sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

3º Capitulo: "Tu dás-me pica. Dás-me vontade de estar contigo, de esquecer que o dia de amanhã existe e fico a pensar no dia de hoje."

 - Não, não, não, não – Milicent acabou por cair na realidade. Voltou a colocar os pés no chão e afastou-se de Marco. Ambos sabiam que aquilo que estava a acontecer entre os dois era inexplicável. Era difícil, para eles, explicarem o que estavam a sentir um pelo outro, o que estavam a desejar um do outro.
Milicent encostou-se à porta da casa da piscina. Deixou a sua testa encostada à porta respirando fundo vezes sem conta. Ela precisava de se acalmar...aquele beijo, só aquele beijo, tinha-a deixado fora de si. Marco percebia que a rapariga estava insegura...ele também estava. Queria estar com ela, queria que não existisse um casamento amanhã. Mas há...e vai acontecer.
Ele chegou perto dela, afastou-lhe o cabelo que estava junto do seu pescoço e beijou-o. Por mais que soubesse que as coisas entre os dois não seriam as que ele queria...estava disposto a ter momentos com Milicent.
- Pára...não pode ser Marco.
- Mas porque?
- Porque não dá. Consegues entender isso?
- Não. Porque para mim poderia dar.
- Mas não pode! Casas amanhã!
- E...não conseguias encontrar-te comigo mesmo que fosse um homem casado? - Milicent não queria acreditar que estava a ter esta conversa, a ouvir tudo o que o Marco lhe estava a dizer.
Milicent virou-se para Marco...estava melhor se olhasse nos olhos dele. Sempre conseguiu olhar nos olhos das pessoas e perceber o tipo de sentimento que lá estão. Mas nele...não entendia nada. Os olhos de Marco, por si só, faziam Milicent tremer e perder completamente o raciocínio.
- É melhor eu ir andando – a jovem queria sair dali...queria que o seu coração deixasse de bater ansiando por mais um beijo, por mais um toque, por mais olhares. Ficar ali mais tempo significaria ficar mais presa a Marco.
- Não vás...responde-me à pergunta que te fiz.
- Nunca pensei, ao longo da minha vida, chegar ao dia em que me iriam perguntar se era capaz de ser amante de alguém.
- Eu não te estou a perguntar isso...
- Ai não? Olha...então faz a pergunta de outra maneira porque foi isso que eu percebi.
- Eu vou casar amanhã – Milicent sabia que aquilo era a verdade, mas ouvi-lo assim, em voz alta e da boca de Marco, parecia um murro no estômago, uma chapada sem mão – não sei o que é amar. É uma palavra demasiado perfeita para se saber o significado. Eu não amo a Carolin...estou apaixonado por ela, tenho um carinho enorme por ela...mas não a amo. Só devo saber o significado dessa palavra quando chegar ao dia em que...tiver a noção de que amo alguém. Tu dás-me pica. Dás-me vontade de estar contigo, de esquecer que o dia de amanhã existe e fico a pensar no dia de hoje. Eu quero estar contigo...enquanto tu o permitires. Eras capaz disso? É só isso que te pergunto: se eras capaz de fazer parte da minha vida...mesmo existindo uma Carolin Reus?
Milicent...sabia que teria de explicar algumas coisas da sua vida a Marco. Não poderia, simplesmente, responder àquela pergunta sem lhe explicar o que a leva a responder da maneira que quer responder.
- Sinceramente...achava, e continuo a achar, que há uma coisa que acabará por existir entre nós: sexo. Sinto-o quando me tocas, quando me olhas, quando nos...beijámos. Os relacionamentos que tive...foram complicados. É estranho, para mim, envolver-me com rapazes. As coisas não me saem bem, não sei como agir com eles...deves estar a pensar “como?”. Eu não sei mas ontem na discoteca tu...surpreendeste-me, mexes-te comigo, com a minha cabeça, com os meus sentimentos. Estou baralhada, estou confusa, mas quero-te! Quero-te como nunca quis um rapaz, como nunca quis um homem. Não me via metida no meio de uma cena destas...vais casar, vais estar comprometido, mas eu quero-te comigo!
- Eu posso...não casar. Eu tenho dúvidas...
- Não. Tu não as tens. Tu pensas que tens mas as dúvidas não existem. E...a ideia de ser tua amante agrada-me... - Milicent percebia que aquilo que estava a dizer era mau demais – ai não...não me agrada, é horrível, ai não!
Marco calou-a com um beijo, eles precisavam daquele beijo, daquela entrega, daquele desejo, daquela união. O desejo que tinham um pelo outro aumentava, aumentava a um ritmo que nenhum saberia explicar. Beijavam-se, as suas línguas passaram a movimentar-se em sintonia, as mãos percorriam o corpo um do outro e existia violência. São violentos, são desejosos um do outro...mas sem se magoarem, sem se atingirem a nível físico.
- Eu queria ter mais tempo aqui contigo... - Marco acabou por interromper o beijo, era só um beijo mas ambos estavam ofegantes.
- Está na hora de ir embora, é isso?
