sábado, 21 de dezembro de 2013

2º Capitulo: “Diz-me que isto não é a tua casa...”

 - Vou começar a sentir-se perseguida... - Milicent não sabia ao certo o que fazer. Por um lado queria sair dali, não queria estar em contacto com ele. Marco baralhou-lhe o sistema, baralhou-lhe as ideias, mexeu no seu coração sem que ela se apercebesse e tudo em fracções de segundos.
- Perseguida porque?
- Apareces vindo não sei de onde. Venho aqui há anos e é precisamente no dia em que não é suposto ver-te que aqui estás.
- Porque dizes que não é suposto?
- Porque não...simples, adeus.
Milicent queria sair dali, estava pronta para o fazer. Levantou-se, passando em frente de Marco pensado que iria embora. Mas não...Marco agarrou a mão de Milicent fazendo a rapariga gelar. Aquele toque e aquela pele fizeram-na congelar. Julgou que o seu coração tinha deixado de bater, julgou estar sem respirar mas, se isso acontecesse estaria caída redonda no chão e ela está em pé.
Olhou Marco, que a olhava. Milicent não suportava o que aqueles olhos verdes lhe estavam a fazer. Pareciam hipnotizá-la, sente-se hipnotizada por Marco, pela forma dele olhar para ela, pela forma como ele lhe toca.
- Podes largar-me?
- Mas...eu pensei que pudéssemos falar um pouco.
- Não há nada para falar Marco. Nada mesmo.
- Há sim! - Marco levantou-se e começou a caminhar com Milicent pela mão. Ela não conseguiu reagir, não o queria fazer, nem sabia como o fazer. Deixou-se ser levada, até que chegaram junto de um carro.
- O que é que vais fazer?
- Eu? Vou tentar ter uma conversa contigo.
- E sabes se, por acaso, eu quero ter essa conversa?
- Acho que precisamos de a ter...
Marco abriu a porta do lado do pendura, olhando para Milicent. Não a iria obrigar a entrar, ela é que o teria de fazer. Cinco segundos. Bastaram cinco segundos para que Milicent entrasse no carro de Marco. Ele sorriu...não por se sentir vitorioso, mas porque iria ter uma oportunidade com ela.
Milicent sabia que aquilo lhe poderia trazer imensos problemas. Poderiam ser vistos juntos, os filmes que se poderiam fazer seriam imensos e ela é que acabaria por sofrer com tudo. Mas arriscou. Como sempre, arriscou mais uma vez. Queria ser capaz de resistir-lhe mas tornava-se impossível. Milicent, tal como Marco, queriam conhecer-se um ao outro.
Assim que Marco entrou no carro o cheiro dele tornou-se mais intenso. O carro em si cheirava a Marco, mas...a entrada dele deixou Milicent perturbada. Queria não sentir-se atraída física e psicologicamente por ele mas no seu coração ninguém manda. Ela própria nunca o conseguiu controlar, sempre que se apaixona há sempre um problema.
O caminho fez-se em silêncio. Ouvia-se as respirações dos dois, Milicent ouvia o seu coração bater depressa demais, como que querendo sair do seu peito. Cerca de quinze minutos depois estavam a entrar pelos portões de uma belíssima mansão.
- Diz-me que isto não é a tua casa...
- Isto é a minha casa sim.
- Deves estar doido só pode! Eu vou embora! - Milicent parecia estar determinada em sair daquele carro mesmo antes de parar.
- Não faças isso! - Marco parou o carro bruscamente travando Milicent. As mãos dos dois estava em contacto, voltaram a tocar-se, ele voltou a mexer com os sentimentos dela e ela a mexer com os dele. Algo fazia com que eles se atraíssem um pelo outro, não sabiam o que.
- Eu não me vou enfiar em tua casa, correndo o risco de a tua mulher aparecer aí! Nem pensar!
- Ela não está cá, e mesmo que apareça nós vamos para a casa da piscina. Não é bem uma zona da casa que seja muito cómoda mas ninguém nos apanha por lá.
- É e depois eu saiu às escondidas que é para ninguém me ver também. Não. Isto tudo não passou de uma grande porcaria que eu fiz.
- Mas porque é que és assim tão difícil?
- Se fosse fácil não tinha piada – eles olharam-se. Quase que se feriram um ao outro, ambos sentiram a chama que existe entre eles, ambos perceberam que não eram indiferentes um ao outro, não conseguiram desgrudar o olhar, não o queriam fazer – eu ainda não sei o que é que estou aqui a fazer... - Milicent acabou por quebrar aquele momento.
- Bem...vamos falar?
