segunda-feira, 13 de julho de 2015

35º Capitulo: “Por qual delas estás apaixonado?”

- Então mas ela perdeu o bebé?
- É o que acontece quando alguém aborta, Mario...
- Oh lá estás tu a implicar comigo –
Marlene, que tinha acabado de explicar tudo o que tinha acontecido a Mario caminhando de um lado para o outro, sentou-se ao fundo da cama.
- Desculpa tartaruga – levou uma das suas mãos à cara do namorado, acabando por suspirar – a minha cabeça está uma confusão. A minha mãe está mal...ela queria mesmo aquele bebé, entendes? Só que...acho que a afectou tanto que se esqueceu um bocadinho de todos à volta dela – a mãe de Marlene descobriu, uns dias depois do nascimento de Marten, que estava grávida. Por já ter mais idade, calculava-se que fosse uma gravidez de risco. Marlene ficou entusiasmada com a ideia, sempre soube que os pais queriam mais um filho. E, quando a mãe deu entrada no hospital com fortes dores abdominais, soube que algo não estava bem.
- Como é que ela tem andado?
- Mal fala connosco e quando o faz é para discutir. Come muito pouco e passa praticamente os dias dela enfiada na cama.
- E fisicamente...ficou com algum problema?
- Não. Isso está tudo bem, os médicos descansaram-nos em relação a isso. Ela sempre teve dificuldade em engravidar...esteve quase dois anos para engravidar de mim. Os médicos dizem que pode ser genético.
- E isso afectou-te!
- Não!
- Afectou sim, eu notei! Pela forma como disseste isso, afectou, Marlene.
- Oh. É normal, não é? Eu não quero ter um filho já de seguida mas todas as mulheres devem ter esse sonho, acho eu. E eu não sou excepção.
- Não penses nessas coisas. Os meus genes misturados com os teus fazem filhos num instante!
- Mas eu não quero filhos contigo –
Marlene tentou manter a seriedade mas, ao ver a cara de espanto de Mario, desmanchou-se a rir – eu estou a brincar, gordo. Mas não te ponhas com ideias que vamos já fazer um sobrinho para os outros dois.
- Não, não. Até porque não temos a nossa cama.
- Olha, olha...eu vim para cá e, ainda por cima, ficamos sem sexo na mesma?
- Achas? Mas eu preciso de me pôr a par de todas as novidades, vá. Conta-me tudo o que se passa por lá.
- A minha mãe está como está...
- Tens de me apresentar à sogrinha...pode ser que ela fique encantada comigo.
- Vai sonhando! Olha, tu tens de falar muito a sério com o teu amigo Marco. Ele anda com umas perguntas estranhas.
- Já sei, já sei. Falei com ele de manhã e ele disse-me o que é que perguntou à Mi.

Marlene contou-lhe mais alguns pormenores sobre Marten, partilhou algumas fotografias com ele acabando por adormecer nos braços de Mario vencida pelo cansaço.



- Marco, estão a ligar-te!
- Atende, se faz favor, Mili –
Marco estava a tomar duche, enquanto Milicent tentava manter Marten acordado até iniciarem a viagem até casa da sua mãe.
Pegou no telemóvel de Marco, atendendo:
- Boa tarde.
- Boa tarde...seria possível falar com Marco Reus?
- Neste momento ele não pode atender...eu sou a namorada dele, quer deixar recado?
- Milicent Werner? Muito gosto em ouvi-la! O meu nome é Sebastien, sou jornalista… -
oh boa, Milicent... a imprensa e o mundo para além das quatro paredes que os mantém protegidos naquela casa, ainda assustam Milicent.
- Muito gosto, Sebastien.
- Sabe se o Marco demora?
- É capaz...ele está mesmo ocupado. Mas, esteja à vontade para deixar recado.
- Nós queríamos fazer uma entrevista com ele. Sou do jornal Bild e, no geral, a ideia da entrevista seria falar sobre tudo o que se passou com ele a nível profissional nesta época mas, também, um pouco da vida pessoal dele.
- Fique descansado que eu transmito a informação ao Marco.
- Volto a entrar em contacto com ele dentro de poucos dias. Obrigado e um bom dia.

- Um bom dia para si também.
Milicent desligou a chamada, preparando-se para ir até à casa de banho avisar Marco do sucedido. O telemóvel do namorado voltou a tocar e Milicent reconheceu o número como sendo do jornalista que tinha acabado de telefonar.
- Peço desculpa depois de Milicent atender, não houve tempo para ser ela a começar a conversa é que...gostávamos de juntar alguns testemunhos de pessoas próximas do Marco sobre tudo o que se passou e...como tenho a oportunidade de falar consigo, gostaria de saber se tem disponibilidade.
- É uma proposta um pouco estranha para mim...eu teria de falar sobre ele, é?
- Sim. Responder a umas quantas perguntas mas todas sobre o Marco a relação que têm. Só expõem o que querem...
- Eu dou-lhe já o meu sim. Claro que depois depende da vontade do Marco em relação à entrevista mas, se é para falar sobre ele, conte comigo.
- Muito obrigado. Novamente, um bom dia e não se esqueça de abordar o Marco sobre a entrevista.
- Fique descansado. Um bom dia para si.

