quarta-feira, 4 de outubro de 2017

55º Capítulo: “Eu tenho tanto orgulho em ti, Mili.”

 - Como é que está a avó? – perguntava Milicent depois de Jolandi a ter saudado do outro lado da linha.
- Eu estou bem, minha neta. Já essa tua voz… - Milicent sabia bem que, fizesse o que fizesse, a avó era quem a conhecia melhor. Talvez Marco também já começasse a conhece-la sem que precisasse de falar, mas Jolandi sabia cada pedaço da neta que sempre cuidou que se passa, querida?
- Nada, avó…
- Nada não. Posso não estar a ver-te mas sei perfeitamente que não estás bem.
- É só…tudo isto da festa – Milicent desejou que a avó não percebesse que ela estaria a mentir.
- Eu vou fingir que acredito e, não tarda nada, estou aí ao pé de ti para comprovar o que estou a dizer!
- Está a chegar?
- Estamos à espera dos teus pais. Eles vêm buscar-nos e vamos para aí todos juntos.
- Cá vos espero, então. Eu gosto muito de si, avó.
- Oh meu anjo, a avó também gosta muito de ti. Cheira-me que a mamã está a precisar de miminhos da avó! era bem capaz de estar a precisar disso e muito mais. Milicent admitia que, por vezes, sentia saudades da sua antiga vida.
A vida em que não precisava de se preocupar com um ser ainda tão pequeno quanto Marten para cuidar, uma vida em que não tinha filho a seu cuidado, uma relação cheia de altos e baixos, um namorado que tanto ama mas que tanto a deixa com medo de falhar. Milicent sentia saudades de quando só vivia com os seus avós, quando era a única a decidir o que fazer, onde ir e com quem estar. Não que não amasse a vida que tem, não que não estivesse feliz com as escolhas feitas…mas sentia falta do seu antigo modo de vida.
- Estás bem? – perguntou Marco, chegando ao quarto naquele momento.
- Hum, hum – Marco deitou-se a seu lado, entrelaçando a sua mão com a da namorada – os meus pais e avós estão a vir para cá e eu ainda não me arranjei.
- Não estás muito em modo de festa pois não?
- Estou, não é isso – sentou-se na cama, olhando o namorado – sinto-me mal por ter saudades da minha vida antes do Marten…antes de ti – confessou, sob o olhar atento de Marco – eu amo toda a minha vida de agora mas dou por mim a ter saudades do que havia antes.
- Eu percebo – Milicent surpreendeu-se com aquela afirmação de Marco – há muita coisa a mudar e é normal que sintas. Eu não tenho saudades da minha antes de ti porque foi bom perceber que aquilo que havia entre mim e a Carolin não era o que eu queria – Marco sorriu, levantando-se – mas é normal que tu tenhas saudades, sempre foste só tu…e agora tens dois gatões sempre contigo, dois gajos com quem te tens de preocupar. Eu gosto que tu fales de tudo comigo…isso descansa-me.
- Obrigada por não me criticares.
- Desde que não penses largar o gatão…
- Convencido! Mas podes ficar descansado – os dois riram-se e Marco aproximou-se de Milicent para trocar com ela um beijo bem prolongado – tenho de me ir arranjar…
- E ficar toda gira para a festa do pimpolho!
- Sou a mãe! Tenho direito a produzir-me como tal! – os dois riram-se, trocando mais um beijo. Milicent tinha as suas mãos no pescoço do namorado e olhava-o naquele momento – obrigada por seres o melhor pai do mundo para o Marten. E, parabéns a ti, por o seres 24 horas por dia, ao longo de todo este ano que passou.
- Só ser teu namorado me consegue fazer tão ou mais feliz do que ser pai do Marten. Vocês são a minha vida, neste momento e se me dás os parabéns a mim dessa forma…eu tenho de te dar a duplicar por seres mãe dele 24 sob 24 horas, todas as noites que passaste sozinha com ele, geriste esta casa quando eu me lesionei…tu, sim, és a melhor mãe do mundo.
- Aprendi a sê-lo contigo – Milicent voltou a beijá-lo, olhando-o logo de seguida – e pronto, já chega destas lamechices – saiu da cama, começando a ir na direção da casa de banho – os miúdos?
- Estão lá em baixo. Só falta o Marten tomar o pequeno-almoço…
- Eu dou-lhe, se quiseres.
- Agradecia, ainda tenho de pôr no jardim o escorrega e baloiço para os putos – tinham comprado um pequeno escorrega e baloiço, tudo num só, para que os mais pequenos se conseguissem divertir de alguma forma.
- Vou despachar-me então.

