quarta-feira, 9 de setembro de 2015

37º Capitulo: “Já sabes alguma coisa? Fizeram análises?”

- Tenho uma pergunta para te fazer... – Marco sentava-se ao lado de Milicent com Marten nos braços. Antes de olhar para o namorado, a jovem rapariga beijou uma das bochechas do filho.
- Pergunta lá. 
- Se eu te convidasse para ficares comigo, só nós dois, mais uma noite aqui em Ibiza...irias responder o quê? 
- Bom. Iria perguntar-te o porquê, mas isso parece-me óbvio. Depois perguntava com quem tinhas falado para levar o Marten...porque, se somos só os dois, calculo que ele vá embora.
Marco riu-se, aproximando-se de Milicent. Agarrou-lhe numa das mãos, levando-a até junto dos seus lábios para, de seguida, a beijar. 
- O Marten vai com os teus pais e fica com eles. Eu sei que não estamos habituados a estar sem ele e que, provavelmente, me vais dizer que não mas eu gostava mesmo de um tempo só contigo – Milicent sorriu, levando as suas duas mãos à cara de Marco. 
- Ficamos. 
- Só nós dois? Aqui? – a rapariga percebeu que o namorado tinha ficado surpreendido com a resposta dela. Mas, na verdade, Milicent sabia que precisava de umas horas completamente a sós com ele. Beijou-o, sendo que foram interrompidos pelos barulhinhos que Marten fazia com a boca.
- O Mario e a Marlene? 
- A Marlene foi lá dentro com a tua avó Rose e o Mario... – Marco apontou na direcção do amigo que vinha a caminhar para junto deles – ele está...bêbado? 
- Deixa lá que tu também deves caminhar para lá – Marco arqueou a sobrancelha direita – não faças essa coisa com a sobrancelha. Já bebeste mais do que o costume, Marco. 
- Ui, olha a mãezinha! – Mario sentou-se perto deles mas, em vez de puxar uma cadeira para se sentar, optou por fazê-lo na relva – tens de ter cuidado com o que bebes, Marco! Isso faz mal à saúde.
- Estás aí a gozar não sei porquê, mas pronto – Milicent deixou a sua cabeça cair sobre o ombro de Marco, agarrando a mão de Marten. 
- Porque estamos numa festa, Mi. Daqui a umas horas estamos num avião a regressar para a rotina, por isso bebe puto! – Mario riu-se, bebendo ele mais um gole da bebida que trazia na mão – a Marlene? 
- Foi com a minha avó lá dentro. 
- Como é que é possível que ela não me tenha dito nada? 
- Porque ela não tem a certeza de nada, Mario – foi Marco quem lhe respondeu o que, aos olhos de Milicent, acabou por chamar mais à atenção de Mario – é normal que ela esteja assustada e com medo por tudo o que aconteceu com a mãe. 
- Mas, bolas, eu sou o namorado dela. O pai do possível, ou não, bebé...devia saber destas coisas. Deveria saber se vou ter uma coisa dessas – apontou para Marten, fazendo com que Marco e Milicent olhassem para o filho – um bebé assim só nosso. Só que ela, ultimamente, anda chata e só me ataca. Não me dá carinho! 
- Andas com falta, Mario – comentou Milicent, em tom de brincadeira.
- Mas, agora, és tu que estás a gozar comigo em vez de ser o Marco?
- Não, Mario. Apenas estava a tentar aliviar a situação – Milicent colocou-se direita, olhando para ele – já pensaste em ir ver dela, ter um momento a sós com ela? Já falaste com a Marlene desde que ela falou aquilo?
- Não.
- Então...não seria melhor tentares?
- Ela vem aí – disse Marco, fazendo com que Mario olhasse para a relva.
- Já conspiraram muito sobre mim? – Marlene sentou-se ao lado de Mario puxando-lhe o braço para cima. Passou-o por cima dos seus ombros, encostando-se ao namorado. Mario ficou quieto, sem mexer um único músculo estranhando tudo aquilo. 
- Estávamos só a comentar que o Mario anda com falta... – Milicent conseguiu fazer com que os dois se rissem ao mesmo tempo – olha, pelo menos, ainda se mantêm em sintonia!
- Tu não sabes o que dizes, Mi – atirou Marlene olhando para a amiga.
- Estás mais calma – começou Marco – se calhar nós íamos fazer qualquer coisa, Mili. 
- Não! Eles não vão falar de assuntos sérios, Marco. Só o devem fazer em Munique, vai uma aposta? – Milicent estendeu a mão na direcção do namorado que se riu. 
- Eu não aposto contigo...ainda perdes e ficas zangada. 
- Mas olha que ela ganhava – disse Mario, capturando a atenção de todos. 
- É capaz é – concordou Marlene. 
- Mas eu não devia ganhar, não! Vocês precisam de falar, seus tolos! 
- Olha agora aprendeu a insultar não quer outra coisa. 
- Não se trata disso, Mario. Só que vocês são os dois casmurros ao ponto de não irem falar disso enquanto um ou outro não der o braço a torcer. E...uma possível gravidez é um assunto sério! 
- Acho que a Mi está revoltada – disse Marlene, rindo-se – está tudo tranquilo, agora, Mi. Só quando chegarmos a Munique é que poderei ter certezas. O que é que é suposto falarmos agora? 
- Não sei. De sexo ou a falta dele Marlene, por exemplo – para espanto de todos foi Mario quem respondeu. 
- Queres falar disso? – Marlene afastou-se um pouco dele, olhando-o – Tu nunca queres! 
- Ai eu é que não quero? Desculpa mas, quando eu tento alguma coisa tu dizes que te dói isto ou aquilo e começas a fazer outras coisas. 
- E quando eu tento alguma coisa tu dás-me para trás! 
- Então se calhar, engravidaste com o ar. Será?
- Se calhar, Mario! Isso explicaria muita coisa em relação a ti – Milicent não se conseguiu conter mais e riu-se até que lhe começaram a doer as costelas. 
- Estás a rir-te do quê, oh cunhada?
- Nada, nada. Mas eu ainda me lembro que o Marco disse, no dia em que chegaram, que o teu rabo era estranho. 
- Ele é que é estranho na ponta da...daquela coisa! 
- Mario! – Marlene repreendeu-o, olhando chocada para Mario. 
- Que é que foi?
- A ideia que vocês dão é que já se virão completamente nus! E isso não é nada agradável de se pensar, querido namorado.
- Vais dizer que nunca viste a Milicent nua? – perguntou-lhe Mario, não obtendo nenhuma resposta – alem do mais eu jogo futebol, nos balneários o que se vê mais é gajos nus. 
- Que pouca vergonha. 
- Nós devíamos estar a gravar esta conversa – comentou Milicent ao rir-se – ele amanhã não se vai lembrar de nada! 
- Mas tu achas que eu estou assim tão bêbado? 
- Acho, Mario – Milicent não conseguia parar de rir naquele momento. 
- Vou provar que não. Vou levantar-me sem meter as mãos na relva – todos o olhavam atentos. Mario preparou-se, tentou vezes sem conta levantar-se mas não conseguia fazê-lo com muita facilidade. Quando, finalmente, se começou a pôr de pé começou a perceber que estava mais zonzo do que pensava e voltou a cair na relva – isto é da relva...não é lá muito boa. 
Aquele momento tinha sido bom para os quatro. Depois de toda a tensão que existiu com o momento de Marlene e a sua possível gravidez, estarem assim tão descontraídos tinha sido benéfico. 



