segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

51º Capitulo: “Ele vai dar um bom irmão mais velho…”

 - Marten…isso não é para pôr na boca, bebé – Marten estava ao colo da mãe enquanto esta se maquilhava. Tinha conseguido alcançar um dos seus pincéis maiores e, como tudo o que apanhava, levou-o à boca – isto não pode ser, meu amor – Milicent retirou-lhe o pincel das mãos, trocando-o por um dos seus brinquedos próprios para morder – pronto, assim sim.
- Não!
- Marten… - o menino olhou para a mãe, fazendo beicinho – não, não faças beicinho. A mãe deu-te o brinquedo.
- Não! Dá outo – e apontou para o pincel que Milicent lhe tinha acabado de tirar.
- Aquele não. Tem de ser este – Milicent apontou para o que Marten tinha nas mãos – o outro não é para meninos bonitos brincarem – Marten riu-se, levando o brinquedo à boca – assim sim. Onde é que andará o teu pai? – Marten depressa atirou o brinquedo para o meio do chão, tentando colocar-se em pé em cima das pernas da mãe.
- Pai, pai, pai! – Milicent ajudou-o a ficar em pé em cima das suas pernas, ao mesmo tempo que Marten chamava, animado, pelo pai – tá, tá pai! Mã, o pai?
- Chama o pai, Marten. Chama – Milicent limitou-se a ficar a olhar o filho enquanto ele gritava pelo pai – acho que o pai não te ouve, fofinho.
- Pai! – Marten esticou-se no colo de Milicent, vendo o pai entrar no quarto – tás qui!
- Estou aqui, sim senhor. Andavas à minha procura? – Marco colocou-se atrás de Milicent, sentindo as mãos do filho puxarem a sua camisola.
- O Marten tem estado a chamar-te há algum tempo… - Milicent elevou o filho no ar vendo, pelo espelho que tinha na sua frente, Marco fazer caretas para Marten enquanto o pegava ao colo – de certeza que tem mais um dente a nascer… - acabou por dizer, retomando a sua tarefa de terminar a maquilhagem.
- Dentinho – tanto Milicent como Marco se riram assim que viram o filho abrir a boca mostrando o seu único dente.
- Marten diz à mãe para se despachar para irmos ver os tios e o primo, diz – reparou que Marco se tinha sentado ao fundo da cama, com Marten sentado no seu colo.
- Mã, espacha! Tio Mario, tia Lelene – Milicent, cada vez que o ouvir dizer o nome de Marlene ria-se. Era impossível não o fazer – vá, vá.
- Está quase, quase – acabou por lhe dizer – no dia em que ele disser mãe acho que faço uma festa!
- Não sejas ciumenta – Marco riu-se, olhando a namorada – mã é uma expressão muito fofa.
- É, é. Mas a ti foi logo pai! Nem sequer começou com papá ou pá…tiveste direito a pai! – os dois riam-se e Marten, ao vê-los assim, acabava por se rir também. Já andava pelo chão a gatinhar e, sempre que se chegava perto da cama colocava-se de pé caminhando à volta dela – acreditas que ele já tem quase um ano?
- Acho que não.
- O tempo está a passar depressa demais! Acho que temos de pensar…
- Em fazer um irmão? – Marco precipitou-se na direçâo da namorada, colocando as suas mãos sobre os ombros de Milicent – acho que tens toda a razão!
- Não te ponhas com ideias! Eu ia mesmo dizer que tínhamos de pensar em mudar as coisas um bocadinho…
- Hum…acho que não estou a acompanhar – Milicent colocou o batom, levantando-se de forma a ficar em frente do seu namorado.
- Infantário…
- Isso! Achas que é necessário? Ele está tão bem connosco…
- Está. Está muito bem aqui connosco mas…ele precisa de conhecer outros meninos e vai fazer um ano. E eu preciso de começar a procurar o meu trabalho…
- Vamos ter de começar a pensar em mudar as coisas um bocadinho, então – Marco levou as suas mãos ao pescoço da namorada, dando-lhe um curto beijo nos lábios – esse batom é daqueles que não sai?
- É, é. Mas não abuses, esse beijinho já te chegou – Milicent rodeou a cintura do namorado com os braços, mantendo-se a olhar para ele – eu estava tão enganada quando pensava que nunca iria arranjar um homem perfeito…
- Eu não sou nada disso.
- És mais do isso, loirinho.
- Muito obrigado pelo elogio. Mas só sou assim porque tu me fazes ser assim.
- Sou a tua musa queres ver?
- Acho que podemos dizer que sim – Milicent sorriu – é bom ver esse sorriso – levou um dos seus dedos à bochecha da namorada – como é que tu estás?
- Acho que vai ficar tudo melhor quando fechar o capítulo Loresn…por mais que ele já esteja fechado desde que tu apareceste na minha vida, há coisas que eu tenho de esquecer por completo.
- Sabes…esquecer uma pessoa que nos marcou tanto como ele te marcou a ti é complicado…mas nós vamos estar aqui os dois para ti.
- Eu sei disso, meu amor – juntou os seus lábios aos dele, apercebendo-se que Marten passava por eles num passo apressado.
Afastou-se do namorado, vendo o filho meio atrapalhado a correr para a porta do quarto.
- Olha, olha…queres ver que vão começar as correrias aqui por casa? – perguntou Marco, indo atrás do filho. Não o assustou, nem impediu que o menino percorre-se o corredor. Ajudou-o a não cair e a não o deixar ir para as escadas.
Milicent acabou por vestir o seu casaco, pegou na mala saindo do quarto.


- Estou pronta – disse ao chegar ao corredor.
- Vamos embora, então – Marco deu a mão a Marten, olhando para a namorada – estás super gira.
- Marco…
- Só estou a constatar um facto.
- Achas que…é demasiado giro para um funeral?
- Oh, Mili…tu sentes-te bem assim e é o que importa. Não irias aparecer de fato treino, se bem te conheço.
- Tens razão…
- Então pronto. Vamos lá – caminharam até às escadas e Marten depressa se sentou no chão – então? Não tenhas medo, campeão – Marco sentou-se ao lado dele, mantendo a sua mão agarrada à do filho – são só uns degraus, Marten. E o pai ajuda…não podes descer sozinho, mas o pai dá-te a mão.
- Gandi, pai. É tão gandi…
- Anda ao colo, então – Marco abriu os braços, esperando que Marten fosse ter com ele.
- A mã ajuda… - Marten levantou-se dando a mão a Milicent – e tu. Os dois – Marco olhou para a namorada, rindo-se. Levantou-se depressa, dando a mão ao filho – agora?
- Agora só tens de fazer assim – Milicent desceu o primeiro degrau, exemplificando como é que Marten deveria fazer. O menino bem tentou mas o máximo que conseguiu foi saltar todos os degraus até chegar ao fim das escadas.
- Ota vez! – disse, rindo-se à gargalhada assim que chegou ao ultimo degrau.
- Não pode ser…temos de ir ver os tios. Quando voltarmos tentamos outra vez – Milicent baixou-se, dando um beijo na testa do filho – mas só podes descer as escadas com a nossa ajuda, sim?
- Sim.
- Boa – deu-lhe a mão, começando a caminhar para a rua – acho que temos de pôr qualquer coisa lá em cima para ele não descer sozinho.
- E vamos pôr mesmo! Ele vai começar a querer descer sempre…
- Prepara-te…ele vai adorar fazer-te correr por esta casa – os dois riram-se, indo até ao carro.

