segunda-feira, 5 de outubro de 2015

38º Capitulo: “Mili, eu vou voltar a jogar!”

A semana que se seguiu foi uma verdadeira loucura. Nos dias de Milicent e Marco passou a reinar a rotina: Milicent levava o namorado ao treino, voltava para casa, arrumava as coisas, cuidava de Marten e ainda fazia algum do serviço de Marco: ler emails e tentar responder àqueles que sabia. Depois, voltava a sair com Marten e iam buscar Marco ao treino. Passavam na escola de Mary Alice e passavam o resto do dia com a menina. À noite, vencidos pelo cansaço, caiam na cama e, sem grandes conversas e movimentos, adormeciam nos braços um do outro. 
- Mili? – Marco chegava a casa, sem que Milicent desse pela sua chegada. Assustou-se, começou a pensar mil e uma coisas sem saber o que teria acontecido. Pegou em Marten ao colo, descendo até à sala – meus amores! – Marco aproximou-se dele, beijando fugazmente Milicent. 
- O que é que se passa? – Milicent quebrou o beijo, olhando-o. Ficou tranquila por ver um sorriso nos lábios do namorado... – O que é que aconteceu?
- Vou para estágio. 
- O quê?
- Eu vou para estágio. Temos jogo de preparação no fim-de-semana e, Mili, eu vou voltar a jogar! – Milicent conseguia ver a felicidade estampada no rosto do namorado. Conseguia ver o quão feliz ele estava, o seu rosto estava luminoso e os olhos brilhavam.
Mas sentiu o seu coração ficar pequeno, um nó a formar-se na sua garganta e uns suores frios. 
- Vais jogar...
- Bem. Eu não estava à espera desta tua reacção. 
- Não estava à espera, Marco – Milicent levou a sua mão à cara de Marco, passando-lhe Marten para os braços.
- Não tenhas medo – para Milicent é tão mais fácil toda a conversa quando Marco a entende...não precisa de esconder o que sente porque ele entende.
- É impossível isso – começou a caminhar pela sala, recolhendo alguns dos brinquedos de Marten que estavam no sofá – estás a treinar à pouco mais de duas semanas...e já vais jogar? – olhou-o, confusa. 
- São só uns minutos, preciso de começar a ganhar ritmo. Preciso de os ajudar na pré-época e depois...
- Marco, tu és mais importante que tudo isso. Se tu não estiveres bem não os vais conseguir ajudar. 
- Mas eu estou bem, Mili – Marco sentou-se no sofá, colocando Marten deitado a seu lado – eu sinto-me mesmo bem, não tenho dores nenhumas. 
- Eu só tenho medo, é isso – Milicent aproximou-se dele, sentando-se em cima das pernas dele. 
- Se eu tivesse dores não te poderias sentar aí... 
- Oh. 
- Ai, lá está ela e os seus oh’s. Meu amor, vai correr tudo bem. 
- Aposto que vieste a casa buscar as tuas coisas e tens de ir embora... estou certa? 
- Pois. 
- Ai! Eu já me estava a habituar a ter o meu namorado todas as noites comigo! – encostou-se a ele, abraçando-o – promete-me que tens cuidado e, assim que vires um gajo a vir contra ti, tu paras ou foges dele! 
- Isso havia de ser bonito. No dia seguinte aparecia nas notícias. 
- Ao menos não te aleijavam. 
Passaram, ainda, alguns minutos a namorar até que Marco foi preparar as suas coisas para ir embora. 
Milicent sentiu-se sozinha quando ele foi embora. Não o iria ter nos próximos dois dias e três noites. Foi, ainda, buscar Mary Alice à escola explicando-lhe pelo caminho o que é que Marco fora fazer.
- Então eu vou ver o Marco na televisão no sábado?
- Sim. Queres ver comigo?
- Quero, mana. Até podes ir lá a casa comer e vemos todos. 
- Já és boa a fazer planos para os crescidos. 
- Eu já sou crescida, também. Olha – Mary Alice, que fazia os trabalhos na mesa de centro, olhou para Milicent que estava sentada no sofá – podemos falar com a Marlene? Tenho uma coisa para lhe dizer. 
- Eu estou a ver que tu e a Marlene ficaram muito amigas. 
- Ficamos. E do Mario também, mas não convém dizer-lhe. 
- Vou buscar o computador. Fica atenta ao Marten – o menino estava deitado no sofá e, durante o tempo que Milicent demorou até conseguir o computador, Mary Alice permaneceu quieta a olhar o menino. 
- Ele está cada vez maior, não está? – perguntou a Milicent quando esta chegou à sala. 
- Está... – Milicent, depois de se sentar, olhou para o filho. Dois meses tinham passado desde que nascera e crescia a olhos vistos. 
