terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

27º Capitulo: “Estás mais magrinha, Milicent”

- Milicent, por favor, larga esses livros e vamos fazer a árvore de Natal – era já a segunda vez que Jolandi ia ao quarto de Milicent chamá-la.
- Avó, só mais dois minutos…
- Disseste isso da outra vez que cá vim…vá lá, para a semana já é Natal e nem fizemos a árvore – Milicent sabia o quanto a sua avó gostava do Natal…e também começava a ficar cansada de estar enfiada naquele quarto. Meteu todos os marcadores, lápis e canetas dentro do estojo, fechou os cadernos, levantando-se da cadeira para olhar a avó.
- Vamos fazer à árvore, sim.
- Milicent, tu andas a estudar imenso. O teu exame é depois de amanhã…eu acho que não deverias pegar mais naquilo a partir de agora…
- Avó…
- Eu já estive desse lado. Em tempos diferentes, é certo, mas sei o que é sentires que não sabes nada. Mas tu sabes…tens tudo na ponta da língua.
- Não posso olhar para a matéria…cinco minutos antes de dormir?
- Não. Podes ir dormir a casa do Marco, descontraíres e passares o dia de amanhã sem pensar no exame.
- Tenho tanto medo, avó.
- Eu sei querida…mas vai correr tudo bem – Jolandi deu um beijo na testa da neta, deu-lhe o braço e as duas foram até à sala onde estava Abelard já a colocar a árvore no sítio.
- Não me lembrava que ela fosse tão alta…
- E não era…eu e a tua avó decidimos comprar uma nova para este ano. Aquela do ano passado já estava muito estragada. Não te importas, pois não?
- Claro que não, vocês sabem que eu adoro decorar a árvore…
- Então vamos pôr mãos à obra – afirmou Jolandi e, tanto ela como Milicent, começaram a abrir as várias caixas que tinham das decorações dos anos anteriores.
Abelard era quem tratava das luzes: os vários nós que aquelas luzes tinham eram tantos que Milicent e Jolandi se enervavam com eles. As duas, compunham aquela árvore com os enfeites. Entre bolas vermelhas e douradas, ainda haviam anjos e algumas estrelas. O avô acabou por colocar as luzes no sítio e Milicent sentou-se, de longe, vendo o resultado final.
- Ficou tão bonita, não ficou? – Perguntou Jolandi.
- Ficou sim, avó.
- Vocês fazem sempre um bom trabalho juntas… - comentou Abelard, acendendo as luzes.
- E o avô dá-lhe o toque final – disse Milicent, rindo-se. Aproveitou para fotografar a árvore, levantando-se – vou tomar um duche, vestir-me e ver se o Marco quer companhia para jantar…
- Acho que fazes muito bem, rapariga. Tu ainda não estás cansada de estudar?
- Oh avô…estou, mas tem de ser.
- Vê lá é esse bebé…não te podes esquecer que o tens – alertou Jolandi.
- Não me esqueço nunca, avó – Milicent sorriu, olhando para a sua barriga…que, para ela, mais parecia que nunca iria crescer.
Foi até ao seu quarto e, ao mesmo tempo que escolhia a roupa que ia vestir fez duas coisas: mandou mensagem a Marco e publicou a fotografia nas redes sociais.

“Meu amor, aceitas a companhia da tua namorada para jantar?” 

Mais tarde do que é habitual…mas aqui já cheira a Natal (finalmente!)

Estava prestes a entrar para o seu duche, quando o telemóvel tocou. Era uma chamada e no visor o nome de Marco aparecia. Depressa atendeu, enrolando-se na toalha.
- Olá, meu amor.
- Ora bem, já não ouvia a tua voz à…precisamente nove horas.
- Oh meu amor…
- Eu sei, Mili. Eu sei…tens de estudar, o exame está quase a chegar e tens de te aplicar.
- Mas isso não é desculpa para já não estarmos juntos à…vinte e sete horas -
Milicent já tinha feito aquelas contas desde a última vez que tinha estado fisicamente com Marco mais do que uma vez.
- Ei, amor meu, o Marco entende isso. A sério…
- Obrigada…
- Mas vá, vamos falar de coisas sérias. O jantar é servido às oito.
- Perfeito. Vou só tomar um duche super rápido e vou já, já para os teus braços.
- E eles esperam ansiosos por te abraçar, minha rainha.
- Amo-te, doido.
- E eu amo-te a ti, doida.