- Temos de fazer pouco barulho, Marten. O bebé pode estar a dormir.
- Sim. Baxinho – Marten caminhava pelo corredor do hospital de mão dada à mãe, colocando a sua outra mão disponível na boca – baxinho – falava baixinho e tapando a boca para que não o ouvissem.
- Vá, bate à porta devagarinho – informou Marco, parando em frente da porta onde estaria Marlene. Marten fez o que o pai disse e, pouco depois, Mario abriu-lhes a porta.
- Olha quem é ele… - baixou-se um pouco, levantando a sua mão – dá mais cinco ao tio – Marten, rindo-se à gargalhada, bateu com a sua mão na de Mario, abraçando-o – oh meu menino… - Mario pegou-o ao colo, levantando-se – tinhas saudades do tio?
- Muitas.
- Eu também tinha saudades tuas!
- Bebé? – Marten olhou-o envergonhado – tens bebé?
- Tenho, tenho. Tu queres ver o bebé?
- Sim…baxinho – colocou o seu indicador em frente dos lábios, fazendo com que Mario se risse – a tia Lelene? Tem bebé?
- Tem. O bebé é do tio e da tia.
- Meu?
- Também pode ser teu, claro – Mario começou a caminhar para o interior do quarto e Milicent e Marco, que assistiam àquela conversa sem os interromper, caminharam atrás deles – trouxe um visitante! – informou, assim que Marlene os viu.
- Baby da tia! – Marlene depressa esticou as suas mãos para Marten, vendo o menino esticar-se na direção dela – estás tão lindo! Oh meu gordinho – Marlene, assim que o teve nos seus braços, encheu-o de beijos fazendo com que Marten se risse à gargalhada.
- Tem estado numa agitação para vos vir ver – disse Milicent, sentando-se ao fundo da cama.
- Claro! Ele sabe quem é que são os maiores, não é? – Marten abanou a cabeça dizendo que sim, olhando depois para o berço onde estava Erik.
- Bebé? – apontou para o menino e olhou para o seu pai – pequenino bebé?
- É o primo, Marten. Um bebé muito pequenino – respondeu-lhe Marco.
- Pimo – começou a aproximar-se do berço, ao mesmo tempo que Marlene o puxava mais para junto da cama – ó-ó? – olhou para Marlene – bebé faz ó-ó.
- Exatamente. Mas queres dar um beijinho ao bebé?
- Sim – Marten riu-se, olhando para Erik – bejinho – Mario aproximou-se dele, ajudando-o a ficar de pé em cima da cama. Marten passou com a sua mão pela bochecha de Erik que se começou a mexer, assustando-o – não, não! Ó-ó! – Marten voltou a mexer-lhe na bochecha, aproximou-se de Erik dando-lhe um beijinho sobre a mesma bochecha – faz ó-ó.
- Eish… - Mario, para espanto de todos tinha começado a chorar – isto assim não dá!
- Tio! Não choa! – Marten olhou-o, rindo – és bebé!
- Ai eu é que sou bebé? – depressa lhe começou a fazer cócegas, acabando por se distrair.
Milicent tinha visto aquele momento todo super petrificada no filho e no sobrinho. Olhava, agora, para o namorado que estava visivelmente emocionado. Levantou-se, indo ter com ele.
- Que carinha é esta? – colocou as suas mãos sobre a face de Marco, ao mesmo tempo que ele levava as suas mãos à cintura da namorada.
- Ele vai dar um bom irmão mais velho…
- Vai sim. Para todos os irmãos que venha a ter.
- Viste o cuidado dele? Ele tem jeito!
- Deve ter aprendido contigo – Milicent encostou a sua cabeça no peito do namorado, fechando os olhos.
- Não, não tires a camisola – disse Marlene, chamando a atenção de Milicent. Marten já tinha despido o casaco e agora queria tirar uma das suas camisolas.
- Tá calor!
- Mas depois podes ficar doente…
- Não, eu não fico – Marlene olhou para a amiga que lhe fez sinal que sim com a cabeça.
- Vá, então tira – Marlene ajudou-o a tirar a camisola, ficando apenas com uma de mangas cavas.
Passaram as seguintes horas todos ali. Marten já se tinha entretido com os seus brinquedos e ficaria ali com Marlene e Mario enquanto Milicent e Marco iam ao funeral de Loresn.
- Achas que o Marten se vai portar como deve ser…? Eu acho que não o devíamos ter deixado lá… - comentava Milicent, quando já estavam no carro.
- Mas eles insistiram que queriam ficar com ele…
- Eu sei, mas eles precisam de descansar.
- Tenho a certeza que o Marten, não tarda nada está a dormir – Milicent começou a ouvir o seu telemóvel receber imensas notificações, bem como o de Marco – estoirou bomba?
- Não faço ideia – Milicent percorreu essas mesmas notificações, reparando que Mario tinha publicado uma fotografia – o Mario anunciou o nascimento do Erik com a melhor foto que deve ter tirado em toda a sua vida! – Marco olhou-a e Milicent mostrou-lhe a imagem.