Assim foi. Milicent entrou na casa de banho, tomou o seu duche rápido e, depois de secar o cabelo, maquilhar-se e passar o creme pelo corpo, foi vestir-se levando todos os acessórios do look para o andar debaixo para os pôr quando os convidados começassem a chegar. 


- Estás tão linda, mana! – disse Mary Alice assim que Milicent chegou à sala.
- Oh querida…muito obrigada!
- O teu chapéu é muito bonito também.
- Eu deixo-te dar umas voltas com ele, que tal?
- A sério?
- Claro! – as duas riram-se e Marten começou a gatinhar na direção da mãe – olá meu príncipe lindo! – Milicent pegou nele ao colo, beijando-lhe a bochecha – parabéns Marten – voltou a beijar-lhe a bochecha – bebé da mãe! – voltou a beijá-lo, vezes e vezes sem conta.
- Mã, pára! – Marten levou a sua mão aos lábios de Milicent, impedindo-a de o voltar a beijar – cabou!
- Resmungão! Tens fome? – perguntou-lhe.
- Sim.
- E tu, Mary? – olhou para a sua irmã, vendo-a pintar no caderno que tinha trazido – não queres comer mais nada?
- Não. O Marco deu-me bolos da festa!
- Ai deu? E estavam bons?
- Sim, mana! As pessoas vão gostar da tua festa!
- Obrigada, meu amor – Milicent aproximou-se dela, dando-lhe um beijo na bochecha – vou dar de comer ao Marten, sim?
- Tá. Eu posso ir lá fora ajudar o Marco?
- Claro que sim! – Mary Alice deixou tudo arrumado, saindo na direção do jardim. Milicent foi até à cozinha, preparando o biberão para o filho.
Começou a dar o biberão ao filho, indo para o jardim também. Estava tudo como tinha pensado. Estava tudo como sempre sonhara…há imenso tempo que Milicent sonhava com a festa do primeiro aniversário do filho, sobretudo por puder conjugá-la com a festa de Mario. Havia já o escorrega e baloiço montado para as crianças num canto, uma piscina cheia de bolas para que os meninos pudessem brincar também e depois a parte para os adultos. Não seriam muitos, haviam apenas três mesas com a comida, uns quantos puffs espalhados pela relva e os sofás que Marco tinha no exterior da casa estavam todos dispostos uns ao lado dos outros. Em tons de branco e azul, aquela era a mistura que Milicent tinha imaginado para uma festa de adultos e de crianças. Preferiam fazer uma espécie de brunch, podendo prolongar-se pela tarde.
Depressa chegaram os pais de Milicent e os seus avós e já estavam envolvidos a entreter Marten e Mary Alice. Também os pais de Marco tinham chegado, assim como as suas irmãs. Todos no jardim, aproveitando a temperatura amena que se fazia sentir naquele dia 3 de junho, preenchendo-o e dando as certezas a Milicent que não trocava aquela sua vida por nada.
- Estás mais gordinha – Jolandi sentou-se ao lado de Milicent, fazendo a neta olhá-la naquele momento.
- Acha?
- Acho – confessou, agarrando a mão da neta – mas acho que estás bem assim. Andavas muito magrinha, também.
- Então…obrigada. Avó… - Milicent olhou-a, queria imenso falar com ela…e não podia esperar mais – a avó sabe se está tudo bem entre os pais?
