segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

26º Capitulo: “Eu vou eleger-te como o melhor homem a satisfazer desejos de grávida.”


- Anda lá Marco, vá lá…
- Espera…deixa-me dormir um bocado. Acordei cedo, fizemos uma viagem de Londres até aqui e agora estou cansado. Não podemos jantar aqui por casa? –
Milicent afastou-se um pouco de Marco, virando-se de barriga para cima. Estavam naquele quarto à já algum tempo, tinham combinado ir jantar fora mas, por vontade de Marco, isso não iria acontecer.
- Como queiras… 
- Ei, não fiques chateada – Marco, mesmo de barriga para baixo, esticou a sua mão em direcção ao rosto de Milicent. Colocou o seu polegar nos lábios dela e Milicent deu-lhe um pequeno beijo, mordendo-o de seguida.



- Estás feito um preguiçoso… - Milicent voltou a virar-se para Marco, juntando os seus lábios com os dele – fica registado: aos seis meses de namoro, o meu Marco preferiu ficar na cama do que ir jantar fora.
- Diz lá que não é bem melhor ficarmos aqui só os dois, do que irmos para um restaurante cheio de pessoas? –
Marco pousou a mão que já tinha no corpo de Milicent, nas costas dela, fazendo algumas linhas com o seu dedo indicador. Milicent arrepiava-se com aquilo…e Marco sabia-o perfeitamente.
- Se estás a pensar em continuar a desarrumar a cama…é bom que tires essa ideia da cabeça, fofinho. Estou com desejos…
- E não é de sexo…
- É de chocolate branco.
- Ei, oh Mili…só há chocolate de leite, negro e com amêndoas cá em casa.
- Podias ser um namorado, pai e homem lindo e ir buscar chocolate branco à tua rainha… -
Milicent passou umas das suas pernas por cima das de Marco, agarrando-o contra ela.
- Mas está a apetecer-te muito?
- Está Marco…
- No fim da tua gravidez, é bom que me elejas como aquele que satisfaz melhor, os desejos de grávida.
-Vou sim, meu Marco. Eu vou eleger-te como o melhor homem a satisfazer desejos de grávida.
- Quando é que contamos aos nossos pais? –
Aquele assunto…os dois esqueciam-se completamente dele. Milicent estava a completar oito semanas de gravidez e só Marlene, Mario, Montana e André sabiam. Quando Milicent estava mais inchada, a barriga dela ficava completamente diferente do habitual. Sabia que, se estivesse com a sua avó num desses dias, ela iria notar.
- A minha avó faz anos na próxima semana…faz setenta anos. Estava a pensar fazer qualquer coisa…e podíamos juntar as duas famílias e dizer-lhes?
- As nossas famílias conhecerem-se, contarmos da gravidez e celebrar os anos da tua avó? Parece-me muito bem!
- A sério?
- Sim! –
Marco beijou-a, aproximando-a ainda mais de si.
- Marco… - Milicent acabou por quebrar o beijo, colocando a sua mão na cara dele – é que eu quero mesmo chocolate branco…
- Oh… -
Marco escondeu o seu rosto na almofada, começando a rir – fui trocado por chocolate branco… - Milicent deu-lhe um pequeno beijo na bochecha, roçando o seu nariz nela.



Enquanto Marco saiu para ir comprar chocolate branco a Milicent, esta aproveitou para começar a preparar o jantar ao mesmo tempo que ligou para a mãe, tentando saber novidades no processo de adopção de Mary Alice.
- É isso que te disse: no próximo fim-de-semana, vamos a Munique buscar a Mary para ela passar duas semanas connosco. A primeira semana ficamos aí em Dortmund e depois voltamos aqui para Berlim por causa do tratamento do pai.
- Então…ai, mãe, isso quer dizer que estão num bom caminho, certo?
- Sim. Estou tão feliz, Mili. Tu sabes que nós queríamos isto à imenso tempo. E a Mary…é uma menina encantadora, especial…e ver a relação que já tens com ela, deixa-me mais sossegada. Nunca pensei que, nesta altura da vida, as coisas estivessem assim, mas estou tão feliz, meu amor.
- Oh mãe… -
Milicent estava a chorar…estava emocionada com aquele discurso da mãe, queria estar perto dela, do pai e, ainda, de Mary Alice – vocês vêm logo para cá? No fim-de-semana?
- Estás a chorar, Mili? Eu não quero que chores, meu amor.
- São só saudades mãe…vossas, da menina…são só saudades.
- Então sossega que, daqui a dois dias, tens-nos aí a todos para te chatear.

Milicent ouviu a porta fechar-se e, pouco depois, Marco entra na cozinha. Traz, na mão, um saco de papel. Milicent sorriu…sabia que era o seu chocolate. Marco aproximou-se dela, rodeando a cintura de Milicent com os seus braços.
- Dois dias passam depressa…
- É claro que passam, meu anjo
Milicent olhava para Marco que, baixinho, lhe disse: manda beijinhos à tua mãe.
- Mãe…o Marco está a mandar-te beijinhos.
- Manda beijinhos para ele também. Tens passado a semana com ele?
Milicent estava de férias durante esta semana, daí a pergunta da mãe.
- Sim…daqui a duas semanas começo o estudo para os exames e preciso destas semanas para relaxar.
- Então calha mesmo bem a nossa ida a Dortmund.
- Claro que calha! Vou estar com vocês, com a pequenina…ah e temos de falar sobre os anos da avó.

