Marco
e Mario estavam sem saber o que dizer. “O
que é que deu a este caramelo para tratar a Mili por cunhada!? Agora
deveria ser ele a explicar tudo à Carolin” -
Marco pensava, pensava e pensava. Não sabia o que dizer à mulher
com quem tinha casado.
- Estavamos sim, mas
já acabou a conversa.
- E será que os
meninos podem juntar-se ao resto dos convidados? Está tudo a
perguntar por vocês.
- Claro, vamos –
quem respondeu foi Marco que, sorriu por não ter de explicar muito
mais do que ali se tinha passado.
Marco tinha a
certeza que Carolin estava feliz. O dia que eles planearam para ser o
dia do casamento de ambos, tinha corrido como o planeado. Tinha
corrido tudo como o planeado e Marco via a felicidade estampada no
rosto de Carolin. Marco queria estar feliz também...mas o
significado do casamento dele não era igual ao de Carolin. A cabeça
dele só pensava em Milicent e aí, ao recordá-la sorrir, ao
recordar o cheiro dela, os seus olhos, o toque e cada beijo, a
felicidade entra em Marco.
Mas teria de
parecer, minimamente feliz para que Carolin não se apercebesse das
coisas. Porque, como Milicent lhe disse, este caso que está a ter
com ela pode ser apenas uma tentativa de fugir à rotina, uma maneira
de quebrar a monotonia da sua vida com a sua, agora, mulher.
Por outro lado,
Milicent estava feliz. Há muito que um rapaz não a fazia sentir
feliz, que um sorriso não se formava nos seus lábios por causa de
um toque, de um beijo, de um sorriso de um rapaz. E Marco fazia-lhe
isso. Marco deixava-a feliz como se o conhecesse à demasiado tempo
para serem os melhores amigos.
Milicent, mesmo
sabendo que não se podia apaixonar por Marco, já estava, de certa
forma, apaixonada por ele. Porque Marco a tinha cativado a partir do
momento em que a tocou, a partir do momento em que a olhou.
Ter
ficado na casa que os iria acolher quantas vezes quisessem estar um
com o outro, fez-lhe bem. Fez Milicent pensar o que seria a sua vida,
caso viesse a ter uma relação mais séria com um rapaz, ao ponto de
viverem juntos. “Um
dia quem sabe...” um
dia...porque Milicent não acreditava no amor até à pouco tempo, e
quando passou a acreditar esse amor acabou por a desiludir.
Mas, a vontade de
querer estar com Marco, era mais alta. Falar com ele, no momento em
que ele estava no casamento, ao mesmo tempo que ela colocava alguma
comida que desse para longo prazo foi um sinal. Pelo menos na cabeça
de Milicent. Enlatados, leite, alguns congelados, tudo o que não se
estragasse, Milicent acabou por deixar um pouco por ali. Assim,
quando voltassem a estar juntos (Milicent esperava que isso
acontecesse), teriam comida. Algo que os alimentasse.
Na noite de Domingo
teve de ir trabalhar...mas a sua cabeça andava tão distraída com
Marco que nem deu pelo tempo passar. Era perto das cinco da manhã
quando saiu da discoteca com Marlene, a sua melhor amiga, a sua
melhor confidente, a irmã que nunca teve.
- Preciso de te
contar uma coisa... - Milicent ainda não tinha dito nada à sua
melhor amiga. Estavam juntas pela primeira vez desde que tudo
aconteceu com Marco.
- Que se passa Mi? -
as duas caminhavam pelo passeio, de braço dado.
- Eu...olha eu nem
sei como dizer estas coisas.
- Diz-me Mi...sabes
perfeitamente que me podes contar tudo.
- Sim. Mas podes
zangar-te comigo.
- Eu? Zangar-me
contigo? - Marlene deu um ligeiro encontrão em Milicent e as duas
riram-se – Vá conta-me lá.
- Eu ando a sair com
uma pessoa...
