- Vou começar a sentir-se perseguida... - Milicent não sabia ao
certo o que fazer. Por um lado queria sair dali, não queria estar em
contacto com ele. Marco baralhou-lhe o sistema, baralhou-lhe as
ideias, mexeu no seu coração sem que ela se apercebesse e tudo em fracções de segundos.
- Perseguida porque?
- Apareces vindo não sei de onde. Venho aqui há anos e é
precisamente no dia em que não é suposto ver-te que aqui estás.
- Porque dizes que não é suposto?
- Porque não...simples, adeus.
Milicent queria sair dali, estava pronta para o fazer. Levantou-se,
passando em frente de Marco pensado que iria embora. Mas não...Marco
agarrou a mão de Milicent fazendo a rapariga gelar. Aquele toque e
aquela pele fizeram-na congelar. Julgou que o seu coração tinha
deixado de bater, julgou estar sem respirar mas, se isso acontecesse
estaria caída redonda no chão e ela está em pé.
Olhou Marco, que a olhava. Milicent não suportava o que aqueles
olhos verdes lhe estavam a fazer. Pareciam hipnotizá-la, sente-se
hipnotizada por Marco, pela forma dele olhar para ela, pela forma
como ele lhe toca.
- Podes largar-me?
- Mas...eu pensei que pudéssemos falar um pouco.
- Não há nada para falar Marco. Nada mesmo.
- Há sim! - Marco levantou-se e começou a caminhar com Milicent
pela mão. Ela não conseguiu reagir, não o queria fazer, nem sabia
como o fazer. Deixou-se ser levada, até que chegaram junto de um
carro.
- O que é que vais fazer?
- Eu? Vou tentar ter uma conversa contigo.
- E sabes se, por acaso, eu quero ter essa conversa?
- Acho que precisamos de a ter...
Marco abriu a porta do lado do pendura, olhando para Milicent. Não a
iria obrigar a entrar, ela é que o teria de fazer. Cinco segundos.
Bastaram cinco segundos para que Milicent entrasse no carro de Marco.
Ele sorriu...não por se sentir vitorioso, mas porque iria ter uma
oportunidade com ela.
Milicent sabia que aquilo lhe
poderia trazer imensos problemas. Poderiam ser vistos juntos, os
filmes que se poderiam fazer seriam imensos e ela é que acabaria por
sofrer com tudo. Mas arriscou. Como sempre, arriscou mais uma vez.
Queria ser capaz de resistir-lhe mas tornava-se impossível.
Milicent, tal como Marco, queriam conhecer-se um ao outro.
Assim que Marco entrou no carro o cheiro dele tornou-se mais intenso.
O carro em si cheirava a Marco, mas...a entrada dele deixou Milicent perturbada. Queria não sentir-se atraída física e psicologicamente
por ele mas no seu coração ninguém manda. Ela própria nunca o
conseguiu controlar, sempre que se apaixona há sempre um problema.
O caminho fez-se em silêncio. Ouvia-se as respirações dos dois,
Milicent ouvia o seu coração bater depressa demais, como que
querendo sair do seu peito. Cerca de quinze minutos depois estavam a
entrar pelos portões de uma belíssima mansão.
- Diz-me que isto não é a tua casa...
- Isto é a minha casa sim.
- Deves estar doido só pode! Eu vou embora! - Milicent parecia estar
determinada em sair daquele carro mesmo antes de parar.
- Não faças isso! - Marco parou o carro bruscamente travando
Milicent. As mãos dos dois estava em contacto, voltaram a tocar-se,
ele voltou a mexer com os sentimentos dela e ela a mexer com os dele.
Algo fazia com que eles se atraíssem um pelo outro, não sabiam o
que.
- Eu não me vou enfiar em tua casa, correndo o risco de a tua mulher
aparecer aí! Nem pensar!
- Ela não está cá, e mesmo que apareça nós vamos para a casa da
piscina. Não é bem uma zona da casa que seja muito cómoda mas
ninguém nos apanha por lá.