- Mili...estás toda suada, chega para lá! – Milicent não fez o que Marco pediu. Pelo contrário, deitou-se em cima dele – olha, olha... – Marco rodeou o corpo da namorada com os braços, conseguindo virá-la de forma a deitá-la a seu lado. 
- Que chato! Não sei para que é que quiseste uma noite inteira só para nós. 
- Olha...se estivesse cá o Marten, o Mario ou a Marlene ias estar tão à vontade para te expressares?
- Cala-te! 
- Ah pois, bem me parecia. 
- Mas tu, não sei porquê, andas a deixar-me mais cansada! A culpa é tua. 
- Olha, minha porquê? – Marco olhou para Milicent que mantinha os olhos fechados – Só porque andas fraquita?
- Mas que fraquita? Podíamos começar já a segunda volta. Só não o fazemos porque...porque...
- Porque?
- Oh porque estou cansada! Esta coisa de pós-parto tem muito que se lhe diga. 
- É o pós-parto é.
- Agora a sério – Milicent abriu os olhos, percebendo que Marco se ria – eu não estou como estava, pois não? 
- Como assim?
- Sei lá! Isto, o sexo, parece que está diferente. 
- Só se for para melhor...porque eu ainda não me queixei e já retomamos a nossa vida normal à umas semanas atrás. 
- Eu ainda não me sinto totalmente eu. 
- Provavelmente não te irás sentir o antigo tu, Mili – Milicent virou-se de lado, ficando frente a frente com Marco – foste mãe, é um marco importante na tua vida, no teu corpo e na tua cabeça. Isso não te vai deixar voltar a seres o que eras...vais ser uma nova Mili com as mesmas características da que havia antes. Ou mais maduras ainda. 
- Vais virar psicólogo? 
- Também o foste para mim e, neste momento, só estou a dizer-te aquilo que vejo e sinto. Continuas a ser a mesma Mili por quem me apaixonei, mais madura e a mãe do meu piolho. 
- Marco...
- Diz. 
- Vais começar uma semana intensa de treinos e preparação...mas tem cuidado. Por favor. 
- Não vai acontecer nada, Mili. 
- Então e...não tentes acelerar as coisas. Deixa que levem o rumo certo, sim?
- Estás tão preocupada...
- Preocupada, ansiosa, com medo...é uma mistura de tudo. Só quero que corra tudo bem daqui para a frente. 
- Vai correr, Mili. Eu acredito – Marco deu-lhe um pequeno beijo na testa, percorreu a bochecha da namorada com beijos terminando com um caloroso beijo nos lábios. 




- E então? Então, Marlene? – Marlene entrava no carro vinda do consultório médico. Optaram por Mario ficar no carro para não alimentar falsas noticias que pudessem surgir – já sabes alguma coisa? Fizeram análises? Fala. 
- Ei, calma lá! Ainda agora acabei de entrar no carro, tartaruga.
- Hum. Estás a chamar-me um nome querido.
- Estou – Marlene virou-se para ele, sorrindo – não sei bem o que é que querias mas, neste momento, não há bebé para nós a não ser o Marten. 
- A sério?
- Sim. Eu não estou grávida. 
- Estavas pronta para ser mãe?
- Não! Mas, houve uma altura desta fase onde gostei da ideia. Mas não, preparada para ser mãe não. Até porque tu não saberias trocar fraldas, dar biberão e essas coisas. 
- Isso é mentira! Eu ainda te vou mostrar que sei fazer disso. 
- Lá está, treinamos com o Marten e, um dia mais tarde, havemos de pensar em ter um filho. 
- Isso significa que vamos continuar a fazer o processo de bebés? 
- Vamos. Quer dizer, estás de castigo.
- Estou de castigo?
- Sim! Tu não falaste comigo durante muito tempo depois de saberes do atraso. Estás de castigo! 
- Oh...fiquei chocado. Não me disseste nada, depois andavas a beber, eu já estava a pensar em tudo o que estava a acontecer e a processar. Não me ponhas de castigo. 
- A ver vamos...fazes o pequeno-almoço todos os dias?
- Durante quanto tempo?
- O resto das nossas vidas, como é óbvio. 
- Tanto tempo? Ai, mas ok. Sem sexo é que eu não quero ficar. 
- Temos acordo, então. 
Os dois riram-se e Mario começou a conduzir em direcção a casa. Passavam o primeiro dia em Munique, ainda em ritmo de férias. 
- Já viste a foto que o Marco pôs no instagram? – perguntou Mario. 
- Achas? 
- Oh pois, esquece lá. Mas vê, vê. Até vais ficar de queixo caído. 
- Vão ser pais outra vez? 
- Fogo! Isso era preciso terem começado a trabalhar logo a seguir ao Marten ter nascido! – Mario olhou de esguelha para Marlene que abanava a cabeça como que colocando aquela hipótese em cima da mesa – achas que eles...logo a seguir? 
- Não, Mario. A Mi não iria passar por essa experiência. 
- É assim tão mau?
- Não sei. Eu nunca tive relações depois de ter tido um filho, Mario. 
- Estás tão engraçada. Vá, vê lá a foto.
Marlene ficou concentrada no telemóvel, até que encontrou a tal fotografia que Marco havia publicado na rede social.