- Andas? - Marlene
ficara bastante surpreendida. Poderia esperar tudo de Milicent mas,
andar com uma pessoa neste momento, não era aquilo que pensava que
iria ouvir.
- Ando...
- É da faculdade?
- Não!
- Da discoteca?
- Não...
- Então?
- Ele...bem, na
verdade, nós só estivemos juntos esta noite...
- Calma! Tu
estiveste com ele...à noite? - Marlene parou de andar, virando
Milicent para ela e as duas ficaram de frente uma para a outra.
- Sim...
- Mas estiveram a
fazer o que?
- Olha...a brincar
aos médicos! Desculpa...estivemos juntos.
- Custa-me
acreditar...
- Mare... - Mare era
a forma como Milicent tratava a sua melhor amiga. A jovem
aproximou-se da amiga, colocando as suas mãos nos braços de Marlene
– é verdade...e...ele faz-me sentir tão bem! - aquele sorriso, ao
lembrar de Marco, voltava aos lábios de Milicent. Aquele brilho no
olhar, voltavam aos seus olhos e começava a sentir saudades dele.
- Tu estás
apaixonada!! - Marlene conhecia Milicent como a palma das suas mãos.
Contavam tudo uma à outra e, quando precisavam de falar coisas que
nem a avó de Milicent, nem a mãe de Marlene poderiam ajudar,
recorriam uma à outra.
- Não. Apaixonada
não estou...mas ele faz-me bem.
- E quem é o rapaz?
- Se eu te
contar...tu não vais acreditar.
- Experimenta...ou
não queres dizer?
- Quero...mas essa é
a parte que não podes ficar chateada comigo.
- Eu não fico.
- Prometes? -
Milicent levantou a sua mão, colocando o dedo mindinho junto de
Marlene.
- Prometo –
Marlene juntou o seu dedo ao de Milicent e as duas sorriram.
- Bom...ai.
- Ai?
- Tu vais ficar
chocada.
- Ai! Olha diz de
uma vez!
- Marco Reus –
Milicent disse de uma forma tão rápida que, por momento, pensou que
não tivesse dado tempo a Marlene de ouvir aquilo que tinha acabado
de dizer...mas pela cara da sua amiga, esta tinha ouvido
perfeitamente aquilo que tinha dito.
Marlene não sabia o
que dizer, nem o que pensar. E Milicent ansiava por alguma reacção
da sua melhor amiga, nem que fosse um “puxão de orelhas”.
- Vais...dizer
alguma coisa? - Perguntou Milicent num tom de voz mais baixo do que o
seu natural.
- Eu...ai...repete
lá.
- Eu...passei a
noite com o Marco Reus...do Dortmund. O jogador da bola.
- Mas...calma, ele
casou este domingo, ainda à poucas horas. Tu estiveste com um homem
casado?
- Tecnicamente ele
não estava casado na altura...
- Mesmo assim,
Milicent! - Quando Marlene tratava Milicent pelo seu nome é porque
viria aí discurso de amiga muito protectora – Eu não sou ninguém
para te dizer o que deves ou não fazer...mas não estás a ir por um
caminho que não é o correcto?
- Mare...eu sei. Eu
sei que é errado, que não devia, mas a vontade de estar com ele é
tanta! E aumenta cada vez que penso nele. O Marco é um rapaz, não
ele é um homem tão bom. Ele não é daqueles que se diz que anda
com todas... - Marlene olhava para Milicent com um olhar duvidoso –
Vá...Mare...ele só está com a mulher e comigo. Antes da Carolin
ele só tinha tido três namoradas.
- Mi...o Marco?
- Estás desiludida?
Chateada? Queres que eu acabe isto?
- Calma... - Marlene
pousou as suas mãos nos braços de Milicent, sorrindo-lhe – eu só
quero fazer-te duas perguntas.
- Força.
- Primeira: quanto
tempo é que isso vai durar?
