sexta-feira, 18 de março de 2016

45º Capitulo: “Chega a uma altura que queres desistir de tudo”

- Calem-se, a sério, eu preciso de estar atento ao telefone aquela voz de Marco estava completamente alterada mas animada a certo ponto.
- Marco, dá-me o telefone, por favor Milicent ouvia a voz de Marcel.
- Mas não a deixes desligar sem falar comigo.
- Claro, Marco. Claro Milicent sentiu que Marcel já se tinha apoderado do telefone Milicent?
- Sim?
- Como estás?
- Vai-se indo, Marcel.
- Desculpa tudo isto...ele pediu que viesse ter com ele e, quando cá cheguei, dei de caras com este cenário.
- Muito bêbedo?
- Um bocado. Olha, eu não sei bem o que se passou entre vocês...ele só me diz que fez porcaria. Estou aqui eu e o Robin com ele e vamos tentar que ele vá dormir antes que continue a beber mais alguma coisa.
- Obrigada, Marcel... – Milicent sentia a sua cabeça voltar a dar outra volta e a ficar mais confusa. Ao saber daquilo...não achava que teria feito a melhor opção em deixá-lo para trás.
- Obrigado eu não entendeu bem o que Marcel queria dizer com aquilo o Marco precisava deste choque, de sentir o que ele diz sentir. Já nos disse que se sente sozinho, que vos perdeu porque fez porcaria Milicent sentia um vazio enorme em si, aquela distância ainda agora havia começado e já estava a ser demasiado dolorosa não quero que te sintas mal, a sério. Isto vai fazer-lhe bem mesmo que agora ele não entenda isso e tenha escolhido a bebida em vez de outra coisa.
- Tomas conta dele por mim?
- Tomamos sim senhora. Eu e o Robin vamos ficar por aqui e fica descansada, ele fica bem.
- Obrigada.
- Como é que está o pequenito?
- Está bom...é bom ele ainda ser pequeno neste momento. Acho que não se apercebe na totalidade o que se passa. Mas acredito que sinta falta dele.
- Em breve estarão de volta e tudo se vai resolver.
- Ele...queria falar comigo?
- Sim. Ele queria pedir-te que voltasses para casa. Mas acabou de adormecer no sofá Marcel riu-se e Milicent pôde perceber que Robin fazia o mesmo.
- Então ele agora que durma e depois tome um banho bem gelado. Marcel...eu tenho de ir tratar do Marten.
- Claro, claro. Toma conta dele e de ti.
- Obrigada. Por tudo.
- De nada.
- Depois avisa-me quando ele acordar e como está, sim?
- Fica descansada.
- Beijinhos, Marcel. E para o Robin também.
- Beijinhos para ti também.
Milicent suspirou deixando o telefone no sítio. Voltou à sala, sentindo-se estranha mas sem saber como se sentia. Olhava à sua volta e sabia que aquele não era o seu lar, mas sentia-se feliz por ali estar. Nunca soube se estaria mesmo preparada para as lesões de Marco. Quando foi a primeira, nenhum teve muito tempo para se dedicar apenas à lesão. Havia Marten com os seus poucos dias, semanas e meses de vida para cuidar, havia um bebé recente e que os colocava à prova todos os dias.
Nesta segunda lesão...Marten já não é tão pequeno, já ganhou hábitos e rotinas, já os deixa mais folgados para pensarem na lesão enquanto um problema grave. Enquanto um obstáculo na relação dos dois. Milicent conseguia ver isso, sentir e perceber. E sabia que Marco também o fazia, mesmo que de forma diferente porque Marco...ele resolvia aquela lesão afastando-se da namorada.
- Tenho direito a um jantar se adivinhar no que pensas?
- Thiago...
- Estou a brincar – os dois estavam parados a meio do corredor olhando um para o outro – estava a brincar.
- Nós podíamos ir jantar mas...eu acho que não conseguiria ter cabeça para estar a dar atenção.
- Eu entendo, a sério – Thiago aproximou-se ligeiramente de Milicent, agarrando a sua mão direita – tu precisas de estar com o teu filho, em paz e serenidade. E este ambiente é o indicado para isso. Lá dentro tens duas pessoas e o teu filho que te vão ajudar.
- Tu também ajudas?