- Pode ser amanhã, ou mais logo? Eu e o teu pai vamos jantar…
- Sim, sim…nós também vamos jantar. Podemos falar amanhã de manhã, então?
- Combinado! Bom jantar, princesa. E descansa.
- Bom jantar para vocês também. E não te preocupes…estas semanas são só para descansar.
- Ainda bem, filha. Beijinho, boa noite.
- Boa noite, mãe. Beijinhos para vocês dois –
Milicent desligou a chamada, colocando o telemóvel em cima da bancada. Tinha Marco a agarrá-la, impossibilitando-a de fazer outros movimentos – a minha mãe mandou beijinhos, daqui a dois dias vêem para cá com a Mary Alice.
- Vêm para cá?
- Sim…a menina vai passar duas semanas com eles. E, para a semana, estão cá. Depois vão para Berlim –
Milicent rodeou o pescoço de Marco com os seus braços, aproximando-o dela – trouxeste chocolatinho para a Mili? – Marco riu-se, beijando calmamente Milicent.
- Está no saco…mas primeiro vamos jantar. Não quero que o meu filho seja diabético.
- O nosso filho, não será diabético não. Só um quadradinho…?
- Oh tu estás desesperada mesmo por comer chocolate branco…
- Estou…tu até podias ser o meu chocolatinho mas…é mesmo de chocolate que preciso.
- Só um quadradinho…depois vamos jantar.
- És o melhor a satisfazer desejos de grávida! –
Milicent beijou Marco partindo, logo a seguir, para o saco que Marco tinha trazido. Ao abri-lo, percebeu que tinha trazido vários. Retirou um deles, abriu-o e comeu um quadradinho sob o olhar atento de Marco. Ele via que ela estava a comer aquilo com imensa vontade…e acabou por se rir sozinho, encostado à bancada da cozinha.



- Eu disse-te para não comeres tanto chocolate… - dizia Marco a Milicent, depois de ela se deitar, vinda da casa de banho.
- Não deve ser dos chocolates que estou mal disposta…deve ser da comida.
- O bebé prefere comida feita pelo pai…
- Não comeces a inventar… -
Milicent acabou por se rir e foram interrompidos pelo som do telemóvel de Marco. Ele esticou a mão na direcção da mesa-de-cabeceira, atendendo a chamada, depois de ver que era Mario.
- Puto!
- Milagre! Atendeste o telemóvel à primeira.
- Olha…se soubesse não tinha atendido!
- Olá Mario! –
Milicent gritou para que, do outro lado da linha, Mario ouvisse.
- Olha, olha…a minha cunhada está bem disposta…ao contrário da amiga.
- Vou por isto em alta voz…para estares a ligar é porque precisas de conselhos –
Marco deixou o telemóvel em cima do peito, encostando a sua cabeça na de Milicent.
- Que se passa, Marito? – Perguntou Milicent.
- Olá, cunhada. A Marlene está estranha…já mandou vir comigo mais hoje do que em todos os outros dias.
- A rapariga está com falta de sexo, puto.
- Marco Reus, isso não se diz! –
Milicent repreendeu-o, mas acabou por se rir – Tens só que lhe dar um desconto, Mario. Provavelmente ela está naquela fase do mês.
- Achas?
- Sim…tenta ser meiguinho com ela, dar-lhe um bom chá quentinho e isso passa-lhe.
- Se piorar, eu digo que a culpa é tua!
Milicent ia tentar falar, mas acabou por se levantar e correr em direcção da casa de banho O que é que se passou aí?
- Alguém comeu demasiados chocolates –
Marco pegou no telemóvel, retirando-o da alta voz.
- Aquelas cenas dos desejos acontecem mesmo?
- Acontecem…mas os dela são tão engraçados, Mario.
- Ei que o meu puto está todo babado por ir ser pai…que nojo Marco!
- Eu ainda tento ter uma conversa séria contigo…não sei porque.
- Tu adoras-me. Mas vá…deve ser bonito sim. Mas ela que não tenha dessas coisas quando estiver só com a Marlene e comigo, depois sobra para mim.
- E aí, tu serias um tio muito atencioso e, já que o pai não estaria por perto, ias satisfazer o desejo da mãe do meu puto.
- Já sabem que é um miúdo?
- Não…só lá para fins de Fevereiro é que isso se sabe. Mas era melhor um puto que uma menina. Olha lá depois a Mili e a Marlene horas e horas às compras?
- Mesmo se for menino…elas vão andar montes de horas a fazer compras para ele.
- És capaz de ter razão… -
Milicent voltou a entrar no quarto, deitou-se ao lado de Marco, aconchegando-se nele – a grávida enjoada voltou.
- Mete lá isso em alta voz
Marco fez o que Mario tinha pedido, deixando, de novo, o telemóvel em cima do peito.
- Podes falar.
- Então cunhada? O meu sobrinho está a deixar-te mal disposta?
- Nunca queiras estar grávido na tua vida, Mario Götze!
- Sabes que isso só acontecerá quando a Marlene engravidar…
- Coisa que nunca na vida vai acontecer!
do outro lado da linha ouviu-se a voz de Marlene a gritar.
- Passa lá o telemóvel à minha princesa, Mario – Mario não lhe respondeu, mas percebeu que tinha passado o telemóvel a Marlene.
- Olá Mi.
- Estamos só nós? –
Milicent pegou no telemóvel de Marco, retirando-o do altifalante.
- O Mario está a olhar para mim…mas não ouve nada do que digas.
- O Marco também não te ouve. Estás bem?
- Ligeiramente de mau humor.
- Fase do mês complicada, portanto.
- Já me conheces…
- Conheço sim. E disse ao Mario uns quantos segredos, por isso, trata melhor o rapaz que vai surpreender-te.
- Vai…é isso e a lua ser quadrada.
- Ai minha Mare toda mal-humorada. Precisamos de falar a sério…
- Que é que fizeste?
- Eu?! Nada…a minha avó faz anos para a semana.
- Eish, pois é! Setenta, se bem me lembro…
- Exactamente. Bom…e a minha mãe, o meu pai e Mary Alice vêm passar a semana cá a Dortmund…
- Com a menina, também!?
Milicent explicou tudo a Marlene, percebendo que Marco já tinha agarrado no computador e estaria a ver um filme qualquer Isso é óptimo para o processo de adopção!
- É…e a minha mãe está tão feliz!
- Imagino! Desde que me lembro de ser gente, a Renae sempre quis adoptar.
- Sim…bom, mas adiante se não o meu namorado adormece sem que fale com ele…vocês dois podem vir à festa? Eu ainda não falei com a minha mãe, mas devemos fazer qualquer coisa da parte da tarde e depois um jantar.
- Tenho que falar aqui com a beleza que chegou à sala com uma caneca de chá…

- Eu disse que ele ia surpreender…
- Espera aí…Mario que tal jantar em casa da família da Mi, terça-feira?
- O Marco vai estar por perto, certo?