- Porque é que me estás a fazer essa pergunta? A Mary Alice também te disse que eles discutiram? – Milicent limitou-se a acenar que sim com a cabeça – todos os casais passam por isso, tu própria já o sabes! – Jolandi olhou para a frente, vislumbrando o seu filho brincar com o seu bisneto – é certo que eles não estão muito bem, mas como qualquer casal saberão resolver os problemas que os estão a afetar – Jolandi voltou a olhar para a neta – só precisas de não pensar muito nisso.
- Mas…eles sempre se deram tão bem.
- Só que agora têm uma vida diferente, meu bem – Jolandi levou a sua mão à cara da neta – isto é tudo muito normal. Temos de dar-lhes tempo!
- Eu só espero que…não seja muito sério.
- Não será, meu amor – Jolandi deu um beijo na bochecha da neta, voltando a olhá-la – posso perguntar-te uma coisa?
- Claro, avó.
- Tu já voltaste a menstruar regularmente?
- Eu deixei de amamentar o Marten quando ele tinha oito meses, dois meses depois comecei com pequenas perdas de sangue mas nada muito regular como antigamente.
- Então tu continuas irregular…tens tido cuidado?
- Claro que sim, avó.
- Está bom… - Milicent olhou para o filho a brincar com o pai, ouvindo a campainha soar.
- Deve ser a Marlene com o Mario! – levantou-se depressa, fazendo sinal a Marco para vir na sua direção – devem ser eles, não?
- Acho que ainda devem ser os pais do Mario e os irmãos.
- Ah pois é! – tinha-se esquecido que ainda faltava a família de Mario. Foram os dois abrir a porta, confirmando que se tratava mesmo da família de Mario.
Só faltava mesmo que eles dois e Erik chegassem. Estavam ambos ansiosos para que isso acontecesse, iria ser surpresa para Mario e queriam ver a reação dos dois à surpresa que tinham preparado.
Passado pouco tempo a campainha fez-se ouvir de novo. Agora sim deviam ser eles! Marco e Milicent correram na direção da porta, abrindo-a. Mario vinha de olhos vendados, tal como tinham combinado. Marlene trazia Erik pelos braços, passando-o depressa para os de Milicent.
- Vá, anda mais uns passinhos Mario – entraram em casa deles e Milicent apressou-se em voltar ao jardim.
- Ei – chamou à atenção de todos – o Mario chegou, precisamos de fazer pouco barulho – aproximou-se dos mais pequenos, baixando-se ao lado de Marten – amor da mãe, tens de fazer pouco barulho agora sim?
- Não.
- Mas está na hora da surpresa ao tio…
- Bebé – olhou para Erik, aproximando-se dele.
- Devagarinho – Milicent começou a vê-lo ir com a mão na direção do bebé. Nico e Mary Alice já estavam em silêncio, esperando a chegada de Mario e Marlene. Enquanto Marten se entretinha com Erik conseguia estar quieto, dando tempo para que Marco, Marlene e Mario chegassem ao jardim naquele momento.
- Pronto, podes parar – disse Marlene – agora…podes tirar a venda – Mario esfregou as mãos uma na outra.
- Isto vai ser para fazermos um irmão ao Erik, não é? – assim que disse aquilo acho que todos tiveram vontade de nos rir mas ninguém o fez. Mario retirou a venda e todos lhe deram os parabéns.
Olhou para cada um dos presentes ali, na sua festa. Olhou para Marco e abraçou-o durante algum tempo, deixando Marlene para o fim trocando um beijo bem prolongado.