Milicent desligou a chamada, indo para o duche. Foi rápida…a vontade de estar com Marco falou mais alto e despachou-se em poucos minutos. Estava imenso frio e decidiu agasalhar-se como deve ser. 
 
 

- Avó? – Chegou à sala, chamando pela avó que, pouco depois, apareceu vinda da cozinha.
- Já vais?
- Sim…não esperes por mim…eu fico por lá a dormir.
- Fazes tu muito bem, vai lá –
Jolandi deu um pequeno beijo na bochecha de Milicent, que saiu logo de casa.
Milicent conduziu até casa de Marco com alguma ansiedade…ela estava cheia de saudades dele, isso era certo. Assim que chegou ao portão da casa, já que Marco lhe tinha dado todas as chaves daquela casa, abriu-o e deixou o seu carro ao lado de Aston Martin de Marco. Milicent ficava sempre petrificada a olhar para o carro…era elegante e sofisticado.
- Eu pensava que vinhas jantar comigo…mas estou a ver que o carro é que recebe mais atenção – Marco apareceu junto de Milicent, que nem deu conta que ele tivesse aberto a porta de casa.
Milicent olhou para ele e, de imediato, esboçou um sorriso, precipitando-se na direcção do namorado. Tinha saudades dele…e nem se apercebia disso enquanto estava enfiada em casa a estudar.
- Gosto mesmo muito deste teu carro…mas olhar para ti é muito melhor.
- Anda cá! –
Marco levou as suas mãos à cintura de Milicent, por dentro do casaco que a namorada envergava – estás mais magrinha, Milicent – Marco olhou-a de alto a baixo, movimentando as suas mãos pelo tronco da namorada.
- Marco…isso é impressão tua. Eu não emagreci de um dia para o outro…
- Tu andas a alimentar-te?
- Oh, meu Deus…sim, ando a alimentar-me mais do que fazia antes de engravidar. Sim ando a comer por mim e pelo nosso filho. E…não me importava nada que me beijasses.
- Sabes que confio em ti…mas estás mais magra, não sei, estás diferente e… -
Milicent riu-se acabando por interromper Marco, beijando-o. Sentia falta daqueles beijos, de o tocar…mesmo que só tivessem passado um dia em se verem…Milicent estava, cada vez mais, apaixonada por Marco. Levou as suas mãos à cara do namorado e percebeu que ele se conteve…talvez tivesse as mãos demasiado frias.
- Desculpa andar mais ausente…
- Agora estás aqui, meu amor.
- E fico cá contigo e amanhã preciso de ti…para não pensar no exame.
- Estás a querer dizer-me… -
Marco colocou as suas mãos nas costas da namorada, aproximando-a ainda mais de si – vou ter mais de vinte e quatro horas com a minha namorada?
- Vais sim…uma namorada e bebé cheios de fome.
- Vês, vocês têm fome!
- Marco, antes de sair de casa da minha avó comi dois pães pequenos e um iogurte…eu não estou mais magra. Para tua informação, engordei um quilo esta semana.
- Isso é bom!
- É óptimo Marco…não haja dúvida.
- Ei…vamos começar com esta questão dos quilos... Ficas a saber de uma coisa, por cada grama que engordes por causa do nosso bebé, acresce mais uma ao amor que sinto por ti.
- Oh…que lindo, Marco –
Milicent passou com a sua mão pelo rosto do namorado, dando-lhe um curto beijo nos lábios – mas…estás mentalizado para aqueles momentos em que eu me vou sentir uma obesa e reclamar que tenho os pés inchados, não estás?
- Estou…mas, se não for pedir muito…podias ter esses momentos quando estiveres com a tua avó ou a Marlene…elas iam entender-te melhor.
- Olha, obrigadinha! –
Milicent deu uma palmada no braço de Marco, que roçou o seu nariz no dela.
- Vamos é entrar para o quentinho antes que alguém fique com o nariz congelado – os dois riram-se e, de mãos dadas, foram até ao interior da casa – apetece-te algo em especial para o jantar?
- Não…