Milicent desligou novamente a chamada, indo até à casa de banho. Marco estava em frente do espelho, com uma toalha enrolada na cintura. A rapariga ficou alguns segundos encostada à porta, mirando apenas o namorado. Sentia-se cada vez mais dele, mais unidos. Via-o cada vez mais bonito, com mais charme e encanto.
Marco ajeitava o cabelo mas percebeu que Milicent se aproximava dele, abraçando-o por trás levando as suas mãos ao peito do rapaz.
- Eu estou molhado, Mili.
- Já reparei, já –
Milicent beijou-lhe as costas molhadas, colocando-se em bicos de pé para chegar ao pescoço de Marco. Beijou-o mantendo o seu olhar preso ao dele através do espelho.
- Estou a sentir-me muito assediado pela minha namorada.
- É bom que seja mesmo só por mim –
Milicent riu-se, afastou-se de Marco, sentando-se em cima da bancada ligeiramente ao lado do namorado. Se, se colocasse à frente de Marco, este iria começar por reclamar.
- Quem era ao telemóvel?
- Sebastien, do Bild. Estão interessados em fazer uma entrevista contigo, sobre tudo o que se passou nos últimos tempos, da tua carreira e vida pessoal.
- Oh já começou.
- O Sebastien pareceu muito tranquilo...não parecia daqueles jornalistas insistentes.
- E é.
- Já o conheces?
- Já. Já me fez algumas entrevistas e é um homem cinco estrelas. Mas, entrevistas...já?
- Podes sempre ser tu a propor a data...quando te sentires mais preparado –
Marco colocou-se em frente de Milicent, levando as suas mãos às pernas da rapariga.
- Se eu for a essa entrevista...vais comigo?
- Claro que vou. Se não for eu quem é que segura nas tuas muletas? –
os dois riram-se e Milicent acabou por rodear o pescoço de Marco com os seus braços – como é que te sentes?
- É bom já tomar banho sozinho e arranjar o cabelo sem ter de me segurar às coisas –
tinham passado 21 dias desde o inicio da recuperação de Marco. Ainda só fazia pequenas caminhadas, muitos minutos de bicicleta e massagens. O pé ainda não havia recuperado a sua total sensibilidade e, por isso, ainda usava as muletas para quando andasse por mais tempo que o recomendável – mas é estranho ainda não andar como deve ser.
- Tens de ser mais paciente, fofinho. Foi muito grave, tu sabes disso melhor que ninguém, é preciso calma com o pé.
- E tu tens tido uma paciência para mim...
- Oh se tenho! Devias mandar fazer uma estátua minha e metê-la no jardim! -
os dois riram-se, entregando-se aos lábios um do outro. Milicent puxou-o para junto dela, mordendo-lhe o lábio superior.
- Au! Isso doeu! – Marco riu-se, beijando-lhe a testa.
- Vai despachar-te, vá! Temos de ir a casa dos meus pais, o Marten está rabugento e há final hoje.
- Oh isso.
- Ainda te faz confusão...desculpa.
- Não, não faz. Não é isso...claro que queria estar lá e uau eles estão na final. Mas podemos não fazer disso o evento do ano? –
Milicent saltou para o chão, dando-lhe uma palmada no rabo.
- É o evento do ano sim! – Milicent saiu da casa de banho começando a preparar Marten para saírem de casa.



- É impressão minha ou estás quase a adormecer? – Milicent e Marco estavam os dois sentados no sofá a assistirem à final do campeonato do mundo mas, naquele momento, Milicent sentia que a estava a ver sozinha.
- Estou. Acordei demasiado cedo e amanhã é a mesma coisa por causa dos tratamentos. Eu acho que vou ver como é que está o Marten e vou dormir. Importas-te?
- Eu não. Isto agora é o tudo ou nada no prolongamento mas tu andas mais cansado agora...vai descansar. Eu amanhã faço-te o resumo.