- Não sei...nós,
quer dizer...eu e ele porque não há propriamente um nós.
Estabelecemos um limite...o até querermos.
-
Segunda: qual é a probabilidade de sofreres como da última vez?
- Zero.
- Tens a certeza?
- Tenho...
- Mi...não estarás
a fazer isto, só por causa do que o Lorsn te fez?
- Mare...sabes
perfeitamente que eu não faria isto só porque o meu ex-namorado me
traiu com a minha quase melhor amiga. Eu estou...quer dizer, eu sou
feliz quando penso ou estou com ele...o Marco parece que está a
curar aquela ferida que o Lorsn deixou. O Marco trata-me bem, ele é
querido, ele é meigo...
- Mas está casado
Mi...
- Eu sei disso...mas
eu prometi, eu e ele prometemos um ao outro que não nos
apaixonariamos. E eu sei quando isso acontecer que me afastarei.
Porque eu não quero estragar a felicidade de outra rapariga.
- E se ela vos
apanha?
- Deus queira que
não...iria estragar um bocado as coisas.
- Sabes que eu
estarei sempre aqui, não é?
- Não estás
chateada? Desiludida?
- Não...só quero
que tenhas cuidado! Muito cuidado mesmo, Mi. E sempre que precisares
de falar, sabes que podes vir ter comigo a qualquer altura,
telefonar, mandar mensagem... - Milicent não deixou Marlene acabar o
seu discurso e apenas abraçou a amiga.
Marlene tinha
acompanhado a vida toda de Milicent. Incluindo os acontecimentos
recentes. O ex-namorado de Milicent traiu-a com uma grande amiga
dela, que se poderia comparar a Marlene. Desde aí Milicent fechou o
seu coração, não querendo amar nenhum rapaz.
- Obrigada.
- Porque é que me
estás a agradecer? - as duas amigas olharam-se, e ambas tinham um
sorriso nos lábios.
- Porque...estás
sempre aqui, do meu lado.
- Sou tua amiga,
apenas isso. Digo-te tudo o que há para dizer e não apenas o que
convém ouvir.
Milicent voltou a
abraçar a amiga e as duas começaram, de novo, a caminhar.
- É verdade! -
Disse Milicent, lembrando-se da noite da discoteca. Contou tudo à
amiga que ficou completamente espantanda por a sua melhor amiga ter
estado no mesmo espaço que Mario Götze.
As
duas estavam a chegar junto da paragem do autocarro, quando o
telemóvel de Milicent toca. A estas horas pensou que seria o seu avô
a perguntar se queria que a fosse buscar, visto que tinha começado a
chuver à bem pouco tempo. Mas não...no visor do seu telemóvel não
aparecia o habitual Avô.
Aparecia
sim, Marco
Reus.
- É o Marco... -
Milicent estava surpreendida...era a noite de núpcias, eram cinco da
manhã e Marco estava a ligar-lhe.
- Vais deixar o
rapaz a falar com o atendedor de chamadas?
- Mas...ele está
com a mulher.
- Se te está a
ligar é porque não está oh trolha!
- Não me ofendas,
estou bloqueada, sim?
- Ai vá, desculpa –
Marlene tirou o telemóvel das mãos de Milicent, atendendo-o ela –
Olá Marco, daqui fala a melhor amiga da Milicent, tive de ser eu a
atender a chamada porque ela bloqueou, mas vou já passá-lo a ela –
Milicent só se conseguiu rir, Marlene parecia estar com um ar sério,
mas quando passou o telemóvel à amiga começou a rir-se também.
Milicent colocou o
telemóvel junto do seu ouvido e ouviu Marco a rir também.
E...aquela gargalhada fê-la derreter por completo.
- Marco... -
Milicent apenas disse o nome dele e bastou para que o silêncio
existisse do outro lado da chamada.
