiago, fazendo com que Milicent olhasse para ele. 
- Mas tu és exagerado. Thiago é a Daysi, é minha colega do centro – olhou para Daysi, puxando Thiago para a frente – é o Thiago, um amigo meu – os dois cumprimentaram-se e, depois de algum tempo de conversa, passaram para a mesa para jantarem. 



- Vá, Thiago, dá-me lá a chave! 
- Um beijo primeiro – Milicent arqueou a sobrancelha, olhando séria para ele – pronto, eu tentei a sorte – Thiago entregou-lhe as chaves, entrando para o lado do pendura no carro. Entrou, também, no carro para o lado do condutor. Sabia que Thiago tinha bebido mais do que o esperado e optou por ser ela a conduzir. 
- Acho que não é muito boa ideia ir dormir a tua casa... – Milicent começou a conduzir, depois de Thiago colocar a morada no GPS. 
- Milicent, desculpa. Eu abusei com aquilo do beijo...mas o Mario e a Marlene merecem uma noite a sós, não é? Nós só lhes estamos a dar isso. 
- É...mas tens de me prometer uma coisa – Milicent olhou para Thiago, reparando que ele a olhava bastante sério – não abuses! 
- Eu prometo! E desculpa, não quero mesmo deixar-te em situações constrangedoras. 
- Então estamos combinados. 
Depressa chegaram a casa de Thiago. Uma bonita casa, acolhedora fazendo com que Milicent se lembrasse da sua própria casa em Dortmund. A casa que partilha com Marco e o seu filho. 
- Fica à vontade. Eu vou buscar água com gás, queres alguma coisa? 
- Não, obrigada – Thiago saiu da sala e Milicent aproveitou para se sentar e descalçar-se. Já que iria ali passar a noite...podia começar a colocar-se à vontade. 
Thiago não demorou, voltando para a sala e sentando-se ao lado de Milicent. 
- Estás preocupada... 
- É estranho. Porque...eu não quero mesmo que pensem coisas de nós, entendes? Eu não quero deitar tudo a perder na minha relação... 
- Não vais deixar...eu prometo. Ficamos aqui, como dois amigos que estão a dar uma noite romântica a outros dois - Milicent riu-se, vendo Thiago encostar-se ao sofá – foi um bom jantar! 
- Foi – bocejou, estranhando aquele sono tão repentino. 
- Vem – Thiago levantou-se, estendendo a sua mão na direção de Milicent. Os dois foram até um quarto e Thiago acendeu as luzes do mesmo – podes ficar aqui. Eu vou ao meu buscar-te qualquer coisa para vestires. 
- Obrigada – Milicent sentou-se ao fundo da cama, começando a retirar os sapatos enquanto Thiago foi ao seu quarto. 
- Não sei o que queres... – Milicent olhou para ele, reparando que trazia uma camisola e uns calções. 
- Posso ficar só com a camisola. Está calor – Thiago aproximou-se dela, entregando-lhe a camisola. 
- Fica à vontade. Se precisares de alguma coisa ou estou na sala, ou no meu quarto ao fundo do corredor. 
- Obrigada. 
Milicent arranjou-se para dormir. Depois de se desmaquilhar, passar com água fresca pela cara e trocar a sua roupa pela camisola de Thiago, abriu os lençóis da cama ouvindo, muito longe, um choro. Ser mãe tinha-lhe dado, de certa forma, uma audição mais apurada...ela sabia que Thiago estaria a chorar. 
Saiu do quarto, caminhando na direção da sala. Via um Thiago em sofrimento, um Thiago todo encolhido em si mesmo sentado no chão e agarrado às suas pernas. 
Quase ansiando terminar com o sofrimento dele, Milicent apressou-se em chegar ao pé dele, ajoelhando-se à frente dele. 
- Ei, ei não chores! – ele olhou-a, sentindo-se envergonhado – eu sei que não deves estar a passar das melhores fases da tua vida. Lesionado e a passar por uma separação...mas, por favor, não chores Thiago. 
- Eu era feliz com ela...e tudo acabou de um dia para o outro. Eu só me queria sentir amado como antes, queria ser beijado como antes e que ela estivesse cá todos os dias. 
Milicent via-o em pleno sofrimento. Por mais que tentasse limpar-lhe as lágrimas que caiam pelo seu rosto, Thiago chorava cada vez mais. 



- Shiu – Milicent e Thiago riam-se, depois de Milicent não conseguir enfiar a chave na fechadura – eles ainda devem estar a dormir – caminharam até à sala, deparando-se com Mario a comer uma torrada. 
- Bom dia...devem ter passado bem a noite! 
- Bom dia, Mario. Por acaso, foi uma boa noite sim – Milicent olhou para Thiago – tu ficas bem? – perguntou-lhe baixinho. 
- Fico. Obrigado por esta noite. 
- Não precisas de me agradecer nada – depositando-lhe um beijo na bochecha, Milicent subiu até ao seu quarto. 
A meio do corredor, encontra Marlene. 
- Bom dia! – animada, Milicent abraçou a amiga. 
- Onde é que dormiste? 
- Em casa do Thiago – Milicent olhou-a, vendo Marlene encolher os ombros. 
- Afinal as noticias estão certas... 
- Noticias?! 
- Sim, vai ver. Eu vou para a faculdade. Até logo. 
- Boas aulas – Milicent deu-lhe dois beijos, indo até ao quarto. 


Em clima de grande intimidade, Milicent Werner, a namorada de Marco Reus, foi vista a abandonar um restaurante com Thiago Alcantara. Quem testemunhou a presença dos dois no restaurante, afirma que os dois estavam animados e com grandes cumplicidades. 
Sabemos que, e de fonte segura, os dois saíram daquele restaurante em direção de casa de Thiago. 
Recordamos que Milicent foi mãe recentemente (três meses) de Marten, filho de Marco Reus. Não nos tínhamos apercebido que a relação dos dois estava a passar por uma rutura, muito menos que Milicent arranjara uma nova companhia. 


- Isso não é o que parece, Marco. 
- Eu leio esta notícia e queres que pense o quê? Milicent estava mesmo à espera daquela chamada de Marco, depois de ler as notícias que tinham saído. 
- Que eu te amo e prometi que seria uma saída de amigos. Eu expliquei-te tudo, Marco. 
- E...foste mesmo para casa dele? 
- Fui. A Marlene e o Mario estavam a precisar de estar sozinhos... 
- Aconteceu alguma coisa que não me estejas a contar? 
- Não! Nunca iria acontecer nada, Marco. Não confias em mim? 
- Confio...mas essas aproximações... 
- Marco, por favor. Confia em mim: não aconteceu nada. Nós...só dormimos, cada um no seu quarto. 
- Eu confio em ti. 
- Como é que está o nosso filho? 
- Está bem. Amanhã vou ao médico com ele. 
- Amanhã? Mas ele só tinha de lá ir para a semana. 
- A pediatra ligou-me. Disse que não podia para a semana e combinamos para amanhã. 
- Ah, tudo bem depois liga-me a contar tudo o que ela disse. 
- Sim. Não te preocupes. 
- Marco, tu acreditas em mim, não acreditas? 
- Acredito sim, Mili. 
Os dois falaram por mais algum tempo, até que Milicent e Marco se despediram. Ela tinha de ir trabalhar. Arranjou-se, descendo para a sala pronta para sair de casa. 
- Espero que não tenhas feito nada de que te arrependas, Mi – disse Mario, assustando-a. Olhou-o...saberia ele de alguma coisa que tinha acontecido em casa de Thiago? Teria Thiago contado alguma coisa? Não, não...ele não seria capaz disso!