- Mas...o que é que há para falar?
- Primeiro, se não fosse pedir muito, eu adorava saber o teu nome – Milicent riu...Marco ainda não sabia o seu nome e falava com ela como se o soubesse.
- Sou a Milicent... - ela respondeu, olhando para as suas mãos, agora entrelaçadas uma na outra.
- É um nome bonito.
- Obrigada...
- Vamos entrando?
- Eu não sei se será mesmo a melhor ideia, Marco.
- Confia...é a melhor ideia do ano. Ter-te aqui.
- Que exagero... - Milicent não gostava que fizessem dela um assunto importante, não gostava mesmo de ser o centro das atenções. Não o queira ser.
- Vamos ou não? Se não quiseres ir eu entendo...
- Ai! Eu não sei...mas devia sentir-me bem ou mal por dizer: vamos?
- Bem... – Marco sorriu, andando com o carro mais uns centímetros para que ficasse ao lado de um outro que ali estava. Desligou o motor e saiu do carro, Milicent também o fez mesmo vendo Marco a dirigir-se para o lado da porta dela.
- Podias ter esperado que eu abrisse a porta...sei ser cavalheiro – disse ele.
- Não é preciso...
- Comigo é...se nos encontrarmos mais vezes tens de me deixar fazer tudo.
- Esquece...isso nunca irá acontecer.
- Nunca digas nunca.
- Porque?
- Porque um dia acabará por acontecer - Milicent sentia-se intimidada com aquele discurso de Marco. Achou-o ainda mais encantador e com uma filosofia um pouco diferente da sua, mas isso ainda fazia que ela se sentisse melhor ao lado dele – Vamos?
- Sim... - pela primeira vez, tinha-o dito sem pensar muito. Apenas disse o que sentia.
Marco colocou a sua mão no cimo das costas de Milicent e os dois começaram a caminhar lado a lado. Não entraram em casa, fizeram o caminho até à parte de trás de casa de Marco pela rua. Milicent teve um impacto imenso ao lá chegar. Estava tudo preparado para o copo de água. Seria ali que iria acontecer a celebração do casamento de Marco e a sua noiva.
Marco sentiu que ela se contraiu. Os passos pareciam ser mais pequenos a um ritmo muito mais lento. Contudo, ele não queria que ela parasse. Fez a sua mão descer pelas costas de Milicent agarrando-a pela cintura. Sentia-se desconfortável, Milicent estava desconfortável pelo que Marco estava a fazer mas, ao mesmo tempo, sentiu-se com uma vontade enorme de se esconder com ele. Queria enfiar-se na tal casa da piscina para esquecer aquilo que viu.
- É já ali – Marco apontou para a pequena estrutura de cimento que se encontrava a poucos metros de distância. Pintada da mesma cor da casa, bege, aquela era a casa da piscina. Os passos de Milicent acompanharam os de Marco, estavam mais apressados, eram certos, pareciam ser contados um a um até à chegada do sitio que os iria esconder naquele momento. Foi Marco que abriu a porta, os dois entraram e ele voltou a fecha-la, trancando-a.
- Tens a certeza de que ninguém vem aqui? - Milicent estava com medo. O que seria normal numa situação como esta.
- Certeza absoluta não tenho, mas quero acreditar que ninguém nos interrompe.
- A conversa...
- Que mais querias que fosse? Lá estás tu a pensar coisas...
- Eu não estou a pensar nada que tu não penses também! - Milicent sentia-se, pela primeira vez junto dele, solta. Percebeu que podia dizer tudo o que lhe apetecia, tudo o que lhe ia pela cabeça sem ser julgada.
- Por agora contento-me com falar e tocar... - Milicent olhou-o sem saber o que ele queria dizer, mas acabou por perceber tais palavras segundos depois. Marco rodeou a cintura de Milicent com os seus braços, deixando a pobre rapariga sem qualquer tipo de reacção. Não sabia como respirar, não sabia como é que o seu coração continuava a bater...não sabia como é que aquela proximidade, aquele contacto a mantinham viva. Mas...é aquela proximidade, aquele contacto que a fazer sentir viva, feliz e, até, desejada. Milicent sentia-se, pela primeira vez, desejada por um homem mais velho que ela.
- Já estás a tocar...que tal a parte de falar avançar?
- Sim. Antes de mais eu quero agradecer-te por teres vindo.
- De nada...
- E também quero dizer que és linda.
- Obrigada...eu nunca gostei assim muito de ti, sempre achei que eras convencido e tal...mas pronto estou a mudar de opinião, mas és bonito...por acaso.