- Está muito bonita, sim senhor.
- O Marten parece que está a ficar louro! O que é falso…
- Sim, sim. Ele nunca vai perder o teu toque moreno, fica descansada.
- Não sei se fico…esse teu loiro afetou a criança, de certeza! Olha, o Mario escreveu: “Quando dois primos se conhecem e o mais velho não o quer largar nem por nada. Que sejam assim toda a vossa vida, meus amores”. O Mario está muito emocionado hoje, não está?
- Está. Acho que nunca o vi assim…
- É a paternidade…amadureceu-o!
- Já estava mais do que na hora – Milicent olhou-o, rindo-se um pouco – porque é que te estás a rir?
- Porque a ti a paternidade não te deu grande maturidade…
- Oh meu amor – Marco levou a sua mão à de Milicent – eu já tinha toda a maturidade em mim – Milicent só se conseguiu rir à gargalhada, fazendo com que o namorado se risse também – não estou a perceber o motivo desse gargalhada tão boa, mas vou fingir que não a ouvi!
- Sim, sim. Ainda demoramos a chegar?
- Não. No máximo cinco minutos…
- Não quero nada ter de falar à família dele toda.
- Oh, mas eles vão lá estar.
- Eu sei…mas já não me dou com eles há imenso tempo. E eu venho mais por ele e pela Camile. Mais ninguém.
- Eu sei. Podes falar àqueles que se aproximarem de ti e manter-te mais afastada…
- Vai ser tudo muito estranho. De certeza que vão ficar a olhar para o quão giro o meu namorado é… - Milicent olhou-o, levando a sua mão até à nuca do namorado – obrigada por teres vindo.
- Não precisas de me agradecer, já te disse – Marco levou a mão de Milicent, que ainda agarrava, até aos seus lábios beijando-a – estamos juntos.
- Mais do que nunca, meu amor – Marco parou o carro e Milicent só conseguiu respirar bem fundo antes de sair do carro.
Tinha, cada vez mais, a certeza que era com Marco que o resto da sua vida fazia sentido. Estar ao lado dele, desde o inicio que tem sido uma montanha russa mas cada dia se torna melhor do que o anterior quando se deitam nos braços um do outro. Mais do que o amar, Milicent tem toda a certeza que, por ele, faria qualquer coisa.
- Está ali a Camile – disse Marco, assim que entraram no cemitério. Caminharam lado a lado até que chegaram perto do aglomerado de pessoas que estavam ali. Milicent reconhecia a maior parte dessas pessoas: eram os avós, os tios e alguns amigos…alguns daqueles amigos que o levaram por maus caminhos mas que também se conseguiram safar e ainda o tentaram ajudar.
Deixaram-se ficar um pouco mais afastados. Sendo que Camile já os tinha visto e, num misto de tristeza com as lágrimas que lhe escorriam pela cara, esboçou um pequeno sorriso quase como agradecendo a presença deles ali.
Milicent encostou-se ao namorado, sentindo uma das mãos de Marco irem até às suas costas e a outra à sua barriga. Sentiu-se aconchegada, enquanto toda a cerimónia fúnebre decorreu. Houve a oportunidade para, quem quisesse, se despedir uma última vez de Loresn e Milicent esperou que todos o fizessem antes de tomar ela essa iniciativa. Afastou-se ligeiramente de Marco olhando-o.
- Eu vou…
- Fica à vontade – os dois trocaram um beijo antes de Milicent se dirigir a Camile.
- Minha querida – Milicent apressou-se em abraçá-la, cumprimentando-a com um beijo na face – obrigada por teres vindo.
- Não precisa de me agradecer, Camile – Milicent olhou-a, desviando o seu olhar a seguir para o caixão – acha que…
- Claro, está à vontade – Milicent aguardou ao lado de Camile, até que se pôde dirigir ao caixão.
Depositou uma rosa branca sobre o mesmo, ficando algum tempo em silêncio.
- Nunca pensei que, ver-te naquele jardim fosse o último dia que te visse. E sei que não agi da melhor forma ao recusar ajudar-te…mas eu ajudei. Ajudei e tu sabes disso, Loresn. Mais do que te ajudar desta vez, acho que te fui ajudando o mais que consegui ao longo do tempo em que estivemos juntos – Milicent começava a derramar algumas lágrimas, acabando mesmo por retirar os óculos para as limpar – acho que…chegou o momento em que tudo acaba. Não só tudo aquilo que ainda me atormentava, como aquilo que te fazia mal. Tinhas uma vida pela frente…e tu ias conseguir refazer-te. Eu conheço-te, Loresn – falava baixinho, quase como se estivesse a falar ao seu ouvido – tenho pena que nunca tenhas refeito a tua vida da forma como eu a fiz – Milicent, por algum tempo olhou para Marco. Permanecia no mesmo sítio, de braços cruzados e, por estar de óculos escuros, era impossível perceber o que lhe ia pela cabeça…mas esboçou-lhe um pequeno sorriso, quase como a incentivar para que continuasse – tenho a certeza que, se estivesses totalmente curado, o Marco poderia ser um possível rapaz a entrar no teu círculo de amigos. Se te tivesses curado…acho que poderias ter vindo à nossa procura e poderias ter feito parte das nossas vidas. Eu perdoou-te por tudo o que aconteceu – as lágrimas tornaram-se mais intensas e Milicent sentiu as suas pernas fraquejarem – quero que partas em paz. Gostava de te ter dito isto antes…perdoa-me por não o ter conseguido fazer. Descansa, agora, Loresn e…eu prometo que terei em conta a tua mãe – Milicent meteu os óculos na cara, dirigindo-se a Camile.
Voltou a abraçá-la, dando-lhe um beijo. Iria ter de, pelo menos, ir sabendo como é que ela estava. Camile foi importante em todo o seu relacionamento com Loresn.
Caminhou para junto de Marco, abraçando-o. Não chorava mais e recuperou alguma da força que tinha perdido nos braços do namorado.
- Acabou, Marco…
Terá acabado? Era a pergunta que Marco fazia a ele mesmo. Sabia que, para lá desta Milicent que tinha nos seus braços, desta Milicent que queria acabar com este capítulo da sua vida, havia uma Milicent que poderia não estar assim tão bem. Mas, daqui para a frente, sabe que serão cada vez mais os momentos que passarão juntos. Ela vai querer isso.
Caminharam de novo para o carro, Marco ligeiramente mais à frente e Milicent sempre agarrada à sua mão. Pegou no telemóvel, tirando uma fotografia àquele momento. Entraram no carro e depressa os dois retiraram os óculos escuros.
- Vou declarar-me, Marco – o rapaz olhou-a, vendo-a mexer no telemóvel.
- Hum… - assim que viu que Milicent tinha colocado o telemóvel na mala, pegou ele no dele vendo o que ela tinha acabado de fazer. 

Tudo o que eu sempre quis me pareceu impossível de ter. Tudo aquilo que eu sonhei sempre pareceu distante e impossível de realizar. Estamos juntos há quase dois anos…dois anos em que realizaste, sem saberes, aquilo com que eu sonhava, todos os meus sonhos. Temos estado um para o outro nos bons e nos maus momentos e…eu só espero que me vejas como uma namorada que faz tudo por ti, que te faz feliz porque eu te dou tudo o que tenho de melhor. E pior…
Obrigada por seres o melhor namorado do mundo. Por me amparares quando preciso, por me aturares quando estou de mau humor e por seres o grande amor da minha vida. Ich liebe dich, mein Marco. 
- Obrigado, Mili – a rapariga olhou-o, esboçando um pequeno sorriso.
- Obrigada eu.
- Eu estarei sempre para ti, da mesma forma como tu estás para mim – Marco virou-se para ela, levando as suas mãos ao pescoço da namorada – eu amo-te imenso, meu amor.
- E eu amo-te a ti, Marco – Milicent precisava de ouvir aquilo. Especialmente naquele dia. Precisava do amor de Marco mais do que em qualquer momento.
Milicent sabe. Sabe que Marco é a sua outra metade e que, sem ele, nada mais faz sentido. 



Olá meninas! 
Antes de qualquer coisa, peço imensa desculpa pela falta de capítulos. Iniciei em Setembro uma nova fase da minha vida académica: o último ano do mestrado. E, com ele, vem o estágio que me ocupa algum tempo e, quando tenho algum livre, o que mais me apetece fazer é: NADA! Ou então escrever algo livre que não seja uma das fics que tenho publicada. 
Pois bem, mas hoje a You The One That I'm Loving cumpre 3 anos!!! Nada melhor que um capítulo para marcar a data! 


Muito obrigada a quem, desse lado, continua a ler e a deixar comentários nesta história que ainda hoje me deixa sempre cheia de vontade de escrever! Espero trazer-vos novidades em breve, nem que seja numa mensagem de Natal que explique algumas coisas. 
Um grande beijinho de obrigada, 
Ana Patrícia. 

domingo, 16 de outubro de 2016

50º Capitulo: “Vens comigo…ao funeral dele?”

