domingo, 28 de maio de 2017

54º Capítulo: “eu hoje não consigo imaginar a minha vida se não te tivesse conhecido”

- SURPRESA! – assim que chegaram à sala de sua casa, o espanto no rosto de Marco não poderia ser maior. Estava ali a sua família, os familiares de Milicent e, ainda, alguns dos seus companheiros de equipa. E, claro, Marten.
- Como é óbvio eu não te iria querer só para mim… - disse-lhe Milicent, colocando-se ao lado do namorado – eu sei partilhar-te com eles – os dois riram-se e, depois de abraçar e trocar um beijo bem demorado com a sua namorada, Marco foi cumprimentar todos os presentes.
- Fizeram boa viagem? – perguntou Renae à filha.
- Sim, por mim tínhamos lá ficado mais tempo porque não deu para conhecer nem um terço de Veneza – Milicent passou o seu braço por cima dos ombros da mãe, olhando para Marco – um dia havemos de lá voltar. Obrigada por teres ajudado a preparar a festa aqui…
- A tua sogra é que tratou praticamente de tudo…aquela mulher sabe bem como não parar quieta!
- A Manuela é uma máquina – as duas riram-se e Milicent pôde ver o seu filho caminhar agarrado ao sofá até chegar ao pé dela – oh meu gordo! – pegou, de imediato, no filho ao colo beijando-o nas bochechas – portaste-te bem com a avó? – ele riu-se, olhando para a mãe de Milicent – ele portou-se bem, avó Renae?
- Portou-se muito bem, sim senhora! – Renae deu, também, um beijo na bochecha de Marten.
- Pai! – começou a abanar-se no colo de Milicent que só se conseguiu rir e colocá-lo no chão. Viu Marten gatinhar, já que era bem mais rápido, até Marco que estava sentado no sofá. Colocou-se de pé, apoiando-se nos joelhos de Marco, ao mesmo tempo que o pai o segurava no braço.
- Quem é que está quase a fazer anos, também, quem é? – Marco aproximou-se do filho, dando-lhe um beijo na bochecha. Dentro de três dias seria o primeiro aniversário de Marten – estás a ficar tão crescido, campeão – pegou no filho ao colo, sentando-o sobre as suas pernas.
- Vão fazer alguma festinha para o menino? – perguntou Manuela ao filho.
- Andamos a combinar com a Marlene a ver se conseguimos juntar o Mario à festa, também.
- Ah pois é! O Mario também faz anos – um dia que ninguém irá esquecer. O aniversário de Mario do ano passado iria ficar para sempre marcado pelo nascimento de Marten.

- Miúda, tu tens de ir para o hospital!
- Até parece que és tu o pai… - comentou Marco aquela afirmação tão preocupada de Mario.
- Não sou, mas tu és e estás aí com o rabo sentado enquanto a tua gaja está toda cheia de dores.
- Mario…eu não estou cheia de dores – disse Milicent num tom calmo – é só de vez em quando.
- É sinal que o meu sobrinho vai nascer. Cancelem a festa, vamos todos para o hospital! E é já!
Milicent sentiu-se a congelar por dentro, não estava preparada para ir para o hospital. Não naquele dia, não naquele momento. Era suposto fazerem a festa de Mario e não irem para o hospital.