Marco levantou-se do sofá, dando um beijo na testa de Milicent. Dirigiu-se ao quarto onde encontrou Marten de olho aberto mas sossegado. Pegou no filho ao colo deitando-se com ele na cama.
- Sabes uma coisa? – Marco levou a sua mão à barriga do filho, dando-lhe um beijo na cabeça – ainda bem que o mundial está a acabar. A mãe precisa de ter um bocado de descanso disto tudo...tenho a perfeita noção que não tenho sido nada fácil de aturar. Precisamos de férias, de estarmos os três fora daqui e relaxar – e Marco também tinha a noção que, naquele momento, Milicent o ouvia através do intercomunicador.
Milicent optou por desligar o intercomunicador. Por muito que pensasse que Marco poderia estar a falar directamente para ela, queria que ele tivesse aquele momento com o filho.
Concentrou-se no jogo e em tudo o que se passava pelas redes sociais. Iriam a prolongamento e ela odiava aquele sentimento de vamos perder que sentia. Estava tão distraída que se assustou com o som do seu telemóvel. Era Marlene e estranhou por pensar que a amiga estava no estádio.
- Mare?
- Ai Mi, eu estou cheia de nervos!
- Olha és tu e eu! Mas, não deverias estar no estádio?
- Não. Eu não fui. Este calor daqui faz-me confusão, estava muito calor de manhã e decidi ficar pelo hotel a ver.
- Mas estás sozinha?
- Não. Há por aqui putos e pais dos jogadores.
- Estás com os teus sogros?
- Não! Quer dizer...eu ainda não os vi por cá. E o Mario disse que eles iam ao estádio.
- Quando é que vocês decidem conhecer os pais um do outro?
- Ai eu sei lá, Mi. Estamos bem assim, por enquanto. Vá, vai começar o prolongamento, eu depois ligo-te no fim ou amanhã, depende. Se eles ganharem vai haver festa até cair para o lado!
- E eu aqui sozinha!
- Então o loiro?
- Foi dormir. Anda cansado e não estava a aguentar mais.
- Oh boa...estás sozinha. Então olha, amiga minha, vê o jogo e depois vais dormir sossegadinha. Beijo grande.
- Beijinhos. E não te esqueças de me avisar quando chegas!
- Eu não esqueço não
Marlene desligou a chamada e Milicent concentrou-se no jogo.
Passou a primeira parte do prolongamento e golos? Zero! Nem a Alemanha marcou, nem a Argentina e Milicent começava a desesperar por estar ali a sofrer em silêncio. Ainda ligou a Marlene mas a amiga não lhe atendeu o telemóvel.
A segunda parte foi uma verdadeira tortura. A Argentina parecia atacar com mais intensidade e Milicent conseguiu perceber que alguns dos jogadores alemães já estavam demasiado cansados.
- Ei oh! Só faltam dois minutos, vocês marquem! – Milicent falava sozinha gesticulando com as mãos.





Marco sentiu Milicent a deitar-se a seu lado e percebeu que ela estaria a chorar. Virou-se para ela, colocando a sua mão sobre o braço da namorada.
- Perdemos...? – Milicent não conseguiu responder e o seu choro intensificou-se – Oh Mili, não chores, então? – Milicent não lhe respondeu, acabando por se sentar virada para ele. Marco acabou por se sentar também e, mesmo estando às escuras, conseguiu perceber que Milicent sorria mesmo que as lágrimas lhe caíssem pela cara – eu ainda não percebi se ganharam ou perderam...
- Ganharam. 1-0 –
Milicent precipitou-se na direcção de Marco, abraçando-o – o Mario marcou o golo e, porra, ele tinha a tua camisola com ele...o Mario passeou pelo relvado com a tua camisola, levantaram a taça e ele tinha a tua camisola.
Marco não conseguiu dizer nada, abraçando com mais força Milicent.
Naquele momento, Milicent estava feliz, estava demasiado emocionada e os sentimentos todos à flor da pele. Aquele gesto de Mario tinha-a deixado mais vulnerável a toda aquela celebração da equipa alemã.





Marco, Milicent e Marten chegavam ao local onde iria decorrer a entrevista. Um sofá vermelho estava já rodeado de câmaras. Umas de filmar, outras de fotografar e a azáfama era visível. Marco, que vinha de muletas passou à frente de Milicent, que vinha com a babycoque do filho.
- Boa tarde, bem-vindos – uma rapariga, jovem, saudou-os dando um aperto de mão a cada um – sou a assistente do Sebastien, quem vos vai entrevistar.
- Nos vai entrevistar? –
Marco ficou confuso, afinal Milicent ainda não lhe tinha contado que também seria entrevistada.
- O senhor não sabe?
- Deixe-nos um pouco a sós, pode ser? –
Milicent pediu e a assistente do entrevistador acedeu ao pedido. Milicent colocou-se à frente de Marco, deixando a babycoque no chão – lembraste quando ligaram para ti e fui eu a atender? – Marco acenou afirmativamente com a cabeça – então, logo a seguir, voltaram a ligar e, como a ideia é fazer uma reportagem sobre ti, sobre a tua vida, o que passaste nos últimos tempos com as lesões…e a nível pessoal. E…pediram-me para falar de nós. Daquilo que nós somos, para falar do que és e do que passaste visto de fora. Eu aceitei…mas disse logo que se tu não quisesses eu não o faria.
- Queres mesmo fazer isto?
- Sabes que não gosto muito da ideia de me expor, mas a imprensa toda já sabe…qual é o mal de falar do meu homem, com o maior orgulho de todos?
- Nenhum…
- Posso faze-lo, então?
- Se é o que queres…só posso sentir-me lisonjeado –
Marco apenas encostou a sua testa na de Milicent – eu amo-te tanto, Mili.
- E eu amo-te ainda mais, meu herói –
os dois trocaram um curto beijo, sendo interrompidos por alguém.
- Desculpem interromper…mas temos de preparar-vos para a entrevista.
- Claro – Marco foi o primeiro a seguir o senhor que os tinha abordado e Milicent, depois de pegar na babycoque, seguiu-os também. Colocou a babycoque em cima do pequeno sofá que se encontrava ali, pegando em Marten ao colo. Sentou-se ao lado de Marco, que falava com a senhora que o maquilhava, e, de imediato, o bebé abriu os olhos.
Milicent olhou para o namorado através do espelho e os dois sorriram. Era um gesto normal: Marten abrir os olhos ou mexer-se ao ouvir a voz do pai. O facto de, no seu já longo mês e meio de vida, estar sempre perto do pai fez com que se aproximassem e a reacção às vozes fosse mais imediata.
Estavam os dois a prepararem-se para a entrevista, sendo que a Milicent apenas estavam a arranjar-lhe o cabelo, ao mesmo tempo que ela massajava a barriga do filho.
- Estás pronto? – Um senhor um pouco mais velho aproximou-se da cadeira onde Marco estava sentado e, aos olhos de Milicent, era perceptível que eles já se conheciam.
- Sim, queres começar?
- Vamos a isso. Primeiro contigo e depois com a senhora Reus –
o senhor aproximou-se da cadeira de Milicent, olhando para Marten – muito gosto em conhece-los – esticou a sua mão na direcção de Milicent e ela apertou-a com a sua – primeiro irá o Marco e só depois vai você, sim?
- Claro, com certeza.
- Mas pode sempre ir connosco para assistir.
- Obrigada.