- Produto de Manuela e Thomas Reus – ele surpreendia-a a cada momento que passavam juntos. Era um Marco completamente diferente daquele que ela pensava que ele era. Surpreendia-a pela positiva, muito pela positiva.
- Então eu sou produto de Hinrich e Renae Werner com aperfeiçoamento de Abelard e Jolandi Werner.
- É o que?
- A minha história que não deves querer ouvir agora...
- Estamos aqui qual é o mal em ouvir?
- Ias cansar-te...
- Duvido por isso, se quiseres contar, força.
- Hinrich e Renae são os meus pais mas eles trabalham numa companhia de viagens e praticamente não os vejo. Abelard e Jolandi são os meus avós, quem cuida de mim todos os dias.
- E...não te custa estar longe dos teus pais?
- Já me fui habituando...é sempre bom quando estou com eles porque a saudade às vezes aperta, mas já vivi dias piores sem eles e os meus avós são tudo para mim...e agora é melhor mudar de assunto porque não foi para isto que insistis-te para que eu aqui viesse.
- Oh...eu nem sei para que é que vieste.
- Ai não? Então posso ir embora!
- Não sejas assim... - Marco puxou Milicent ainda mais para junto dele. Aquela proximidade deixava-a sem saber o que fazer. Aquela proximidade era algo que ela desejava, algo que a fazia sentir como se estivesse a viver um daqueles sonhos que tinha.
Milicent nunca antes tinha andado tão próxima de um rapaz, Milicent nunca antes tinha estado assim: descontrolada. Namorados? Tinha-os tido, Milicent sabia o que era estar com um rapaz, sabia o que era estar próxima de um...mas não como com Marco. É, com ele, que Milicent se está a sentir melhor com ela, mais desinibida, com vontade de...ser uma pessoa diferente, no sentido em que vai contra os seus princípios já que Marco se vai casar.
- Queres que seja como?
- Eu quero que sejas assim...és tu e foi isso que me encantou.
- Porque?
- Porque o que?
- Porque é que te encantei?
- Porque...eu nem sei. Olha...não sei! És linda, queria sentir o teu corpo e ele é perfeito. Tens um sorriso brilhante, tu irradias luz. És especial, e não é só pelo exterior. Eu vejo nos teus olhos que sofres...ou sofreste. Mas também vejo que és determinada e que tens uma chama...que me deixa louco por estar contigo.
- Então é tudo por causa de...sexo!
- Não Milicent! Não é nada disso! Eu quero estar contigo, mas assim. Como estamos agora.
- E eu a pensar que podíamos agitar as coisa... - ela olhou-o e os dois riram-se – vá, agora a sério...para estarmos como estamos agora...era difícil porque a tua mulher ia estar sempre aqui. Mas, para sermos amigos, acho que não fazia mal nenhum, desde que te controlasses com a parte do tocar caso ela aparecesse.
- E se eu não casar?
- Estás doido, só pode! Vais casar sim, amanhã. Olha lá...estavas com medo de fazer a despedida de solteiro hoje?
- Porque?
- Porque a fizeste ontem...e é normal ser na noite antes.
- Sim, mas como ninguém é normal no Dortmund, juntaram a despedida de solteiro com o meu aniversário.
- Calma lá! Ninguém é normal no Dortmund? Boa...já percebi que, então, estás só a ter mais uma crise de identidade, não? - mais uma vez, Milicent e Marco riam os dois ao mesmo tempo. A cumplicidade entre eles começava a notar-se. Marco mantinha-se agarrado a Milicent e, por sua vez, Milicent queria estar mais agarrada a Marco. Ela estava agarrada a ele, mas algo lhe dizia que era possível agarrar-se ainda mais a ele – então...fizeste anos ontem...
- Por acaso fiz...
- E eu que não sabia...parabéns.
- Obrigado – Milicent...sentia-se cada vez mais enfeitiçada por Marco. Aqueles olhos verdes enfeitiçavam os seus castanhos, aqueles lábios faziam os dela tremerem e agiu de impulso. Queria que ele soubesse das vontades dela, que soubesse da vontade louca que tinha de o beijar. E beijou. Beijou e foi correspondida. Aconteceu. Porque os dois queriam.
E, por terem esperado tempo demais para o fazer, foi tudo descontrolado. O beijo em si estava carregado de violência. Não, eles não se queriam bater um ao outro, mas simplesmente queriam mais e muito mais. Aquele era um beijo, mas eles queriam que durasse para sempre. Era o beijo...que os ligava para sempre.