- Por isso andamos a tentar fazer uma surpresa aos dois. Tanto ao Mario que não espera vir passar o aniversário com a família, tanto aqui ao pequerrucho para estar com o tio – esclareceu Marco, olhando para o filho que batia palmas ao ver a mãe aproximar-se – quem é aquela ciumenta, Marten? Quem é?
- Mã! – Milicent fazia gestos com as mãos, chamando Marten para si – Mã, cá! – chamava-a e Milicent começou a andar mais depressa, parando a pouco espaço de distância do filho – Mãe! – já um bocado irritado por ela não vir ter com ela, Marten chamou-a de novo e, pela primeira vez, dizia a palavra mãe.
- Oh meu amor! – Milicent aproximou-se bem depressa dele, levando as suas mãos à carinha de Marten – ai que coisa mais boa da mãe – beijou-lhe as bochechas, a testa e o nariz – diz lá, quem sou eu?
- Mã! – Marco e Manuela riram-se e Milicent acabou por dar uma forte palmada no ombro de Marco – na! Na bati pai! – Marco abraçou-o e Marten começou a rir-se – Mã num bati!
- Mãe, Marten. Diz mãe, coisa boa – sentou-se ao lado do namorado, vendo o filho segui-la com os olhos. Marten virou-o de frente para eles, para que ficasse a olhar para os dois.
- Diz lá, quem é ela? – perguntou Marco, apontando para Milicent.
- Mãe – respondeu, batendo palmas – mãe, mã! – começou a mexer-se depressa, querendo sair do colo de Marco – chão! – Marco colocou-o no chão e o menino foi até à sua zona dos brinquedos.
- Eu vou ser a eterna, mã!
- A melhor mã que ele tem – Marco encostou-se no sofá, puxando Milicent para si. A rapariga acabou por deixar a sua cabeça em cima do peito do namorado.
- Manuela, diga lá que o seu filho não anda a ficar cada vez mais giro? – perguntou Milicent, fazendo com que a sua sogra se risse à gargalhada.
- Ele sempre foi bonito…
- Obrigado, mãe – agradeceu Marco, levando a sua mão às costas da mãe.
- Mas não te cuides, não. Fazes mais tatuagens e começas a ficar um papel branco cheio de rabiscos! – os três riram-se e Manuela acabou por se levantar indo ter com o pai de Marco que a tinha chamado.
- A tua mãe é um máximo!
- Tu gostas muito da minha mãe, para meu gosto! – Milicent olhou-o, achando estranha aquela afirmação do namorado – não me olhes dessa maneira – Marco beijou-a, olhando-a a seguir – eu adoro, mesmo, a forma como te dás com ela. É muito importante para mim.
- Acredita que também o é para mim. A tua mãe sempre me aceitou bem na tua vida…e já desabafei imenso com ela, por isso, já é uma pessoa muito importante na minha vida.
- O que é que tu desabafaste com a minha mãe? – Marco passou a sua mão para as costas de Milicent, deslizando-a por todas as costas da namorada.
- Coisas que tu não podes saber, coisa boa! – Milicent aproximou-se dele, beijando-o – espero que estejas a gostar do teu dia de anos, meu amor – o dia já ia longo, já tinham chegado a Dortmund a horas do jantar surpresa que se tinha preparado para Marco.
- Estou a adorar, Mili. Obrigado, mesmo!
- Nada de agradecimentos, coisa boa. Quer dizer…quando ficarmos sozinhos podes pensar em agradecer, sim.
- Hum que ela está a dar dicas sobre quando ficar sozinhos… - Milicent riu-se, passando para cima das pernas de Marco – e não está nada preocupada em estar em cima de mim com a família toda aqui…
- A família está entretida com a jóia da casa – os dois riram-se, trocando um fogoso e apaixonado beijo.
- Olhem para estas poucas vergonhas! – atirou Aubameyang – não deviam ter mais cuidado, oh amorzinhos?
- Lá tinha de vir este estragar o momento – Milicent sentou-se como deve ser no sofá, ajeitando a sua longa saia – não sabias ir dar beijinhos à tua mulher, também?
- A minha mulher foi com a minha criança à casa de banho!
- És um chato!
- O jantar está servido! – anunciou Manuela e todos a começaram a seguir até ao jardim. Aubameyang, claro, foi um dos primeiros a ir ter com Manuela.
- A tua mãe é a melhor organizadora de jantares surpresa que eu conheço! – Milicent levantou-se, ajeitando a sua roupa – temos de lhe agradecer tudo o que ela fez por cá enquanto nós estivemos no bem bom!
- A ela e à tua mãe! – Milicent olhou-o – ela ficou com o Marten e também ajudou que eu já sei.
- A minha mãe anda estranha…ainda não tive tempo de falar com ela como deve ser, mas há ali qualquer coisa que não está a bater certo.
- Pode ser só impressão tua – Marco entrelaçou a sua mão com a da namorada e os dois começaram a caminhar em direção do jardim – e tu? Já não tiveste mais tonturas?
- Não. Provavelmente é só mesmo a pressão de procurar o trabalho, desta surpresa para ti e da surpresa para o Mario…
- Tu, Sra. Pediatra, devias era tomar atenção à tua saúde.
- Deixe lá, Sr. Futebolista, que a Sra. Pediatra está muito bem e recomenda-se!
- Espero bem que sim!
Os dois chegaram ao jardim, sentando-se lado a lado, com Marten sentado na sua cadeira de refeição ao lado de Milicent.
- Mana? – Mary Alice apareceu no meio deles dois, olhando para Milicent.
- Diz, meu amor – Milicent olhou-a, dando-lhe um beijo na bochecha.
- Tu achas que eu, um dia, posso ficar com o Marten e com vocês? – Milicent sorriu. Conhecendo Mary Alice como conhece, aquela era a forma de ela assumir que tinha saudades de estar com eles.
- Claro que podes – respondeu logo Marco – aliás, porque é que não vens para cá amanhã e ficas até ao dia de anos do Marten? Assim ajudas a Mili e tudo… - sugeriu, fazendo com que a menina esboçasse um sorriso enorme e olhasse para Milicent.
- Eu acho a proposta do Marco muito boa…
- Podes pedir à mãe? – perguntou Mary Alice, fazendo com que Milicent se risse.
- Posso. Eu falo com a mãe.
- Obrigada! – abraçou primeiro Milicent para, depois, abraçar Marco também – eu adoro-vos!
- E nós adoramos-te a ti, macaquinha – disse Marco, passando com a sua mão pela cabeça de Mary Alice. A menina acabou por se ir juntar aos pais e Marco olhou para a namorada.
- Obrigada – agradeceu Milicent.
- Deixa-te disso – beijou a testa da namorada, olhando-a – somos todos uma família.