- Mili... - aquela
voz, como aquela voz mexia com Milicent. Apenas a voz dele era o
suficiente para que todo o seu interior se transformasse.
- Aconteceu alguma
coisa?
- Não,
não...estavas a dormir?
- Não. Estou a ir
para casa. Estive a trabalhar.
- Pois por isso é
que liguei.
- Por estar a
trabalhar?
- Por ter quase a
certeza que estarias acordada.
- Sim, estou.
- O Mario está com
um problema e eu tive de o ir ajudar...mas queres que te vá buscar?
- Mas está tudo bem
com o Mario?
- Deve estar...lá
no seu quinto sono e a ressonar.
- Então mas não
estava com um problema?
- Mili...tive de
dizer alguma coisa à Carolin para sair de casa.
- Ah! - Milicent só
agora percebia o que Marco queria dizer com aquilo – Mas...Marco, é
a tua noite de núpcias!
-
É madrugada, fofinha - “Fofinha!?
Oh meu Deus ele acabou de me chamar fofinha, ai que lindo, ai ai.”
- Mesmo assim...
- Ai, olha queres
que te vá buscar ou não? Ainda podíamos dormir juntinhos.
- Dormir? Marco, são
quase seis da manhã...tu devias estar em casa com ela, preparar-lhe
o pequeno-almoço e essas coisas.
- Posso fazer isso,
mas não para ela. Vá...estás onde?
- Marco...
- Milicent. Só umas
horinhas contigo, não é pedir muito, ou é?
- Tu és chato!
- Ei, está uma
pessoa a querer estar contigo e é assim que é tratada?
- Desculpa...
- Estás onde?
- Ao pé daquele
sítio onde me encontras-te no outro dia.
- 10 minutos e estou
aí.
- Acho bem que sejam
10 minutos, aqui a tua Milicent está cansada e está a chover, sim?
- Já és minha?
- Olha...despacha-te
ou vou embora – Milicent desligou a chamada, assim teria quase a
certeza de que ele viria.
- Já percebi que
vou apanhar a camioneta sozinha.
- Desculpa...é que
ele...está por aí.
- Não te preocupes,
a sério...só acho que o rapaz está um bocado necessitado.
- Nada dessas
badalhoquices!
- Sim sim...olha vem
aí o autocarro, ficas bem aqui ou espero por ele contigo?
- Não, não. Vai
indo – as duas abraçaram-se e Marlene apanhou o seu autocarro indo
para casa, enquanto Milicent ficou ali, à espera de Marco.
Como não tinha
chapéu de chuva, ficou debaixo da paragem do autocarro...e esperou
precisamente dez minutos. Milicent gostou de perceber que Marco sabia
controlar os tempos e que chegava nas horas previstas. Quando o carro
do jovem rapaz parou na sua frente, Milicent foi até à porta,
abriu-a para de seguida entrar no carro e fechar a porta.
As diferenças
começaram a ser sentidas. O calor que se fazia sentir no carro
contrariamente ao frio que estava na rua. O cheiro de Marco...aquele
cheiro que ela ansiava por voltar a sentir, por voltar a ser um
cheiro que lhe pertencia. Milicent recostou-se no banco do carro,
encolhendo-se em si mesma como que querendo aquecer os seus músculos
um pouco frios.
- Isso é tudo frio?
- Ouvir aquela voz assim, pertinho dela, fazia-a tremer, fazia-a
sentir-se completamente diferente. Fazia-a sentir-se a Milicent de
sempre: a Milicent apaixonada, divertida, pronta para viver a vida,
com tudo o que esta lhe pudesse dar. Marco colocou a sua mão em cima
das de Milicent, que permaneciam juntas em cima das suas pernas.
Aquele
toque...aquela proximidade era boa e Milicent não a queria perder.
Ao olhar para Marco...o seu coração disparou. Sentiu-se a ficar
mais acelarada mas, ao mesmo tempo, a ficar com vontade de apenas
adormecer nos braços de Marco.