- Ele já não chora de noite?
- Às vezes ainda chora. Mas é só se ficar sem a chucha. 
- Tu não tens medo de ficar sozinha? Sem o Marco?
- Não, acho que não. 
- Se tivesses eu podia ficar cá a dormir contigo – Milicent riu-se, colocando o computador na ponta do sofá. Assim, quando Marlene aceitou a chamada, conseguiria ver Milicent, Mary Alice e Marten.
- Olha quem são eles! Falta aí o cabeçudo! 
- O Marco foi para o... – Mary Alice olhou para Milicent – estádio?
- Estágio – Milicent corrigiu-a e as duas olharam para Marlene. 
- Foi para o estágio, é isso.
- Foi para onde?! a voz de Mario fez-se ouvir e, por detrás de Marlene, apareceu ele.
- Mario, estás quase despido – Mary Alice tapou os olhos e todos se começaram a rir. 
- Está calor, Mary fofa do tio! Oh miúda, tenho saudades tuas. 
- Eu não tenho tuas – Mary Alice espreitou por entre os dedos – ok...tenho de fingir que estamos na praia?
- É mais ou menos isso, queridadisse Marlene então mas o Marco foi para estágio? Milicent confirmou, com a cabeça, reparando que Marlene e Mario ficaram um tempo sem saber o que dizer. 
- Não é mau, meninos! – Mary Alice, com o seu grande à vontade, falou para espanto de todos – eu já percebi que estão com medo que o Marco se aleije outra vez. Eu não sou pequena, tá?
- Olha, olha...eu estou a ver é que estás a crescer muito depressa.
- Aí a nossa miúda é que a sabe toda. 
- Claro que sei, Mario. Vocês não querem que ele se aleije. Mas o Marco não é de porcelana. 
- Às vezes parece... – comentou Milicent. 
- Não sejas má, mana – Mary Alice olhou-a um bocado chocada – o Marco é querido. 
- Tu hoje estás muito faladora estás...vá, o que é que querias dizer à Marlene? 
- O Mario não pode ouvir... 
- Ai não posso ouvir? Já não brinco mais contigo. 
- Pareces uma criança a falar, oh Mario! – Milicent não resistiu em comentar, levando Mary Alice e Marlene a rirem-se. 
- O Marten, se falasse, iria estar do lado do tio! Adeus gajas! deu para perceber que Mario saiu do quarto e Mary Alice aproximou-se mais do computador. 
- Marlene...
- Diz, minha querida. 
- Eu queria perguntar-te uma coisa.
- Querem que eu saia? – perguntou Milicent. 
- Não, tu podes ficar – Mary Alice olhou para Milicent – mas não fiques com ciúmes, está bem? – tanto Milicent como Marlene estranharam um pouco aquilo. 
- Vá, Mary. Estou curiosa! 
- A minha mamã vai ligar para ti...mas assim eu já falo contigo primeiro. Sabes, nós vamos para aí na próxima semana...a mãe e o pai vão ficar em casa de uns amigos mas...eu posso dormir uma noite contigo e o Mario?
Se Milicent ficou surpreendida, Marlene estava incrédula. Milicent percebeu que, por muito pouco, a amiga não chorava. 
- É claro que sim. Claro que podes! 
- Não digas ao Marito, sim? Quero fazer-lhe surpresa. Ah! E a mãe disse que vamos àquele jogo importante.
- Então mas vocês nem me convidam?
- Não te ponhas com ciúmes, oh! 
- É isso mesmo – Mary Alice olhou para Milicent – e tu não podes ir. O Marco também joga nesse dia. Eu acho que são apresentações. 
- Ah! Vocês vêm ao jogo de apresentação?
- Sim. É nesse dia que é a surpresa para o Mario. Pode ser mesmo?
- É claro que pode querida. O Mario vai adorar a surpresa! 
Ficaram, ainda, algum tempo à conversa até que Mary Alice continuou a fazer os seus trabalhos e Milicent foi preparar o jantar. Deixou Marten na alcofa da sala, levando o computador consigo. 
- Estás com medo do jogo, não estás?
- Oh claro...ele começou a treinar à pouco tempo. 
- Se ele não pudesse jogar não o faria, não é? Tem calma, Mi. 
- Ainda estás à conversa? Milicent riu-se, percebendo que Mario estava a entrar no quarto. Algum tempo depois apareceu na imagem, ao lado de Marlene agora só vemos esta feia? Ainda por cima deve pensar que está no masterchef.
- Marlene, não sabia que tinhas comprado um papagaio! 
- Vai chamar papagaio ao teu namorado! Ele é que tem aquela popa na cabeça. 
- E tu tens algum problema com isso?
- Não. Mas tu chamaste-me papagaio. 
- Há quem te chame de gordo! 
- Vá, meninos, então? 
- Nós só estamos a brincar Marlene. Não é, Mi?
- Claro que é. Eu adoro o papagaio que é teu namorado – as duas riram-se, já Mario não achou muita piada a tudo aquilo. 