- Sabes…eu ainda pensei em fazer um jantar romântico e tal, mas não fui às compras. Encomendei o jantar…não te importas, pois não?
- Então quem não se tem alimentado és tu!
- Posso dizer que…tenho ido jantar a casa dos meus pais e almoço com os rapazes.
- Boa vida a tua… -
Milicent acabou por tirar o casaco, sentando-se no sofá. Marco não conseguiu perceber se ela estaria a brincar ou a falar a sério…decidindo sentar-se ao lado dela. Ficou apenas a olhá-la por alguns segundos…foram os suficientes para que Milicent olhasse para ele e esboçasse um sorriso – só quero que o exame chegue e fique despachada. Daqui a uma semana é Natal e ainda não estou nesse espírito natalício…ando cansada e cheia de sono – Marco fez uma cara estranha…andará ela a dormir pouco? – deito-me tarde, acordo cedo e a gravidez deixa-me mais mole do que o normal. E não posso beber tantos cafés como fazia antes.
- Ei… -
Marco levou a sua mão até ao pescoço de Milicent que fechou, por alguns segundos, os olhos – não podes andar assim…não te faz bem a ti, nem ao bebé. Hoje e amanhã vais dormir tão bem, mas mesmo tão bem, que irá deixar-te melhor.
- Não sei…ainda tenho daqueles sonhos malucos…
- Não tens, não. Vais sonhar comigo!
- E isso podia ser um sonho maluco…
- Ai meu Deus… -
Marco riu-se e acabou por baixar a sua cabeça, ficando com o ouvido sobre a barriga de Milicent – já viste a mãe que te calhou? Está aqui a dizer que um sonho comigo é um sonho maluco…é completamente doida – Milicent riu-se, acabando por deixar cair uma pequena lágrima. Quando Marco falava para o filho Milicent deixava-se entrar num mundo só deles, onde deixava de pensar no que tinha para fazer, no que a atormentava. Só aquele momento lhe interessava, interessava-lhe perceber o quanto Marco já amava aquele bebé. Não precisava que ele o dissesse (e Marco dizia-o bastantes vezes) para perceber que era já um grande amor – vamos deixar ela dormir, estas duas próximas noites, muito bem? Ela precisa de descansar, então o pai vai fazer assim: conchinha com a mãe e a manter-te mais quentinho – Milicent andava sensível demais nas últimas semanas…e já chorava, mesmo que Marco não tivesse percebido – deves estar aí a fazer qualquer coisa que ouvi um barulho estranho, puto – desta vez Milicent riu-se e Marco fez o mesmo – mas…pois mais quente do que já estás aí dentro é complicado. Estamos à espera que sejas um menino e ainda sais uma menina. Ia ser tão complicado sabes? Depois ias ter namorados atrás de ti desde pequena…sim, porque vais ser um bebé lindo. E se for rapariga…vou comprar uma caçadeira.
- Tu vais é assustar o teu filho, Marco.
- E pronto, lá interrompeu ela a nossa conversa –
Marco olhou para Milicent vendo o estado em que ela estava – então, meu amor?
- Hormonas todas aos saltos e olha tu falas mais com ele do que eu…e és um pai tão bonito e babado. Oh meu amor, eu amo-te tanto –
Milicent não deu tempo a Marco para respondeu. Puxou-o para junto dela entregando-se a um beijo repleto de um amor desmedido.



- Estás quentinho… - Milicent aproximava, ainda mais o seu corpo do de Marco. O relógio já ultrapassava as onze da noite e os dois já se tinham deitado, estando de frente um para o outro.
- Estás bem?
- Estou…porquê, Marco?
- Estás demasiado fria…
- Oh, isto já é o normal do inverno. Sou mesmo muito friorenta.
- Hum, então chega-te para cá –
Marco colocou a sua mão nas costas de Milicent, passando uma das suas pernas para cima das dela.
- Eu já sentia a tua falta…mas acho que só percebi isso quando te vi, sabes? Ando agarrada aos livros em vez de me agarrar a ti…que é tão bom – Marco deu um beijo na testa de Milicent, ficando alguns segundos a olhar para Milicent sem lhe dizer nada.
- Podias ter trazido os livros cá para casa…
- Posso começar a trazê-los no inicio do novo ano? –
Milicent reparou que Marco não estava mesmo nada à espera daquela pergunta e acabou por se rir com a expressão dele.
- O que é que tu estás a querer dizer com isso, Milicent Werner? – Marco riu-se ao fazer aquela pergunta, juntado os seus lábios com os da namorada.
- Estou a querer dizer que, ponderei bastante, mas eu…nós já não conseguimos estar sem ti muito tempo. Eu quero adormecer todas as noites assim, nos teus braços e acordar, também, nos teus braços. Quero tomar o pequeno-almoço contigo, almoçar e jantar. Quero lavar os dentes e ver-te babar-te todo com a pasta… - Marco franziu a testa – não faças isso…sabes que te babas.
- Só me viste babar uma vez!
- Não, meu amor…todas as vezes que já te vi lavar os dentes, acabas por te babar.
- E tu, cada vez que estás a pintar os olhos metes a língua de fora.
- E diz lá que não queres ver isso cada vez que eu me maquilhar aqui em casa?
- Então, no inicio de 2014 vou ter uma companheira de cada diária, é?
- Pois…parece que sim –
Milicent estava já a perder o que lhe restava da energia e acabou por bocejar – desculpa…
- Estás cheia de sono, meu amor. Dorme –
Marco deu-lhe um pequeno beijo nos lábios e Milicent encostou a sua cabeça no peito do namorado – o inicio do novo ano, será o começo do novo capítulo da nossa vida – Milicent sorriu, aconchegando-se nos braços do namorado.