- Miúdo, encontramo-nos em cinco minutos.
- Tudo bem, Sebastien –
o senhor, que seria o entrevistador, afastou-se e, tanto Marco como Milicent, levantaram-se – vens comigo?
- Vamos. Eu e o menino vamos estar ali…e depois eu quero-te comigo!
- Vai correr tudo bem, rainha –
Marco deu um pequeno beijo a Milicent e, de seguida, beijou a bochecha do filho.
Marco começou a caminhar, seguido por Milicent que levava o pequeno Marten ao colo. Marco cumprimentou algumas das pessoas que ali se encontravam, indo sentar-se no sofá.
- Vamos começar?
- Sim, sim –
Milicent sentou-se, então, numa cadeira mais afastada, conseguindo ver Marco e não perturbando o que ali se estava a passar.
- 2014 tem sido um ano de muitas mudanças na tua vida…uma época cheia de troféus individuais, uma campanha europeia bem conseguida, um divórcio, um filho e uma lesão. Que Marco tenho na minha frente, neste momento? – “Perguntas difíceis logo para começar…” pensava Marco para si mesmo. Milicent olhava para ele esperando, também ela, uma resposta aquela pergunta.
- Sou um Marco igual com pequenas diferenças. No inicio da época, em Agosto do ano passado, apenas pensava que tinha de conseguir uma época fenomenal, que precisava de estar no meu melhor para chegar ao fim e ter a certeza que tudo tinha valido a pena. Haviam objectivos, metas a atingir...eu tinha de me preparar bem para uma época exigente. Em Outubro descobri que ia ser pai… - Marco fez uma pequena pausa, olhando para Marten – depois de tantos problemas com o divórcio, alguns problemas na relação com a Milicent…o facto de irmos ser pais deu-nos a estabilidade que precisávamos. Apesar de nada ter sido planeado, de nos julgarem por ser tão rápido, fez com que nos uníssemos mais. Descobrir que iria ser pai...trouxe uma nova perspectiva à nossa relação e às nossas vidas. A partir daí tudo corria maravilhosamente bem. Foi uma gravidez tranquila mas o menino decidiu nascer mais cedo e, três dias depois de ele nascer…o sonho do mundial acabou.
- É isso o que mais custa? Não ter ido para o Brasil ajudar a selecção alemã?
- Poderia ter sido pior…acho que se tivesse morrido teria perdido tudo o que consegui ter neste mês com o Marten. Mas…o mundial era um sonho. Desde criança sonhava puder jogar um mundial ao serviço da minha selecção. São coisas da vida que acontecem…custou imenso, foram dias, semanas, difíceis e havia sempre uma tristeza -
eles, Milicent e Marco, sabiam perfeitamente que aquilo era verdade. Por mais que Marten tivesse mudado a vida deles, por mais que se amassem e que se rissem, eles sabiam que havia tristeza. Era o sonho de Marco que tinha acabado.
- O teu filho, o Marten, fez com que a tristeza diminuísse?
- Um pouco…a Milicent estava em Dortmund e saiu da maternidade no dia em que eu me lesionei. Eu só estive com eles no dia em que o menino nasceu…ele era para ter nascido no fim do mundial, eu iria conseguir acompanhar os primeiros tempos de vida dele, mas ao nascer mais cedo isso não ia acontecer. Lesionei-me e só fui para Dortmund no dia seguinte…quando cheguei a casa tinha-os aos dois à minha espera. Qualquer dor, tristeza ou mágoa ficou de lado…eles eram o mais importante. Saber que o meu filho e a minha namorada estavam bem e ali, para mim, era o mais importante –
tanto Marco como Milicent relembravam aquele momento como se o tivessem vivido naquele momento. Os dois olharam-se e um sorriso formou-se nos lábios de ambos.
- Essa mágoa, tristeza de que falas…já passou?
- Não…está presente todos os dias. Ainda nem a meio da recuperação estou e todos os dias me recordo que eu deveria ter ido para o Brasil, que eu ia jogar o meu primeiro mundial. Dou por mim a pensar como é que seria marcar um golo pela minha seleção, como seria estar com eles e criar uma rotina com pessoas que tinham o mesmo objectivo que eu. Dou por mim a pensar...como seria erguer a taça e ser campeão. Mas depois…tenho as duas pessoas mais importante do mundo comigo e isso acaba por passar um pouco.