- Vai…eles namoram, né?
- Então vamos…assim não corro riscos de ter de por em prática aquelas coisas de satisfazer desejos.
- Esse teu namorado…ui. Tenho a ligeira sensação que o sobrinho não vai gostar dele –
Milicent tinha ouvido a conversa, mas acabara por se rir.
- Ele só diz estas coisas para vos chatear…porque, a mim, ele só me diz “sempre soube que o Marco seria o primeiro irmão a dar-me um sobrinho.” Ah, e agora anda numa fase de me perguntar algo do género: “nós depois podemos pegar no bebé deles, não podemos?” tanto Marlene como Milicent se riram E agora está mega chateado por te ter contado isto…esta casa hoje está virada do avesso.
- Ainda bem que não somos vossos vizinhos!
- Bem que podiam ser…assim já tinha para onde fugir! Bem, olha eu vou ver se aquele chá não está envenenado e dormir. Nós vamos aí no dia de anos da tua avó. Mas só devemos chegar à hora do jantar.

- Muito obrigada, minha fofinha. A D. Jolandi vai adorar que venhas. Ah e é capaz de gostar de conhecer esse teu namorado.
- Vai é dizer-me para o rifar…vá, beijinho Mi.
- Beijinho, portem-se bem!

Milicent desligou a chamada, colocando o telemóvel de Marco na mesa-de-cabeceira. Deitou a sua cabeça no peito de Marco, preparando-se para ver o filme com ele.
- Começou à pouco tempo, não foi?
- Sim…até agora só deu para perceber que a rapariga mudou de cidade e que anda a fugir de alguém.
- Nome?
- Um Porto Seguro.

- Eu não acredito que tu tenhas escolhido um filme destes…oh Deus meu.
- Porque?
- Prepara-te para hormonas descontroladas a qualquer momento. Ah e lenços de papel!




- A avó tem a certeza que era a esta hora que eles chegavam? – Milicent, a avó Jolandi e o avô Abelard estavam no aeroporto à espera de Renae, Hinrich e Mary Alice.
- Claro que tenho, Milicent. O avião já aterrou, tens de esperar um pouco – e Milicent ouviu a avó e esperou. Esperou, até ao momento em que viu o seu pai, para depois ver a mãe e Mary Alice a correr na direcção dela.
- Mili!! – Mary Alice estava felicíssima, isso era notório. Milicent baixou-se, pegando na menina ao colo. Rodopiou com ela, enchendo-a de beijos – Eu tinha tantas saudadinhas tuas.
- Oh…e eu tuas, meu amor.
- Agora vamos estar muito tempo juntas, todos os dias, não vamos?
- Vamos sim.
- E o Marco? –
Milicent ficou surpreendida com aquela pergunta, mas fez o seu coração encher-se, ainda mais, de amor.
- O Marco teve de ir para o treino, ele joga à bola, sabias?
- A enfermeira Daysi contou-me…ele é conhecido na rua, não é?
- É… -
Milicent acabou por se rir, colocando a menina no chão. Baixou-se, de maneira a ficar da altura dela – se a Renae e o Hinrich deixarem…queres ir passear com a Mili e o Marco à tarde? – Mary Alice esbugalhou os olhos, virando-se para Renae e Hinrich.
- Eu posso? Passear com eles dois?
- Claro que podes, estrelinha –
Renae respondeu, sendo surpreendida pelo abraço de Mary Alice às suas pernas.
- Obrigada, obrigada. Eu prometo que me porto bem!
- Tu portas-te sempre bem, pequenita –
Hinrich baixou-se, dando-lhe um pequeno beijo na bochecha.
- Eu gosto muito de vocês todos…e gostava mesmo que fossem meus papás. E a Mili minha mana…e o Marco era o quê? – Mary Alice olhou, confusa, para Milicent esperando uma resposta.
- O Marco seria teu cunhado. E…querida, tens de conhecer estas duas pessoas. Que poderão ser teus avós – tanto Milicent como Renae e Hinrich sabiam que Mary Alice não era envergonhada e, segundos depois de Milicent acabar de falar, abraçou Jolandi e Abelard.
Ficaram pouco tempo ali. Pegaram nas malas de cada um e foram embora. Tinham trazido dois carros, seria impossível irem todos no mesmo. O avô de Milicent ainda conduzia, mas acabou por ser o seu pai a levar o carro de volta para casa. Milicent foi no seu carro com a mãe e Mary Alice.



- Ele demora muito, Mili? – Milicent e Mary Alice estavam à espera de Marco no centro de treinos do Borussia.
- O Marco é quase como as princesas, Mary. Demora muito tempo a arranjar-se.
- Mas fica bonito…e é só para ti.
- Quantos anos tens tu?
- Sabes que são sete…
- Pareces mais crescida… -
Mary Alice roçou o seu nariz no de Milicent. A menina estava ao colo dela e as duas estavam sentadas num banco em frente do centro de treinos.
- Como é que sabemos que o Marco vem aí? Só saem carros…tu sabes de cor o carro dele?
- Sei Mary Alice… -
Milicent espreitou os carros que saiam, percebendo que era o de Marco que vinha aí – a princesa está pronta, anda – Milicent colocou Mary Alice no chão e as duas caminharam em direcção do carro de Marco. Foram rápidas e entraram para os bancos de trás do carro.
- Olá Marco, a Mili chamou-te princesa. Mas eu disse que era para ficares bonito só para ela – Milicent ficou completamente à nora com aquilo, mas acabou por se desmanchar a rir já que viu a cara de espanto de Marco.
- A minha possível futura cunhada está muito bem disposta…olá Mary.
- Pois é isso, podemos ser cunhados. Não te importas, pois não?
- Claro que não…serei o melhor cunhado que terás na vida –
Milicent e Marco entreolharam-se pelo espelho do carro, Milicent sorriu-lhe mandando-lhe um beijo.
- Acho que o Marco ia gostar mais de um beijo a sério…eu tapo os olhos – Milicent gargalhou, acabando por se chegar à frente. Deu um curto beijo a Marco, que começou a conduzir.
Iriam almoçar os três e, depois…depois logo decidiriam. Não queriam arriscar andar em público tendo em conta os acontecimentos dos últimos tempos.