- Tens a certeza?
- Marco, até parece que eu não quero que tenhas amigos… -
Marco e Milicent estavam à algum tempo no sofá. Milicent deitada com a sua cabeça sobre as pernas de Marco…não lhes estava a apetecer sair de casa já que o frio que fazia lá fora era de congelar a ponta do nariz. Mas Marco estava a pensar convidar o seu amigo Marcel para passar lá por casa.
- Não é isso…mas podias querer ficar a descansar.
- E fico…vamos ficar aqui por casa, estou contigo…descanso e não penso no exame de amanhã. Liga-lhe Marco…
- Vamos, então, ligar ao tio Marcel… -
Marco levou a sua mão até à barriga de Milicent e a rapariga colocou as suas duas mãos por cima da dele.
- O Marcel já sabe?
- Não…não sabe ele, nem o Robin.
- Quem é o Robin?
- É um outro amigo meu…
- Então, talvez, seja melhor ligares aos dois…eu conhecia o Robin e davas a notícia aos dois –
Marco olhou para Milicent de uma forma estranha, que não passou despercebida à rapariga – não me olhes assim…por favor. Até parece que tu pensas que eu não quero conhecer os teus amigos…
- Não é nada disso, meu amor. Mas deixas-me surpreendido.
- Acho que é normal querer conhecer os teus amigos… -
Marco deu-lhe um pequeno beijo na testa fixando os seus olhos nos dela.
- Não quero que penses que eu acho estranho, ou penso que é esquisito…porque é bonito, acredita. Quereres conhece-los é uma coisa boa, que me deixa bem e confiante.
- Então liga-lhes…posso fazer alguma coisa para o lanche…ou eles não gostam dessas coisas?
- Deixa-te estar aqui, sossegadinha ao pé de mim. Eles quando chegarem fazem a comida deles.
- Oh…mas eu podia fazer qualquer coisa.
- Depois vemos isso, amor –
Marco voltou a beijá-la, desta vez com um curto beijo nos lábios para, de seguida, iniciar uma chamada com Marcel. Bastaram poucos minutos para ter tudo combinado com Marcel. Interiormente, Marco sabia que eles acabariam por ficar para jantar – feito, eles daqui a meia hora devem estar por aí.
- Acho que estou a ficar com fome… - Marco riu-se fazendo com que Milicent acabasse por se rir também – eu vou engordar tanto…estou mesmo a ver.
- Isso não se está a notar nada…engordas-te quanto? Um quilo?
- Sim…mas foi numa semana!
- Será que o bebé está bem?
- Porque é que não haveria de estar…?
- Não estás a engordar…pode haver algum problema com o desenvolvimento dele.
- Sim, puder até podia…mas a semana passada tive ecografia e está tudo bem.
- Aquela que eu não fui…e não vi o nosso bebé.

- Isso poderá mudar dentro de uns dias.
- Pode? –
Marco não estava a entender onde é que Milicent queria ir com a conversa.
- Sim, mas depois tu percebes. O importante é que está tudo bem. E os quilos estão a começar a chegar…vou ser obesa e tu depois não me consegues agarrar.
- Podes não pensar nisso? A sério, Mili, não te faz bem.
- Prometo que vou tentar…e vou é comer! –
Milicent levantou-se, ajeitando as suas calças. Sentia-se mole, muito mole…nos últimos dias era assim: era como se lhe dessem anestesias – queres comer alguma coisa?
- Eu dizia-te uma coisa que me apetecia…mas tu ainda te punhas aí a dizer que eu sou tarado.
- Não dizia não…mas depois dos teus amigos se irem embora tratamos disso que eu estou demasiado secante… -
Milicent começou a caminhar, indo em direcção da cozinha.
- Eu vou-me lembrar dessa quando eles forem embora, oh namorada sexy!
Milicent riu-se indo preparar alguma coisa para comer…Marco dava-lhe uma certa confiança quanto à questão dos quilos que previa que iria engordar com a gravidez. Sentia-se bem com ela própria mesmo que insegura.