- Vais adormecer não tarda nada e a mãe fica sozinha, não é meu amor? – Milicent falava com Marten. Estavam os dois sozinhos, calmos e serenos naquela primeira noite sem Marco – Qualquer dia és tu a pedir-me para ires dormir a casa dos tios – Milicent aproximou-se dele, beijando-lhe o nariz – o Mario bem que podia estar no Dortmund! Assim a tia Marlene passava estes dias connosco – Marten começou a encolher-se na alcofa e Milicent ia-lhe mexendo na cabeça. Não demorou até adormecer – dorme bem, meu anjinho – fotografou Marten a dormir, postando a fotografia nas redes sociais.

O meu homem pequenino, a melhor companhia e o melhor filho. Só nos está a faltar o pai esta noite...dorme tão bem quanto nós, Marco.


Com cuidado, pegou no filho ao colo levando-o para o quarto. Deixou-o no berço preparando-se para se deitar. Depois de vestir o pijama e se deitar, recebeu uma mensagem. 


Já estás a dormir? 


Era Marco. 
Milicent não respondeu, iniciando logo uma chamada para ele. 
- O menino devia ter a cabeça direita. 
- Boa noite para ti também! 
- Boa noite. Mas ele está com a cabeça torta, Mili. 
- Marco, meu amor, ele adormeceu na alcofa da sala. Eu já o trouxe para o berço e está a dormir sossegado e tranquilo. 
- Não vais dormir com ele? 
- Não. Ele está a dormir bem ali e já sabes que, quando vem para a nossa cama, fica mais desperto. 
- Tens razão. E tu, como é que estás? 
- Bem. Vou ter a cama grande só para mim. Já há muito tempo que não acontecia, até devo dormir melhor e tudo! 
- Já não te importas que não esteja aí? 
- Não – Milicent riu-se – estou a brincar, vá. E como estás, tu? 
- Um bocado ansioso. E o jogo é só daqui a dois dias. 
- Tem calma, contigo. Queremos-te completo quando regressares. 
- Parece que estou no meu primeiro estágio...é uma coisa estranha. 
- É normal... – Milicent bocejou e Marco riu-se – sim, estou com sono. Mas é normal, é uma coisa que querias que acontecesse depressa. E está a acontecer agora. 
- E está a ser tão bom. Mas amanhã conto-te as novidades, agora vai dormir que tens sono. E eu também tenho de ir dormir. 
- Hum, dorme bem, querido namorado. 
- Dorme bem, o pequenote também. Se ele acordar de noite, mete-o a dormir contigo. 
- Sim, sim. 
- Beijo, Mili. Amo-te, muito, imenso. 
- Eu também te amo. Muito e mais que imenso, meu amor. 
Milicent desligou a chamada, apagou as luzes da mesa-de-cabeceira, virando-se para o lado do berço de Marten. Fechou os olhos e pouco tempo depois adormeceu. 