Formentera tinha sido o destino de férias de eleição para as primeiras férias a seis. Pelo menos os primeiros dias, já que Milicent e Marco iriam passar cinco dias sozinhos, para conseguir haver mesmo descanso.
- Vamos dar uma volta? – Mario estava mais falador que o habitual e ainda eram as primeiras horas desde que tinham chegado.
- Eu acho que não vou – afirmou Marlene – uma viagem de avião com dois bebés é pior que dois dias a trabalhar apenas as pernas no ginásio – Milicent riu-se, mas sabia que era bem verdade.
- Então eu fico contigo – deitou a sua cabeça sobre as pernas da namorada, esticando-se no sofá. Milicent e Marco estavam noutro e a rapariga acabou mesmo por se levantar.
- Não sei importam, então, se nós formos dar uma volta?
- Claro que não! – respondeu Marlene – vão e tragam qualquer coisa para jantar, que tal?
- Com certeza! – Marco levantou-se do sofá, com Marten a dormir no seu colo.
- Então até logo – disse Milicent, indo pegar na sua mala e na de Marten que ainda não estava desfeita da viagem. Marco colocou o filho no carro com cuidado e os três saíram de casa.
Começaram a percorrer a quente rua da casa que tinham alugado, sabendo que ao continuarem a descê-la iriam parar junto do mar.
- Tenho uma entrevista de emprego quando chegarmos a Dortmund – disse Milicent, olhando para Marco. Ainda não lhe tinha contado…tinha medo de, à última hora, tudo dar para o torto e só hoje teve as certezas todas de quando seria a entrevista.
- A sério? Isso é ótimo! – Marco passou um dos seus braços por cima dos ombros da namorada, puxando-a para si – fico muito feliz por ti, Mili – deu-lhe um beijo na testa, olhando-a de seguida – e é para onde?
- No hospital central de Dortmund – disse com um enorme sorriso a formar-se nos seus lábios.
- Acho que vou pedir a todos os santinhos que tenhas um lugar no hospital! Tu mereces mais do que ninguém! Eu tenho tanto orgulho em ti, Mili – Marco parou de caminhar, dando um abraço à namorada.
- Obrigada… - havia um misto de sensações a invadirem Milicent. Era vergonha, com muito carinho. Sabia-lhe imensamente bem ouvir tais palavras da boca do namorado. Retomaram o seu percurso, Marco sempre levando o carrinho de Marten.
- Estás com medo?
- Um bocadinho…é a minha primeira entrevista à séria.
- Não, não – Milicent olhou-o confusa – a primeira foi comigo! E se passaste essa com distinção, uma na tua área vai ser super tranquilo!
- Espero mesmo que sim…
- Eu também tenho algo para te dizer – pararam um pouco, estando quase a chegar ao grande paredão junto do mar – o Marcel vai mesmo lançar a marca de roupa no próximo mês.
- Ai esse também só se mete em coisas que eu nunca pensei serem a área dele! – os dois riram-se.
- És a modelo feminina ou não?
- Ele paga bem? – Milicent riu-se, continuando a andar assim como Marco – claro que sim. Se ele for buscar uma modelo qualquer vai ter de despender algum dinheiro e, se ele acha que eu tenho as medidas certas…
- Mais do que certas, mamã boazona – Marco parou novamente, puxando a namorada para si. Levou as suas mãos ao rabo de Milicent, começando a beijar-lhe o pescoço.
- Estás muito animado, rapaz! – Milicent não podia negar que aqueles beijos e toques de Marco a estavam a provocar imenso. Eram calores a subir por ela acima, um desejo crescente e arrepios sem fim. Tantas foram as vezes que, antigamente, deu por si a pensar que vida de casado poderia ser monótona…mas fazia-a com Marco e de monótona a sua vida não tem nada – estamos em plena rua, Marco.
- Eu não estou a fazer nada de mal! – Marco olhou-a, unindo os seus lábios com os da namorada. Apertou a mão direita no rabo de Milicent, puxando um pouco do vestido que a rapariga trazia vestido para cima. Milicent riu-se acabando por quebrar o beijo naquele momento.
- Tu estás com vontades a mais para meu gosto!
- Continuas tão ou mais irresistível como no dia em que te conheci.
- Andas feito um lamechas do pior!
- Não gostas?
- Gosto, gosto! – Milicent levou as suas mãos à cara de Marco, dando-lhe um curto beijo – vamos lá continuar a andar! Daqui a nada despes-me em plena rua e somos notícia pelo mundo fora! – os dois riram-se e continuaram mesmo o seu passeio.
Milicent não podia negar que desejava estar sozinha com Marco. Há imenso tempo que não estavam apenas os dois, sem terem de se preocupar se Marten estaria acordado, se teria de comer ou algo que os pudesse interromper.