- Como é que foi ver o Götze com a tua camisola nas mãos?
- Eu não vi… -
Marco acabou por esboçar um sorriso, mesmo que ainda custasse lembrar-se daquele dia – Devo confessar que me fui deitar antes do jogo acabar. Estava triste e chateado por não estar lá. E tinha tratamento no dia seguinte de manhã cedo…a Milicent é que me disse.
- E como é que te sentiste ao saber que ele envergou a tua camisola?
- Reconforta-me saber que o Mario, mesmo numa fase em que a euforia era evidente, pensou em mim. É muito bom saber que tenho ali um irmão para a vida –
Marco fez uma pausa, ajeitando-se no sofá e Sebastien avançou.
- Continuas a dar-te bem com o Mario?
- Acho que nunca me dei bem com ele… -
as gargalhadas foram gerais. Qualquer um dos presentes naquela sala sabia que aquilo era mentira – o Mario é o irmão que eu nunca tive. De sangue tenho duas irmãs…e depois tenho-o a ele. Ainda por cima é mais novo…houve logo grande empatia quando nos conhecemos e tem sido até aos dias de hoje.
- Será o padrinho do Marten?
- Ainda não existiu essa conversa entre mim e a Milicent…mas porque não? Ele e a Marlene seriam os padrinhos perfeitos para o nosso filho. Mas são bons tios por enquanto...há imensas hipóteses para padrinhos, mas eles, sem duvida, serão padrinhos dos meus filhos.

- Muito se tem especulado sobre o teu futuro: Barcelona?
- O meu contrato é com o Dortmund, foi com eles que renovei e é no meu clube que me sinto bem.
- Como é que encaras-te, e encaras, a saída do Mario e do Lewandowski para o Bayern?
- Cada um estava à procura do que era melhor para a carreira deles. É compreensível que os condenem por terem ido para o clube rival ao Dortmund…mas eu acabo por ver as coisas de uma perspectiva mais profissional. Eu sinto-me bem no Dortmund, tenho espaço para evoluir, tenho condições que me dão confiança…eles precisavam disso e encontraram-nas no Bayern.
- Passemos a outro assunto: Milicent…é um bonito nome, não?
- É ainda mais bonita a minha Milicent –
os dois riram-se e Marco olhou para a sua namorada que estava visivelmente envergonhada.
- A vossa relação…é peculiar, no mínimo.
- Somos especiais. Agora que a relação é pública já não podemos ser como éramos no inicio. A Milicent é uma pessoa reservada, tal como eu, mas no inicio pouco nos importávamos com isso porque nos mantínhamos mais escondidos…
- Por causa da Carolin?
- Também…também. Tínhamos consciência do que estávamos a fazer mas estávamos a viver.
- Como é que é a Milicent?

- Eu tenho várias… - fez uma pequena pausa rindo sozinho para, de seguida, continuar – havia e há a Milicent amante, há a Milicent namorada, a amiga, a confidente, a estudante e, mais recentemente, a Milicent mãe.
- Por qual delas estás apaixonado?
- Por todas no geral e por todas no particular. Ela é uma pessoa com os pés bem assentes no chão, tem um feitio muito próprio: ela é amiga, sabe ouvir, aconselha-me como ninguém, ela estuda e empenha-se como ninguém e…é uma mãe que nem sei descrever. Tudo o que o nosso filho é…é ela. São teimosos –
Milicent riu-se…sabia que era verdade o que Marco estava a dizer – tem teimosia a mais às vezes. Mas ela…ela é a melhor pessoa que existe no planeta. E ela faz de mim um namorado muito orgulhoso na namorada.
- É para casar?
- Quem sabe…seremos sempre como temos sido até hoje, tenho intenções de a ter na minha vida sempre, de casar com ela…para o resto da vida. Com tudo o que aconteceu no passado recente pode não parecer, mas eu levo os relacionamentos que tenho muito sérios -
Milicent percebia que Marco ia entrar pelo assunto deles, pelo assunto do amor e dos problemas com Carolin - os relacionamentos que tive foram sérios e acabaram quando tiveram de acabar. Eu estive casado cerca de oito meses...se bem que terminei tudo com a Carolin duas semanas depois do casamento. Eu sei que sou julgado, que muitas pessoas criticam as escolhas que fiz...mas é a vida que eu escolhi, a vida que quis e o amor que eu quis - Marco olhou para Milicent paralisando por completo. Sebastien tinha feito sinal para que continuassem a filmar e deixou Marco seguir com o seu raciocínio - ela é a mulher da minha vida. Pretendo que ela seja a última mulher da minha vida, a minha amante de todos os dias, a namorada, a mulher...a mãe dos meus filhos. É o meu amor...a mulher da minha vida, a rainha...amo-a como nunca amei ninguém. Amo o nosso filho de uma maneira inexplicável e ficarei do teu lado sempre, Milicent - Marco percebeu que tinha falado directamente para a namorada e se tinha esquecido das câmaras. Olhou para Sebastien que lhe sorria.
- Quando estivermos a tratar da edição da reportagem podemos retirar esta parte...
- Creio que não vale a pena...é a verdade e não me envergonho de a expor nem de falar sobre ela.
- Podemos prosseguir? -
Marco assentiu afirmativamente com a cabeça e Sebastien continuou - Como é que é ser pai?
Marco fez uma pausa relembrando o momento em que segurou, pela primeira vez, o seu filho nos braços.
- Ser pai...eu sempre quis ser pai. Sempre foi um objectivo, uma vontade, um desejo. A gravidez da Mili não foi planeada, nem pensada...mas foi um momento lindo. Conciliar uma época profissional excelente com uma vida pessoal assim...foi tão bom. É certo que houve problemas...todos os casais os têm...mas nós tínhamos o Marten a caminho, tínhamos o nosso filho a caminho. O nascimento...acho que veio na altura certa. Fez-me olhar para a lesão de uma maneira diferente e apoiar-me mais nele. É o meu menino...o pequeno homem da nossa vida.
- Uma última pergunta: como vai ser daqui para a frente?
- É recuperar. Recuperar para no inicio da nova época estar a 100%. Mas também é aproveitar as férias com a família, organizar o futuro e desfrutar a vida ao máximo.