- Andas a ficar muito mole de manhã, Marco Reus!
- As manhãs foram feitas para estar na ronha consigo, Milicent Reus! – os dois riram-se e Milicent acabou por se sentar na cama, passando as suas mãos pelo tronco do namorado.
- Por enquanto sou apenas Werner, meu amor.
- Não queres ser a minha Reus? – Marco levou a sua mão até à coxa de Milicent.
- Claro que quero. E eu adoro que me chames assim – beijou-lhe a barriga, olhando-o a seguir.
- Doida!
- Vá, vamos levantar. Lá porque estás de férias isto não é vida.
- O bebé nem sequer acordou!
- Não interessa, eu tenho fome e a Mary Alice há-de estar aí a chegar.
- Isso é verdade – Marco sentou-se na cama, levando as suas mãos ao pescoço da namorada – e, relativamente a essa fome, ninguém te manda acordar a meio da noite e seduzir-me!
- Caluda – beijou o namorado, levantando-se a seguir – diz lá que não gostaste de ser seduzido a meio da noite?
- Gostei! – Marco falou um pouco mais alto, já que Milicent entrou na casa de banho. Apanhou o seu cabelo, começando a tratar de lavar a cara – mas qual é a pressa? – perguntou, entrando na casa de banho – a miúda só chega daqui a meia hora…
- Por isso mesmo. Temos meia hora para eu me arranjar, tu te arranjares, comer, ver se o bebé acorda…
- Tão linda que ela anda – Marco rodeou-lhe a cintura com os braços, deixando-se ficar abraçado à namorada – às vezes dou por mim a pensar que, se eu estivesse casado com a Carolin, eu acho que não iria ser tão feliz como sou agora – Milicent olhou-o através do espelho, achando aquela conversa muito estranha – não faças aí rugas na testa que não é preciso – Milicent fazia sempre umas rugas na testa quando estava confusa, Marco riu-se dando-lhe um beijo no pescoço – é verdade. Ela não queria ter filhos pelo menos até fazer 25 anos, não é ligada à família, não a imaginaria, nunca, a organizar esta casa de uma ponta à outra enquanto tinha um filho de um ano ao cuidado dela… - Milicent esboçou um sorriso, levando as suas mãos às que Marco tinha na sua barriga – eu hoje não consigo imaginar a minha vida se não te tivesse conhecido.
- Sais-te melhor que a encomenda, tu!
- Deixa lá que tu também não ficas nada atrás – Marco voltou a beijar-lhe o pescoço.
- Vá, deixa-me lá arranjar-me e vai tu ver se o Marten acordou – o rapaz afastou-se de Milicent começando a sair da casa de banho. Milicent continuou a arranjar-se, super bem descontraída e tranquila.
Enquanto isso, Marco dirigiu-se ao quarto do filho e, assim que chegou perto do berço de Marten, deparou-se com o menino deitado, acordado e a brincar com a sua chupeta.
- Então tu já estás acordado e não dizias nada, campeão? – assim que ouviu a voz do pai, Marten começou a rir-se – andas a portar-te muito bem, sim senhor! – fez-lhe cócegas na barriga, intensificando a gargalhada de Marten – vamos ter com a mãe, vamos?
- Mãe! – Marten começou a virar-se de barriga para baixo para, depois, se sentar no berço e esticar os seus braços na direção de Marco – mã, mã!
- Anda lá – pegou no filho ao colo, dirigindo-se para o quarto – olha, olha…já viste a preguiçosa da mãe? – Marco colocou Marten em cima da cama, que depressa gatinhou na direção de Milicent – primeiro querias despachar-te e agora estás aí?
- Estou mal disposta… - confessou, ao mesmo tempo que Marten se sentou junto a ela – não dás beijinho à mãe? – perguntou, passando com a sua mão pelas costas de Marten. O menino deitou-se a seu lado, dando-lhe um beijo na bochecha.
- Mã, ó-ó?
- Vou fazer ó-ó vou. Queres nanar comigo? – num ápice Marten começou a gatinhar na direção de Marco – pronto, vou entender isso como um não.
- Já estou a ficar preocupado contigo, Mili… - disse Marco, visivelmente preocupado.
- Eu prometo que se me continuar assim eu vou ao médico. Isto pode ser uma virose ou qualquer coisa que eu comi…