- É e depois eu saiu às escondidas que é para ninguém me ver
também. Não. Isto tudo não passou de uma grande porcaria que eu
fiz.
- Mas porque é que és assim tão difícil?
- Se fosse fácil não tinha piada – eles olharam-se. Quase que se
feriram um ao outro, ambos sentiram a chama que existe entre eles,
ambos perceberam que não eram indiferentes um ao outro, não
conseguiram desgrudar o olhar, não o queriam fazer – eu ainda não
sei o que é que estou aqui a fazer... - Milicent acabou por quebrar
aquele momento.
- Bem...vamos falar?
- Mas...o que é que há para falar?
- Primeiro, se não fosse pedir muito, eu adorava saber o teu nome –
Milicent riu...Marco ainda não sabia o seu nome e falava com ela
como se o soubesse.
- Sou a Milicent... - ela respondeu, olhando para as suas mãos,
agora entrelaçadas uma na outra.
- É um nome bonito.
- Obrigada...
- Vamos entrando?
- Eu não sei se será mesmo a melhor ideia, Marco.
- Confia...é a melhor ideia do ano. Ter-te aqui.
- Que exagero... - Milicent não gostava que fizessem dela um assunto
importante, não gostava mesmo de ser o centro das atenções. Não o
queira ser.
- Vamos ou não? Se não quiseres ir eu entendo...
- Ai! Eu não sei...mas devia sentir-me bem ou mal por dizer: vamos?
- Bem... – Marco sorriu, andando com o carro mais uns centímetros
para que ficasse ao lado de um outro que ali estava. Desligou o motor
e saiu do carro, Milicent também o fez mesmo vendo Marco a
dirigir-se para o lado da porta dela.
- Podias ter esperado que eu abrisse a porta...sei ser cavalheiro –
disse ele.
- Não é preciso...
- Comigo é...se nos encontrarmos mais vezes tens de me deixar fazer
tudo.
- Esquece...isso nunca irá acontecer.
- Nunca digas nunca.
- Porque?
- Porque um dia acabará por acontecer - Milicent sentia-se
intimidada com aquele discurso de Marco. Achou-o ainda mais
encantador e com uma filosofia um pouco diferente da sua, mas isso
ainda fazia que ela se sentisse melhor ao lado dele – Vamos?
- Sim... - pela primeira vez, tinha-o dito sem pensar muito. Apenas
disse o que sentia.
Marco colocou a sua mão no cimo das costas de Milicent e os dois
começaram a caminhar lado a lado. Não entraram em casa, fizeram o
caminho até à parte de trás de casa de Marco pela rua. Milicent
teve um impacto imenso ao lá chegar. Estava tudo preparado para o
copo de água. Seria ali que iria acontecer a celebração do
casamento de Marco e a sua noiva.
Marco sentiu que ela se contraiu. Os passos pareciam ser mais
pequenos a um ritmo muito mais lento. Contudo, ele não queria que
ela parasse. Fez a sua mão descer pelas costas de Milicent
agarrando-a pela cintura. Sentia-se desconfortável, Milicent estava
desconfortável pelo que Marco estava a fazer mas, ao mesmo tempo,
sentiu-se com uma vontade enorme de se esconder com ele. Queria
enfiar-se na tal casa da piscina para esquecer aquilo que viu.
- É já ali – Marco apontou para a pequena estrutura de cimento
que se encontrava a poucos metros de distância. Pintada da mesma cor
da casa, bege, aquela era a casa da piscina. Os passos de Milicent
acompanharam os de Marco, estavam mais apressados, eram certos,
pareciam ser contados um a um até à chegada do sitio que os iria
esconder naquele momento. Foi Marco que abriu a porta, os dois
entraram e ele voltou a fecha-la, trancando-a.
- Tens a certeza de que ninguém vem aqui? - Milicent estava com
medo. O que seria normal numa situação como esta.
- Certeza absoluta não tenho, mas quero acreditar que ninguém nos
interrompe.
- A conversa...
- Que mais querias que fosse? Lá estás tu a pensar coisas...