- Eu sei que tinha dito que íamos passear, mas entendes o porquê de ficarmos aqui por casa?
- Sim, Mili. Vocês são namorados meio às escondidas, não podem ver vocês na rua a namorar.
- É isso mesmo, pequenita –
Milicent deu um beijo na bochecha de Mary Alice que acabou por sair de ao pé dela para ir até onde estavam as flores. Deveriam ser os últimos dias em que estariam com flores…muito em breve iria começar a nevar, pelo menos eram essas as previsões da meteorologia.
- Imagina quando for o nosso bebé no lugar da Mary… - Marco chegou ao exterior da casa. Era sinal de que o chocolate quente que ele tinha ido preparar estava terminado. Rodeou a cintura de Milicent, deixando as suas mãos sobre a barriga dela.
- Ele vai gostar de nós, não vai?
- Claro que vai…somos os pais dele. Além do mais…eu penso fazer tudo para que o meu filho me ache o pai mais fixe do planeta.
- Tenho a sensação que vou ter de ser eu a pôr regras na casa…
- Quando é que passas a morar comigo mesmo? –
Milicent encostou a sua nuca no peito de Marco, mantendo o seu olhar em Mary Alice.
- Mais tarde pensamos nisso, Marco. Pode ser?
- Claro…
- Vamos entrar? Está a ficar frio…
- Sim, sim…chama a menina –
Milicent chamou Mary Alice que, ao perceber que havia chocolate quente à sua espera, correu para junto deles. Entraram os três em casa, indo até à sala. Milicent e Mary Alice sentaram-se junto da mesa de centro, no chão, enquanto que Marco optou por ficar no sofá.
- Vocês vão ter filhinhos? – Milicent, que bebia o chocolate quente, engasgou-se com aquela pergunta, fazendo com que Marco se risse. O rapaz deu-lhe algumas pancadinhas nas costas e Mary Alice chegou-se perto dela – Não precisas de ficar envergonhada, Mili.
- Estamos feitos com esta esperta Mary Alice… -
comentou Marco, fazendo com que a menina o olhasse desconfiada.
- Eu sou muito esperta, Marco. Já estou na segunda classe e faço muitos trabalhos. E sei que os namorados fazem bebés e não vêm da cegonha – Milicent olhou para Marco, que se desmanchou a rir. Isto iria acontecer, no futuro, com o filho que vão ter…e Milicent começava a perceber algumas coisas. Sobretudo, como falar com eles.
- Então…e tu sabes guardar segredos, Mary?
- Sei. Já guardei muitos segredos das minhas amigas da escola, lá do hospital também. Vocês vão contar-me um segredo?
- Podemos contar-lhe o segredo, Marco? –
Milicent queria, de certa maneira, fazer com que Mary Alice se sentisse especial. Seriam dois dias até que todos soubessem daquele segredo. E confiava naquela menina, sabia que ela não iria contar nada a ninguém.
- Podemos…a ela podemos – Milicent agarrou a mão de Marco, beijando-a. Olhou, de novo, para Mary Alice, esticando a sua mão até ela.
- Anda cá – Mary Alice levantou-se, sentando-se, de seguida, no colo de Milicent – nós vamos contar-te um segredo nosso. Mas não podes mesmo contar a ninguém…a minha avó…aquela senhora que tu conheceste hoje, sabes?
- Sim…ela pode ser minha avó também…
- Sim, claro. Bem, ela vai fazer anos daqui a dois dias. Nós vamos fazer uma festa para ela. E…aí, vamos contar a todos o segredo. Mas tu vais saber hoje. Não podes mesmo contar a ninguém, está bem princesa?
- Eu prometo! –
Mary Alice juntou uma mão com a outra, batendo palmas. Estava animada por ir saber primeiro daquele segredo.
- Então olha…o segredo que temos é que…a Mili já tem um filhinho a crescer na barriga.
- A sério? Ai, então vocês já deram muitos beijinhos.
- Já demos muitos beijinhos e não só… -
Oh meu Deus…Marco! Se ela fizer mais alguma pergunta, a culpa a toda tua!
- Então, mas porquê é que o bebé é segredo? – Milicent acabou por ficar aliviada já que Mary Alice não fez qualquer pergunta sobre o “e não só” de Marco.
Milicent acabou por lhe explicar, de uma forma clara e sem grandes pormenores, o porquê do bebé ainda ser segredo. Mary Alice parecia ter entendido tudo, sem fazer muitas perguntas.
Depois de muita brincadeira o resto daquela tarde, era hora de levar a menina até casa dos seus avós. Os seus pais estariam por lá e assim revia todos. Mary Alice acabou por adormecer no caminho, o dia tinha sido longo para ela, muita brincadeira e já estava cansada.
Quando chegaram a casa dos avós de Milicent, Marco estacionou o carro à porta deixando que Milicent saísse dele para, depois, pegar em Mary Alice ao colo e irem até à porta de casa. Milicent tocou à campainha e foi Jolandi quem lhes abriu a porta.
- Oh a pequenita adormeceu…entrem – Jolandi afastou-se da porta e os dois entraram.
- Levas a menina até ao meu quarto? – Perguntou Milicent ao namorado.
- Sim, sim.
- Obrigada… -
Marco foi até ao quarto de Milicent, deixando Mary Alice no quarto da namorada. Voltou à sala…onde apanhou a conversa mais improvável de existir, naquele momento.
- Eu só acho que deviam ter mesmo muito cuidado…estar sempre prevenidos… - Jolandi falava com Milicent…nunca antes tinha tido aquela conversa com a neta. Pelo menos assim tão abertamente. Milicent olhou para Marco, desmanchando-se a rir – Ainda bem que vens aí, rapazinho. Chega cá.
Marco levou a mão até à cabeça…e caminhou até ao sofá onde Milicent estava sentada. Sentou-se ao lado dela, agarrando-lhe na mão.
- Eu sei que vocês dois são adultos e me vão achar muito antiquada por ter esta conversa…mas têm de ter cuidado. E só ter filhos quando estiverem preparados para isso. Entendem?
- Acho que sim… -
foi Marco quem respondeu primeiro – a Jolandi tem razão…mas acredito que ficará surpreendida connosco e com as nossas decisões. Eu amo muito a sua neta, não deixarei que nada de mal lhe aconteça…vou sempre protege-la. E…o futuro é já daqui a uma hora…tudo pode acontecer.
- Oh rapazinho, eu sei perfeitamente o que tu és. Fiz-te muitos exames e, desde cedo, percebemos que…bom, digamos que o teu material funciona todo melhor que o de muita gente… -
Milicent riu-se que nem uma perdida, olhando para Marco que estava, visivelmente envergonhado.
- Avó…acabou de envergonhar o meu namorado…isso são coisas que se digam?
- Só estou a dizer a verdade. Se perguntares à mãe dele, ela diz o mesmo. E aposto que ele também sabe –
Milicent olhou para Marco, que abanou negativamente com a cabeça.
- Sobre isto…falamos em casa, Mili.
- Acho que a minha avó ainda me conta mais umas quantas coisas sobre ti em pequeno…