- Claro que ajudo, boneca – Thiago deu um pequeno beijo na testa de Milicent e os dois foram, de novo, até à sala.
- Fogo, ainda bem que chegaste! – disse, um bocado aflito, Mario – a Marlene foi lá acima e eu acho que ele se engasgou!
- Oh Mario – Milicent sorriu, aproximando-se deles – só precisas de lhe dar uma palmadinhas nas costas, ele está a precisar de libertar os gases dentro dele.
- Que gases?
- Que burro, nossa senhora. Ainda bem que podes ir treinando com o Marten...ele precisa de arrotar. Apenas isso.
- Ah isso! Eu isso já sei fazer – Mario fez o que Milicent lhe disse – já estava a ficar assustado...já o imaginava roxo e tu a ficares chateada comigo.
- Ei, credo! Calma, isto é muito mais simples do que pensas.
- Podes ensinar-me tudo o que sabes sobre bebés esta semana? – Mario olhou muito sério para Milicent, fazendo com que Thiago se risse – mas estás a rir-te do quê?
- Nada, nada. Só acho difícil conseguires aprender tudo numa semana!
- Pois é difícil mesmo – disse Milicent – mas, oh Mario, tu estás com medo de não conseguir tomar conta do teu filho?
- Um bocadinho...isto é tudo muito novo para mim.
- Também foi muito novo para mim – Milicent retirou Marten do colo de Mario, aconchegando-o nos seus. Sabia que o filho iria por adormecer e precisava de o sentir perto de si – quando ele chegou à minha vida...ainda dentro da minha barriga, eu estava cheia de medo. Apavorada. Há medida que o tempo foi passando estabeleceu-se a nossa ligação muito nossa.
- Mas tu andaste com ele na barriga, tal como a Marlene anda com o nosso filho. Para vocês é mais fácil criar essa ligação.
- E vocês também a criam... – Milicent parou por alguns segundos, vendo Thiago sentar-se ao seu lado, fazendo algumas festinhas na bochecha de Marten – quando falam com a nossa barriga, quando sentem os pontapés...é diferente e, se calhar, só completam essa relação quando eles nascem. E é a partir desse momento que começa a aventura. Ninguém está preparado para as noites sem dormir, para a quantidade de roupa que eles sujam, a quantidade de vezes que é preciso trocar a fralda...e eles colocam-nos à prova a cada segundo do dia.
- Eu não estou preparado para nada disso!
- Mas vais ficar, Mario – começou Thiago – os bebés requerem muita atenção e, quando são nossos, acredita que ficarás pronto no segundo seguinte a segurares nele pela primeira vez.
- Como se tu soubesses o que é ser pai!
- Não sei...mas acredita que é assim Mario.
- Pode ser que assim me deixe de chatear a mim com essa conversa – disse Marlene, descendo as escadas.
- Olha estavas aí?
- Não, querido gordo – Marlene aproximou-se do namorado, sentando-se em cima das pernas dele – estava ali nas escadas. Andas com essa conversa que já enjoa, sabes?
- Tudo te enjoa, também. É a conversa, o meu perfume, a minha camisola, a minha roupa...
- Ai que exagerado, ainda não enjoei de ti. É bom sinal, não é? – todos se riram à excepção de Mario.


- Oh mãe, não sejas tão má para o tio Mario! – Milicent ria-se, depois de Mario, com Marten ao colo, ir mexendo a boca do menino como se estivesse a falar.
- Eu não estou a ser má...não tem lógica nenhuma irmos ao teu treino.
- Tem, tem! – Marlene sentou-se ao lado do namorado, olhando para Milicent – saímos de casa, eu vejo a tartaruga trabalhar e tu vês o teu amigo.
- Mas eu acho que podia ficar em casa, sossegada...
- Não. Tu depois tens de ir comigo à ecografia.
- A primeira que eu vou faltar! – afirmou Mario – por isso é bom que acompanhes a Marlene enquanto madrinha responsável que és.
- Oh...pronto, convenceram-me. Eu vou vestir-me e volto já.
- Boa! – Milicent riu-se, indo até ao seu quarto.
Arranjou-se depressa, de forma simples mantendo o seu estilo atual: ser mãe. Precisava de roupa prática, mesmo prática.


Milicent foi no carro com Marlene, enquanto Mario conduzia no seu carro.