 - Camile… - viu a senhora dirigir-se na direção dela, recebendo um forte abraço da mãe do seu ex-namorado. Camile apertava-a com uma força tal, que Milicent soube que algo não deveria estar bem – que se passa? – levou as suas mãos às costas de Camile, aconchegando-a naquele abraço.
Marco, depressa saiu do carro aproximando-se delas. Milicent fez-lhe sinal que deveriam entrar e, assim que o namorado abriu o portão de casa, começou a caminhar lado a lado com a mãe de Loresn.
- Que se passa, Camile?
- É o meu filho…
- Ele fez-lhe alguma coisa? – pelo choro continuo de Camile desde o momento em que a tinha abraçado, Milicent só pensou que Loresn pudesse ter feito alguma coisa à própria mãe – o Loresn magoou-a, Camile?
- Não… - Milicent abriu a porta de casa, encaminhando-se até à sala com Camile – ele não aparecia em casa há dois dias – confessou Camile, sentada ao lado de Milicent e olhando-a sempre com as lágrimas a escorrerem-lhe pela cara. Milicent via que no rosto daquela senhora havia muito sofrimento, havia muita tristeza – há dois dias que não tinha noticias dele e…Milicent ele morreu – Milicent, por breves segundos, sentiu as lágrimas querem sair-lhe pelos olhos de imediato. Sentiu-se triste, entendendo que, por mais coisas más que tenha vivido com Loresn, não conseguia esquecer tudo de bom que tinha vivido com ele – a policia veio hoje a minha casa, com os pertences dele…encontraram-no junto de um bar e desconfiam que tenha sido alguma coisa relacionada com as drogas – Milicent puxou Camile para si, abraçando-a.
- Eu…eu sinto muito, Camile – naquele momento, Marco aparece na sala ficando a olhar para a sua Milicent. Assim como ela o olhava e, sem serem precisas quaisquer palavras, de imediato percebeu que o seu namorado tinha ouvido o que Milicent tinha acabado de ouvir. Fez-lhe sinal que iria para o andar de cima com Marten e, quando não estava mais sob o alcance do olhar de Milicent, a rapariga olhou para Camile – eu sei que nada o poderá trazer de volta…mas, se precisar de alguma coisa poderá contar comigo.
- Obrigada, querida. Eu quis vir dizer-te isto pessoalmente…apesar de tudo o que ele te fez passar, eu sei que te preocupavas com ele. Que sempre foste uma grande namorada e não o deixaste quando mais precisou de ti…não queria incomodar, mas achei que o deverias saber.
- Claro, claro. E fez muito bem. O seu filho…ele foi o primeiro namorado a sério que tive e…obrigada por ter vindo.
- E vou andando – Camile levantou-se, olhando para Milicent – tenho de começar a tratar do funeral.
- Camile – Milicent levantou-se, agarrando a mão esquerda da senhora – tem alguém que a ajude?
- Tenho, não te preocupes – Camile levou a sua mão direita à cara de Milicent.
- Avise-me assim que souber onde e a que horas é o funeral, sim?
- Fica descansada…mas eu compreendo se não quiseres ir, minha querida.
- Eu vou.
- Obrigada – Camile voltou a intensificar o seu choro, abraçando de novo Milicent – obrigada por tudo o quanto fizeste por ele.
- De nada, Camile – ficaram, ainda, largos minutos nos braços uma da outra. Milicent compreendia que aquela senhora precisasse de um abraço mais demorado. E, sendo ela mãe, não imaginaria como seria estar no lugar de Camile.
- Eu vou andando – as duas olharam-se e Milicent acabou por lhe limpar as lágrimas que escorriam pela face de Camile – mais uma vez, obrigada.
- Não me agradeça, Camile. Quer que a leve a casa?
- Não, não. Deixa. Eu tenho a minha irmã a poucos metros daqui e vou ter com ela.
- Se precisar eu levo-a.
- Deixa, querida. Fica aqui com a tua família – Milicent acompanhou-a até ao portão despedindo-se, aí, da senhora.
Sentia-se estranha. Quase como se alguma da luz que havia dentro dela estivesse apagada. Quase como se, por alguma razão, estivesse a sentir uma dor silenciosa dentro de si que a consumia.
Assim que entrou em casa, dirigiu-se ao andar de cima e foi até ao quarto de Marten. O menino continuava a dormir, agora no seu berço, enquanto Marco colocava algumas coisas dentro da mala. Aproximou-se do namorado, percorrendo as costas dele com a sua mão.
- Precisas de ajuda?
- Não…só falta pôr aqui isto e já está – Marco fechou a mala, olhando para a namorada. Era visível que ela não estava bem…escusava de lhe fazer essa pergunta, saberia que ela não lhe iria conseguir mentir – podes chorar, Mili – ela olhou-o, recebendo um beijo na testa de seguida. Marco abraçou-a, sentindo a namorada a agarrá-lo de seguida – não faz mal chorar, pequenina.
Milicent, interiormente, agradecia aquelas palavras de Marco. Mas não conseguia chorar. Isso não significaria que não se sentisse triste, nem que não estaria a sofrer…mas não o conseguia fazer.
- Temos de ir para o hospital…
- Não queres esperar mais um bocadinho?
- Não – Milicent olhou-o – eu quero ir para lá…
- Tudo bem – Marco juntou os seus lábios aos dela, sentido as mãos de Milicent irem até ao seu pescoço. A rapariga acabou por quebrar o beijo para o abraçar a seguir.
- Obrigada.
- Nada disso – por alguns segundos, Milicent fechou os olhos respirando bem fundo. Sentiu o perfume de Marco entrar em si e a sensação de sempre estava ali, a sensação de ter o seu coração a encher à medida que o seu corpo relaxava por completo.
Afastou-se de Marco, olhando para o seu filho.
- Já telefonei à minha mãe. Ela já estava com saudades de ficar com ele.
- Ai, obrigada Marco – Milicent quase que o dizia com alivio na voz.
Saíram de casa em direção da casa dos pais de Marco, falando muito pouco. Na verdade, as únicas palavras que se ouviram durante toda a viagem foram aquelas que Marco trocara com Mario para saber qual o ponto de situação no hospital.
Deixaram Marten com os avós e, depois de breves minutos junto de Manuela e Thomas, seguiram viagem para o hospital.
- Vou ligar ao Mario – Milicent pegou no seu telemóvel, iniciando uma chamada para Mario – será que ela já avançou alguma coisa na dilatação?
- Muito provavelmente…
- O Mario não atende – assim que disse aquilo, do outro lado da linha começou a ouvir alguns barulhos – Mario?
- Espera aí! ouviu-o gritar e Marco rir-se.
- Ouviste?
- Sim!
- Estou aqui. A Marlene vai para o bloco de partos anunciou Mario, deixando Milicent meio sem reação estás aí?
- Estou, estou. Mas…vai já, Mario?
- Sim. Eu estava a vestir uma bata azul que me fica horrivelmente mal! – Milicent riu-se, sentindo a mão de Marco procurar a sua.
- Tenho a certeza que te fica a matar…Mario, toma conta deles e agarra-os bem! Aos dois, por favor!
- Até parece que eu não sei segurar um bebé ou a mão da Marlene!
- Mas…agarra-os bem, vá lá.
- Estás estranha! Mas sim, eu agarro-os bem. E vocês despachem-se.
- Sim, sim. Nós estamos quase a chegar.
- E eu tenho de ir.
- Boa sorte – Milicent desligou a chamada, colocando o telemóvel dentro da sua mala – ela vai entrar no bloco de partos.
- Estamos, então, a muito pouco tempo de conhecer o nosso sobrinho! – Marco estava animado e Milicent sentiu isso, acabando mesmo por sorrir. O namorado acabou por acelerar para chegar mesmo mais depressa ao hospital.

- Eu estou a passar-me!
- Nota-se, Mili…não é por nada – a partir da primeira meia hora desde que tinham chegado ao hospital que Milicent não conseguia ficar quieta. Ora se punha a andar até ao fundo do corredor, ora se sentava. Chegou a comer, mascar pastilhas e, até, desenhar num pedaço de papel que tinha na mala.
- Já passaram três horas, Marco!
- Babe – Marco levantou-se, passando os seus braços por cima dos ombros da namorada ao mesmo tempo que ela levou as suas mãos ao peito do namorado – lá porque o nosso Marten só demorou uma horinha, há bebés que demoram imensas horas!
- Eu sei, eu sei…mas eu estou ansiosa.
- E estás triste – Marco juntou a sua testa com a da namorada, mantendo o seu olhar preso ao dela – eu não preciso de te perguntar se estás bem porque, desde que soubeste o que a Camile te disse, eu sei que não estás. E, se tu precisares, por favor fala comigo. Lá porque ele é o teu ex-namorado…eu espero mesmo que saibas que podes falar comigo sobre ele.
- Há tantos dias que dou por mim a pensar naquela noite que nos conhecemos, sabes? – Marco sorriu, roubando-lhe um curto beijo.

- Deseja alguma coisa? - perguntou Milicent assim que Marco se debruçou sobre o balcão.
- Voltar atrás no tempo.
- Isso não servimos aqui.
- Se servissem podias dizer-me onde te encontrar, assim não me comprometia com quem vou casar.
- Isso é tão certo como eu ser a Angelina Jolie.
- Estavas à espera de encontrar aqui o Brad Pitt? - aquilo estava a irritá-la! Aquela voz sexy mas absolutamente irritante, aqueles olhos lindos mas profundamente atiradiços!
- Se ele me aparecesse aqui hoje testava-o.
- Podes sempre testar-me a mim.
- Era preciso que mudasse completamente de atitude. Além do mais... - Milicent inclinou-se sobre o balcão ficando perto dele - vais casar daqui a dois dias.
- Casamento não me impede de curtir.
- Trata-te! Faz lá a tua mulher muito feliz e façam muitos bebés. Se não queres beber nada eu vou continuar o meu trabalho.
- Podes levar uma rodada de shots de mel e vodka à mesa?