- Está frio...
- Vamos para casa
então – Marco retirou a sua mão de cima das de Milicent e começou
a conduzir na direcção da casa que os acolhe – como é que correu
o trabalho? - Ser Marco a fazer a pergunta soou estranho a Milicent.
Normalmente seriam os seus avós a fazerem a pergunta...mas ser ele a
faze-la era estranho, mas bom ao mesmo tempo.
- Foi normal...mais
cansativo hoje depois da nossa noite.
- Fraquinha.
- É, sou fraquinha.
É o que dá estar à seca à quase três meses.
- Três meses!? Sem
nadinha, nadinha? - percebia-se pelo tom de voz de Marco que estava
espantando.
- Depois de ver o
meu namorado a comer uma das minhas melhores amigas, a vontade era
zero, Marco – Milicent não tinha qualquer intenção de contar
aquilo a Marco...mas tinha acabado de o fazer. E o silêncio naquele
carro estava a ser demasiado constragedor.
- É essa a marca da
diferença na Milicent – Marco não perguntava, não lhe fazia a
pergunta, porque percebia perfeitamente que aquela era a verdade.
- Pois...parece que
te contei mais cedo do que estava à espera.
- E...ao fim desses
três meses, estás numa cena como a nossa...
- Não, não é
vingança. E tu bem sabes que eu estou contigo porque me fazes bem –
Marco olhou, por momentos para Milicent como que duvidando – pronto
não sabes, ficas a saber. Fazes-me bem, fazes-me muito bem. E eu
quero estar contigo, não para me vingar dele, mas para ser amada,
nem que seja só pelo sexo.
- Não serás amada
só por isso...isso eu te garanto. Tenho sérias dúvidas se irei
conseguir cumprir a nossa promessa.
- Vais...vais
conseguir Marco. Tu tens a Carolin, tens de conseguir seguir a tua
vida e eu a minha. É impensável ficarmos presos um ao outro.
- Porque? - Milicent
não respondera àquela pergunta no carro. Tinham chegado ao destino
e, depois de saírem do carro entraram em casa e aí sim, Milicent
respondeu.
- Sabes porque?
Porque não podemos estragar a felicidade de outra pessoa –
Milicent e Marco estavam, pela primeira vez desde que se encontraram
frente a frente.
- E podemos estragar
a nossa?
- Não a estamos a
estragar...não a podemos prolongar é por muito tempo.
- Eu quero Mili –
Marco aproximou-se dela, rodeando-a com os seus braços.
- Queres o que?
- Prolongar este
estado. Quero prolongar o estado em que me deixas ficar, quero
prolongar os nossos momentos e, quem sabe, criar uma rotina.
- Isso é
impossivel.
- Não, não é. E
eu queria tentar...
- Marco, não te
podes esquecer da Carolin! Tu casaste com ela nem à 24h. É com ela
que tens de criar uma rotina.
- Já a tenho e não
gosto – Marco encostou os seus lábios nos de Milicent, apanhando
a jovem completamente desprevenida. Marco, contrariamente ao que
Milicent pensava, não estava à espera que se voltassem a envolver.
Ele apenas queria estar com ela. Nem que fosse a dormir.
Aquele beijo era
calmo, era sedutor mas não os fazia querer mais do que carinhos.
Milicent colocara os seus braços em torno do pescoço de Marco e os
dois trocavam apenas um beijo que os fazia sentir maravilhosamente
bem. Mas Milicent sentia-se cansada. Era o trabalho misturado com uma
noite mal dormida, o que não ajudava em nada.
- Marco... - ela
interrompera o beijo, colocando as suas mãos na face de Marco,
olhou-o – Podemos dormir umas horinhas antes de me fazeres tua
outra vez? - Milicent não sabia o porque te ter perguntado as coisas
desta maneira...era o que lhe tinha saído e não se importou nem um
pouco.