Manhãs maravilhosas

- Mas o teu amigo está maluco? 
- Eu não sei mas ele não era assim! O Marco tentava sempre esconder coisas tão pessoais. 
- Já bastava a fotografia ser...assim, ainda lhe foi acrescentar um: manhãs maravilhosas. Ele está doido. 
- Tenho uma teoria: perdeu alguma aposta com a Mi ou ela perdeu. Mas, essa foto, deve ter qualquer coisa a ver com apostas. 
- Eles estão no avião a esta hora mas mais logo eu ligo à Mi. 
- Eu disse que ias ficar de queixo caído. 
- Eles estão malucos, Mario. A sério...isto é demasiado íntimo para ser partilhado. 
- Não se vê grande coisa, não é? 
- Olha se fosse uma foto minha assim? Com meio mundo a ver e comentar... 
- Se o Marco a pôs é porque não tem ciúmes. 
- Não sei o que lhes deu, mas pronto. 
Marlene estava mesmo espantada com aquilo. Não sabia como é que eles começavam a partilhar coisas tão íntimas como aquela fotografia. 



- Mi, tu estás despida! 
- Mare...olha nunca pensei que ele a fosse publicar! Eu disse-lhe que não era capaz, apostamos e pronto perdi. 
- O Mario bem disse isso. O sexo anda a fazer-vos mal à cabeça. Daqui a nada fazem um filme porno! 
- Marlene! 
- Vá, desculpa. Só que me apanharam de surpresa. Nunca pensei ver uma foto tua assim, na internet, semi nua. Quer dizer estás nua mas pronto. 
- E eu fiquei chocado com o Marco! Uma vergonha! – Milicent ouviu a voz de Mario, olhou para Marco e os dois riram-se. Tinha o telemóvel em alta voz já que se preparava para dar banho a Marten. 
- A Mili vai fazer uma sessão fotográfica para uma revista masculina. Andamos a treinar... – disse Marco, deixando de ouvir, do outro lado da linha, a conversa que Marlene e Mario mantinham os dois. 
- Agora estás a gozar, não é? perguntava Marlene A Mi? Ela seria incapaz disso! Incapaz. Ela iria ter vergonha! 
- Sim, ele está a gozar. Só faço revistas masculinas se forem exclusivas para ele. 
- Isso é bom saber... – Marco aproximou-se da namorada, beijando-a com bastante intensidade e desejo. 
- Eles vão fazer um irmão para o Marten mais depressa do que esperamos Marlene.
- Se andarem a treinar para isso...não me admirava nada. 
- Eles estão ali aos beijos e, só naquela, até se devem esquecer do miúdo. 
- Oh! – Marco quebrou o beijo, chamando Mario à atenção – Fica sabendo que entre mim e a Mili, há um Marten pronto para ir ao banho. 
- Oh que lindo! Vão dar banhinho ao menino! Finalmente! 
- Mario, não sejas estúpido. O nosso sobrinho toma banho todos os dias, não é como tu! 
A gargalhada foi geral e os quatro acabaram por terminar aquela conversa. Milicent, auxiliada por Marco, deu banho a Marten e, de seguida, adormeceram o menino.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

36º Capitulo: “Isto não é sobre nós, Mario.”

Mario olhava meticulosamente para Marlene. À já alguns dias que não tinha a oportunidade de ficar por algum tempo a olhar a sua própria namorada. Os treinos, as viagens de cidade para cidade no Brasil e as celebrações da conquista do Mundial fizeram com que o tempo para estarem juntos, quase não existisse. Uma semana tinha passado, mas entre entrevistas e reuniões era tudo complicado de gerir.
Marlene dormia tranquilamente e Mario percebia que ela deveria estar a sonhar. Esboçava, por vezes, sorrisos e as suas pálpebras mexiam-se. Ainda pensou que estivesse acordada, mas não iria aguentar tanto tempo sem lhe dizer qualquer coisa.
Estava um bonito dia em Dortmund, sendo que seria o último em solo alemão. No final daquele solarengo dia estariam a entrar no avião para as mini férias em solo espanhol. Como tinha combinado com Marco, iriam para Ibiza sendo que, os primeiros dias seriam passados apenas com Marlene em Palma de Maiorca.
Mario sabia que tinha de acordar a namorada. Afinal, tinham combinado um almoço de família na casa que Mario mantinha em Dortmund para as apresentações. Estava tão concentrado nela que se assustou com o seu telemóvel a tocar. Apressou-se a atender, era Marco.
- Bom dia, puto Mario levantou-se, indo até à janela.
- Bom dia. Não me digas que ainda estavas a dormir...
- Eu não mas a Marlene está a dormir que nem uma pedra!
- Não estou não. Esse teu telemóvel acordou-me – Mario assustou-se, olhando para Marlene. Marco riu-se do outro lado da linha e, pouco depois, Mario ouviu um barulho estranho no telemóvel do amigo.
- O que é que se passa aí? – sentou-se na cama, mordendo a perna de Marlene. Não obteve nenhuma reacção da parte dela...estranhando.
- Tinha o Marten a tentar tirar-me o telemóvel.
- O miúdo ainda nem tem dois meses e já tenta roubar telemóveis?
- Acabaram de o meter ao meu peito e tudo o que seja brilhante, ele fica interessado e a querer chegar à coisa. É bebé, é normal.
- Então vai agarrar-se ao meu braço e babar-me todo. Que nojice!