- Como é que estás? – perguntou Marlene.
- Eu estou bem...dormi um bocadinho mal, mas deve ser da primeira noite.
- Ou por teres pensado em como é que ele estaria...
- Talvez. Ele ontem embebedou-se.
- Tipicamente gajo quando leva com os pés.
- Ele não levou com os pés – Milicent olhou-a – eu só...só me afastei ligeira e temporariamente dele.
- Eu sei que isso vos vai fazer bem sobretudo a ele. O Marco que eu vi enquanto lá estive…não é o Marco que todos nós conhecemos, o rissol parvo.
- Não, não é mesmo. E tu...como é que te sentes?
- Bem. Estou mesmo bem hoje, sabes que o Mario está a dar em maluco por não puder ir?
- Oh que lindo, isso é bom sinal! Já têm pensado em nomes?
- Se for menino é Erik, se for menina é Lia.
- Ai adoro! Secretamente eu desejo que seja uma menina...para além de ser o que o Mario não quer – as duas riram-se – nós precisamos de uma menina entre nós! Temos o Marco, o Mario, o Marten...e precisamos de uma menina que se junte a mim, a ti e a Mary Alice!
- Como é que ela está?
- Feliz! Acho que é o que a poderá descrever. Daqui a duas semanas volta cá a Munique para os médicos reavaliarem-na.
- Por causa dos olhos?
- Sim. Têm medo que a infeção possa voltar... – Milicent parou de falar, assim que Marlene estacionou o seu carro ao lado do de Mario. Saíram as duas do veículo e Milicent retirou o seu filho da cadeirinha. Esquecera-se do carro de Marten em Dortmund...o que significava que, nos passeios, o tinha de levar ao colo ou na cadeirinha.
- Acho que podemos ir comprar o carro para o nosso filho – começou Mario por dizer – e deixamos a Milicent montar e meter lá o Marten dentro, que achas Marlene?
- Acho que, de vez em quando, tens ideias muito boas.
- É uma forma de termos menos trabalho e de ela nos ensinar essas coisas.
- É impressão minha ou queres ter mesmo um estágio em bebés enquanto cá estiver? – perguntou Milicent.
- Não, não é impressão é mesmo o que eu quero – Mario riu-se, beijando Marlene – vou entrando, vocês sabem o que fazer. Portem-se bem – deixou-as ali, seguindo o seu caminho.
- Olha quem ali vem – Marlene apontou para trás de Milicent, que se virou para puder ver quem era. Thiago.
Aquela sensação de bem estar, a vontade de sorrir voltava a Milicent cada vez que o via. Porque via o esforço que ele fazia para recuperar. Cada vez que o tinha por perto, inicialmente Thiago estava sempre com a ajuda das muletas e, passado algum tempo, já o viam a andar sem ajuda. De certa forma, era aquilo que Milicent procurava em Marco. Uma reacção por parte dele.
- Buenos dias!
- Lá vem ele com o seu espanhol feio – atirou Marlene – bom dia, muchacho.
- Bom dia – disse Milicent enquanto Thiago cumprimentava Marlene.
- Vá, eu vou indo para dentro guardar lugar. O Thiago depois diz-te o caminho, sim?
- Fica descansada que ela lá irá ter – Marlene afastou-se e Thiago depositou um beijo na testa de Milicent – queres vir comigo?
- Onde?
- Assistias à minha fisioterapia e depois íamos os dois ver o treino.
- Isso é...permitido?
- É. Queres vir?
- Sim, acho que sim.
- Vamos então – os dois começaram a caminha lado a lado e Milicent tentava controlar tudo: segurar a mala, manter Marten quieto e protege-lo do sol – ele hoje está irrequieto, não?
- Um bocadinho e, depois, sem carrinho é complicado.
- Queres que te leve a mala?
- Não, Thiago, obrigada. Tens as muletas e não, a sério eu dou conta disto.
- Não sejas teimosa, vá – Thiago parou agarrando a fivela da mala de Milicent – dá-me a mala, vá – Milicent acabou por ceder, entregando-lhe a mala. Depressa Thiago a colocou ao ombro, retomando a sua trajetória – fica-me bem, não fica?
- Lindamente! Obrigada, Thiago. A sério.