- Que conversa era aquela da minha avó?
- Temos mesmo de falar sobre isso? –
Marco e Milicent deitaram-se e a rapariga acabou por se aproximar do namorado.
- Somos namorados…estou grávida, acho melhor saber desses pormenores, não?
- Tens razão…e também não é nada complicado de explicar.
- Podes começar… -
Milicent olhava, bastante atenta, Marco esperando a tal explicação.
- É simples…o meu sistema reprodutor é mais acelerado que o normal. O que significa…
- Que produzes espermatozóides mais rápido. Já estudei esses casos…temos de ter cuidado, então.
- Oh boa…tu és quase médica, já me esquecia. Mas nós podemos fazer tudo normalmente…
- Claro que podemos…mas eu não quero ser mãe de uma equipa de futebol com suplentes e os de reserva –
os dois acabaram por se rir e Milicent encostou a sua cabeça no peito de Marco. Estava a sentir-se cansada…toda a agitação do dia acabou por deixá-la cansada.
- Oh mas o nosso filho tem de ter irmãos.
- Sim, sim. Depois deste nascer falamos disso.
- Como vamos falar em…vivermos juntos todos os dias da semana? –
um tema de conversa que Marco queria ter…mas que Milicent não sabia como abordar aquele assunto – Tu sentes-te bem aqui, quando estamos a vivermos juntos?
- Sinto…
- Podemos falar disto agora?
- Sim…já percebi que é uma coisa importante –
Milicent acabou por se sentar na cama, olhando Marco que permaneceu deitado. Milicent agarrou na mão do namorado, esperando que ele falasse.
- É certo que eu tenho 24 anos, tu tens 21 e estamos juntos à seis meses…mas vamos ser pais. A nossa relação está a aumentar dia para dia…
- E tu queres aumentá-la ainda mais…
- Não gostavas de morar aqui? Sermos só nós os dois…vá, os três. Eu gostava de te ter aqui em casa todos os dias ao acordar, ao adormecer, quando chego dos treinos…gostava mesmo.
- Podemos experimentar estas duas semanas e decidir isso depois? É tudo muito recente Marco…temos de começar a assentar e a tomar as decisões certas. Eu sei que as que temos tomado são certas, muitas pessoas vão achar que não…mas deixa-me pensar.
- Vou fazer de tudo para que sejam as melhores duas semanas de sempre…assim devo conseguir convencer-te a ficares cá.
- És doido.
- E tu sabes, perfeitamente, por quem é que eu sou doido e completamente apaixonado.

- Que romântico, meu Deus…
- Podes eleger-me o namorado mais romântico à face da Terra.
- Exagerado…ainda não me fizeste um jantar romântico surpresa, nem me deste flores.
- Isso é mentira! Já te dei um ramo de rosas.
- Sim…pois já, uma única vez.
- Tens mais algum pedido?
- Surpresas de namorados…são surpresas e não pedidos, oh Marco.
- Estou a notar uma ligeira mudança de humor…estou certo? –
Marco estava a perceber que Milicent estava mais rabugenta e via que estava cansada.
- És capaz de ter razão…
- Vamos dormir, então… -
Marco puxou Milicent para junto dele, dando-lhe um beijo para, de seguida, a aconchegar nos lençóis e nos seus braços.



- Milicent Werner!
- Que foi, Marco Reus? –
Milicent assustou-se com Marco. Estava a maquilhar-se, em frente do espelho do quarto, quando ele gritou pelo seu nome – Podias ter causado aqui um acidente. Olha se eu tivesse posto o lápis dentro do olho?
- Não te queria assustar…mas tu…tens a certeza que queres ir assim para a festa da tua avó?
- Estou assim tão feia?
- Oh…sabes que não é nada disso.
- Tenho de aproveitar enquanto não se nota a barriga.
- Não vais ter frio?
- Levo casaco.
- E se a tua avó notar?
- Vamos dizer-lhes hoje… -
Milicent terminou a maquilhagem, olhando para Marco. Percebia que ele estava nervoso – Oh meu Deus…tenho o meu namorado nervoso…
- Não tens nada, ai. Veste o casaco e vamos lá embora.
- Sim senhor! –
Milicent fez sinal de continência, acabando por se rir.
Pegou no casaco, vestiu-o e foram, os dois, até ao carro de Marco. A viagem foi curta e, uma vez em casa da avó de Milicent, os dois começaram a ficar ainda mais nervosos. Da família de Milicent estavam lá: os pais, os avós paternos (já que do lado da mãe, o avô já tinha falecido e a avó vivia no sul do país e não conseguiu ir). Estavam ainda alguns tios e primos. Do lado de Marco tinham conseguido ir os pais dele, a avó Risu, as irmãs com os namorados e o sobrinho.
- A Marlene e o Mario estão a chegar…
- Deixa-te estar quieta –
Milicent caminhava na direcção de Marco, mas acabou por parar quando ele o pediu. Viu o namorado retirar o telemóvel do bolso das calças e retirar-lhe uma fotografia – Vá, já podes vir para aqui.
- Agora não vou.
- Anda lá… -
Marco estendeu a sua mão na direcção de Milicent que acabou por continuar a andar e agarrar na mão dele – És a mulher mais bonita que aqui está.
- Já disseste coisas melhores, Marco.
- Mas eu estou a elogiar-te e tu… -
Milicent não o deixou acabar de falar e beijou-o. Naquele dia em particular estava com uma enorme vontade de beijar Marco, de lhe tocar o rosto e sentir os arrepios que sentia quando a pele dele tocava a dela.
- Também és o homem mais bonito que aqui está.
- Agora dá graxa dá… -
Milicent voltou a beijá-lo e Marco levou a sua mão até às costas de Milicent, sentido a pele quente dela – que é que estás a beber?
- Por muito que gostasse de beber algo com álcool…é sumo.
- O bebé acha que a mãe se está a portar muito bem…
- Até parece que a mãe é uma alcoólica… -
Marco levou a sua mão até à barriga de Milicent. Os dois olhavam-se e não eram precisas palavras naqueles momentos. Milicent sentia o seu coração bater na barriga…ou seria o do filho deles? Ou até o de Marco…
- Eu também posso por aí a mão? – Mary Alice, metendo-se perto deles acabou por os despertar.
Milicent olhou para Mary Alice, acabando por se baixar para ficar do tamanho da menina.
- A Mili promete que, quando todos souberem, podes tocar.
- E quando é que eles sabem todos?