- Mesmo assim. Com as tonturas e agora esta má disposição…
- Eu sei que estás preocupado – Milicent sentou-se na cama, olhando o namorado – mas eu estou bem. Prometo!
- Não vou deixar de estar preocupado na mesma – os dois limitaram-se a ficar a olhar um para o outro, sendo interrompidos pelo som da campainha – deve ser a Mary.
- Eu vou lá que tu ainda estás em trajes menores – Milicent levantou-se, ainda um pouco fraca. Pegou em Marten ao colo e foi com ele até ao andar debaixo para abrir a porta aos pais e a Mary Alice.
- Bom dia! – disse Milicent, ao abrir a porta.
- Bom dia! – Mary Alice abraçou a irmã, olhando-a – estavas a dormir? – talvez pela sua cara de enjoada, Mary Alice pensasse que Milicent tivesse acabado de acordar.
- Não, eu já acordei há um bocadinho.
- Mas estás com cara de quem acabou de acordar – comentou a mãe, fazendo com que Milicent a olhasse.
- Só estou mal disposta, está tudo bem.
- Tens a certeza que não faz mal ela ficar por cá? – perguntou o pai, desviando a atenção para Mary Alice.
- Claro que não. Duas mãos extra cá em casa são sempre bem-vindas. Eu tenho de tratar da festa do Marten e do Mario, por isso…é mesmo uma boa ajuda.
- Se precisares de alguma coisa podes chamar-nos, também – assegurou a mãe, colocando a sua mão sob o braço da filha.
- Eu sei, obrigada.
- Então nós levamos aqui a menina depois da festa – o pai baixou-se, abrindo os braços. Mary Alice abraçou-o fazendo, depois, o mesmo com a mãe.
- Fiquem descansados que ela vai ser tratada como rainha cá em casa! – assegurou Marco, chegando naquele momento perto de Milicent. Cumprimentou os sogros, pegando em Mary Alice ao colo.
- Disso não duvidamos – Renae riu-se, olhando para a filha – qualquer coisa que precisem digam.
- Obrigado – agradeceu Marco.
- Vá, então portem-se bem – Renae e Hinrich despediram-se dos quatro e Milicent fechou a porta de casa, indo para a sala.
Colocou Marten no chão a brincar com os seus brinquedos e, assim que Marco colocou Mary Alice no chão, a menina juntou-se a ele.
- Estás bem? – perguntou Marco, levando as suas mãos às costas da namorada.
- Estou mal disposta, só isso.
- Daqui a nada agarro em ti e levo-te ao hospital.
- Não te preocupes, porra! Eu estou bem – Milicent afastou-se do namorado, sentando-se no sofá. Marco encolheu os ombros, achando toda aquela mudança de temperamento de Milicent esquisito – então, Mary, como é que tu tens andado? Como é que correu a escola?
- Correu bem. já não tenho mais.
- Então também já estás de férias como eu – disse Marco, sentando-se ao lado da namorada.
- Sim! Mas, sabem uma coisa? – a menina olhou-os por um bocado, voltando a olhar depois para Marten e os seus brinquedos – o pai e a mãe andam chateados – Milicent olhou para Marco…ela sabia que algo não estava bem!
- Chateados? – perguntou, tentando saber algo mais sobre o que Mary Alice lhe dizia.
- Sim. Eles discutiram, duas vezes. E a mãe diz que não quer estar com o pai mais vezes – Milicent voltou a olhar para Marco, sentindo-se a quebrar por dentro. Como assim? Como é que as coisas poderiam estar tão diferentes e ela não se ter apercebido de nada até ontem? Só ontem é que Milicent percebeu que os seus pais não estavam bem e, ao que parece, as coisas já não estão bem há algum tempo.
- Tenho a certeza que eles vão fazer as pazes – garantiu Marco já que Milicent não conseguia dizer nada – às vezes os crescido têm discussões e dizem coisas que não querem um ao outro mas…depois as coisas acabam por se resolver e ficar tudo bem.
- Achas? – perguntou Mary Alice.
- Tenho a certeza. Eu e a mana já nos chateamos, tu sabes, não é? – ela assentiu que sim com a cabeça – e olha para nós? Estamos bem agora, temos o bebé e estamos felizes. Vais ver que eles vão resolver as coisas, se calhar agora que não estás lá ao pé deles até fazem as pazes, vais ver.