- Mas ela está a fazer o que? 
- A vestir-se para ver o jogo – Milicent falava com o pai, enquanto Mary Alice e a sua mãe estavam no quarto. 
A hora do jogo de Marco aproximava-se e a menina tinha decidido ir trocar de roupa. Milicent tinha ido almoçar a casa dos pais e ficava para ver o jogo com eles e, enquanto não começava, iam vendo alguns momentos da época passada. 
- Mas sujou-se? 
- Não, não – Hinrich apontou para o corredor – vem aí. 
Milicent olhou para Mary Alice e, emocionada, deixou escapar umas quantas lágrimas. 
- Ainda não começou, pois não? 
- Não, não – Milicent respondeu-lhe e Mary Alice voltou a sentar-se à mesa. Mesmo em frente de Milicent – estás muito bonita, Mary. 
- Foi o Marco que deu. E eu, depois, preciso de lhe dizer umas coisas. 
- Vou tirar-te fotografia e meter no instagram. Pode ser que ele veja antes do jogo. 
- Diz que eu desejo muita sorte. 
- Digo sim senhora. 
Milicent limpou as lágrimas que lhe caiam pelo rosto, fotografando Mary Alice.

Estamos prontas e ansiosas! Marco, desejamos-te toda a sorte do mundo. E ela, vestida a rigor, deseja ainda mais sorte.

Alguns minutos depois, Milicent recebe uma mensagem.

Obrigado. Muito obrigado. Um grande beijo para vocês e, por favor, diz a Mary Alice que ela fica linda assim vestida. 




- Senti-me bastante bem. Foram os primeiros minutos de jogo que fiz depois da lesão e senti-me muito bem – Marco dava entrevistas pelo segundo dia consecutivo. Milicent acompanhava-o neste dia, mesmo que já estivesse cansada de ali estar.
- Sentiu apoio especial nesse dia, estou certo? – perguntava um dos jornalistas presentes.
- Recebi bastante apoio. Quer dos adeptos do clube, dos meus colegas mas, sobretudo, da minha família. Eles têm sido o melhor apoio de sempre. 
Eram mais do que o habitual e todos asiáticos. Milicent estranhou aquilo, acabando por partilhar nas redes sociais uma imagem daquela tarde

Segunda ronda e ele fala, fala, fala...


- Eu sei que isto é uma seca para ti, mas foi muito bom ter-te lá a supervisionar a situação – chegavam a casa a comentar o que tinha acontecido aquela tarde.
- É engraçado. Sobretudo quando a senhora indiana te perguntou se querias casar e tu disseste que estávamos noivos! – Milicent estava, ainda, chocada com tal declaração de Marco. 
- Mas eu emendei a seguir...
- Oh. Já sabes que eles podem começar a alimentar boatos – a rapariga sentou-se no sofá, olhando para Marco – noivos...desde quando? 
- Não gostavas de casar?
- Gostava. Mas daqui a um bom tempo. Alem disso, tu não tens um historial de casamentos que te favoreça – ela riu-se, reparando que Marco não teve a mesma reacção – eu estou a brincar, sim? 
- Não pensas que eu te possa trair, pois não?
- Havia de ser bonito! Fazia-te em picadinho de carne para a massa à bolonhesa! – Desta vez Marco riu-se, começando a caminhar na direcção do sofá. 
- Esta casa sem o Marten já começa a ficar vazia ou é impressão minha?
- Começa mesmo...mas daqui a pouquinho os teus pais já o trazem – Milicent entrelaçou a sua mão com a de Marco, encostando a sua cabeça no ombro dele. 
- Nem quero imaginar quando fores para Munique...
- O quê? – Milicent ficou surpreendida com aquele comentário de Marco, acabando por olhar para ele – eu vou para Munique? 
- Mili...
- Eu ainda não decidi se vou, Marco. E tu, com essas coisas, parece que me queres ver longe daqui. 
- Não se trata de querer-te longe. Sabes bem que te quero perto...mas é o teu futuro que está em causa. Seria uma oportunidade única e, dois meses...seriam fantásticos para o teu desenvolvimento como pediatra. 
- Mas eu não quero ficar longe do meu filho. Nem de ti. Nem dos meus pais e a Mary. Vocês são parte fundamental...só que, eu penso nisso...no quão bom seria para mim, nas experiências que podia viver e era um sonho cumprido. Exercer mesmo pediatria. 
- Já sabes a minha opinião. Mas, Mili, sabes quem te irá aconselhar melhor que eu ou tu mesma? – Milicent acenou negativamente com a cabeça que não – a tua avó Jolandi. 
Acabou por sorrir...aquela era a verdade. 