- Dormimos as horas
que quiseres, porque serás minha mesmo que a dormir – não
esperava uma resposta daquelas. Milicent poderia ter quase a certeza
de que as coisas entre os dois não iam ser simples, mas são boas e
isso ninguém poderá terminar.
Dormiam em conchinha
desde as seis e meia da manhã (tinha sido por volta dessa hora que
adormeceram) e só acordaram porque o telemóvel de Milicent tocou.
Permaneciam os dois agarrados e, sem se deslargarem, Milicent
alcançou o seu telemóvel que estava em cima da mesa de cabeceira,
atendendo a chamada:
- Milicent, onde é
que tu estás? - perguntou a sua avó do outro lado da linha.
- Avó...desculpe,
não a avisei...eu não dormi em casa.
- Pois até aí eu
já cheguei, Milicent.
- Avó...
- Estás com ele?
- Sim – não teve
qualquer problema em admitir que estava com Marco e acabou por se
aconchegar mais nele. Marco abraçava-a e deu-lhe um beijo no
pescoço.
- Desculpa querida,
mas tens de vir para casa.
- Aconteceu alguma
coisa? - Milicent sentiu o seu coração disparar.
- Não, não...os
teus pais chegam dentro de uma hora, só isso.
-
Os...pais? - “Porque
é que eles não avisaram que vinham hoje? Não, não, não
quero...não quero!” - Milicent
sentia-se completamente perdida. Por muito que amasse os seus pais,
sabia que as coisas agora seriam diferentes com eles por cá.
-
Sim...e vão ficar por algum tempo - “Só
para piorar as coisas...” pela
cabeça da jovem um turbilhão de pensamentos passava. Uma confusão
estava instalada na cabeça de Milicent.
- Vou despachar-me e
depois vou para casa. Até já, avó.
- Até já, querida
– Milicent desligou a chamada, atirando o telemóvel para cima do
colchão, por pouco que não caia para o meio do chão.
- Algum problema? -
Milicent virou-se de frente para Marco, ficando apenas a mirá-lo.
- Mais ou menos...os
meus pais chegam dentro de uma hora.
- De surpresa?
- Sim...
- Olha que bom! -
Marco estava visivelmente animado com aquilo, pelo que percebera eram
poucas as vezes que Milicent estava com os seus pais e aqui estava
uma dessas vezes que estariam juntos. Mas, no semblante da rapariga
que tinha na sua frente, não via qualquer tipo de felicidade – Não
é bom?
- Não
sei...provavelmente terei pouco tempo livre...e eles depois começam
com as perguntas deles, às quais eu não quero responder...não lhes
vou puder contar de ti, não poderei partilhar a minha
felicidade...vou estar fechada em mim e não quero.
- Mas podes
contar-lhe...escondes a parte de quem eu sou e de que sou
casado...dizes que estás com um rapaz super giro e isso.
- E seres menos
convencido, não?
- Dizias isso ou
não?
- Dizia...
- Então só estou a
ser realista – os dois trocaram um beijo um pouco para o demorado.
- Preciso de me
despachar... - Milicent quebrou o beijo, juntando a sua mão com a de
Marco.
- Vamos tomar um
duche, comer qualquer coisa e eu deixo-te perto de casa, escusas de
ir de transportes.
- Não me podes
deixar à porta...
- Sei disso.
- Obrigada – os
dois voltaram a trocar alguns beijos antes de se levantarem e irem
para o duche.
Ainda demoraram
algum tempo, acabaram por se perder nos corpos um do outro, foram um
do outro pelo tempo que quiseram e tomaram todo o prazer daquele
momento. Começavam a perceber que poderiam ter mais do que sexo
porque, o que ambos quiseram em primeira instância, foi apenas
dormir um com o outro.
Para Milicent era
tudo muito estranho. Adormecer e acordar nos braços de um rapaz que
a faz sentir bem. Desde o seu ex-namorado que nada relacionado com
rapazes a fazia sentir assim...porque aquela dor estava sempre lá.