- Feita a primeira parte. Fazemos uma pausa de 10 minutos enquanto eu falo com eles e com a produção - Sebastien deu ordem a que os câmaras fizessem uma pausa, chamando Milicent para junto deles. Milicent levantou-se, com o filho nos braços e foi ter com eles ao sofá vermelho. Sentou-se ao lado de Marco que, de imediato, retirou o filho dos braços de Milicent.
- Isso assim não vale! - Milicent "reclamou" com Marco que nem sequer lhe deu atenção e apenas olhava para o filho, completamente embevecido. Foram surpreendido pelo regresso de Sebastien.
- Enquanto ouvia o Marco responder-me às minhas perguntas...surgiu-me uma ideia. Vou agora passar à entrevista com a Milicent mas...o que é que acham de responderem a umas perguntas rápidas os dois lado a lado? - Marco olhou para Milicent, esperando que fosse ela a responder. Sebastien tinha voltado para junto deles, propondo-lhes um novo acordo.
- Porque não...?
- Isso é um sim?
- É sim, Sebastien -
respondeu Marco, concordando com Milicent.
- Perfeito. Vou avisar o produtor e os câmaras enquanto vocês descansam um pouco - Sebastien levantou-se indo conferenciar com outras pessoas.
Milicent rodou o seu corpo ficando a olhar para Marco que olhava para Marten.
- Tenho muito orgulho em ti, Marco - Marco, ao ouvir tais palavras, olhou para a sua namorada.
- E eu tenho ainda mais orgulho em ti... - Milicent encostou os seus lábios nos do namorado por breves segundos, já que estavam rodeados por pessoas "estranhas".
- Estás bem?
- Sim...fez-me bem falar de tudo...assim.

- Tens dores?
- Não, bebé. Está tudo bem -
desta vez foi Marco quem encostou os seus lábios nos de Milicent e os dois foram interrompidos pela assistente de Sebastien.
- Vamos avançar com a entrevista à senhora Reus - para Milicent era estranho ser tratada assim, mas para Marco era a prova que a viam como a sua mulher.
A assistente acabou por pegar em Marten ao colo para Marco se levantar. Ele deu um beijo a Milicent indo ocupar o lugar onde ela tinha ficado durante a sua entrevista. Marten foi colocado nos seus braços e Marco sabia que a entrevista iria começar em breve. Aproveitou para partilhar uma imagem no seu instagram naquele momento.

A primeira grande entrevista da Milicent.
 