- És tão estúpido! É um bebé, Mario! E, além disso, o teu braço não é brilhante.
- Que horror, Marco. Parecias mesmo a tua namorada a falar, agora. Ouve lá, porque é que me estavas a ligar mesmo?
- Oh sei lá...
- Tu sentiste-te sozinho e achavas que eu te queria aturar. Estás muito enganado. Vá, se eu e a Marlene não tivéssemos de nos despachar por causa do almoço de família, eu aturava-te Ken.
- Fogo! O almoço, Mario! – Marlene, parecendo um foguetão, saiu imediatamente da cama, dirigindo-se à casa de banho – Já me devias ter acordado, seu estúpido!
- Bem, vai lá tratar da minha cunhada de mau humor.
- Espera lá, oh abelha. Quando é que vocês vão para Ibiza?
- Amanhã. Ficamos três dias à deriva no iate e depois vamos para a casa. Vocês vão lá ter ou vão antes de nós?
- Vamos lá ter. Quero mesmo aproveitar com ela uns diazinhos sozinhos. Quer dizer, claro que também quero estar com vocês mas...
- Ei, ei não precisas de estar para aí a dar desculpas. Levem é preservativos, sem ser daqueles que tinhas em Munique que dão filhos.
- Andas muito animado, andas. A falta de sexo é que te andava a fazer mal aos miolos. Adeus oh gordo. Até daqui a uns quatro dias.
- É bom saber que não nos vão ligar até nos vermos. Isso vão ser horas e horas de...tenho um menor presente não digo dessas coisas. Portem-se bem e bom almoço.
- Vai ser lindo, vai...beijos e abraços. Fala de mim ao Marten.
Mario deitou-se na cama esperando que Marlene regressa-se ao quarto. Sabia que ela, provavelmente, iria gritar com ele por ainda não estar despachado mas, o que ela não sabia, é que estava tudo pronto para o almoço.
- Mario, mas tu ainda estás aí? – Marlene estava vestida, com o cabelo meio molhado meio seco, e vinha com os sapatos nas mãos – Sabes, por acaso, o que temos de fazer até à hora do almoço?
- Sei.
- E estás aí deitado? – Marlene sentou-se na cadeira em frente da cama, calçando-se.
- Estou.
- E queres que eu fique de mau humor, só pode!
- Não quero não. A mesa está posta, o comer está no forno basta pôr a fazer e, até à hora de almoço, eu penso ficar a descansar contigo – Marlene, desconfiada, ficou a olhar para ele durante alguns segundos sem dizer nada – sim, estás a duvidar não é?
- Estou.
- Vais lá abaixo e vês pelos teus próprios olhos o quão bom o teu namorado é.
- Não sejas convencido – Marlene acabou de se calçar, dirigindo-se à porta do quarto.
- Marlene? – a rapariga olhou para ele, esperando algum tempo pela continuação – Obrigado por teres estado comigo no Brasil e quereres continuar a meu lado depois de tudo.
- Calma lá, depois de tudo o quê?
- A nossa relação tornar-se pública, as celebrações do mundial e eu ser um chato.
- É impressão minha ou estás a ter um momento de lucidez na tua vida? – Marlene estava surpreendida pela sinceridade de Mario naquele momento, pela forma serena como ele lhe falava. Encostou-se à porta, ficando a olhá-lo.
- Ando a ter muitos. Podes chegar aqui?
- As coisas estão mesmo feitas lá em baixo?
- Juro que estão. Eu até tirei fotos por ter sido capaz de pôr a mesa, sozinho, sem me esquecer de qualquer coisa.
- És tão parvo, graças a Deus – Marlene fechou a porta, indo ter com ele à cama. Sentou-se ao lado do corpo de Mario, colocando o seu cotovelo em cima da barriga do namorado – já aqui estou.
- Obrigado, a sério. Tu tens sido a melhor namorada do mundo...
- Mario, tu vais dizer coisas românticas?
- Era essa a ideia mas quebraste o momento! Agora já não dá!
- Diz lá! – Marlene passou o seu dedo indicador pelo tronco despido de Mario, notando que ele se arrepiava.
- Não! Agora já não tem a mesma intensidade.
- Chato – Marlene saiu da cama, dirigindo-se à porta do quarto – adeus. Vou ver se está tudo feito como dizes.
- Eu amo-te, oh! - Marlene saiu do quarto a rir-se e Mario acabou por fazê-lo também.
- Eu também te amo, oh! – respondeu num tom de voz mais alto, indo até à cozinha.
Mario estava mesmo feliz por tudo o que lhe tinha acontecido na época que tinha passado. Tinha a certeza que o ano foi difícil, com altos e baixo, viu Marco ficar afastado de algo que os dois sonhavam. Mario reconhecia tudo aquilo que havia passado, adicionando o facto de estar junto de Marlene.
A relação dos dois, neste momento, está sólida, cheia de confiança de ambas as partes, com amor e, sobretudo, com amizade e união. Marlene pensava no que já tinham vivido e no que ainda queriam viver. Juntos.



- Aconteceu alguma coisa? Estás bem? Precisas de algo?
- Ei calma…guarda lá a preocupação para quando tiveres de acordar a meio da noite para tratares dos nossos filhos – MARLENE!! O que é que tu acabaste de dizer!? OH MEU DEUS QUE VERGONHA!!! – Bom…eu…eu não queria dizer isto…só que…
- Querias…e eu não me importo.
- Hum…Mario?
- Sim?
- Queres…vir dormir comigo? Estás aí todo torto, o sofá é demasiado pequeno para ti e a cama suficientemente grande para cabermos lá os dois e…sempre me aquecias mais que os cobertores…
- Tu és sempre assim?
- Desbocada e depois fico cheia de vergonha? Sim, sou…
- És tão linda…
- Como o sol da meia-noite.
- Não há sol à meia… - Mario não terminou a frase e começaram os dois a rir…
- São quatro da manhã…nenhum de nós está em condições de falar coisas certas. Queres dormir comigo ou não?
- Quero… - à medida que Mario se ia virando no sofá, Marlene levantou-se, indo até à cama. Deitou-se e Mario, contrariamente ao que a rapariga pensou, foi para o mesmo lado que ela – chega para lá um bocadinho – ele entrou na cama, colocando a sua mão na cintura de Marlene. Não desmaies agora…precisas de te lembrar disto amanhã – Dorme bem, Marlene – disse-o depositando um beijo na bochecha da rapariga.
- Dorme bem, Mario.






- Juro-te, Marco, se eu enjoar dentro do iate...
- Sim, eu sei, foges de lá com o meu filho – os dois riram-se e Marco aproximou-se de Milicent. Estavam já em Ibiza, começavam a aproximar-se do mar no táxi local e o sol estava a pôr-se – o mar é calmo, nunca enjoei. Nem o Mario.
- Vocês não se cansam de vir para aqui de férias? – Milicent tinha ficado a saber que já não era a primeira, nem segunda vez que os dois iam de férias para o mesmo sítio.
- Não. Isto aqui é calmo e bonito. E, para primeira viagem de avião, eu acho que o Marten já está mais do que habituado – os dois olharam para o filho que estava nos braços da mãe.
- Portou-se melhor ele do que eu na minha primeira viagem de avião. Olha lá...
- Diz lá.
- Se não fosses meu namorado, dizias que eu tinha sido mãe à dois meses? Mas fala a sério...
- Isso são inseguranças porque?
- Porque eu não vou andar com roupa até ao pescoço...é verão e vamos estar no mar, com sol...
- Se meteres um bikini vais ter montes de gajos a olhar para ti!
- Que gajos? Nós não vamos estar sozinhos?
- É a tua sorte! Se não, tinhas de te tapar que iam andar aí a comer-te só com os olhos.
- Oh e tu estás a gozar comigo – perceberam que o taxista tinha parado e, depois de saírem e recolherem as malas, começaram a dirigir-se até ao porto onde estavam vários barcos – nós vamos ficar aqui parados?
- Depende.
- Depende?
- Sim. A ideia é ficarmos aqui hoje porque já é quase noite. Mas, amanhã de manhã, partimos por aí e atracamos onde houver sítio para deixar o barco.
- Marco...és tu que vais andar com o barco?
- Sou.