- Não...não é isso...mas estás a mexer comigo e para fazermos alguma coisa iria demorar muito tempo.
- Não sabes ser rápido? - Milicent sabia ao que Marco se estava a referir...porque ela também queria. Ela queria começar a insistir que as coisas iriam avançar. Que ela ia ser amante dele...durante pouco tempo, mas iria.
- Sei...mas para primeira vez as coisas têm de ser bem feitas.
- Então não sabes ser rápido, eficaz...e bom.
- Ai...sei! Mas não quero que seja rápido, entendes?
- Acho que sim...
- Esta casa não é minha...
- Não? - antes que Marco conseguisse terminar o seu raciocínio, Milicent já o estava a interromper devido ao que tinha acabado de ouvir. Aquela não era a casa de Marco? Então o que é que estava ali?
- Não. Esta casa é da Carolin, eu é que me mudei para aqui.
- E trouxeste-me para aqui? Juro-te...isto é absolutamente horrível!
- Mas não é por isso que me largaste, por isso caluda! - Marco beijou a rapariga...mas acabou por quebrá-lo cedo demais, para Milicent. Ela pensava que aquele beijo ia ser mais longo, mas não o foi... - querias mais, não era?
Milicent mordeu o seu lábio inferior. Aquele desejo aumentava, Marco mexia com o mais íntimo do seu íntimo. Marco mexia com ela só com o facto de respirar, só com o facto de cheirar bem.
- Vamos mesmo ter de parar...vou levar-te onde quiseres mas temos de ir porque daqui a nada ela deve estar a chegar e deve vir stressada por causa de amanhã.
- Claro.
- Uma coisa: eu ainda mantenho a minha casa de solteiro...passas a noite comigo?
- Hoje?
- Sim...acho que amanhã é impossível de passar a noite contigo, mas hoje...hoje podes ser a minha verdadeira despedida de solteiro.
- Tu metes as coisas nesses termos e o que ainda não começou entre nós, não chega a começar.
- Falas a sério?
- Falo! É complicado de ouvir as coisas assim...eu sei que posso vir a ser a outra...
- Serás a única outra e a única que poderá passar as noites comigo.
- É...e a tua mulher vai ficar a pão e água.
- Pode ficar...ainda falta tempo para acabar os jogos e o cansaço começa a verificar-se sabes?
- É...mas ouve lá uma coisa – Milicent, que até então permanecia junto de Marco, afastou-se um pouco mantendo as suas duas mãos no tronco de Marco – não deixes a rapariga a pão e água...podia dar nas vistas.
- E aceitas partilhar-me com outra?
- Aceitar...aceito. Desde que depois de estares com ela não venhas ter comigo a cheirar a perfume de mulher.
- Vou tomar sempre banho e por perfume antes de ir ter contigo, ou que tu venhas ter comigo.
- Também não exageres...ainda gastas a pele.
- Como é que as coisas acabam por ser assim?
- Esquisitas?
- Não diria esquisitas. As nossas cenas não são esquisitas...são loucas, tontas, eu desejo-te, tu desejas-me...e são assim. Mas nunca me imaginei estar prestes a casar e querer estar com outra pessoa.
- Tu estás confuso...viste um rabo de saias e ficas-te todo entusiasmado. Eu, por acaso, também fiquei entusiasmada aí com as tuas coisas e sei que isto vai durar muito pouco tempo, mas olha...se eu não aproveitar ainda te aproveitas de outra.
- Não...só tu mexeste comigo.
- Até aparecer a próxima Marco.
- A ver vamos. Ainda te vou ver como a próxima Reus.
- É...sim, sim. É isso e o Brad Pitt divorciar-se da Angelina para casar com o Götze.
Marco, depois de ouvir aquilo que Milicent acabara de dizer, só conseguia rir que nem um perdido. Milicent percebeu que aquilo que disse tinha a sua piada e os dois acabaram por rir.
O contacto entre os dois era permanente, mas Milicent queria aproveitar já que eram os últimos minutos que estariam juntos. Rodeou a cintura de Marco, agarrando as suas próprias mãos. Marco fez o mesmo, roçando o seu nariz no de Milicent.
- Passas a noite comigo?
- Na tua casa?
- Sim.
- Passo.
- A sério?
- Sim! - Milicent tomou ela a iniciativa e beijou-o. Conheciam-se à pouco tempo e à muito menos tempo tinham dado o primeiro beijo...mas as bocas dos dois encaixavam na perfeição uma na outra. Era como se já se conhecessem ou então estavam a deixar-se levar por todos os sentimentos.
- Onde é que te vou buscar? - perguntou Marco, interrompendo aquele beijo.
- Onde quiseres...
- A tua casa?
- Se achares que fica bem para ti...
- Não há problema?
- Não...eu moro com os meus avós e já contei a história à minha avó. Não lhe contei quem és...só as coisas por alto.
- E mesmo assim estás aqui?
- A minha avó só quer que eu seja feliz e que acorde com o mesmo sorriso que acordei hoje...que já não estava lá à muito tempo.
- A sério?
- Sim...vá, mas vamos lá embora.
Os dois beijaram-se uma última vez. Marco abriu a porta, espreitando a ver se via algum movimento. Estava tudo tranquilo e os dois saíram da casa da piscina em direcção ao carro de Marco.