- Bem-vinda, Milicent – começou Sebastien.
- Obrigada.
- Quero que te sintas à vontade, tal e qual como o Marco. Pensa que estamos só a ter uma conversa, sim?
- Claro. Obrigada –
Milicent percebeu que Sebastien a tentou acalmar naquele momento. Era tudo muito estranho para ela. As poucas vezes que tinha estado em contacto com a imprensa não era assim tão pessoal. Quem estava sempre em destaque era Marco e não ela.
- Estás preparada? – Milicent, ao ouvir aquela pergunta, olhou para Marco que sorriu.
- Sim – a rapariga respirou fundo e Sebastien deu sinal para que começassem a gravar.
- Tal como para o Marco 2014 tem sido um ano de mudanças, calculo que para ti também o seja…
- É. Sem dúvida nenhuma –
Milicent fez uma curta pausa, cruzando as pernas – daqui a uns dias começa o oitavo mês do ano e eu posso dizer, com toda a certeza, que 2014 é o melhor ano da minha vida.
- Mesmo como todos os acontecimentos menos bons?
- Sim. Eu sei que existem muitas pessoas, espalhadas pelo Mundo, que acham que eu não estava na relação com o Marco por amor mas sim por interesse. Tenho tentado que mudem essa opinião a meu respeito, mas sei que é difícil. Com o divórcio do Marco, eu conciliei uma gravidez com aulas e todos os problemas que apareceram pelo meio. Mas foi um óptimo ano, um ano em que cresci do lado dele –
Milicent olhou à sua volta, sorrindo – nunca me imaginei nesta situação. A dar entrevistas, a expor-me a toda a sociedade alemã e, até mesmo, mundial. Mas é algo que me dá um orgulho imenso. Porque estou aqui, sobretudo, porque reconheceram que sou alguém especial na vida do Marco.
- Como é que descreverias a vossa relação?
- É bastante complicada –
viu que Marco a olhou de uma maneira estranha, mas ela sorriu – é complicada de explicar ou descrever porque é muito nossa. É muito vivida pelo amor e não é, apenas, só uma relação. Apoiamo-nos um ao outro nos momentos mais difíceis, rimos à gargalhada até nos doer a barriga, choramos quando é preciso e discutimos como qualquer casal. Posso dizer que a nossa relação é amor, apenas e só amor. Vivemos a nossa vida sem pensarmos no amanhã.
- E, se te pedisse para descreveres o Marco…conseguias?
- Isso é bastante fácil, descrever aquele cromo é fácil –
tanto Milicent, como Sebastien e Marco se riram. Ela começava a sentir-se solta e ela própria a falar – o Marco é muito tímido – Sebastien olhou-a surpreendido – eu sei que não parece, nunca pareceu na nossa relação, mas é. Fica envergonhado em público, a dar entrevistas. Eu noto isso, talvez porque, em casa, ele não seja assim. É uma pessoa tranquila, que gosta do seu canto. Não queiram estar com ele quando um treino ou um jogo corre mal…ele torna-se a pessoa mais mal disposta do Mundo – Milicent riu-se, olhando para Marco que abanou a cabeça a rir-se – é um namorado que gosta de fazer surpresas…mas faz poucas. É um pai, um pai de coração. Acho que estava destinado a que ele fosse pai nesta altura…a forma como ele segura no Marten, como ele o embala, como brinca com ele ou até a falar, faz-me ter a certeza que os meus filhos, terão o melhor pai do mundo. Às vezes não sei bem o que sinto quando olho para ele, já é mais do que paixão e amor…já é muito mais para além disso. Já não sei o que seria a minha vida se ele não estivesse nela – Milicent estava calma, nada envergonhada e com um sorriso enorme nos lábios.
- Vejo que és bastante romântica na maneira de falar…
- Estou apaixonada, que posso eu fazer? Apaixonada desde o primeiro dia, até hoje. Com altos e baixo, com sorrisos e lágrimas, mas o meu amor por ele cresce todos os dias.
- Aposto que ele deve precisar de um babete ao ouvir estas palavras –
Milicent olhou para ele, percebendo que ele estava envergonhado.
- Se calhar precisa de um buraquinho para se esconder – todos os presentes se riram.
- Quer ir para ao pé da sua namorada? – Uma das assistentes fez aquela pergunta a Marco.
- É mais daqui a pouco…
- A produção diz que pode ir já. Nós ficamos a olhar pelo menino –
Marten já estava na alcofa e Marco olhou para ele antes de se levantar.
Levantou-se, caminhando com calma até junto de Milicent.
- Ainda bem que te juntas a nós – disse Sebastien, depois de Marco se sentar. Milicent, de imediato, chegou-se mais para junto de Marco, dando-lhe a mão. Ele percebeu que ela estava a tremer e, numa tentativa de a acalmar, levou a mão dela até aos seus lábios, beijando-a – Milicent, agora do lado do Marco é mais fácil ou mais difícil de falar?
- É igual…mas sinto-me muito melhor agora com ele aqui.
- Então, para continuar, como foram os primeiros dias da lesão do Marco para ti?
- A pergunta difícil –
Milicent olhou para Marco que baixou a cabeça. Ela não hesitou e levou a mão até à cara do namorado – ainda é muito complicado falarmos disto. Eu cheguei a casa e houve qualquer coisa estranha em mim…precisei de ligar logo a televisão para saber como é que ele estava. E não estava bem, como se sabe – Milicent levou a mão de Marco até à sua barriga, fazendo pequenos círculos com o seu dedo sobre ela – tinha chegado da maternidade com o Marten e toda aquela situação deixou-me sem chão. Não era só o sonho dele que estava a acabar…eu sonhava com ele a mesma coisa. Esperámos, eu e o Marten, pelo Marco e quando ele chegou a Dortmund acho que foi dos momentos mais complicados que vivi. Ele tentou acalmar-me, tentou parecer bem mas eu sabia que ele não estava. Mas, depois de falarmos e depois de ele ver o filho…acho que tudo melhorou. Posso dizer que, aos meus olhos, o Marten deu a força ao Marco que ele precisava.
- E tu também, Mili.
- A entrevista é minha, senhor Reus –
todos se riram e Milicent deu-lhe um pequeno beijo na bochecha – não, mas a sério…ele e o filho criaram uma relação que só me deixa feliz. Eles amam-se mais do que pai e filho, eu sei disso. Foram dias difíceis…mas tornaram-se fáceis com o Marten.
- Como é que é ser mãe?
- É difícil, mas tenho a sorte de ter um filho calmo e um namorado que me ajuda em tudo.
- Ele acorda a meio da noite para ajudar?
- É o primeiro a acordar, sempre. Mas como ele esteve muito tempo mais debilitado era mais eu que me levantava sempre. Mas ele ajuda imenso.
- Como achas que vai ser a recuperação dele, daqui para a frente?
- O Marco tem recuperado mais depressa do que se pensava. Já só usa as muletas para não fazer tanta força no pé, talvez mais uma semana e deixes de as usar, não é? –
Milicent olhou para ele que acenou afirmativamente com a cabeça – E depois é fazer os tratamentos, os treinos condicionados e apontar para um regresso em grande.
- Numa palavra, como é que os descreverias?
- Herói.
- E…porquê?
- Porque…é uma pessoa com um coração enorme, com vontade de ajudar os outros, com uma garra e determinação como eu nunca tinha visto. É o meu herói porque, de qualquer maneira, acaba por me salvar todos os dias ao dar-me uma vida ao lado dele.
- Ela às vezes diz coisas…bem bonitas, não é Marco?
- Diz sempre…esse é que é o problema. Tem dias que se põe com discursos enormes de como eu sou o homem da vida dela ou de como se sente privilegiada por estar ao meu lado e essas lamechices mas…ela não tem noção de como eu é que agradeço, todos os dias, a Deus por a ter colocado na minha vida.