- Tu sabes fazer isso?
- Sei.
- A sério?
- Sim, Mili. Não te preocupes que já são alguns anos de experiência. O Mario é que não sabe.
- Ai não? Então mas...ele levou a Marlene a andar de barco. Não viste nas duas declarações de amor?
- Vi, mas ele deve ter tido algum comandante a bordo.
- Olha, tu vê lá...sabes mesmo?
- Ai, estás a duvidar das minhas capacidades? Vais ver que até me conhecem aqui na zona.
- Qualquer pessoa que veja a liga alemã irá conhecer-te! – Marco olhou para Milicent, rindo-se.
- Estás muito animada.
- Prometes-te uma noite romântica para hoje. Não me esqueço disso!





- Mario, tu só podes estar a brincar! As tuas fãs são malucas! Já viste o que é que a tua declaração fez?
- O que é que fez? – Mario aparecia junto de Marlene, na varanda do quarto do hotel onde estavam hospedados.
- Elas acham que devias estar solteiro, que eu sou demasiado magra...
- A sério?
- Sim. Há aqui um comentário a dizer que tenho os braços fininhos.
- A sério, olha não ligues. Há fãs que, pronto, queriam ocupar o teu lugar na minha cama.
- E há um comentário que diz: “é a primeira vez que te declaras, podias ser mais elaborado do que apenas um coração”.
- Vou elaborar mais, então.
- Não vais nada!
- Vou!

Mario começou a mexer no telemóvel e, alguns minutos depois, Marlene percebeu que ele já tinha terminado quando começou a receber notificações no seu telemóvel.
- Eu não acredito Mario...
- Fui ou não, melhor?

Marlene riu-se, lendo o que ele tinha escrito desta vez.


Não és assim tão fininha como elas dizem, há muito músculo para apalpar. E não, não é melhor ficar solteiro. O melhor mesmo é ficar do teu lado. És linda, namorada, e assim fica uma declaração com mais do que um coração. Amo-te.


- Tens noção que os teus fãs vão notar que estás a mandar indirectas para eles?
- Achas? Eles vão achar piada e perceber que foi uma reacção aos comentários que li.
- Tu não leste nada.
- Leste tu. É exactamente a mesma coisa, minha querida namorada – Mario aproximou-se de Marlene que se preparava para se afastar dele. O rapaz impediu-a, metendo o seu braço à volta do pescoço dela – o que é que se passa?
- Nada.
- Nada não, Marlene. Já estamos juntos à um ano...eu conheço-te. Estás aí toda estranha e eu sei que precisas de dizer qualquer coisa.
- Ouves-me até ao fim? – perguntou Marlene, virando-se para o namorado.
- Ouço.
- Mario, tu sabes que eu não queria ter ido para o Brasil porque a nossa relação ainda era muito secreta. Não sabiam, sequer, o meu nome mas, agora...agora está tudo diferente, já todos sabem. E os teus fãs, alguns, até são queridos – Marlene levantou-se, aproximando-se do ferro da varanda – eu nunca pensei estar de férias num sítio com estes, de viajar como tenho feito por querer estar contigo e ter essa necessidade de o fazer. Eu começo a sentir que isto é tudo demais... – Marlene olhou-o percebendo que Mario não estava a entender onde ela queria chegar com aquela conversa – eu não quero que pensem que tudo isto, a nossa relação, as viagens...é tudo por interesse.
- Tu queres acabar comigo?
- Achas? Não é nada disso.
- Apresentar as contas? Dizer que foste tu que pagaste a tua viagem e estadia no Brasil? E que és tu que estás a pagar este hotel porque és uma teimosa?
- Falar contigo a sério não dá, não é? Eu não estou a falar do que os lá de fora pensam...a tua mãe, por exemplo, ela pensou que eu estava grávida por termos decidido a apresentação tão à pressa...



- E porque é que esperaram tanto tempo para conhecer as famílias? – perguntava, aos olhos de Marlene, a encantadora e adorável mãe de Mario.
- Sabe...tanto eu como o Mario queríamos perceber se a nossa relação era mesmo séria, se seria algo que durava. E ficamos a adiar até hoje.
- Engravidaste? – Mario olhou, surpreendido, para a mãe reparando que ela se continha para não rir. Sempre que apresentava alguém à mãe, ela tinha sempre uma maneira de colocar essa pessoa à prova e, com Marlene, não seria excepção. Não era por maldade, mas já fazia parte dela fazer algumas perguntas.
- Não.
- Está nos teus planos ser mãe?
- Um dia, mais tarde.
- O Mario sempre quis ser pai.
- Mãe! – Mario chamou-a, como que pedindo que ela parasse.
- Que foi? Só preciso de conhecer melhor a tua nova namorada.