- Mili? – Marco chamava pela namorada que estava no andar de cima da casa a arrumar algumas camisolas de Marco que tinha encontrado espalhadas no armário – eles chegaram.
- Vou já…cinco segundos! –
Milicent saiu do quarto e foi até à sala. Quando chegou ao fundo das escadas, pôde ver Marco, Marcel e um outro rapaz que calculava que fosse Robin – Boa tarde!
- Boa tarde! –
Marcel e Robin falaram em uníssono e Milicent precipitou-se na direcção de Marcel, cumprimentando-o com dois beijos. Ficou a olhar para Robin e Marco decidiu intervir.
- Milicent, é o Robin; Robin é a minha namorada, a Milicent.
- Olá… -
disse Milicent um pouco reticente. Não sabia qual seria a opinião de Robin a tudo aquilo que os dois viviam…mas adorava saber.
- É um prazer conhecer-te, Milicent – foi Robin que se aproximou de Milicent, cumprimentando-a com dois beijos.
- Igualmente – Milicent afastou-se do amigo do namorado, aproximando-se de Marco mas acabaram por se sentar os quatro.
- Nós temos uma coisa para vos contar… - começou Marco por dizer. Queria que eles soubessem o mais depressa possível para saberem a opinião deles.
- Eu sabia que, para nos teres chamado aos dois, tinham feito alguma. Vá, em que sarilho é que se meteram? – Perguntou Robin, deixando Milicent a rir-se. Conseguiu perceber que este amigo de Marco era descontraído e aceitava as coisas com tranquilidade.
- Pode ser um sarilho…mas não para nós – disse Milicent deixando os dois rapazes confusos – posso dizer eu, Marco?
- Deves! Eu disse aos mais difíceis…com eles estás numa boa –
Milicent riu-se, dando a sua mão a Marco que as entrelaçou uma na outra.
- Bem, então…eu sei que vocês são amigos do Marco à muito tempo, sei que o apoiam em todas as alturas da vida dele. Quer sejam boas ou más. Por isso, eu quero acreditar que o vão apoiar também agora…e a mim. Conhecem-me à pouco tempo: o Marcel à um mês, por aí, e o Robin à minutos…mas o vosso apoio neste momento é importante para os dois – Milicent sentia que se estava a prolongar no discurso e optou por passar ao assunto – bom…nós temos a anunciar que vamos ser pais.
- Então aquela coisa do metabolismo ser mais acelerado é verdade! – atirou Robin fazendo com que todos se rissem.
- Então e já contaram à família? – Perguntou Marcel.
- Já…tudo já está informado e a querer já preparar o enxoval do bebé.
- Boa puto…sim senhor, Marco Reus vai ser pai. Podem contar com o meu apoio…sem dúvida –
disse Marcel.
- E com o meu também, é claro.
- Muito obrigada…do fundo do coração –
Milicent agradeceu sorrindo para eles – alguém tem fome?
- Não me digas que estás com fome outra vez…? –
Marco olhou para Milicent surpreendido.
- Shiu…vou preparar qualquer coisa para comermos.
- Eu ajudo –
disponibilizou-se Marcel, indo com Milicent até à cozinha.



- Oh mas…isso é tão bonito – comentou Milicent, referindo-se à proposta de Marco.
- Tenho aqui algumas coisas na arrecadação…eram da minha irmã, queres ir ver?
- Vamos –
os dois foram até à arrecadação procurando por decorações de Natal. A ideia era levarem um pouco do espírito natalício à casa deles…mesmo que fosse dia 24 de Dezembro e o sol já se tinha posto em Dortmund. Entre algumas árvores de natal (umas maiores, outras mais pequenas), algumas luzes, presépios e decorações, Milicent e Marco conseguiram levar àquela casa o espírito de Natal. E, em espécie de desejarem bom natal aos seus seguidores, partilharam a mesma foto, com a mesma descrição.
 
Primeiro Natal juntos…mesmo que em casas separadas. Feliz Natal a todos!
 