Marco encostou Milicent à parede, pegando-a ao colo. A rapariga, que parecia agir de uma forma completamente natural, rodeou a cintura de Marco com as suas pernas, sem nunca desgrudar dos lábios dele. Queria conhecer cada pedaço de pele que aqueles lábios tinham...queria ter a certeza que que nunca os iria esquecer mesmo que, depois disto, tudo acabasse.

6 comentários:

  1. Olá!
    E depois de todas as palavras lidas (ok, mentira, passei os nomes dificeis por cima, mas pelo menos ja leio Milicent. https://scontent-a-lhr.xx.fbcdn.net/hphotos-prn1/76318_633409046704178_1979743610_n.jpg)
    Opá estes dois sao fogo, me gusta! Mas agora gostava de saber onde isto vai parar. Ia ser giro se nao parasse. Opá os homens fazem cada coisa na despedida de solteiro que esta escapadinha com a Milicent ate podia ser perdoada... (OMG o que estou eu para aqui a dizer, eu abomino traições :o Culpa deles!)
    Vá quero o proximo!!

    Beso
    Ana Santos

    ResponderEliminar
  2. Olá

    Ameiii , ameii mesmo :)

    E Marcos esperemos que não quase , porque estes dois juntos vale muito a pena ...

    Oupa , quero o próximo ....



    Beijinhos


    Catarina

    ResponderEliminar
  3. Olá :)
    Vá não comentei o primeiro tenho que comentar o segundo.
    Já li este capitulo algumas vezes mas nunca me canso é tudo tão P-E-R-F-E-C-T <3
    Vá eu amo tipo isto são tão diferentes e tão iguais, são tão fofos mas tão loucos.
    Não tenho assim palavras para descreve-los, nem a eles nem ao capitulo, nem à historia em si, é tudo tão espontaneo.
    E depois há outra coisa aquele Marco quer a Milicent o que é extraordinariamente extraordinário, me encanta tudo isto.
    Não é preciso dizer, quero o próximo capitulo porque tu sabes que quero o 3º , o 4º , o 5º , o 29º , o 69º , o 456º
    Necessito do próximo ( completo) :D e rápido
    Beijo, *Rita

    ResponderEliminar
  4. Olá...amei este capitulo +.*
    Bela maneira de o terminar...:D
    Espero pelo próximo bj

    ResponderEliminar
  5. Adorei...estou á espera de mais :-)

    ResponderEliminar