- A minha mãe gostou de ti...
- Não foi com essa sensação que fiquei. Ela fez tantas perguntas, parecia duvidar de mim.
- Ela é assim mesmo. Mas ela gostou de ti...
- Não me pareces assim tão convencido disso que dizes.
- Mas tu estás com dúvidas em relação ao que temos?
- Isto não é sobre nós, Mario. Entende isso, eu não estou a pôr em causa o que temos, não tenho dúvidas...
- Então estás com essas coisas porquê?
- Olha porque tu és um parvo!
- E estás a atacar-me porquê, também?
- Porque eu te pedi que me ouvisses até ao fim! E, à primeira oportunidade, interrompes logo. Não entendes que eu só quero que me ouças um bocado, que me tentes entender?
- Fala – Mario cruzou os braços e Marlene voltou a sentar-se ao lado do namorado.
- Não está em causa o que sinto por ti, a nossa relação ou a nossa realidade. Mas eu tenho medo que a tua família não me aceite na totalidade...
- Marlene...
- Fogo Mario! Cala-te. Nem sequer comeces e deixa-me ser eu a falar, por favor!
- Desculpa.
- Eu senti que a tua mãe teve razão. Nós esperamos um ano para lhes dizermos que namorávamos, passamos algum tempo a viver juntos em Munique quando a Mi foi para o estágio e, depois, eu mudei-me para lá e vou continuar contigo em Munique daqui para a frente...eu só não quero que sintam que lhes estamos a esconder as coisas – Marlene, pela primeira vez, sentiu que Mario a ouvia atentamente naquela tarde – e, depois, com tudo da minha mãe, a lesão do Marco e a Milicent cada vez mais focada na vida dela, o que eu entendo perfeitamente mas...isto são mudanças muito bruscas para mim. Eu não estava à espera que ficasse tudo tão diferente no espaço de um ano – não resistiu e agarrou nas mãos do namorado, aproximando-se dele – sem dúvida que estares do meu lado é das melhores coisas mas...ai eu não sei, nem sequer sei porque é que comecei a falar disto – os dois ficaram durante algum tempo em silêncio, permanecendo apenas a olharem-se.
- Será que posso falar?
- Desculpa...eu fui um bocado bruta.
- Estás a sentir a pressão, acho eu. Marlene, ultimamente andas estranha. Estás com mudanças de humor estranhas, neste momento eu não sei o que te diga mas...é normal estares assim. Enquanto eu sinto que te tenho de proteger porque sou figura pública, tu sentes a pressão de eu ser figura pública, tu sentes a pressão da minha família poder ter dificuldades em aceitar-te na minha vida.
- Tu...conseguiste entender...
- Eu entendo-te, acho que não sabias disso pelos vistos.
- Eu sei lá. Tu, às vezes, pareces que andas no mundo da lua, que não ouves o que digo.
- E agora já estás a atacar-me. Não consegues dizer-me coisas bonitas?
- Um dia...
- Marlene, está mesmo tudo bem entre nós?
- Está Mario.
- Mesmo?

- Mas tu duvidas de mim? Fogo, a sério, eu pensava que confiavas no que te dizia. Mas não, não! Tu preferes estar a duvidar! – Mario levou as suas mãos ao pescoço da namorada, beijando-a.
- Acalma-te lá que estás demasiado alterada.





- O Mario vai só querer estar agarrado ao Marten, sabes disso?
- Mas ele agora está a dormir!
- Não está nada, Mili – Marco olhou para a namorada e abriram a porta de casa. Marlene e Mario estavam a sair do táxi com as suas malas. Esperaram que eles chegassem à porta para os cumprimentar – puto! – Marco abraçou Mario, enquanto Milicent foi ter com Marlene.
- Onde é que está o meu sobrinho?
- O que é que eu disse, Milicent? – a rapariga olhou para eles, não percebendo muito bem o que se passava – ele já perguntou pelo Marten!
- Está lá em cima? A dormir?
- Nem penses, Mario Götze! Primeiro, a minha prenda do Brasil...
- Eu não te trouxe nada – Mario olhou para Marco e, de seguida, para o pé dele – isto está...
- Tudo como deve ser. Já fiz treinos, corrida e pronto. Quando voltarmos para Dortmund é fazer de tudo para jogar depressa.
- Jogar contra o Bayern?
- Duvido. Talvez só depois para a taça.
- Tu és um osso duro, Marco Reus! – comentou Marlene, aproximando-se dele para o cumprimentar com dois beijinhos – se fosse o Mario iria queixar-se até ao fim da vida dele com dores.
- Ela, ultimamente, está sempre a atacar-me mas ainda não percebi porquê.
- Porque és um chato e nem me compraste um porta-chaves! – Milicent entrou em casa, sem cumprimentar Mario.
- Olha e tu nem me cumprimentas!
Entraram todos em casa e, depois de colocarem as malas no quarto, juntaram-se todos na sala. Faltava Milicent que fora até ao quarto para ir buscar Marten.
- Ela vai deixar-me pegar no bebé? – Mario, com aquela pergunta, fez com que Marco e Marlene se rissem – E vocês estão a rir-se porquê? A Milicent pode não deixar...
- Deixo-te mais depressa eu sem sexo...
- Marlene! – Mario olhou-a escandalizado com tudo aquilo – Tu andas estranha.
- O teu cu também é estranho e eu ainda não a ouvi reclamar – tanto Marlene como Mario olharam para Marco depois daquela afirmação.
- Eu só aturo gente maluca! – Marlene ia a levantar-se, mas reparou que Milicent vinha do corredor.
Reparou que Mario se contraiu naquele momento, olhando para a namorada.
- Ajuda-me, caso ela não me deixe pegar no miúdo...
- Fica descansado que não será preciso nada disso – Marlene encostou-se no sofá e Milicent chegou perto de Mario.
- Não digas mal de mim ao meu filho e podes ficar com ele o tempo que quiseres, combinado? – perguntou Milicent.
- Sim, sim, sim.
- Estás nervoso, Mario? – inquiriu Marco, olhando para o amigo.
- Cala-te, seu estúpido.
- Isso, do pai podes falar mal – Milicent esticou os seus braços na direcção de Mario, entregando-lhe Marten. Sentou-se ao lado de Marco ficando a olhar para aquele momento.
Era a primeira vez que todos estavam juntos desde o nascimento de Marten à dois meses. No dia em que nascera Marten, foram poucos os minutos que aproveitaram para estar os quatro e Mario não tinha sequer pegado no menino ao colo.
- Oh que caraças...
- Estás emocionado, Mario – começou Milicent.
- Entendam uma coisa...este bebé deve ser das coisas mais bonitas que vocês alguma vez fizeram. Considero o Marco meu irmão, considero-te quase minha irmã, também, e este bebé, o Marten, é meu sobrinho. Eu estava habituado a vê-lo no ecrã e em fotos...é normal emocionar-me, não?
- Estás à tua vontade, Mario. Nós podíamos ir era fazer o jantar – disse Milicent.
- Eu ajudo, sim – as duas levantaram-se e Marco fez o mesmo.
- Puto, consegues tomar conta dele por uns segundos? Tenho de ir tratar de uma coisa por causa dos anos da Mili.
- Vai, vai...eu tomo conta dele, prometo que está em boas mãos.
- Eu sei, eu sei.
Marco foi até ao quarto, enquanto Milicent e Marlene preparavam o jantar.
- O Marten precisa de comer...
- Vai lá, eu continuo isto aqui.
- Obrigada – Milicent saiu da cozinha indo até à sala. Percebeu que Mario tentava embalar o filho e estava de costas para ela. Ficou quieta a ouvir o que lhe dizia.
- Tem dias que é difícil, não é? A tia fica mais agressiva e com medos...mas eu sei que ela gosta de mim, assim como eu a amo mais do que qualquer coisa neste mundo. Os teus pais, provavelmente, vão convidar-nos para ser teus padrinhos e, nesse caso, vamos ter de cuidar muito bem de ti. Podíamos pedir-lhes para passares um fim-de-semana na nossa casa todos os meses...
- Eu acho que ele não precisa disso, Mario – Milicent assustou-se com a voz de Marco e escondeu-se um pouco mais – ele precisa de comida, neste momento.
- Mas não pode mesmo ir para lá uma vez por mês?
- É...e mandamo-lo pelo correio?
- Oh. Podíamos combinar! Eu convenço a tua mãe – Milicent riu-se, interrompendo aquele momento – ouviste alguma coisa, oh cusca?
- Eu? Nada, porque? Estavas a conspirar contra mim?
- Estava.
- Vá, agora tens de me dar o pequenito que está na hora de mamar.
- É aquele momento que não posso ver – Mario entregou Marten à mãe e Milicent foi até ao quarto para tratar do filho – ela está mais tranquila, não está?
- Um bocado. Isto foram tempos difíceis e horríveis para nós, mas...ela agora está bem, tranquila e eu também.
- Vai ficar tudo bem melhor, puto. Ouve lá, tu não viste o meu momento fofo!
- Vi. Não vi na hora mas eu vi. A Milicent chorou baba e ranho!
Os dois riram-se e, lembrando-se que a sua namorada estava na cozinha, convidou Marco para o acompanhar até lá para a ajudarem.