- Quero tanto dar-te a minha prenda, Marco…
- Amanhã. E agora é melhor irmos andando, não?
- Sim… -
os dois saíram de casa e Marco deixou Milicent em casa dos avós.
Estavam presentes os avós, os pais e a pequena Mary Alice. Tinham dado aos pais de Milicent a possibilidade de ela passar o Natal com eles…e Milicent não poderia ter ficado mais feliz.
- Já se nota o teu filhinho, Mili.
- Já? –
Milicent ficou super surpresa com aquela afirmação de Mary Alice.
- Sim. Olha aqui – a menina passou com a sua pequena mão sobre a barriga de Milicent, deixando-a desconfortável. Mas aquele desconfortável bom…sentia-se bem e percebeu onde Mary Alice queria chegar: estava mais inchada e notava-se uma saliência na barriga – é o teu filhinho. O que é que era poderá ser a mim?
- Sobrinho, ou sobrinha…
- Queres um menino ou menina?
- Um menino.
- Ai eu gostava mais de uma menina, assim eu brincava com ela às bonecas. E o Marco quer o que?
- Um menino também…depois podes ajudar ele com os trabalhos de casa, vais ser mais crescida e ele vai precisar de ajuda quando for para a escola. Que achas?
- Pode ser…e podemos brincar aos médicos, às escolas, aos cafés. Mas…os bebés dormem muito ao inicio não é?
- É sim, Mary.
- Então aí não vou puder brincar com ele…
- Não. Mas podes ajudar a Mili e o Marco a adormecer ele, a dar o biberão ou a meter-lhe a chucha.
- Posso? –
Milicent viu o entusiasmo com que Mary Alice que a abraçou, mesmo antes de Milicent responder.
- Claro que podes, meu anjo – Milicent deu um beijo a Mary Alice e as duas foram chamadas por Jolandi. O jantar iria ser servido e as duas saíram do sofá indo até à casa de banho. Lavaram as mãos e foram até à sala de jantar onde todos as esperavam.
- Vocês também notam o filhinho da Mili? – Perguntou Mary Alice, depois de se sentar à mesa. Milicent ajudou-a a sentar-se e dirigia-se à sua cadeira para se sentar também. Viu que todos olharam para ela fazendo-a sorrir.
- Já se nota ali qualquer coisinha, já – comentou Abelard.
- Estou mais inchada…é por causa disso. No seu estado normal, a minha barriga continua lisa – disse Milicent, sentando-se.
A avó, como sempre, era quem servia o jantar. Começou pelos mais velhos até chegar aos mais novos. Como Milicent estava ao lado de Mary Alice, acabou por ajudá-la a ajeitar-se na cadeira para comer e, quando Jolandi se sentou, todos iniciaram o jantar.
- Temos uma notícia para vos dar… - começou Renae. Milicent tinha visto a mãe mais feliz naquele dia, pensava que era por ser do Natal mas…já que tinha uma notícia a dar, talvez a razão daquela felicidade fosse isso.
- Que se passa, querida? – Jolandi, com a sua típica curiosidade, questionou a nora.
- Jolandi, Abelard…Milicent e Mary…no inicio de 2014 vamos voltar a viver em Dortmund. O Hinrich vai acabar para a semana o tratamento, está tudo resolvido e já podemos voltar.
- Isso são tão boas notícias, filho –
Jolandi, que estava perto do filho, agarrou na mão dele, visivelmente emocionada.
- E há mais, mãe – Hinrich olhou para a pequena Mary Alice piscando-lhe o olho.
- Os senhores que mandam em mim, vão deixar eu ficar mais tempo com vocês para depois viver mesmo com vocês – Milicent levou a sua mão até aos olhos, limpando aquelas lágrimas teimosas que caiam.
- Isso quer dizer…que estamos cada vez mais perto de ficar com a Mary Alice só para nós – Renae reforçou a ideia, com um enorme sorriso nos lábios. Era a maior felicidade que tinha, era o recomeço de uma nova vida para eles.