- Vá, abre agora a porta – os dois riram-se e Milicent abriu a porta, dando passagem a Thiago.
Caminharam pelos corredores sempre a conversarem sobre Marten. A rirem-se com as caretas que ele ia fazendo e com o facto de Milicent não estar mesmo a conseguir controlá-lo.
- Hoje temos visitantes? – perguntou um senhor mais velho, com um fato treino do Bayern.
- Bom dia, Hussan – Thiago cumprimentou-o com um aperto de mão, olhado para Milicent – esta é a Milicent e o Marten, são meus amigos. Eles podem assistir à fisioterapia de hoje?
- Claro que podem! Venham – os três entraram numa sala onde haviam várias máquinas, umas quantas marquesas e mais um senhor – eu acho que a conheço de algum lado... – Hussan olhou para Milicent e, depois para Thiago.
- Hum é capaz – disse Thiago.
- Se andar atento às notícias cor-de-rosa... – comentou Milicent.
- Então deve ser daí...você não é lá a mulher do Reus?
- Namorada...mas sim, sou eu.
- Bem me parecia, sente-se – Hussan apontou para uma cadeira, enquanto Thiago se deitou sobre uma marquesa – é uma pena o que lhe tem acontecido. Como é que ele está?
- Um pouco abatido mas...creio que vá superar isto.
- Sabe...quando eles sofrem uma lesão grande aqui como a do Thiago... – Milicent olhou para Thiago que lhe piscou o olho, e de imediato sorriu – eles habituam-se mais depressa ao que têm de fazer, o Thiago ao inicio não sabia lidar com a lesão mas foi-se acostumando à ideia e à recuperação – Hussan olhou para Milicent sorrindo – no caso do Reus talvez seja mais complicado porque ele viu todo o trabalho regredir.
- Tem sido complicado, muito mesmo.
- Na fisioterapia, nós temos tendência a trocar informações sobre os casos com que lidamos e o fisioterapeuta do seu namorado é meu amigo. Tive a ver o caso dele e...dentro de duas semanas no máximo ele estará de volta – Milicent, muito espantada, olhava para Hussan que agora começava a trabalhar com Thiago – é preciso é que ele não se deixe ir abaixo. Ele irá precisar do seu apoio...
- Obrigada... – acabou Milicent por dizer.
- Não precisa de me agradecer. Thiago – Hussan olhou sério para ele – eu hoje vou precisar de fazer mais esforços contigo, pode ser?
- Claro.
- Quero que no final desta semana deixes, de vez, as muletas.
- Isso é muito bom – acabou Milicent por dizer, reparando que um sorriso enorme se formou nos lábios de Thiago.
Seguiram-se mais exercícios, mais massagens e via que Thiago se esforçava imenso para recuperar. Hussan decidiu dar uma pausa de cinco minutos a Thiago, enquanto foi preparar uma outra sala para ele. Milicent levantou-se, aproximando-se da maca onde Thiago se tinha deitado à pouco.
- Olá – Thiago agarrou a mão de Milicent, puxando-a para ele – obrigada por teres vindo comigo.
- De nada, meu querido – Milicent dobrou-se sobre ele, dando-lhe um beijo na testa – como é que te estás a sentir?
- Para dizer a verdade...estou cheio de dores.
- A sério?
- Sim, mas é normal. Nós hoje estamos a levar tudo ao limite, nunca tinha feito uma sessão tão intensa quanto esta.
- Não deverias dizer algo ao fisioterapeuta? Talvez para não forçar demasiado...
- Ele sabe o que está a fazer e isto é necessário – Milicent sobressaltou-se quando ouviu o som do seu telemóvel – dá cá o pequeno – Thiago sentou-se na maca e Milicent entregou-lhe Marten para os braços.
Pegou no seu telemóvel, afastando-se um pouco deles. Era Marco.
- Bom dia – disse, depois de atender.
- Mili... a voz de Marco saíra bastante arrastada e Milicent soube que ele teria acordado à pouquíssimo tempo bom dia.
- Se andas à procura dos comprimidos para as dores de cabeça, estão no armário da casa de banho.
- Obrigado...mas eu bom durante breves segundos, Milicent apenas ouvia a respiração de Marco do outro lado da linha eu queria pedir-te desculpa.
- A mim?