Seria o último dia daquelas férias em Ibiza. Milicent acordava, bem-disposta, sem saber o que lhe reservava o dia do seu 22º aniversário. Ninguém tinha falado sobre o que iriam fazer neste dia e, quando Milicent tentava falar do assunto, ninguém tinha grande vontade de o fazer ou arranjavam coisas para se ocuparem.
No seu quarto não estavam nem Marco, nem Marten. Estranhou não ter dado pela ausência deles mas levantou-se depressa da cama, indo até à janela. Estava um dia bastante soalheiro, como já era habitual nos dias que ali passavam, Milicent inspirou fundo e saiu do quarto.
No corredor haviam pétalas de rosa brancas e vermelhas...Marco, Marco, Marco! Seguiu o caminho que estava feito, indo parar ao quarto de Marlene e Mario. A porta estava aberta e nenhum dos dois estava lá dentro.
- Mas esta gente anda a brincar comigo... – Milicent falava sozinha, dirigindo-se à cama onde estava um cartão vermelho com o seu nome escrito, em letras grandes.



Pensavas que ias ter com o Marco, não era? Enganaste-te! O teu namorado não é assim tão romântico como pensas, minha querida cunhada.
Olá, eu sou o Mario, como já deves ter reparado. Fazes anos, yeah! Mas nós não estamos em casa, yeah! Vá, agora podes ir até à cozinha. Só queríamos que andasses um bocadinho pela manhã.



- Eu só me dou é com gente maluca! – Milicent estava completamente à nora, não sabia o que esperar muito menos o que eles andavam a preparar.
Deixou o envelope em cima da cama, saiu do quarto dirigindo-se até à cozinha. Encontrou Mario a colocar torradas em cima da mesa.
- Olha, já chegaste!
- Não, estás a sonhar Mario.
- Vá, come o teu belo pequeno-almoço feito pelo cunhado – Mario aproximou-se de Milicent, dando-lhe um beijo na testa – parabéns e depois lê o outro envelope. Adeus.
- Mario! – Milicent queria respostas às perguntas que tinha na cabeça mas o namorado de Marlene saiu mais depressa de casa do que ela contava.
Antes de começar a comer, leu o envelope que estava junto ao copo com sumo de laranja.



Boa! O meu namorado já te deixou o pequeno-almoço, espero eu! E que esteja bom como aqueles que ele me faz.
Adiante, deves estar assim um bocadinho para o baralhada, não é?
Toma o teu pequeno-almoço descansada, depois vai vestir o que está na casa de banho. Há outro bilhete à tua espera.
Beijo.



Milicent começava a ficar intrigada com tudo aquilo. Só queria saber onde todos os bilhetes a levariam o mais depressa possível. Comeu apenas uma torrada (das três (!) que Mario tinha feito), bebeu o sumo e comeu uns quantos morangos. Dirigiu-se à casa de banho onde encontrou um bonito conjunto preparado para si. Só pode ter sido a Marlene a escolher. Antes de ler o bilhete, optou por tomar um duche rápido, vestir-se, arranjar o cabelo e maquilhar-se.





Agarrou no bilhete, sentando-se no fundo da cama para o ler.


Miúda mais gira deste mundo, olá! Vá, já leste o bilhete do Mario, o da Marlene e agora tens o meu. É assim, isto foi tudo a Marlene que pensou. É a surpresa dela, mas estamos todos a ajudar.

Que fique claro que foi tudo ideia dela, foi ela que organizou quase tudo porque só nos disse à uns dias. Milicent, esta tua amiga é doida daquela cabeça, mas boa rapariga.
Ah! Tenho de te dar instruções, pois é. Sais de casa, vais até ao jardim e pronto.



Milicent estranhou aquele bilhete de Marco. Ir até ao jardim? Tinha ido à janela quando acordou mas...não viste as traseiras da casa, Milicent!
Saiu disparada do quarto, indo até ao jardim. Assim que abriu a porta que dava acesso à parte detrás da casa, a surpresa não poderia ser maior e as lembranças apoderaram-se dela.


Demorou cerca de meia hora a chegar e, assim que abriu a porta de casa, não poderia ter maior surpresa. Sentados no sofá estavam Mario e Marlene de um lado com os seus pais e avós noutro sofá.
Fechou a porta atrás de si, correndo para o sofá. Depressa se sentou ao colo da avó, enchendo-a de beijos. O mesmo fez com o avô e os pais. Todos lhe deram os parabéns, dando-lhe beijinhos também.
- O que é que estão aqui a fazer? - sentou-se ao lado de Marlene, agarrando-lhe na mão.
- A Marlene ligou-nos a dizer se queríamos vir jantar cá...estar contigo - começou a mãe.
- E pronto...cá estamos nós - completou a avó.
- E aqui tens a nossa prenda - disse Marlene.
- Calculámos que, mais do que qualquer objecto, gostasses de os ter aqui - completou Mario.
- Obrigada...de verdade. E por tudo aquilo que têm feito.
 