- Bem podíamos ir a essa mesma discoteca um dia destes. E pedir uns shots de mel e vodka.
- Acho que o mel só se inclui numa única bebida para mim: chá. Eu não pensei ser possível ficar assim – acabou por confessar Milicent, acabando por se afastar ligeiramente de Marco – tudo o que eu vivi com ele foi tão intenso que eu julguei nunca vir a conhecer ninguém que me desse tanto quanto ele me deu – Milicent agarrou a mão de Marco, depositando-a na sua barriga – tudo o que nós temos é muito mais do que eu alguma vez pensei vir a ter, Marco. Sobretudo depois de as coisas terem acabado daquela maneira. Não trocava nada do que tenho por nada que me pudessem oferecer porque esta…esta é a minha vida. E eu sou tão feliz com ela. Quando a Camile me disse que ele morreu… - Milicent virou costas, levando as suas mãos à cara – por poucos segundos eu não quis acreditar. Eu quis que ele estivesse vivo, eu quis que ele fosse tocar à nossa campainha para pedir ajuda de novo… - o choro tinha-se apoderado de Milicent. Todos aqueles sentimentos estranhos que a começavam a invadir deixavam-na sobressaltada. Se, por um lado se sentia angustiada, triste e com um peso enorme no seu peito, por outro lado sabia que era o fechar de um ciclo que lhe fazia mal, de um ciclo que se fechava e a aliviava em certo ponto.
- Ei, ei – Marco agarrou-a por trás, encostando a sua cara no pescoço da namorada – chora…chora tudo o que tiveres que chorar neste momento.
- Eu sinto-me mal, Marco. Eu sinto que um pedaço do meu passado foi completamente arrancado de mim! Por mais porcaria que ele pudesse ter feito, o Loresn foi o meu primeiro namorado…ele foi praticamente o primeiro em tudo! E eu sinto-me mal por falar contigo assim, sobre isto porque…
- Shh – Marco beijou-lhe o pescoço, aconchegando-a nos seus braços – sou o teu namorado agora, o pai do teu filho e, se um dia quiseres, serei teu marido e pai de mais uns quantos filhos teus. Tu vais poder partilhar tudo o que quiseres comigo, tudo o que te faça sentir bem e, sobretudo, tudo o que não te deixe bem – Milicent agarrou as mãos do namorado, virando-se para ele – tu és o melhor que me aconteceu e eu quero que contes comigo para qualquer coisa.
- Obrigada…
- Nada disso, meu amor.
- Vens comigo…ao funeral dele?
- Claro.
- Acho que não conseguiria ir sozinha…
- Eu vou contigo.
- Ele…ele não merecia um fim assim – Milicent não resistiu e acabou por deixar a sua cabeça cair sobre o peito de Marco e simplesmente chorar. Fazia-o como se lhe tivessem tirado mesmo um pedaço de si, ao ponto de Marco achar que nunca a teria visto assim.
- Tens de te acalmar, Mili – acabou por dizer – queres…que peça a alguém para te ajudar?
- Não…
- Então, anda sentar ali – os dois foram sentar-se e Milicent acabou por deitar a sua cabeça sobre o ombro de Marco – chora o que precisares. E fala comigo…
- Acho que só preciso mesmo de me acalmar e…conhecer o Erik.
- Isso ajudará, quase de certeza, a que te acalmes um pouco.
- Hey – era Mario. Depressa os dois se levantaram e Milicent apressou-se a limpar a cara – porque é que tenho a sensação que vocês não estão bem?
- Longa história… - acabou por ser Marco a responder.
- Então mas venham lá conhecer o miúdo – Mario não conseguia esconder aquele sorriso e tinha mais do que razões para não o esconder. Depois de entrelaçar a sua mão com a de Marco, os dois começaram a caminhar ligeiramente atrás de Mario.
Percorreram o corredor todo até que chegaram ao quarto onde Marlene estava antes de ter ido para o bloco de partos.
- Trouxe os reforços – disse Mario, assim que abriu a porta e viu a namorada.
Milicent e Marco puderam constatar que o sorriso de Marlene em muito se assemelhava ao de Mario. E interrogaram-se: teriam eles um sorriso tão bonito quanto o deles no dia em que nasceu Marten?
- Como é que estás, miúda? – Marco foi o primeiro dos dois a conseguir dizer algo.
- Pronta para ir para casa! – Milicent riu-se. Conhecendo Marlene como conhecia, estava a brincar com Marco – ouve lá, oh rissol…não achas que estou com dores, mega inchada mas muito mais feliz do que isso tudo?
- Fogo, acabaste de ser mãe e, mesmo assim, é sempre a mim que atinges. Eu acho impressionante – Mario riu-se, enquanto Milicent se começou a aproximar do pequeno berço ao lado da cama de Marlene – e depois dizem que eu é que sou o antipático – Marco sentou-se ao fundo da cama, olhando para Milicent.
- Porque é que eu a estou a achar estranha? – Marlene acabou por ficar mais séria, fazendo aquela pergunta a Marco.
- Eu também já notei isso – comentou Mario – mas é uma longa história, não é? – Marco assentiu que sim com a cabeça, acabando por colocar o seu indicador em frente dos lábios como que a pedir que eles não continuassem com aquele assunto.
Milicent nada dizia. Era quase como se não os quisesse ouvir…se calhar queria, mas não sobre aquele assunto que eles estariam a mencionar. Milicent queria, naquele momento, concentrar-se em Erik. O pequeno bebé que estava ali deitado à sua frente. O pequeno bebé que nunca pensou vir a existir já que a amiga sempre lhe disse que não iria ser mãe tão cedo. O seu primeiro sobrinho. E o seu primeiro afilhado.
- Eu posso pegá-lo? – não retirou os seus olhos do pequeno Erik, ouvindo apenas um claro na voz de Marlene. Com cuidado retirou-o do berço, ajeitando-o nos seus braços. Sentou-se com ele ao colo, mexendo sempre nas suas pequenas mãos.
Milicent voltava a chorar, desta vez com uma ligeira diferença. Não chorava com tristeza. Chorava por ver o seu pequeno Erik nos seus braços.
- Erik… - aproximou a sua cara da dele, dando-lhe um pequeno beijo na testa – a tia nunca te vai faltar, meu menino – falou baixinho, quase que a falar para si mesma mas a transmitir aquilo que sentia àquele seu bebé. Sentia que, de certa forma, também era seu.