- Quando a Marlene e o Mario chegarem.
- Eles vêm de onde eu moro?
- Vêm…eles também moram lá.
- E tu és muito amiga deles, não és?
- Sou…muito.
- Eles também vão ser meus amigos…se formos manas?
- Olha…a Marlene é quase minha irmã…por isso também podes ver ela como uma mana. A Marlene é muito querida.
- Pois é…é como tu. E o Mario também…ele fez-me rir tanto!
- Ele é brincalhão…e olha, acabaram de chegar… -
Milicent viu Marlene e Mario entrarem, já que Renae lhes abriu a porta. Viu a melhor amiga feliz…tão feliz como talvez nunca tinha visto. Marlene, aos olhos da melhor amiga, estava naquela fase da vida dela…onde um sorriso imperava naquele rosto e o amor reinava entre os dois.
Mary Alice acabou por ir a correr ter com eles, sendo seguida por Milicent e Marco.
- Olha quem é a piolha! – Mario pegou em Mary Alice ao colo, fazendo-lhe cócegas.
- Eu não sou piolha. Sou esperta.
- Claro, claro que és. Não ligues ao Mario, princesa –
disse Marlene, fazendo com que Mary Alice se esticasse na direcção dela, abraçando-a.
- Tu és querida como a Mili.
- Olha…isso é um elogio muito bom. Obrigada, Mary.
- De nada…e o Mario é brincalhão…Mario, queres ir brincar comigo aos médicos? –
Mary Alice olhou para Mario, que olhou para Milicent, Marco e por último para a namorada.
- A menina quer ir brincar aos médicos, Mario… - Marlene acabou por falar, despertando Mario.
- Ajudas-me…?
- Podes ser a enfermeira, Marlene. O Mario é o médico e eu a doentinha…oh, eu estou com tanta febre! –
Mary Alice levou a mão à testa e todos se desmancharam a rir – não se podem rir…estamos a brincar a sério.
- Então é melhor o médico e a enfermeira irem tratar da doentinha… -
disse Marco, passando com a mão no rosto de Mary Alice.
- Sim…eu acho que a febre pode passar com chocolate… - Mary Alice, ao dizer aquilo, encostou a cabeça ao ombro de Mario, que a levou até à mesa dos doces. Ia com Marlene e, pelo caminho, iam falando aos presentes. Mario conhecia a família de Marco e apresentava-a a Marlene; Marlene conhecia a de Milicent e apresentava Mario aos familiares da amiga.
- Acho que podemos ficar descansados quando deixarmos o nosso filho com eles… - comentou Marco – eles têm jeito.
- Por acaso…surpreenderam-me. Posso por a tua foto por aí e mostrar ao mundo quem tu és?
- Podias esperar por uma data mais importante…
- Oh…já te apresentei no dia em que nos despedimos em Berlim, fi-lo outra vez quando fizemos seis meses…hoje é um bom dia.
- Força nisso…eu vou é ver se elas precisam de ajuda na cozinha.

- Queres que vá contigo?
- Não…vai ver dos médicos que é melhor…
- Sim, tens razão.

Milicent acabou por beijar Marco antes de ir para a cozinha. Enquanto falava com a sua mãe, a mãe de Marco, a sua avó e a avó de Marco, recebe uma mensagem dele:

Vê lá se sou ou não sou o romântico mais romântico da Alemanha.

Milicent riu-se, acabando por se ligar à internet. O telemóvel começou a dar o alerta de várias notificações: seguidores novos, comentários a uma foto…foto do Marco:



You are flawless, my queen.
You are the one that I’m loving.
You have changed my world.
With love, Your Marco.