Milicent estava sentada debaixo do toldo do jardim, sozinha, olhando todos os que ali estavam. Precisava de estar uns minutos sozinha...sem fazerem muitas perguntas sobre Marco. Sim...porque Mario apresentou-a como namorada de Marco.
- Parabéns - Milicent assustou-se com aquela voz...a peça que faltava naquele dia estava ali. Ele está perto, está a tocar no ombro de Milicent. E Milicent...nem sabe como se mexer.
Marco não esperou qualquer tipo de resposta e sentou-se ao lado de Milicent.
- Obrigada... - os seus olhos estavam fixados nos de Marco...Como é possível eu ainda estar mais apaixonada do que antes?
- Faltam oito minutos para a meia noite...cheguei a tempo de o teu dia não acabar.
- Chegaste...no momento certo.
- Tenho saudades tuas... - Marco, ao confessar nos olhos de Milicent, que tem saudades dela, coloca a sua mão em cima da mesa aproximando a pequena caixa azul escura de Milicent - Espero que gostes.
Milicent sorriu, colocando a sua mão sobre a de Marco.
- Obrigada...mas não precisavas de te incomodar com prendas. Teres vindo...é o melhor.

Os dois sorriram e Milicent agarrou na caixa, abrindo-a. De imediato sorriu, soltando umas lágrimas, que depressa limpou.
No interior da caixa estava um colar com uma medalha. Nessa medalha havia um oito em numeração romana gravado.
- Marco... - Milicent pegou no colar, contemplando o VIII
- Se virares - Marco virou a medalha ao contrário, fazendo com que Milicent derramasse as lágrimas teimosas que insistiam em cair.
- Marco... - Milicent abraçou-o - obrigada.
No verso da medalha estava gravada uma data: 08/06/2013 - a data de quando Marco pediu a Milicent que o considera-se o seu namorado.


- SURPRESA! – Milicent não sabia como reagir, nem como é que tudo aquilo era possível estar a acontecer.
Pelo segundo ano consecutivo, Marlene tinha conseguido juntar a família de Milicent toda. Desta vez em Ibiza. Milicent cumprimentou todos os presentes, deixando Marlene para o fim. Abraçou-a fortemente, olhando-a de seguida.
- Como é que tu consegues isto?
- Tenho ideias e os nossos namorados alinham nas coisas.
- Obrigada, Marlene. A sério...
- Andas a precisar de relaxar e aproveitar.
- E nós andamos a precisar de um tempinho só para nós.
- Também. Mas, agora, olha ali –
Marlene apontou para trás de Milicent e as duas ficaram a absorver aquele momento.
Marco tinha o filho nos braços e Mario estava à frente dele a fazer caretas para Marten. O menino ia esboçando alguns sorrisos e gargalhadas até se engasgar. Marco controlou a situação mas, as duas, perceberam que Mario tinha ficado aflito.
- Ele está bem? – perguntava Mario.
- Está. Foi da baba.
- Ele baba muito...
- Ainda não te babou.
- Já, já! No pescoço e a Marlene disse que eu cheirava a vomitado. Por isso, vê lá como é que o teu filho não cheira.
- Oh, não sejas parvo! –
as duas riram-se e Marlene pegou numa bebida.
- Não bebes, pois não?
- Não, não.
- Mi...podemos falar um bocadinho? Preciso mesmo...
- Claro, Marlene –
Milicent agarrou na mão da amiga e as duas foram até uma das mesas. Sentaram-se e Marlene bebeu, de uma só vez, a bebida que trazia consigo – não estás a beber um bocadinho mais do que o normal? Já é o segundo...
- Ou o quinto, nem sei.
- O que vale é que é festa. Vá, fala comigo...que se passa?
- A minha mãe abortou à uns tempos –
Milicent ficou espantada com aquela afirmação de Marlene – e os médicos dizem que pode ser uma coisa genética e que eu ainda posso vir a ter problemas com isso.
- A sério...
- Porque é que duvidam sempre quando eu digo alguma coisa séria? –
mesmo estando sentadas, Milicent conseguiu perceber que Marlene se desequilibrou.
- Estás bem?
- Estou. Quer dizer, eu estou com um atraso e não sei bem o que fazer. A mãe do Mario, quando eu a conheci, perguntou-me se eu estava grávida e eu disse-lhe, com toda a certeza que não, mas neste momento não sei –
Marlene fez uma pausa, olhando para Mario que brincava com Marten – se eu estiver grávida vai ser das coisas mais complicadas de gerir de sempre...a minha mãe está com uma depressão porque abortou e eu apareço, assim? Grávida?
- O melhor, neste momento, era parares de beber álcool.
- Mas eu não tenho certezas.
- Mas o melhor é parares...se estiveres grávida isso não faz bem ao bebé. De quanto tempo é o teu atraso?
- Quase um mês.
- Marlene! Isso não é um atraso pequeno...
- Eu sei, eu sei. Mas com tudo isto, pensei como tu. Que pudesse ser do stress. Mas, se não for...eu não sei se quero.
- O que é que não queres? –
perguntou Mario, interrompendo a conversa.
- Aturar-te – Marlene levantou-se e pôde confirmar que estava mais zonza do que pensava. Cambaleou um pouco, acabando por ser amparada por Mario.
- Ainda agora começou a festa e já estás assim?
- Assim e com um atraso de um mês! –
Marlene atirou sem pensar. Falou só para ele ouvir e pôde ser o espanto estampado no rosto de Mario – ups.
- Ups? Tu podes estar grávida e andas a beber álcool? Tu já pensaste na irresponsabilidade que é?
- Cala-te!

Marlene afastou-se deles, indo ter com Marco. Pegou em mais um copo de bebida e olhou para Marten antes de o beber. Milicent percebeu que ela tinha petrificado, cambaleava e estava pouco segura de si.
- Estás bem, Marlene? – perguntou Marco. 

- Acho que estou grávida... – deixou o copo em cima da mesa, olhando-o nos olhos – É isso. Eu acho que estou grávida.