- O que é que se passa com ela? – perguntou Marlene, quando reparou que Milicent tinha adormecido no pequeno cadeirão com Erik nos braços. Já tinham passado imensas horas, aliás já tinham mudado de dia.
Milicent não conseguiu sair daquele quarto nem por nada. Também não conseguiu falar com Marlene sobre Loresn, deixando a conversa centrar-se no bebé. Mario e Marco tinham ido a casa deste último dormir, enquanto elas ficaram no hospital.
- O Loresn morreu – respondeu Marco, sob o olhar atento de Marlene e Mario.
- Não posso… - era visível a surpresa no rosto de Marlene – ontem?
- Sim. Quando lá fomos a casa, a mãe dele estava à nossa espera.
- Bem…e ela está assim? – Marco olhou para o amigo depois de lhe fazer aquela pergunta.
- O Loresn foi importante na vida da Mi – respondeu Marlene – eu nem imagino como é que ela se está a sentir.
- Acho que nem ela sabe, Mare. A Mili ontem chorou imenso, pediu-me desculpa por estar assim por causa de um ex…mas também me parece aliviada ao mesmo tempo.
- Coitadinha da minha menina – Marlene não escondeu a lágrima que lhe caiu pelo rosto no momento a seguir – vocês não conheceram o Loresn…ele fez-lhe tanto mal, mas conseguiu ser o primeiro a fazê-la sentir-se bem com ela mesma, a sentir-se amada…eles eram novos demais mas viveram coisas tão intensas – Marlene reparou que Marco baixara a cabeça ao ouvir aquilo tudo – Marco, desculpa – depressa alcançou a mão dele, vendo-o abanar a cabeça.
- Não faz mal. Ela já falou comigo sobre tudo isso…eu acho que só a quero ajudar, nada de ficar com ciúmes ou coisa parecida.
- Nós vamos estar por aqui, sempre que precisares – Mario levou a sua mão ao ombro do amigo e Marco levou a sua mão disponível até à dele – a Mare mais tempo do que eu…mas estou à distância de um telefonema.
- Obrigado. Aos dois – começaram a ouvir pequenos barulhos de Erik. Estaria na hora de voltar a comer – parece que alguém está com horários muito fixos! – todos acabaram por sorrir e Marco aproximou-se de Milicent – vocês têm noção que, quando esta situação toda acontece com o Marten, ela fica furiosa se lhe tiro o filho?
- Parece que vais continuar a ser tu o alvo da fúria dela – Marco olhou para Mario que estava sentado na cama ao pé de Marlene – eu não me atrevo a tirar daí o meu filho depois do que disseste!
- Olha, obrigadinha! – Marco olhou para Erik e para Milicent – oh meu Deus…ele é pequeno demais!
- Já devias estar habituado, não? – perguntou-lhe Marlene.
- Hum, hum… - na verdade, Marco estava habituado mas tinha medo. Erik era mais pequeno do que aquilo que está habituado. Mas, com cuidado, lá o conseguiu retirar dos braços da namorada para depois o entregar a Marlene.
Por breves momentos saiu do quarto, deixando-os mais à vontade. Pouco tempo passou para ouvir a porta do quarto fechar-se atrás de si.
- Bom dia… - assim que se virou, pôde ver uma Milicent meio ensonada – já me disseram que disseste que eu fico furiosa quando tiram um bebé dos meus braços… - depressa levou as suas mãos à cintura do namorado, encostando a sua cabeça no peito dele.
- Acho que não é mentira nenhuma…
- Pode dizer-se que sim. Achas que podemos ir a casa?
- Claro. Tomas um banho e trocas de roupa…
- E depois vamos buscar o nosso bebé? – Milicent olhou-o, vendo-o assinalar que sim com a cabeça – obrigada. Por teres sido apenas o meu melhor amigo desde ontem. Mais do que qualquer coisa.
- Acordaste com um síndrome de lamechice?

- Não. Apenas…melhor. 


Olá meninas! 
Aqui vos deixo mais um capítulo que espero que gostem! Fico a aguardar pelos vossos comentários sobre o que estão a achar do rumo da história. 
Beijinhos! 
Ana Patrícia. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

49º Capitulo: “Tu não vais aguentar até ao fim do jogo”

- Estava a ver que ias ficar eternamente com o teu rapaz! – disse Marlene, assim que Milicent chegou perto dela.
- Não, não mas acabei de assistir a uma cena que nunca pensei ser possível – Milicent sentou-se ao lado da amiga e Marten, de imediato, começou a esticar os seus braços na direcção de Marlene – já está a querer fugir de mim, sou assim tão chata que nem o meu filho aguenta comigo?
- Nada disso, ele quer testar o meu colo – Marlene pegou em Marten ao colo, colocando o menino sentado de frente para si – e também deve achar piada a esta barriga gigantesca! – sim, Marten tinha ido para o colo de Marlene e a primeira coisa que fazia ela mexer na barriga dela – boa, Marten, continua com isso pode ser que acalmes o teu companheiro do futuro.
- Continua assim tão agitado?
- Continua...mas ele que aguente mais uma semana! Não dava muito jeito nascer em Dortmund.
- Eu acho que ele vai querer nascer no sitio mais bonito da Alemanha  - Marlene olhou para a amiga, quase chocada com o que ela disse – estou a ser sincera! Não me parece que vás conseguir sair de Dortmund sem que ele nasça.
- Não digas isso! Eu não sei se estou preparada para que ele nasça já.
- Claro que estás. Tu tens imensa prática com bebés! Basta ver a tua relação com o Marten...e se nascer aqui, já viste a quantidade de pessoas que tinhas para te ajudar?
- Eu não quero que o meu filho nasça num estádio, Milicent! – perante a afirmação da amiga, Milicent não teve outra reacção a não ser rir-se. Estava a tentar acalmá-la, coisa que não estava a resultar muito bem – vamos esquecer o nascimento do Erik, o que é que tu viste que não esperavas?
- Isto! – Milicent pegou no seu telemóvel, mostrando a imagem que tinha tirado à pouco menos de dez minutos.
- Acho que devias publicar essa imagem e envergonhá-los! Nota-se que estão apaixonados, oh Mi! – Marlene riu-se e Marlene aconchegou Marten nos seus braços – porque é que eles se abraçaram?
- Foi a primeira vez que estiveram juntos desde toda a situação que me envolve...então queriam pedir desculpa um ao outro e, olha, eu não consegui ouvir a conversa mas eles ainda falaram por algum tempo.
- O Marco faz-nos um resumo intensivo dessa conversa! Ai vai fazer, vai.
- É bom que eles resolvam as coisas. Ou que, pelo menos, falem delas...eu sei que o que fiz não é certo – Milicent olhou para Marlene...pois! O único que sabia do relacionamento todo entre Milicent e Thiago era Mario – eu não devia ter dado esperanças ao Thiago – Milicent não queria que a amiga soubesse desse pormenor, pelo menos por agora – e que coloquei o Marco numa situação complicada. Mas tu sabes que eu sou uma pessoa que procura ter e dar afeto...e quando eu fui para Munique tanto eu como o Thiago precisávamos disso.
- Ninguém te poderá criticar por isso...
- É complicado, Marlene.
- Houve mais do que aquilo que eu sei, não houve? – Milicent não conseguia não sentir-se envergonhada ao ouvir aquela pergunta. Acabou por olhar para as suas mãos, reparando que Marlene se riu – eu sabia. O Mario bem pode ter feito um esforço enorme para não me contar, mas eu sabia que tu já tinhas falado com ele. Aquele almoço teve de ter alguma razão para além da minha gravidez. Mi – Marlene agarrou as mãos da amiga, fazendo com que Milicent a olhasse – posso apenas perguntar-te se alguma vez tiveste duvidas em voltar para o Marco?
- Não. Isso nunca esteve em causa. Eu amo-o e...amo tudo o que temos criado até hoje.
- Arrependeste?
- Não sei. Eu estava frágil, ele também e...eu não sei Marlene. E eu não sei como e quando contar isto ao Marco. Eu quero fazê-lo mas não quero estragar nada do que temos.
- Acho que só te posso dizer uma coisa...não lhe contares até agora foi uma boa decisão. Com as lesões e tudo, isso só iria destabilizar mais a vossa relação e, sinceramente, olha eu nem sei. O que é que o Mario te disse?
- Que ia guardar segredo, que tinha sido sexo de reconforto e que não poderia esconder por muito tempo. O Mario não berrou comigo, como eu esperava, nem tu o estás a fazer.
- Não o fazemos porque sabemos o que sentes por ele e o que se passa com o Thiago. Por isso, só podemos estar a teu lado e, olha, quando lhe contares eu espero que corra tudo bem.
- Obrigada, Mare...a sério – Milicent não resistiu e acabou mesmo por abraçar a amiga.
- De nada. Mas publica essa maravilhosa imagem que tens no teu telemóvel! É bastante reveladora das vontades do teu namorado e do Thiago – as duas riram-se e tomaram atenção ao jogo que estaria prestes a começar.

Antes de se dedicar apenas ao jogo e àquele momento, Milicent não resistiu mesmo em publicar e em brincar com aquela situação. 

Aquele momento em que descobres quem é o teu amor.