- Eu acho que vou aceitar, Mare...
- Vens para Munique? 
- Tenho andado a falar nisso com o Marco...temos feito planos para esses tempos mas depois eu penso: eu vou perder dois meses da vida do Marten...
- Podes sempre vê-lo todos os dias...eu sei que não é a mesma coisa, eu sei. Mas iria manter-te em contacto com o menino e ele contigo. 
- Eu não sei...estou tão confusa desta minha cabeça. 
- Já falaste com a tua avó? 
- Também tu? Marlene via Milicent rir-se. As duas faziam aquela vídeo chamada já à algum tempo. Milicent tinha estado a falar com Mary Alice, com Mario e agora com Marlene o Marco está farto de me dizer para ir falar com ela. 
- E é o melhor que tens a fazer, Mi.
- Mare!? a voz de Mario fez-se ouvir no quarto...vinda da sala! 
- Aquele já fez asneira...falamos depois? 
- Sim, sim. Vai lá e manda-lhes beijinhos. Ah! E a Mary gosta de beber um copinho de leite antes de dormir. 
- Anotado! Beijos, fofa. 
- Beijinhos Marlene desligou a chamada, começando a dirigir-se ao andar debaixo.
Encontrou Mario a correr pela sala, atrás de Mary Alice. 
- Ela roubou-me o comando da PlayStation – Marlene cruzou os braços, olhando para eles. 
- Porque o Mario está a fazer batota. Ele mete os bonecos todos maiores para ele e eu fico com os pequeninos! – Marlene só se conseguiu rir e sentar-se no sofá. 
- Sabes uma coisa, Mary? O tio Mario tem mau perder...é por isso que ele faz isso. 
- Só podia! – a menina acabou de correr, sentou-se ao lado de Marlene entregando-lhe o comando – agora ele vai querer tirar-te a ti! 
Mario, contrariamente ao que Marlene pensou, sentou-se no sofá ao lado dela. Encostou a cabeça no seu ombro, ligando a televisão. 
- Acho que o tio Mario acabou de ficar envergonhado. 
- Mas que envergonhado? – apertou a coxa de Marlene, olhando para Mary Alice – não penses que te escapas menina Mary! 
- Tu não és capaz de me fazer nada. Depois eu conto tudo à Mili e aos papás e eles não me deixam estar mais contigo. E tu não ias suportar isso. 
- Olha, a pirralha! – Mario ficava sempre surpreendido com o discurso de Mary Alice. 
- Ah pois! Ouçam lá uma coisa – Mary Alice colocou-se em cima do sofá, passando para o meio deles. Agarrou-lhes nas mãos olhando, à vez, para cada um deles – quando é que fazem um bebé? 
- Quando a Marlene estiver com frio! – respondeu Mario. 
- Com frio? – Mary Alice olhou para Mario, estranhando tudo aquilo – mas vocês fazem diferente da mana e o Marco? Eles dão beijinhos especiais.
- Ai é assim que eles fazem bebés...então, nós fazemos quando a Marlene tem frio. Assim o tio aquece-a com beijinhos especiais como os desses dois. 
- Ah. Então só podem fazer bebés no inverno. 
- E daqui a muitos anos, querida – atirou Marlene – o tio não sabe tomar conta de bebés. 
- Ele ainda não tomou conta do Marten? – Mary Alice olhou para Marlene. 
- Não...por isso é melhor ele treinar, não é? 
- É sim! 
Mario acabou por se rir e perceber que aquela Mary Alice era mais esperta do que todos pensavam. Era perspicaz, atenta e preocupada com todos. 



- Minha querida...sabes que eu não posso decidir por ti. 
- Eu sei, avó, mas é tão difícil. Já ponderei levar o Marten comigo, mas não estaria a ser justa com o Marco. Ele também é pai...
- Vocês precisam de falar de tudo com clareza. E tens de tomar a decisão por ti...
- Eu acho que já tomei essa decisão.

2 comentários:

  1. Hello :)
    Quando vires o meu coment, vais pensar q "finalmente" :P
    Desculpa não ter lido e comentado mais cedo, mas com o trabalho é complicado, mas vou-me já actualizar ;)
    Gostei muito deste capitulo e vou já para os que me faltam

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