- Eu não estou a pensar nada que tu não penses também! - Milicent
sentia-se, pela primeira vez junto dele, solta. Percebeu que podia
dizer tudo o que lhe apetecia, tudo o que lhe ia pela cabeça sem ser
julgada.
- Por agora contento-me com falar e tocar... - Milicent olhou-o sem
saber o que ele queria dizer, mas acabou por perceber tais palavras
segundos depois. Marco rodeou a cintura de Milicent com os seus
braços, deixando a pobre rapariga sem qualquer tipo de reacção. Não
sabia como respirar, não sabia como é que o seu coração
continuava a bater...não sabia como é que aquela proximidade,
aquele contacto a mantinham viva. Mas...é aquela proximidade, aquele
contacto que a fazer sentir viva, feliz e, até, desejada. Milicent
sentia-se, pela primeira vez, desejada por um homem mais velho que
ela.
- Já estás a tocar...que tal a parte de falar avançar?
- Sim. Antes de mais eu quero agradecer-te por teres vindo.
- De nada...
- E também quero dizer que és linda.
- Obrigada...eu nunca gostei assim muito de ti, sempre achei que eras
convencido e tal...mas pronto estou a mudar de opinião, mas és
bonito...por acaso.
- Produto de Manuela e Thomas Reus – ele surpreendia-a a cada
momento que passavam juntos. Era um Marco completamente diferente
daquele que ela pensava que ele era. Surpreendia-a pela positiva,
muito pela positiva.
- Então eu sou produto de Hinrich e Renae Werner com aperfeiçoamento
de Abelard e Jolandi Werner.
- É o que?
- A minha história que não deves querer ouvir agora...
- Estamos aqui qual é o mal em ouvir?
- Ias cansar-te...
- Duvido por isso, se quiseres contar, força.
- Hinrich e Renae são os meus pais mas eles trabalham numa companhia
de viagens e praticamente não os vejo. Abelard e Jolandi são os
meus avós, quem cuida de mim todos os dias.
- E...não te custa estar longe dos teus pais?
- Já me fui habituando...é sempre bom quando estou com eles porque
a saudade às vezes aperta, mas já vivi dias piores sem eles e os
meus avós são tudo para mim...e agora é melhor mudar de assunto
porque não foi para isto que insistis-te para que eu aqui viesse.
- Oh...eu nem sei para que é que vieste.
- Ai não? Então posso ir embora!
- Não sejas assim... - Marco puxou Milicent ainda mais para junto
dele. Aquela proximidade deixava-a sem saber o que fazer. Aquela
proximidade era algo que ela desejava, algo que a fazia sentir como
se estivesse a viver um daqueles sonhos que tinha.
Milicent nunca antes tinha andado tão próxima de um rapaz, Milicent
nunca antes tinha estado assim: descontrolada. Namorados? Tinha-os
tido, Milicent sabia o que era estar com um rapaz, sabia o que era
estar próxima de um...mas não como com Marco. É, com ele, que
Milicent se está a sentir melhor com ela, mais desinibida, com
vontade de...ser uma pessoa diferente, no sentido em que vai contra
os seus princípios já que Marco se vai casar.
- Queres que seja como?
- Eu quero que sejas assim...és tu e foi isso que me encantou.
- Porque?
- Porque o que?
- Porque é que te encantei?
- Porque...eu nem sei. Olha...não sei! És linda, queria sentir o
teu corpo e ele é perfeito. Tens um sorriso brilhante, tu irradias
luz. És especial, e não é só pelo exterior. Eu vejo nos teus
olhos que sofres...ou sofreste. Mas também vejo que és determinada
e que tens uma chama...que me deixa louco por estar contigo.
- Então é tudo por causa de...sexo!
- Não Milicent! Não é nada disso! Eu quero estar contigo, mas
assim. Como estamos agora.
- E eu a pensar que podíamos agitar as coisa... - ela olhou-o e os
dois riram-se – vá, agora a sério...para estarmos como estamos
agora...era difícil porque a tua mulher ia estar sempre aqui. Mas,
para sermos amigos, acho que não fazia mal nenhum, desde que te
controlasses com a parte do tocar caso ela aparecesse.