Com o golo de Lewandowski para o Bayern aos 35 minutos, o jogo tornou-se disputado mas sem grandes hipóteses de golos para ambas as partes. Milicent e Marlene passaram, até, mais tempo a falar uma com a outra do que concentradas a ver o jogo. Aplausos fizeram-se ouvir no estádio do Dortmund, capturando a atenção das duas raparigas. Não havia ninguém a ser substituído, não tinha sido golo...
- O que é que se está a passar? Será que o Klopp caiu e eu não vi? – perguntava Marlene.
- Muito provavelmente – as duas riram-se e as palmas abrandaram a sua intensidade.
- Olha! – Marlene, muito empolgada, começou a bater no ombro de Milicent apontando para o relvado.
- Sim...
- Não vês?
- Vejo. Jogadores do Bayern a aquecer...
- Está ali o Thiago! Olha ali – Marlene agarrou a cabeça de Milicent fazendo-a olhar para um ponto específico. E, sim, lá estava Thiago a aquecer. As palmas tinham sido para ele, quase de certeza – é ele não é?
- É Mare... – Milicent pouco conseguia dizer. Sabia o quanto significaria aquele momento, o quanto Thiago se deveria estar a sentir emocionado e nervoso.
Aguardou pela entrada de Thiago para o aplaudir, para, também ela, se emocionar.
- Um ano sem jogar deve ser do pior para eles... – comentou Marlene, depois de as duas se sentarem.
- Acho que ninguém estará preparado para os ajudar. O Thiago perdeu muita coisa com a lesão – Milicent olhou para Marlene – se do Marco foi o que foi...um ano de constantes tratamentos, dores, avanços e recuos deve ser horrível.
- O importante é que ele esteja de volta. Tanto ele como o nosso Marco – Marlene agarrou a mão de Marten que estava sentado ao colo de Milicent a dormir – estou cheia de dores, Mi – num tom de voz mais baixo mas audível para Milicent, Marlene acabou por fazer aquela confissão.
- Como assim dores, Mare?
- Não sei. Eram só às vezes mas estão a tornar-se cada vez mais.
- Tu estás com contracções. E eu tenho de te levar ao hospital...estás a controlar o espaço de tempo entre essas dores?
- Deixei de o fazer quando passaram a ser tão constantes.
- Então vá, toca a andar. Temos de nos pôr a milhas daqui.
- Mas o jogo ainda não acabou.
- Sim, sim, Marlene. Tu não vais aguentar até ao fim do jogo – Milicent levantou-se, olhando para a amiga que permanecia sentada a olhar para ela – eu não estou a brincar, temos mesmo de ir.
- Estás demasiado calma. Pensei que fosses ficar toda eufórica neste momento.
- Eu também, acredita. Mas aprendi que devemos ter calma nestes momentos e fazer as coisas com calma. Vá, anda – Milicent estendeu a sua mão na direcção da amiga, sorrindo-lhe.
As duas saíram do estádio, dirigindo-se para o carro de Milicent. Enquanto Marlene se apressou em ir sentar no lugar do pendura, Milicent colocou Marten no banco traseiro começando a conduzir de seguida.
- Temos de os avisar.
- Fazemos isso quando chegarmos ao hospital.
- Estás mesmo muito calma, miúda!
- Acho que não irias gostar de ter uma futura tia toda exaltada e ansiosa... – Milicent conduzia mais depressa do que o habitual e Marten, depois de uma curva mais acentuada, começou a rir-se na sua cadeirinha – quem diria que éramos nós a levar a tia para ter o Erik, não era? – Milicent falou diretamente para o filho, fazendo com que ele se voltasse a rir – pois é, bebé. Vamos conhecer o Erik hoje!
- Agora sim, agora estás a ficar animada e nervosa – sim, estava. Marlene conhecia melhor a amiga do que ninguém e, para estar a falar tanto e tão seguido, Milicent estaria a ficar mesmo animada e nervosa – eu não vou ter o meu médico cá...
- Não te preocupes, calma! Pega aí o meu telemóvel – Milicent entregou a sua mala para Marlene que, com calma, procurou o telemóvel de Milicent.
- Está aqui.
- Procura por Rose e começa a chamada em alta voz, por favor – Marlene fez o que a amiga pediu e, em pouco tempo, Rose atendeu a chamada.
- Milicent, está tudo bem?
- Olá Rose, sim está tudo bem. Desculpa estar, provavelmente, a incomodar...
- Não tem problema. Estava na minha pausa para lanche...
- Então, estás no hospital ou na clínica?
- Hoje estou no hospital, porquê? Não me digas que vem aí o bebé número dois?
- Vem, vem. Mas não é dentro de mim. A Marlene, a minha melhor amiga, ela entrou em trabalho de parto. Ela é de Munique e não tem cá o médico...
- Quanto tempo demoram a chegar às urgências?
- Mais...dez minutos, provavelmente. Ou menos, eu acho que estou a conduzir depressa – todas se riram e Milicent acabou por desviar o seu olhar, por momentos, para Marlene.
- Vou estar à vossa espera para cuidar da tua amiga e do bebé dela.
- Oh Rose, obrigada! O que seria de mim sem a melhor obstetra do planeta!?
- Não exageres. Vou terminar o meu lanche e tu tem cuidado com as curvas. Isso poderá acelerar o parto!
- Ok, ok. Mais uma vez, muito obrigada Rose!
- De nada foi Rose quem desligou a chamada, fazendo com que Marlene voltasse a colocar o telemóvel na mala da amiga.
- Fica descansada, a Rose é tipo a melhor pessoa que eu conheci para trazer bebés ao mundo!
- Obrigada, Mi.
- De nada. Eu tenho de começar a exercer o meu papel de madrinha, não é? Não posso deixar que falte uma peça tão importante para o nascimento do meu afilhado.
Milicent acabou por demorar os exatos 10 minutos a chegar ao hospital, tal como tinha dito a Rose. E, como combinado, tinha a sua obstetra à espera na entrada do hospital.
- Rose, obrigada! – Milicent precipitou-se em cumprimentá-la, olhando depois para Marlene – é a Marlene, que tem umas contrações um bocadinho estranhas! Mare é a Rose, a melhor obstetra do mundo!
- Exagerada! – comentou Rose, olhando para Marlene – como é que as contrações são estranhas?
- Pararam assim que começamos a dirigir-nos para cá – respondeu Marlene.
- Ainda deves estar no início. Vamos entrar e ver como é que isto vai correr daqui para a frente – tanto Milicent como Marlene seguiram Rose para o interior do hospital e, enquanto a médica tratou de ir observar e colocar Marlene o mais confortável possível, Milicent tratou de preencher todos os papéis para a inscrição de Marlene nas urgências do hospital.
Quando estava despachada daquele procedimento, reparou que, àquelas horas, já o jogo teria acabado. Pegou no seu telemóvel, ligando para Marco. Pouco tempo bastou para que ele atendesse.
- Eu já estou quase despachado, calma.
- É bom que estejas é! Vim com a Marlene para o hospital, é provável que o Erik nasça nas próximas horas!
- A sério?!
- Achas que eu brincaria com uma situação destas? Óbvio que não! Nós estamos no hospital, ela está a ser observada pela Rose e, bom, avisas o Mario ou queres que lhe ligue?
- Eu vou ter com ele agora. E levo-o para aí. Estão no mesmo hospital de sempre?
- Sim. Achei melhor virmos para aqui, está cá a Rose e...já a conhecemos, não é?
- Claro, claro. Fizeste bem, nós vamos para aí assim que eu encontrar o Mario.
- Ok. Quando chegares diz – antes de desligar, Milicent ainda ouviu um “está bem” do outro lado da linha. Marten começava a ficar irrequieto, estaria na hora do biberão – vamos ter de encontrar a tia para pousar as coisas e dar-te comida, Marten – o menino riu-se e Milicent acabou por se rir com ele.