Milicent sorriu ao ver aquilo. Começava a não se importar com aquela exposição…só não estava era a gostar que o processo de divórcio ainda não estivesse concluído. Isto poderia trazer problemas para Marco.
- Algum problema, querida? – Milicent despertou daqueles pensamentos ao ouvir a voz de Manuela.
- Não, não…está tudo bem.
- Estavas aí tão concentrada…
- Estava só a manter-me a par das novidades – Milicent acabou por sorrir, era novidades para a imprensa e os fãs de Marco. Porque já todos ali sabiam daquela novidade…para eles, havia outra…e Milicent começava a ficar assustada com a ideia.
- Vamos jantar? – Perguntou Jolandi, pegando no tabuleiro com comida.
- Sim, sim! – todas pegaram em qualquer coisa para levarem até à sala.
Por serem muitas pessoas, não cabiam todos à mesa. E, então, decidiu-se dividir as pessoas. Na mesa ficaram os pais de Milicent, os pais de Marco, os seus avós e, ainda, uns tios. Milicent, Marco, Marlene, Mario, as irmãs de Marco, Mary Alice e o pequeno Nico, ficaram espalhados pelos sofás, com o prato em cima das pernas. Estavam em família e num ambiente muito tranquilo.
- Mary…tens de comer tudo. Senão, não há sobremesa para ti.
- Nem sobremesa, nem brincadeira – Milicent completou o aviso de Marco, acabando por se sentar no chão junto de Mary Alice. A menina tinha o prato em cima da mesa de centro, mas já dizia que não queria comer mais.
- Mas eu não quero mais, Mili…
- Podem ser só mais cinco garfadas?
- Eu acho melhor serem quatro… - Milicent olhou para Marco depois de ele dizer tal coisa, voltando a olhar para Mary Alice.
- Podem ser as quatro que o Marco disse, Mili? – Como é que se resiste a estes olhos azuis mais lindos? Estou feita…quando for o nosso filho, vai ser lindo. Milicent acabou por sorrir, passando a sua mão pela cara de Mary Alice.
- Podem…mas são quatro garfadas gigantes.
- Obrigada – Mary Alice voltou a concentrar-se no jantar e Milicent sentou-se, de novo, ao lado de Marco.
- Estamos a começar a aprender, é? - Perguntou Milicent ao namorado.
- Parece que sim…
- Vocês quando tiverem filhos…vão andar sempre em discórdia – comentou Yvonne, fazendo com que Marlene e Mario se rissem – oh Mario Götze, não te rias, isto calha a todos.
- Calha, calha…oh se calha – Mario lá conseguiu parar de rir, olhando para Marco que se ria também.
- Eles já acabaram todos de jantar…falamos agora? – Perguntou Milicent num tom de voz que só Marco ouviu.
- Sim…como é que queres fazer?
- Posso começar eu com um discurso para a minha avó…
- Depois eu faço o nosso…
- Ai…tenho medo.
- Eu estou aqui – Marco deu um beijo na testa de Milicent e, os dois, levantaram-se.
- Bom…eu, quer dizer…nós, gostávamos de dizer umas palavras…podemos juntar-nos aqui ao pé da mesa? – Foi Milicent quem falou…nervosa, sentindo as suas pernas tremerem que nem varas verdes. Todos foram até junto da mesa, Milicent e Marco ficaram junto de Jolandi sendo, assim, possível verem todos os presentes. Mary Alice colocou-se ao lado de Milicent, agarrando-lhe a mão. Naquele momento, a jovem rapariga olhou para a sua pequena e pode ler, através dos lábios da menina, boa sorte.
Respirou fundo, olhou para todos mais uma vez e começou.
- Avó… - olhou apenas para Jolandi, que a olhava desconfiada – não quero que chores, nem me digas, no fim, que não era preciso nada disto. Ao longo dos meus vinte e um anos de vida, tens sido das pessoas mais importantes que tenho na vida. És uma mãe para mim…mais do que avó – olhou para a sua mãe, que lhe sorriu. Renae sabia perfeitamente a importância que aquela avó tinha na vida de Milicent. Era sua sogra…mas considerava-a quase como mãe, também – são já alguns aninhos que tens…mas continuas com essa jovialidade que sempre conheci em ti. Fazes de mim uma pessoa melhor todos os dias, fizeste de mim a pessoa que sou hoje e eu só te posso agradecer por isso. Não quero imaginar as nossas vidas sem ti…isso é impensável, iria abrir uma ferida que muito dificilmente sararia. Por isso, eu gostava de te oferecer a poção da eternidade…para que estivesses sempre aqui presente connosco. Mas não posso…por isso, ofereço-te este dia. A celebração do teu septuagésimo aniversário – Milicent sorriu para a avó, passando com a sua mão pela face dela…já choravam as duas, a mãe de Milicent chorava e até Manuela – certifiquei-me que estaríamos cá todos, todos os que ama. Aproveitei, também, para juntar a família do Marco – Milicent olhou para os familiares de Marco, olhou para ele, voltando a olhar para a avó – ele agora é parte de nós…e a avó até os conhece muito bem, melhor do que eu quase de certeza… – a gargalhada foi geral e Milicent continuou – e…avó eu só te desejo tudo de bom e agradeço-te por tudo. Sou a tua única neta…mimada, mas sabe tão bem os teus miminhos… - Milicent não se conseguiu prolongar muito mais. Desatou a chorar como uma criança e abraçou a avó.
- Deixas-me muito orgulhosa ao seres a mulher que és – Milicent sorriu ao ouvir aquelas palavras da avó. Deu-lhe um pequeno beijo na bochecha, acabando por interromper as palmas que se ouviam.
- O Marco também tem umas coisas a dizer em nome dos dois… - Milicent olhou para o namorado e acabou por ir ter com ele. Colocou uma das suas mãos nas costas dele, olhando para todos.
- Esta parte é mais complicada ela deixa para mim… - todos se riram e Marco levou uma mão ao bolso das calças. Retirou, de lá, um papel – o que eu tenho a dizer é em nome dos dois. Nós fizemos o texto ontem à noite porque…sabíamos que se fossemos dizer as coisas agora não iriam sair muito claras. Vou, então, passar a ler – Marco olhou para Milicent mais uma vez, olhando de seguida para o papel… - mães, pais, avós. Irmãs, irmão – Marco fez uma pequena pausa olhando para as suas irmãs, para Mario e a pequena Mary Alice - tios, sobrinho – Marco sabia, de cor, o que estava naquele papel…afinal tinha passado algumas horas da noite a lê-lo. Olhou à sua volta e todos estavam um pouco expectantes para saber o que vinha aí – eu sei isto de cor…não vale a pena ler, Mili – olhou para ela e a rapariga acabou por se rir…os dois olharam para a família e Marco deu continuidade ao discurso – decidimos juntar-vos todos hoje porque é, realmente, um dia especial. Não só pelo aniversário da avó Jolandi, mas também porque partilhamos convosco mais sobre nós dois. Conhecemo-nos à seis meses atrás, no dia da minha despedida de solteiro. Ela cativou-me, ela fascinou-me e deixou-me completamente apaixonado desde então – Milicent sabia que não era aquilo que tinham escrito…era suposto ele já estar a falar da gravidez… - já houve muita critica, muitos já falaram por eu ser casado e estar a assumir uma relação com a Milicent. Não foi o vosso caso…todos aceitaram o que tínhamos. Uns melhor que outros… - Risu olhou para o neto, acabando por se rir…sabia que era dela que falava – mas, neste momento, todos nos aceitam como namorados. O processo de divórcio está mais demorado…tudo indica que não ficará terminado este ano, mas isso é apenas um detalhe. No meio do amor que eu sinto pela Milicent, nos momentos que vivemos juntos e do respeito que tenho por ela e todos vocês, o divórcio é apenas um pequeno detalhe – todos os presentes testemunhavam uma declaração de amor. Não só a Milicent, mas a todos os que ali estavam – a razão deste discurso poderia ser, apenas, o amor. E é mas…nós temos algo para vos contar. E já que não disse nada do que está no papel…vou ser eu a dizê-lo era suposto ser ela…mas digo eu – Marco deu a mão a Milicent, que a apertou com força encostando-se mais a ele – bom…ninguém está preparado para isto.
- Estás a mentir… - disse Milicent.
- Pronto, tens razão…há três pessoas apenas que estão preparadas para isto.
- Fala de uma vez, filho! – Manuela expressou a sua curiosidade. Estava desejosa de saber o que haveria assim de tão importante para dizer e nunca mais se sabia.
- Desculpa mãe…bom…nós vamos ser pais.
As reacções eram as esperadas. O silêncio invadiu aquela casa e Milicent conseguia ouvir o seu coração bater mais rápido do que alguma vez sentiu. Eles esperavam que ficassem surpreendidos e sem uma reacção nos primeiros instantes…mas nunca pensaram que fossem ficar tão cheios de medo/nervos/ansiedade.
- Eu já sabia… - na mais pura das inocências, Mary Alice foi quem falou indo ter com Milicent e Marco.
- E nós somos as outras duas pessoas que sabem… - disse Marlene, apontado para ela e Mario.
Milicent via os olhos do seu pai postos em si, via a sua mãe olhar para todos e os avós olhavam para Hinrich e Renae.
Marco tinha os olhos da sua avó fixos aos dele, viu que os pais olhavam um para o outro e as irmãs olhavam para ele.
- Vocês têm noção do que isso significa, não sabem? – Manuela, num tom calmo e pacífico, foi quem falou.
- Um filho…vai abalar muita coisa. E vocês estão juntos à pouco tempo… - também com um tom de voz calmo, Renae falou olhando para a filha.
- Nós sabemos que é um bocadinho cedo, que não foi nada planeado…mas acreditem, cada um de vocês, que este bebé veio dar-nos alguma estabilidade. Eu agora vejo que tenho o Marco a meu lado sempre que precisar…e não só como namorado. Como melhor amigo, como confidente e como pai, responsável – Milicent sabia que iria ser difícil que todos aceitassem aquela novidade com a tranquilidade que receberam o namoro dos dois.
- Estás de quanto tempo? – Perguntou Jolandi, olhando para a neta.
- Entrámos nas dez semanas.
- Parece que temos de começar a preparar o enxoval para o novo bebé da família… - foi Risu quem falou, deixando todos surpreendidos. Milicent deixou uma lágrima escorrer pela cara, não esperava tal coisa vinda da avó de Marco.
- Gostava de vos pedir uma coisa – começou Thomas, o pai de Marco – não se exponham muito. Mantenham tudo muito calmo agora, isso poderia prejudicar o processo de divórcio.
- Sim, o Thomas tem razão – disse Hinrich, pai de Milicent, que se levantou indo ter com os dois – acho que vou falar por todos, ao dizer que…estamos um bocado em choque, mas felizes por sabermos que vocês estão felizes juntos. E com esse bebé – Milicent e Marco olharam para os familiares que, mesmo que no semblante de alguns vissem preocupação, haviam sorrisos, muitos sorrisos.
- Eu já posso tocar na tua barriga? – Pediu Mary Alice.
- Querida, ainda não vais sentir o bebé… - disse Jolandi.
- Não? Mas ele está lá dentro…
- Está, mas ainda é muito pequeno, mesmo pequeno.
- De que tamanho?
- Da última vez que a Milicent e o Marco viram o bebé era do tamanho de uma bola de golf – respondeu, desta vez, Milicent.
- Então é mesmo pequenino. Que fofo – Mary Alice abraçou Milicent, deixando o seu ouvido na barriga dela – estou a ouvir barulhos Mili. É o bebé ou tu tens fome?
- Acho que é mais fome, esperteza – respondeu Marco, baixando-se até Mary Alice. Deu um beijo na bochecha da menina, passando a sua mão pela perna de Milicent, de forma despercebida. A Milicent é claro que não foi de forma despercebida…já que fez o seu corpo todo estremecer.