- E se eu não casar?
- Estás doido, só pode! Vais casar sim, amanhã. Olha lá...estavas
com medo de fazer a despedida de solteiro hoje?
- Porque?
- Porque a fizeste ontem...e é normal ser na noite antes.
- Sim, mas como ninguém é normal no Dortmund, juntaram a despedida
de solteiro com o meu aniversário.
- Calma lá! Ninguém é normal no Dortmund? Boa...já percebi que,
então, estás só a ter mais uma crise de identidade, não? - mais
uma vez, Milicent e Marco riam os dois ao mesmo tempo. A cumplicidade entre eles começava a notar-se. Marco mantinha-se agarrado a
Milicent e, por sua vez, Milicent queria estar mais agarrada a Marco.
Ela estava agarrada a ele, mas algo lhe dizia que era possível
agarrar-se ainda mais a ele – então...fizeste anos ontem...
- Por acaso fiz...
- E eu que não sabia...parabéns.
- Obrigado – Milicent...sentia-se cada vez mais enfeitiçada por
Marco. Aqueles olhos verdes enfeitiçavam os seus castanhos, aqueles
lábios faziam os dela tremerem e agiu de impulso. Queria que ele
soubesse das vontades dela, que soubesse da vontade louca que tinha
de o beijar. E beijou. Beijou e foi correspondida. Aconteceu. Porque
os dois queriam.
E, por terem esperado tempo demais para o fazer, foi tudo
descontrolado. O beijo em si estava carregado de violência. Não,
eles não se queriam bater um ao outro, mas simplesmente queriam mais
e muito mais. Aquele era um beijo, mas eles queriam que durasse para
sempre. Era o beijo...que os ligava para sempre.
Marco encostou Milicent à parede, pegando-a ao colo. A rapariga, que
parecia agir de uma forma completamente natural, rodeou a cintura de
Marco com as suas pernas, sem nunca desgrudar dos lábios dele.
Queria conhecer cada pedaço de pele que aqueles lábios
tinham...queria ter a certeza que que nunca os iria esquecer mesmo
que, depois disto, tudo acabasse.
Olá!
ResponderEliminarE depois de todas as palavras lidas (ok, mentira, passei os nomes dificeis por cima, mas pelo menos ja leio Milicent. https://scontent-a-lhr.xx.fbcdn.net/hphotos-prn1/76318_633409046704178_1979743610_n.jpg)
Opá estes dois sao fogo, me gusta! Mas agora gostava de saber onde isto vai parar. Ia ser giro se nao parasse. Opá os homens fazem cada coisa na despedida de solteiro que esta escapadinha com a Milicent ate podia ser perdoada... (OMG o que estou eu para aqui a dizer, eu abomino traições :o Culpa deles!)
Vá quero o proximo!!
Beso
Ana Santos
Olá
ResponderEliminarAmeiii , ameii mesmo :)
E Marcos esperemos que não quase , porque estes dois juntos vale muito a pena ...
Oupa , quero o próximo ....
Beijinhos
Catarina
* que não case
EliminarOlá :)
ResponderEliminarVá não comentei o primeiro tenho que comentar o segundo.
Já li este capitulo algumas vezes mas nunca me canso é tudo tão P-E-R-F-E-C-T <3
Vá eu amo tipo isto são tão diferentes e tão iguais, são tão fofos mas tão loucos.
Não tenho assim palavras para descreve-los, nem a eles nem ao capitulo, nem à historia em si, é tudo tão espontaneo.
E depois há outra coisa aquele Marco quer a Milicent o que é extraordinariamente extraordinário, me encanta tudo isto.
Não é preciso dizer, quero o próximo capitulo porque tu sabes que quero o 3º , o 4º , o 5º , o 29º , o 69º , o 456º
Necessito do próximo ( completo) :D e rápido
Beijo, *Rita
Olá...amei este capitulo +.*
ResponderEliminarBela maneira de o terminar...:D
Espero pelo próximo bj
Adorei...estou á espera de mais :-)
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