Encontrou uma enfermeira no corredor, perguntando-lhe se sabia onde estava a sua amiga e, depois de uma pequena espera, conseguiu saber que Marlene teria sido enviada para um quarto. Meio apressada, percorreu os corredores daquele hospital até que encontrou aquele onde estava Marlene. Bateu à porta, abrindo-a de seguida.
- Cá estás tu!
- E mais valia não termos vindo para cá – Milicent, pela resposta que Marlene lhe dava, percebeu que a amiga estava um pouco alterada – isto vai demorar, ainda tenho pouca dilatação! Dava perfeitamente para termos ido para Munique que o Erik nascia lá!
- Achas mesmo que eu te ia deixar ir num avião assim?
- Oh! – Milicent colocou a sua mala, bem como a de Marten em cima do cadeirão azul ao lado da cama de Marlene, colocando o menino junto da amiga.
- Pensa assim, vamos ter imenso tempo para falar e cuidar do Marten as duas.
- E eu morrer de dores! – Marlene colocou Marten mais junto dela e o menino acabou por se aconchegar a ela – o que é que ele tem?
- Para começar, tem fome. E deve estar com sono para se estar a aninhar a ti. Normalmente ele faz isso com o Marco.
- É bom saber que ele me vê como um pai! – as duas riram-se e Marten ficou a olhar para a mãe, mexendo as suas mãos como que a pedir o seu colo.
- Mã! Dá, dá!
- A mãe dá, dá.
- Agora quer colo? – perguntou Marlene.
- Não, ele quer comer – Milicent tirou da mala de Marten tudo o que ia precisar – só não sei como ferver a água...
- De certeza que a enfermeira ajuda – Marlene tocou no botão cor de laranja e, pouco depois, uma enfermeira entra no quarto.
- Chamou? Sente alguma dor?
- Não, não. Por agora eu estou bem, obrigada. Mas, como vê, temos aqui um bebé e ele precisa de comer...há alguma forma de nos ajudar a ferver a água?
- Claro, é para leite ou papa?
- É para papa – respondeu Milicent, mostrando o que tinha nas mãos.
- Eu ajuda-a – a enfermeira pegou na taça que Milicent tinha na mão, ausentando-se a seguir.
- Já liguei ao Marco – avisou Milicent, olhando para a amiga – não tarda nada estão eles aí.
- Dois para chatear! O Mario não pode ficar...ele tem de ir para Munique. Isto vai demorar horas, imensas horas!
- Não sejas tola – Milicent percebia que a amiga começava a pensar demasiado no que estaria para acontecer. Alguém bateu à porta com alguma violência, assustando-as.
- De certeza que foi o Mario! – as duas riram-se e Milicent foi abrir a porta. Sim, era mesmo Mario e Marco – o que é que eu disse? Deves estar com pressa, Mario.
- Cala-te! – depressa se juntou a Marlene, dando-lhe um beijo na testa – estás com muitas dores? Queres que te vá buscar alguma coisa?
- Vamos esclarecer aqui uma coisa: não te ponhas com tantas perguntas, assim não corres o risco de ser corrido daqui ao pontapé!
- Ah, boa. O nosso filho vai nascer e tu estás de mau humor, adoro! Isto vai correr tão bem... – Milicent e Marco riram-se, capturando a atenção dos dois – e vocês estão a rir-se não sei porquê! Lá porque a Milicent não tem destas mudanças não quer dizer que tenham o direito de se rir – Marlene deu-lhe uma palmada no braço, fazendo com que Mario a olhasse.
- Eu não tenho mudanças, está bem? Eu...só estou com medo!
- Não tenhas medo, pipoquinha! Tens aí um parceiro a teu lado – apontou para Marten que permanecia encostado a Marlene a chuchar no dedo – tens-nos a nós. Vai correr tudo bem.
- Sim, sim. Isso é tudo muito bonito mas quem tem as dores sou eu – Milicent sentiu as mãos de Marco irem ao encontro da sua barriga e todo seu corpo ser puxado de encontro ao dele.
- Ela tem estado sempre assim?
- Mais ou menos...acho que é um misto de animação com nervosismo. É normal – virou-se para Marco, colocando as suas mãos sobre o peito do namorado – a enfermeira foi ferver água para fazer a papa ao Marten, depois podíamos ir até casa, arrumávamos umas coisinhas dele e deixávamos o menino com a tua mãe? Achas que ela se importaria?
- Claro que não. E, sim, podemos fazer isso, o Marten aqui não tem grande influência na matéria.
- Só se for para influenciar o Erik a sair depressa – os dois riram-se e Milicent encostou a sua cabeça ao peito de Marco – eu não sei o que falaste com o Thiago...mas foi bonito de se ver.
- E de publicar nas redes sociais! Já vi o que andaste a dizer – os dois riram-se e acabaram por se olhar – foi bom que ele voltasse a jogar.
- Foi mesmo – todos foram interrompidos pela entrada da enfermeira no quarto, com a taça de Milicent na mão – oh, muito obrigada!
- De nada, querida. Qualquer coisa que precisem é só dizer.
Depois de agradecer mais uma vez, Milicent preparou a papa para Marten que, assim que viu o que a mãe fazia, nunca mais parou quieto.
- Posso ser eu a dar-lhe? – perguntou Mario.
- Tu? Ainda vais engasgar o miúdo! Eu se fosse a vocês não o deixava – comentou Marlene, olhando para Milicent.
- Ela não sabe o que diz, deve ser efeito dos analgésicos. Posso?
- Claro – respondeu Milicent, entregando-lhe a taça – vais ter de arranjar uma estratégia para o manteres quieto.
- Isso é fácil! – Mario olhou para Marten que se mantinha atento a olhar para a taça – tu queres disto não queres? – o menino riu-se fazendo com que Mario também se risse – então vais parar quieto, ficar sentadinho que eu dou-te, pode ser?
- Como se ele fosse cumprir o que tu lhe pedes...
- Shiu, Marlene. Vocês não sabem mas nós temos uma relação muito intima – Mario ajeitou Marten para que o menino ficasse sentado e encostado a Marlene. Enquanto Mario lhe deu o comer, Marten nunca se mexeu estando sempre a olhar para ele e a rir-se enquanto Mario lhe ia fazendo algumas caretas – vocês todos queriam que ele comesse sempre assim, admitam.
- Estás com sorte, apenas isso – afirmou Marco.
- Cala-te, loirinho.
- Nós, a seguir, vamos até casa – informou Milicent – vamos juntar umas coisinhas do Marten, trocar de roupa e deixá-lo com a Manuela. Não sabemos quanto tempo demorará até que o Erik nos venha conhecer e, assim, ele fica mais sossegado com a avó.
- Oh! Ele ia gostar tanto de estar com o padrinho, não era meu gordo? – Mario deu um beijo na bochecha de Marten, acabando por levar com uma palmada do menino na bochecha – ah eu dou-te comida, beijinhos e levo com uma chapada? Saíste mesmo aos teus pais! – Marten riu-se, fazendo com que todos se rissem também.

- Ele adormeceu, Marco...
- Assim já não lhe damos banho – Marco olhou através do retrovisor reparando que Milicent também o olhava – estás muito bonita hoje, sabias?
- Acredita que tu também, querido namorado! Ao teres sido tão querido, pode ser que tenhas conseguido ganhar alguma coisa...
- Ai ganhei...
- Desde que não demoremos, acho que sim – os dois riram-se e Marco parou o carro em frente do portão de sua casa – aquela é...
- A Camile...
Camile, a mãe do Loresn...o que é que isto poderia querer dizer? Tanto Milicent como Marco ficaram sem saber se saiam do carro ou não. Ficaram sem saber o que pensar ou o que dizer. Mas tinham de fazer alguma coisa, tinham de agir. 


Olá meninas!
Cá está mais um capítulo! Espero que seja do vosso agrado e que estejam a gostar do rumo desta história. Sei que não publico há quase três meses mas o fim de mais um ano de faculdade e as férias não mo possibilitaram. Devo confessar que também espero por comentários para perceber qual é a vossa opinião. 
Espero que continuem desse lado porque eu aqui estou deste.
Beijinhos, 
Ana Patrícia.