- Que foto linda, oh Reus! – disse Marlene, olhando para Marco – estás mesmo apaixonado, vê-se logo! – Milicent sorriu, agarrou o telemóvel do namorado indo logo ver de que fotografia é que Marlene falava. 

Há quase dois anos e meio que eu não existo sem ti

- Muito romântico o nosso Marco – atirou Mario – mas a questão que se impõe é: como é que o tens aguentado tanto tempo, Mi? – todos se riram à excepção de Marco. Até Marten começou a gargalhar por os ouvir rir também – ora nem mais campeão, é isso mesmo! – Mario pegou em Marten ao colo, começando a fazer-lhe cócegas – o teu pai é um chato não é?
- É! – gritou Marten enquanto se ria ao mesmo tempo.
Milicent levantou-se, querendo ir buscar mais um pouco do bolo que tinham trazido como sobremesa. Ela tentou e queria mesmo mais bolo, mas foi traída por uma forte tontura que a fez sentar de novo no sofá.
- Que se passa? – perguntou muito depressa Marlene, olhando atenta para a amiga. Marco tinha conseguido envolver o seu braço em torno da cintura de Milicent, levando a sua outra mão livre à cara da namorada.
- Estás bem? – perguntou-lhe, mas Milicent continuava a ver tudo turvo e à roda.
- Quebra de tensão… - acabou por dizer.
- Já começam a ser demais – Milicent tentou encostar-se a Marco mas algo não estava certo com ela. Olhou o namorado, agarrando a sua mão.
- Ajuda-me a ir até à casa de banho, por favor – Marco levantou-se depressa, ajudando Milicent a levantar-se com mais cuidado. Caminharam lado a lado em direção da casa de banho – agora…deixa-me um bocadinho sozinha, por favor.
- Mas...
- Vá lá, Marco. Veres-me vomitar não há-de ser uma coisa agradável! Sai, por favor.
- Não seria a primeira vez.
- Marco! – olhou através do espelho, elevando um pouco o seu tom de voz – deixa-me sozinha, por favor – Marco nada disse, limitando-se a sair da casa de banho. Fechou a porta, deixando-se ficar no corredor.
- O que se passa? – perguntou Marlene, aproximando-se de Marco.
- Ela está a vomitar…Marlene ela já anda assim há uns tempos. Ela desculpasse com o stress…mas eu não sei se será o stress que a deixa assim.
- Pode ser o calor, algo que ela coma e seja alérgica sem saber…convence-a a ir ao médico.
- Achas que eu já não tentei? Ela é teimosa que nem pedra dura! – os dois riram-se e Milicent acabou por sair da casa de banho – vai lá tu que ela expulsou-me da casa de banho – Marco deu um beijo na testa de Marlene, regressando à sala.
Enquanto isso, Marlene aproximou-se da amiga que permanecia encostada à ombreira da porta.
- Então, Mi? – Marlene passou a sua mão para a testa da amiga, notando que ela estava mais quente que o habitual e toda suada – tu deves estar com uma virose qualquer.
- Ajudas-me a ir até ao quarto?
- Eu ajudo-te a ir ao hospital.
- Mare…eu sou crescidinha. Eu sei tomar conta de mim e eu só preciso de me deitar um bocadinho.
- Eu juro que se ficares pior durante a noite, peço ao Marco para agarrar em ti e levar-te ao hospital.
- Combinado – Milicent apoiou-se no braço da amiga e as duas foram até ao seu quarto. Marlene ajudou Milicent a deitar-se acabando por lhe tapar as pernas – obrigada.
- De nada. Chama-me se precisares de alguma coisa – Marlene enrugou a testa – ou o Marco, ele vai dormir contigo ao fim ao cabo – as duas riram-se e Marlene acabou por beijar a testa da amiga.
- Podes dizer ao Marco para adormecer o Marten? Isto se ele já não estiver a dormir…
- Fica descansada – Marlene saiu do quarto e Milicent virou-se de lado na cama, tapando-se por completo. Fechou os olhos, ouvindo ao longe os amigos e o namorado a falarem. Claro que não percebia o que diziam, nem sequer uma palavra mas, ouvi-los, tranquilizava-a e começava a embala-la.
Quando já começava a sentir o seu corpo leve e a entrar naquele espaço em que não se está a dormir mas que não se está a perceber o que acontece à sua volta, a porta do quarto abriu-se para se fechar logo de seguida. Milicent não se mexeu, sabia que seria Marco e que, depois de deitar Marten no berço, ele acabaria por colocar-se ao lado dela.
E assim foi. Marco sentou-se na cama, ao lado de Milicent, passando com a sua mão pela cara da namorada.
- Ele está a dormir?
- Sim…e tu estás melhor?
- Acho que sim.
- Então dorme, meu amor – Marco depositou um beijo na testa da namorada, deitando-se a seu lado.