Todos os Natais em casa dos Werner eram especiais. Havia sempre muito amor, muito carinho, gargalhadas junto da lareira ao recordarem as histórias de família e, este ano, não tinha sido excepção. Para além de que, com a presença de Mary Alice ficou um ambiente ainda mais natalício, já que era o primeiro que a menina passava fora do orfanato onde vivia. Contaram-lhe várias histórias de quando Milicent era pequena, para ela ficar a conhecer mais um pouco da história deles…e para a fazerem sentir integrada na família.
As prendas foram abertas na manhã de dia 25, beberam o chocolate quente que Renae, religiosamente fazia todas as manhãs de Natal.
- Mili…obrigada.
- De quê, minha princesa? –
Milicent aconchegou Mary Alice no seu colo. Estavam as duas sentadas no sofá, a ver os desenhos animados e ainda em pijama.
- Porque tu deste-me estas coisinhas novas: uma mana, papás, avós…ainda não é bem certo, mas é quase não é?
- É, minha querida…podes crer que é. Sabes…eu sempre quis ter uma irmã e os meus pais não podiam. Eles tinham que andar sempre de avião e, então, nunca mais me deram uma mana. Mas…depois conheci-te e, como eles queriam muito ter mais uma filhinha, achei que era bom seres a minha mana mais nova…
- Quando eu vier viver mais tempo com os pais…tu podes ajudar-me com os trabalhos da escola? És mais crescida…
- É claro que ajudo, boneca –
Milicent apertou Mary Alice mais contra sim, fazendo-lhe cócegas.
- As minhas meninas estão muito animadas! – Comentou Renae ao chegar à sala.
- A Mili não pára de me fazer cócegas, mãe! – Tanto Milicent como Renae congelaram por alguns segundos e Mary Alice aproveitou para sair do colo de Milicent, para correr em direcção de Renae que a pegou ao colo – agora já não me fazes mais cócegas – disse para Milicent, deitando-lhe a língua de fora – não faz mal eu chamar-te de mãe, pois não Renae? Eu sei que tenho a minha mamã…aquela que está no céu e me teve na barriga como a Mili tem o filhinho dela, mas eu também sei que tu me vais dar miminhos e muito amor. Vais ser a minha mãe…uma nova mãe. Não faz mal, pois não?
- É claro que não, boneca…nem sabes como eu fico feliz de ouvir isso vindo de ti –
Renae deu um beijo na bochecha de Mary Alice, que lhe retribuiu. As duas olharam para Milicent que lhes piscou o olho.
- Mãe…essa menina tem seis anos e já é assim, imagina daqui a uns anos.
- Sou muito esperta, eu sei. E não tenhas ciúmes, Mili…a mãe dá mais miminhos a mim, mas gosta das duas.
- Olha, olha… -
Milicent levantou-se indo ter com elas. Abraçou-as beijando Mary Alice – eu gosto muito de vocês duas, sabem?
- Eu sei –
respondeu Mary Alice, dando um beijo na bochecha de Milicent.
- E eu também gosto muito de ti, minha querida – Renae juntou a sua testa com a da filha, mexendo-lhe nas costas.
- Se entrasse aqui algum deles…iam ficar com muitos ciuminhos – foi Mary Alice quem falou, fazendo com que acabassem todas por se rir.



- Tu não foste gastar montes de dinheiro, pois não? – Perguntava Marco a Milicent.
O relógio já passava das dez da noite e, finalmente, os dois estavam juntos naquele Natal. E era altura de darem as prendas um ao outro.
- Gastei o que tinha de gastar…e sou eu que dou primeiro.
- Porquê?
- Ordem alfabética.
- Marco vem primeiro que Milicent… -
a rapariga ficou a olhar para o namorado por breves segundos, desmanchando-se a rir.
- Os mais novos primeiros, então… - Milicent esticou as suas mãos na direcção de Marco, entregando-lhe uma prenda – eu sei que vais gostar…vá, abre – Milicent estava entusiasmada. Afinal, era dos primeiros Natais onde podia oferecer uma prenda a um namorado.
Marco desembrulhou a prenda, ficando com um grande sorriso nos lábios.
- Esmeraste-te…
- Gostas?
- Claro que gosto.
- E vai usá-los?
- Um diferente todos os dias… -
Marco juntou os seus lábios com os de Milicent, olhando-a de seguida – muito obrigada.
- De nada, meu amor.

Milicent tinha oferecido uma caixa com vários relógios para Marco. Sabia que ele ia gostar, já que Marco se confessa viciado em relógios e tem uma gaveta onde guarda a maioria deles.
- Agora é a minha vez, vá.
- Mas eu ainda não acabei…
- Então mas eu dou-te o meu primeiro, depois tu dás-me o teu segundo e eu o meu segundo…
- Parece-me bem –
Milicent recebeu uma pequena caixinha preta com um toque em dourado dando-lhe o detalhe da letra M – vais pedir-me em casamento…?
- Ainda não…quando o fizer vai ser a coisa mais romântica de sempre, sabes?
- Então tens de te esmerar muito… 
- Abre lá isso, vá – Milicent fez o que Marco lhe disse, encontrando duas alianças.
 