****

Milicent tinha-se esquecido completamente de que teria de trabalhar. Respondeu à pergunta de Marco sem pensar duas vezes, combinou tudo e nunca se lembrou que era noite de estar na discoteca. Sabias que, ao faltar, era menos dinheiro que receberia no final do mês mas também não contava faltar muitos mais dias. Além de que o facto de ontem à noite todos a terem visto um pouco constipada ajudou para inventar uma desculpa: não estava melhor.
Contou tudo à sua avó. A sua fiel companheira e que sempre a aconselha pelo melhor. É óbvio que Jolandi nunca pensou que a sua neta se iria envolver com um homem prestes a casar, prestes a comprometer-se com um futuro com outra mulher. Jolandi iria esperar que a neta se envolvesse com ele, que o tempo passasse, mas que as coisas não ganhassem uma dimensão muito grande. Jolandi teria de ser a mãe da sua pequena e teria de estar com os olhos bem abertos.

Milicent preparou-se, como se fosse trabalhar já que era isso que o seu avô pensava. Não pensou em produzir-se mais do que o costume...Milicent não era de exagerar quando sai e muito menos quando se vai enfiar em casa de alguém...que é o que vai acontecer.


 Antes de sair de casa despediu-se dos seus avós e ouviu um último conselho da sua avó: “toma cuidado...ele é mais velho e tu tens de ser mais esperta.” Milicent sabia que Marco era mais velho que ela... Marco tinha acabado de fazer 24 anos e Milicent fazia em Agosto 21. Ela tinha essa noção de que ele é mais “vivido”.
Saiu de casa, vendo logo o carro de Marco à porta. Milicent sentiu o seu corpo tremer...seria do frio? Ou simplesmente do facto de ir passar a noite com um homem que se irá casar amanhã? Se Milicent pensasse neste facto...ela voltaria para trás, iria para casa ou então trabalhar.
Por isso, preferiu não pensar e simplesmente entrar no carro de Marco.
- Boa noite – disse ela, olhando para ele.
- Boa noite... - Marco estava feliz. Sentia-se bastante feliz porque ela estava ali, disposta a estar com ele. Deu-lhe um pequeno beijo na bochecha e começou a conduzir em direcção à sua casa – houve algum problema pela tua saída?
- Não. Tudo tranquilo...esqueci-me de que tinha de ir trabalhar.
- Tinhas trabalho hoje?
- Sim...lá na discoteca. Mas eu ontem estava meio constipada, disse que estava pior.
- E os teus avós?
- A minha avó sabe...e o meu avô pensa que estou a trabalhar.
- Andaste a mentir muito nestas horas que passaram...
- Acho que é por uma muito boa causa.
- Também acho que sim.
Os dois acabaram por se rir e trocaram mais uns minutos de conversa. Assunto? Borusia Dortmund, os golos, os falhanços de Marco, tudo o que envolvesse o clube e a pessoa que tinha do seu lado. Milicent era aficionada ao clube desde pequena (graças ao seus avô) e Marco, mesmo sendo jogador, era adepto desde pequeno.
Depressa chegaram ao destino que os iria esconder durante toda a noite. Marco abriu a porta de sua casa, acendendo as luzes.
- Bom...isto agora está um bocadinho decorado à maneira da minha irmã. Ela esteve aqui a morar uns tempos.
- É uma casa bonita, Marco.
- É o nosso esconderijo – Marco agarrou a rapariga pela cintura, beijando-a.