Os dias em Formentera tinham passado depressa demais para o que Milicent esperava. Pouco conseguiu descansar, é certo. Com Marten a descobrir o que era a areia da praia, a gatinhar sem parar nela e toda a correria que era em casa, tanto Milicent como Marco só conseguiam descansar quando adormeciam. Mas não poderiam ter sido dias melhores, tinham sido as primeiras férias enquanto família com os seus melhores amigos que também estavam em família agora.
Marco surpreendeu Milicent com uma viagem a Santorini. Cinco dias em que só se davam um ao outro, em que todos os beijos podiam acabar num momento de prazer e entrega do casal que não teriam de se preocupar em apressar ou parar.
- Quantos dias tens programados aqui?
- Ficamos três dias por aqui e depois vamos até Corfu.
- Isso é onde?
- É uma ilha grega, um bocado mais a norte.
- Ah…vamos continuar pela Grécia.
- Onde é que dois deuses gregos poderiam ir? – Milicent riu-se, recebendo um beijo do namorado – não achas lindo, isto? – estavam na varanda da casa que os iria acolher. Uma vista incrível sobre o mar, todas as pequenas casas pela encosta, em tons de branco, e todas as luzes ligadas davam um outro encanto a tudo. Tinham chegado há pouco, quando o sol já se tinha posto mas Santorini estava bem iluminado.
- Lindo demais, amor bom – Milicent olhou-o – eu amo-te cada vez mais.
- E eu amo-te a ti!
- Podemos ir comer qualquer coisa? – perguntou Milicent levando as suas mãos à cara do namorado – estou esganada de fome!
- Podemos falar ali dentro só um bocadinho? – Milicent estranhou aquilo mas agarrou a mão do namorado caminhando com ele para dentro do quarto.
- Que se passa?
- Tu não andas bem – começou, olhando para a namorada – eu posso ter deixado passar um dia e outro e mais uma data deles, mas começa a ser demais. Tu passaste grande parte dos dias em Formentera enjoada, as tonturas…
- Pararam.
- Eu sei que pararam, mas continuas a vomitar imenso. Mas queres sempre comer, queres, muitas vezes, este mundo e o outro! Eu já não sei a sério…
- Marco, eu estou bem. Eu prometo que vou ao médico quando sairmos daqui.
- Não – Marco aproximou-se de uma das malas, abrindo-a. Milicent percebeu que ele tinha tirado de lá alguma coisa, mas não percebeu o quê. Marco virou-se para Milicent aproximando-se de novo dela – tu vais ao médico depois de… - mostrou-lhe o que tinha nas mãos, deixando Milicent sem qualquer reação. Não o conseguiu olhar, não conseguiu retirar os seus olhos daquela caixa que Marco tinha nas mãos – depois de sabermos se estás grávida ou não.


Olá meninas! 
Aqui fica mais um capítulo com algumas novidades na vida do casal. 
Espero que gostem! 
Beijinhos, 
Ana Patrícia. 

2 comentários:

  1. Olá
    Aí q vem aí uma mini mili ahhhhhhhhhhh
    Q o teste dê positivo :D
    Beijinhos

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  2. Estava com demasiadas saudades destes dois (que na verdade são 4!).
    Para além de sempre ter adorado a forma como escreves, todas as tuas fics têm uma maneira tão própria de cativar que já me vi a rir sozinha para o pc, ou então a chorar que nem uma tonta. É isto que tu provocas. Espero que nunca desistas, e se o pensares fazer, por favor, fala connosco primeiro, porque eu não vivo sem isto. (Já tinha lido, mas não comentei não sei porquê, e fi-lo agora porque reli toda a fic!)
    Espero mesmo muito que este teste dê positivo, acho que agora bem podia vir uma mini Milicent a caminho.
    Beijinhos.

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