- Eu espero que sim.
- Já tomaste o pequeno-almoço? – perguntou Milicent, desviando-se daquele assunto.
- Já!
- E não queres mais nada?
- Não, mana. Eu estou bem.
- Então tomas conta do Marten enquanto eu e o Marco vamos fazer o comer para nós?
- Sim. Eu tomo conta dele – passou a sua mão pela cara do menino e os dois foram até à cozinha.
- Como é que eu não percebi que as coisas não estavam bem? – atirou, assim que fechou a porta da cozinha e ficou a sós com Marco. Andava de um lado para o outro, retirando comer do frigorífico, dos armários e todos os utensílios de que precisaria – eu tenho andado tão distraída que não percebi que os meus pais não andam bem, Marco!
 - Hey – Marco parou-a, levando as suas mãos ao pescoço da namorada – acalma-te e pensa direito. Tu, nestes últimos tempos, andas com imensa coisa em mãos. São as entrevistas de emprego, os nãos que elas trazem, o meu aniversário e agora o do Marten. Ainda para mais com as minhas lesões, esta casa que temos de gerir e um filho pelo meio…tu não podes estar a olhar para todos ao mesmo tempo. Quando nem para ti olhas como deve ser.
- Tu não estás a perceber – Milicent afastou-se dele, como que não ouvindo aquilo que ele lhe estava a dizer – os meus pais nunca, mas nunca tiveram discussões. No máximo tinham aquelas picardias mas acabavam a beijar-se e às gargalhadas. Desde que eles deixaram de voar, desde que deixaram de fazer o que gostam que eles se tiveram de ajustar a uma nova vida. E eu não percebi se eles se estavam a ajustar a essa vida, se eles estavam felizes. Para a Mary Alice dizer que a minha mãe diz que não quer estar com o meu pai…as coisas não estão mesmo nada bem, Marco! – o rapaz conseguia perceber que Milicent estava perdida. Conseguia perceber que, naquele momento, a sua namorada tinha perdido todo o seu norte.
- Acalma-te, por favor – puxou-a pelo braço, encostando a cabeça da namorada ao seu peito – não te podes martirizar, nem culpar por nada. Tu és uma mãe de família agora, também. Tu estás a ganhar a tua vida e a ser independente. Não podes estar com mil e um olhos em cima de todos, nem eu o estou – levou as suas mãos à cara da namorada, olhando-a. Milicent já tinha lágrimas a escorrerem-lhe pela cara – chora à vontade, mas tem calma. As coisas vão resolver-se, vais ver. Pode ser que estes dias sem a Mary lá por casa lhes sirva para se acalmarem aos dois e perceberem o que se passa.
- Eu acho que devia falar com a minha…
- Não – interrompeu Marco prontamente – não vais falar com ninguém. Deixa-te ficar sossegada e espera que seja a tua mãe a contar-te o que se passa.
- Se eles se separarem…
- Eles vão continuar a ser os teus pais. Nada disso mudará, Mili.
- E a Mary? Será que a podem retirar aos meus pais?
- Não comeces já a pensar nisso, por favor. Eu sei que não é fácil, que neste momento deves estar com a cabeça a mil. Mas calma, tenta abstrair-te por um bocado. Pode ser?
- Vou tentar – encostou novamente a sua cabeça ao peito do namorado, sentindo-o aconchegá-la nos seus braços.

Ambos sabiam que os próximos tempos seriam complicados. Talvez Milicent tivesse mais consciência disso já que Marco pretendia manter uma visão mais positiva de tudo. Milicent sabia que, a qualquer momento, poderia estourar a bomba de ver os seus pais separados com todos os problemas que essa separação poderia trazer.  


Olá, olá! 
Trago-vos um novo capitulo e espero que gostem. 
Beijinhos, 
Ana Patrícia.

1 comentário:

  1. Olá :)
    Não penses que desisti de ler a fic, porque não o fiz :P
    Apenas tenho tido uns problemas e não tenho tido tempo e paciência para nada.
    Quero dizer que adorei o capitulo e quero mais capítulos ;)
    Espero que os pais da Mili não se separem :/
    Beijos :*

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