Ambos necessitavam daquilo. Parecia que estavam já ligados um ao outro sem compreenderem o porque, sem entenderem como é que tinha acontecido. Os dois estavam desejosos por mais, por uma noite repleta de desejo e prazer...mas Marco quebrou tudo.
Milicent ficou a olhar para ele, quando já estavam os dois deitados no sofá.
- O que te ofereci foi: um jantar e uma noite comigo. Não querias passar já à parte da noite porque temos de jantar.
- Ai Marco! Isso não podia ficar para depois? - Milicent começava a ficar ansiosa...desejosa que chegasse o momento em que seria toda de Marco. Mas ele...queria seguir todos os seus planos para aquela noite à rica.
- Não.
- Tens a certeza? - Milicent não ia aguentar, decidiu fazer uma investida e perceber se Marco a seguia ou se simplesmente ia jantar.
Milicent sentou-se em cima das pernas de Marco, começando a beijar-lhe o pescoço. O rapaz percebia o que ela queria e riu-se.
- Milicent...temos de jantar.
- Olha que não sei, não... - Milicent deixou o pescoço de Marco passando para os seus lábios. E, por muito que Marco quisesse que aquela noite não fosse só uma noite de sexo...começaram mais cedo do que o previsto.
Marco levou as suas mãos ao rabo de Milicent, tornando aquele beijo ainda mais fogoso.


Milicent, ao sentir o toque de Marco, percebeu que iria conseguir que ele lhe fizesse a vontade. Apesar de serem os dois a querer que tudo acontecesse.
- Marco...?
- Sim...? - os dois falavam entre beijos e já com as respirações meio descontroladas.
- Quarto?
- Sim – Marco levantou-se com Milicent no seu colo, a rapariga acabou por pôr os pés no chão e os dois começaram a subir as escadas que davam acesso ao piso superior.
No corredor...o desejo aumentou ainda mais. A loucura tomou posse dos dois e tudo se desenrolou com a maior naturalidade entre os dois. Marco foi o primeiro e o “culpado” de tudo se ter passado. Fez com que as camisolas de Milicent ficassem espalhadas no corredor...e ela acabou por retirar a dele mesmo antes de entrarem no quarto.
Já no quarto, Marco deitou Milicent em cima da sua cama...Milicent olhou o quarto, enquanto Marco retirava mais uma das suas camisolas.


Marco percorreu o corpo de Milicent com beijo, chegando perto da sua orelha trincou-a. E Milicent quis ser ela a provocar. 


Trocaram de posições e a rapariga tirou as suas calças retirando, de seguida, as de Marco. Tomou posse do corpo dele...Milicent beijou-o, trincou-o, e Marco estava a desejar cada vez mais ficar no comando. Ele preparava-se para fazer Milicent sair de cima dele, mas a rapariga fez força nas suas pernas, começando a mexer no cabelo de Marco.


- São poucas as pessoas que podem mexer no meu cabelo, sabes isso?
- Sei! - Milicent sentia-se especial. Estava a deixar Marco, visivelmente em êxtase, mesmo que ainda agora tenham começado.
Milicent começava a sentir-se capaz de fazer aquilo porque Marco lhe dava prazer, fazia-a sentir mulher, porque Marco mexia nela como se a conhecesse, como se lhe conhecesse cada pedaço de pele. Marco estava surpreendido, pela naturalidade como as coisas estavam a desenrolar-se, mas Milicent tinha-lhe dado o que à muito ele não tinha: paixão, prazer, desejo...fogo! Milicent era fogo e Marco sabia que tinha aproveitado a deixa de ser só sexo...mas para ele era mais do que isso.