- Marco, já te disse que não sei onde estou…só sei que te tenho à minha frente, em tamanho gigante.
- Ou seja, tens-me sempre a teu lado.
- Sim, sim…isto nunca me tinha acontecido. Eu estou perdida em Dortmund! – Milicent estava frustrada, aquilo nunca antes lhe tinha acontecido.
- Andaste a comer muito queijo…
- Goza, goza…bom, mas eu vou, então, mandar-te a foto do sítio onde estou.
- Já te digo se sei onde estás ou não, então.  
Milicent desligou a chamada, enviando, por mensagem, uma imagem que capturou à pouco tempo daquele sítio.



Maior que isto ainda não devem fabricar…sabes onde estou?



Não demorou muito para que Milicent recebesse uma chamada de Marco.
- Confessa lá: tu estás a dizer que não sabes onde estás que é para eu te ir buscar, não é?
- Não…juro-te…eu não sei mesmo onde estou.
- Meu Deus…essa cabeça anda mesmo a estudar demais. Tu estás na parte de trás do estádio.
- Estou?
- Estás…eu vou aí buscar-te.
- Obrigada, namorado da namorada mais estranha do planeta.
- Vai chamar estranha à namorada do… - Marco ia a dizer um nome, mas acabou por não o dizer…mas isso não passou despercebido a Milicent.
- De quem?
- Eu ia dizer do Mario, mas foi um momento em que não pensei que ele tinha namorada.
- Olha…a Marlene que nem sonhe que a achas estranha.
- Eu não a acho estranha, oh! Vá, vou sair de casa. Não te mexas daí.
- Vou enjoar do teu sósia tamanho XXL.
- Desde que seja só dele…está tudo bem para mim.
- Vá, vem lá que está a ficar frio, fofinho.
- Dez minutos, minha rainha.
Marco desligou a chamada e Milicent acabou por se sentar no banco olhando para a imagem de Marco. Estava cada vez mais apaixonada por ele, cada vez mais encantada e rendida à pessoa que Marco revelava ser. Todos os dias que passava com o seu namorado, eram dias felizes, dias de aprendizagem constante. Eram dias de amor. 

Olá meninas
Pois é, aqui está mais um.
Não sei se são capazes de compreender o quão bem me sinto com esta história mas, acreditem, é a que mais me tem fascinado a escrever.
Espero que tenham gostado do capitulo e que deixem os vossos comentários.
Beijinhos.

Ana Patrícia.