Milicent respondeu a mais umas perguntas sobre a sua vontade de ser pediatra, até que passaram para as perguntas em comum:
- Usem apenas uma palavra para me responder: cor preferida um do outro?
- Vermelho –
respondeu Marco.
- Preto…não, não o branco – Milicent estava confusa entre as duas cores.
- Confirmam?
- Eu confirmo. Acho o vermelho uma cor quente, apaixonante e romântica.
- Eu dizia que era o preto…mas acho que é o branco, não sei –
todos se riram percebendo que, nem Marco sabia a sua cor preferida.
- Muito bem, a próxima: se só pudessem salvar uma pessoa, no Mundo, de uma inundação quem salvavam?
- O Marten –
os dois responderam ao mesmo tempo, olhando um para o outro.
- Esta pareceu-me óbvia – comentou Sebastien – Mario e Marlene, o que são para vocês?
- Irmãos –
mais uma vez, os dois, responderam ao mesmo tempo rindo-se.
- Porque?
- Acho que eles vão ficar ultra convencidos com as nossas respostas, Marco –
disse Milicent rindo-se mas respondeu primeiro – eu conheço a Marlene desde sempre. Temos a mesma idade, sempre fomos vizinhas e, mais do que isso, somos irmãs. Amo-a imenso para a considerar família. E o Mario veio por acréscimo. Assim que começou a namorar com a Marlene foi imediato darmo-nos bem, dependendo dos dias que ele é chato. Vivi uns tempos em casa dele, por causa do estágio e percebi que era mais uma pessoa em quem podia confiar – Milicent olhou para Marco, esperando que ele respondesse.
- Comigo passa-se o contrário. O futebol deu-me a conhecer o Mario e quando passamos a jogar juntos foi imediato dar-me bem com ele. É chato, muito mesmo, mas é boa pessoa, ajuda-nos quando mais precisamos e está sempre presente em todos os momentos. A Marlene, é a minha cunhada de eleição, quase uma irmã. E é fantástico como ela nos ajuda imenso e ajudou nos primeiros dias com o Marten em casa. É uma rapariga cinco estrelas.


- Vá, contem-me, como é que correu?Perguntava Marlene, depois de Milicent e Marco chegarem a casa com Marten. Marlene estava em Berlim nos festejos da selecção.
- Correu bem – começou Milicent.
- Dissemos que tu e o Mario são uns chatos – respondeu Marco, já que a chamada estava em alta voz.
- Confirmo. Nós dissemos mesmo que vocês são chatos – tanto Milicent como Marco se riram.
- Quando é que podemos ver a entrevista?
- Daqui a uns dias, talvez –
Milicent deixou o telemóvel em cima da mesa de centro, preparando-se para dar de mamar a Marten – olha como é que isso está?
- Quente! É muito sol e o Mario está bêbedo! Anda para ali todo animado e com uma caneca de cerveja enorme.

- Que horror, nem sabe beber com moderação.
- Vá, ele só está ligeiramente alegre. Miúdos!?
- Sim? –
tanto Marco como Milicent responderam ao mesmo tempo.
- Gosto muito, muito de vocês! Vemo-nos daqui a uns dias em Ibiza, sim?
- Eu ainda nem acredito que vou ter de levar com vocês nas minhas férias –
comentou Marco.
- Foste tu que combinaste tudo com o Mario e estás a reclamar? Já não te dou a minha prenda do Brasil!
- Olha e compraste uma para mim? Eu faço anos daqui a uma semana!
- Ai! Eu esqueci-me!
- Rica amiga!
- Vá, vá, não chores que ainda vais apanhar uma surpresa de todo o tamanho, vais -
Milicent olhou para Marco que encolheu os ombros – não, o Marco não sabe de nada. E adeus, vou tirar a cerveja das mãos do Mario. 
Milicent ficou confusa naquele momento mas tinha certeza de uma coisa: iria aproveitar as férias ao máximo para descansar, relaxar e divertir-se. Mesmo que levassem Marten, seriam férias para aproveitar à grande. 
 
 
 Olá meninas!
Cá está mais um capítulo. E, por mera curiosidade, à um ano a alemanha conquistava o Mundial do Brasil. Não foi programado...aconteceu. Estas coincidências s
são engraçadas.
Bom, mas isso não interessa muito. Espero que tenham gostado do capítulo e que deixem as vossas opiniões.
Um beijinho.
Ana Patrícia.