 
- Marco…
- Nunca te dei uma aliança de namoro…encontrei estas e achei-as muito nossas. Sabes que o meu amor por ti não tem fim, que sou cada vez mais apaixonado por ti a cada dia que passa. E…gostava que as usássemos como prova disso. Elas encaixam uma na outra…nós encaixamo-nos um no outro.
- Cada dia melhor que o anterior, meu amor –
Milicent rodeou o pescoço de Marco com os seus braços, beijando-o – Obrigada. Por me fazeres sentir, todos os dias, uma rapariga amada, uma princesa…
- Rainha…és a minha rainha –
Milicent voltou a beijá-lo e, quando quebrou o beijo, cada um colocou a sua aliança. Milicent foi até à sua mala, retirando de lá um envelope. 
- Toma…sei que é importante para ti. Não é a mesma coisa que ver ao vivo…isso te garanto. Abre… - Milicent deu o envelope a Marco, que o abriu com algum cuidado. No seu interior, encontrou imagens da ecografia de Milicent – é o nosso bebé, Marco.
 
 

- É tão pequeno! Milicent, tu tens a certeza que ele está bem? Está com o tamanho certo?
- Marco…
- Pronto, sim eu sei…está tudo bem. É tão bonito… -
Milicent viu Marco ficar a olhar cada detalhe daquelas imagens.
- Eu sei que o nosso filho é lindo de morrer, que o amas muito…mas eu gostava de ter a minha outra prenda.
- Sim, sim…anda –
os dois levantaram-se, indo até ao quarto – É demasiado grande para se embrulhar…então tive de o deixar aqui – os dois entraram no quarto e, encostado à parede, estava um urso de peluche gigante – quando eu andar em estágios, já tens alguém que vos aqueça… 
- Oh Marco…é tão grande…e fofinho – Milicent riu-se, acabando por se sentar em cima do urso de peluche. Claro que o momento foi capturado por Marco, partilhando-o nas redes sociais.
 
 
Em dias de estágio vou ser trocado... #PrendasDeNatal  
 


2014 tinha começado e Milicent começava a preparar-se para as mudanças de casa. Estava cada vez mais convicta das escolhas que fazia e que amava cada vez mais Marco. Conciliava tudo com as aulas e os trabalhos que voltavam a começar e a gravidez corria às mil maravilhas.
Chegava a casa depois de um dia de aulas, a casa de Marco, onde esperava encontrar o seu namorado e receber aqueles miminhos bons. O dia tinha sido longo e estava particularmente cansada.
Ao chegar à sala, depara-se com o cenário que nunca imaginaria encontrar. Marco e Carolin estavam frente a frente e Carolin tinha uma das suas mãos na face de Marco.
- Obrigada por me deixares fazer parte da tua vida… - dizia Carolin.
Milicent não queria ouvir mais nada…por isso decidiu dar a notar a sua presença.
- Que se passa aqui…?
- Mili… -
assim que Marco ouviu a voz da namorada, olhou-a. Viu que Milicent estava perturbada, que estava com uma certa raiva…ele conhecia-a e sabia que ela estava a pensar que tudo aquilo significava que ele estava bem com Carolin. 
 
 
Olá meninas!
Aqui está mais um capítulo :)
Muito obrigada a todas as que comentam. É muito importante saber o que estão a achar da história.
Espero os vossos comentários.
Beijinho*
Ana Patrícia. 

4 comentários:

  1. Oláa

    Adorei *_*


    Ai , Ai , que faz ele com a Carolin ?


    Mais :)


    Beijinhos


    Catarina

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  2. Hello :)
    Sorry pela demora em comentar, mas com uma folga por semana é complicado :/
    Li e amei tudo...menos esta parte final :/
    Espero que a Mili não pense coisas ;)
    Próximo please :*

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  3. Olá!

    Tu tens sem dúvida o dom de me deixar enervada, a sério, a Carolin?! Mesmo?! grrrr que nervos, odeio-a tanto mas tanto! Mas porque raio o Marco a deixou entrar, e mais, estar a tocar nele?! Ok, a Mili vai ser uma mulher com postura e mandar aquela vadia dali para fora, raios que o Marco foi mesmo parvo! Agora, as coisas fofas, opá que prendas lindas, amei amei amei, e as árvores de natal? e a Mary Alice? aiaiaiai não podia ser mais perfeito.

    Posta rápido, outra espera a matar-me por dentro, beijinhos.

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  4. Olá!
    Tou de volta pa por a leitura em dia!
    Primeiro que tudo...que é que aquele gaja veio fazer?? Nãoo gosto nadaaaa dela!
    Quanto ao resto do capitulo...ameii! Foi tudo muito bonito...as árvores, as prendas, as notícias dos pais da MIli...tudo *_*
    Agora nao dá pa comentar mais...que eu quero ir ler os outros!
    Beijinhos
    Sofia

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