- Sim. Por tudo o que tem acontecido. Não merecias que eu estivesse a ser assim contigo, nem com o nosso filho. Eu prometo que, quando voltarem, tudo farei para voltarmos a ser nós. Enquanto casal e enquanto família.
- Obrigada, Marco – aquilo acabou por tranquilizar Milicent e dar-lhe uma nova esperança para o seu regresso a Dortmund – isso significa muito para mim.
- Eu sei...como é que está o nosso bebé?
- Está bom – Milicent olhou para ele, vendo que Thiago brincava com Marten mesmo deitado na maca – eu vim acompanhar a Marlene ao treino do Mario...acabei por estar aqui a assistir à fisioterapia do Thiago.
- Como é que ele está?
- Com algumas dores hoje e...o joelho parece um pouco inchado demais.
- Isso não parece bom sinal...entregaste-lhe o que te dei?
- Entreguei, Marco. Não sabia que tinhas uma admiração antiga por ele...
- Eu também pensava que me tinha esquecido...quando voltares...podes ir comigo a uma sessão de fisioterapia?
- Claro que vou – Milicent sorriu, sendo surpreendida pela entrada de rompante de Hussan.
- Precisamos de falar – disse o fisioterapeuta, chegando perto de Thiago.
- Está tudo bem? perguntava Marco do outro lado da linha.
- Não sei...o fisioterapeuta dele entrou agora na sala e está com cara de caso. Importas-te que...
- Claro, claro. Vai ter com ele e manda cumprimentos.
- Obrigada por teres telefonado. Obrigada mesmo.
- Eu senti mesmo que o tinha de fazer...és a minha melhor parte. Tu e o Marten e eu já estou cheio de saudades vossas.
- Nós também temos saudades tuas...mas espero que entendas esta minha decisão. Eu...eu depois mando-te mensagem, até porque vou com a Marlene à ecografia.
- Isso então vai ser um bom dia! Depois diz mesmo qualquer coisa.
- Digo sim, não te preocupes.
- Mili...
- Eu tenho de desligar, Marco. Até mais logo – Milicent quase adivinhava o que ele iria dizer...mas não o queria ouvir. Não naquele momento. Precisava de se afastar, de se recompor e meter todas as suas ideias em ordem.
Aproximou-se de Thiago que, sentado e com Marten ao seu colo, olhava atento para Hussan.
- Precisas de um momento? – perguntava Hussan e Milicent apercebeu-se que Thiago parecia estar numa outra dimensão.
- Sim.
- Eu volto daqui a pouco, então... – Hussan saiu da sala e Milicent aproximou-se de Thiago. Encostou-se à maca, levando a sua mão até ao peito de Thiago.
- Que se passa?
- Os ligamentos do joelho voltaram a romper – Thiago olhou-a, deixando o seu corpo tombar sobre a maca. Olhou para Marten, passando com a sua mão pelas costas do menino – eu poderia voltar a treinar dentro de um mês e...agora vou ter de recomeçar tudo. Tudo mesmo – Milicent aproximou-se ainda mais de Thiago, dando-lhe um beijo na bochecha.
- Tu és forte, Thiago – os dois olharam-se, juntando as suas testas uma com a outra – e, no que precisares, eu estou aqui. A vida nem sempre é justa para as pessoas boas...
- Chega a uma altura que queres desistir de tudo...e hoje, hoje poderia ser um desses dias.
- Mas não pode ser, Thiago. Tu és mais forte que todos estes obstáculos.
- Serei?
- És – Milicent agarrou a mão de Thiago e os dois olharam para Marten – nós estamos cá contigo. Pelo menos esta semana e, depois, terás dois amigos sempre dispostos a ajudar-te.
- Obrigado, por tudo Milicent – a rapariga voltou a olhar para Thiago, dando-lhe um beijo na testa.
Se quis sair de Dortmund para fugir a todo o drama que a sua vida estava a ter...a chegada a Munique não poderia ter sido com mais drama. Tinha, na sua frente, um Thiago muito mais frágil do que aquele que estava acostumada a ver. Era perceptível que, neste momento, o desanimo era total em Thiago.


Cá está mais um capítulo para vocês. 
Espero que gostem e deixem os vossos comentários. 
Beijinhos, 
Ana Patrícia.