Mas Marco começava a curá-la, começava a fazer com que Milicent se
sentisse bem.
Antes de se
despacharem, os dois voltaram a deitar-se na cama onde tinham
dormido. Estavam envoltos nos robes e brincavam com a mão um do
outro.
- Não queria que
isto acabasse – Milicent acabou por assumir aquilo que nunca pensou
fazer. Porque queria garantir que tudo o que se passava entre ela e
Marco era apenas de curta duração. Iria acabar.
- Vês!? Se tu dizes
isso porque é que eu não o posso dizer?
- Porque se tu o
disseres é demasiado real...e não pode ser Marco.
- Milicent...
- Não é Milicent,
nem nada...é temos de nos despachar e ir embora.
- Sim, sim...mas
esta conversa não fica por aqui.
- Sim, na nossa
próxima noite falamos disto.
- Porque na próxima
noite?
- Porque não vamos
falar disto durante o dia.
- Há uma coisa que
se chama telemóveis...
- Olha, por falar
nisso – Milicent pega no seu telemóvel e acaba por fazer algo que
não estaria a passar pela cabeça de Marco. Abriu a camara e tirou
uma fotografia a eles...mas sem os identificar. Partilhou no seu
perfil do facebook, assim era só para os seus amigos, já que aquela
conta tinha muito pouca gente adicionada:
Quantas vezes não vos apeteceu ficar assim o dia todo? Hoje é um desses dias. |
- O que é que tu
acabaste de fazer?
- Publiquei a foto
no meu facebook. Não te preocupes que ninguém sabe que és tu e só
tenho amigos adicionados.
- Um dia crio um
perfil assim só para ser teu amigo lá.
- Oh, és mais do
que essas coisas de amigo, tá? - Milicent deu-lhe um beijo e os dois
foram despachar-se.
Já em casa,
Milicent estava a achar tudo muito, muito estranho. Afinal os seus
pais tinham algo para lhe dizer e, depois dos habituais cumprimentos
quando chegaram, estavam sentados frente a frente no sofá. Olhavam
atentamente para Milicent, Milicent olhava para os seus pais e para
os seus avós. Percebia que eles já sabiam o que viria daí...o que
a assustava ainda mais.
- Mili... - começou
a sua mãe e aquele Mili que era diferente...o único que a
fazia sentir pequenina, como uma verdadeira menina que precisa do
colinho da mãe – nós vamos passar os próximos seis meses na
Alemanha.
- Vão? A sério?
Vamos estar seis meses juntos? Como uma família a sério? - Milicent
sentia-se realmente feliz por aquilo que a sua mãe lhe acabara de
contar.
- É esse o
objectivo, filha – respondeu-lhe o pai.
- Mas vocês vieram
hoje, já não vão voltar? Vão ficar cá?
- Na Alemanha...nós
viemos buscar-te, Milicent.
- Como assim? - A
confusão estava instalada na cabeça da jovem rapariga, que não
sabia o que pensar.
- Nós vamos viver
os três...para Berlim.
-.Não. Eu não
quero, eu não vou – Milicent depressa percebeu tudo o que aquilo
significava. Iria estar a mais de quatro horas de distância de tudo:
dos seus avós, da sua melhor amiga, dos seus amigos da faculdade, da
discoteca...de Marco!
- Vais sim, Milicent
– a sua mãe levantou-se, sentando-se ao lado da filha.
- Eu sou maior, eu
posso decidir o que fazer ou não?
- Milicent, não
entres por aí querida – a mãe mantinha um discurso muito
tranquilo, enquanto que a jovem parecia desesperar – tu vais
connosco. São seis meses, seis meses que estaremos juntos e seremos
só nós os três.
- Mas, mãe...vocês
não podem querer-me só para vocês ao fim de 20 anos. Eu tenho aqui
os avó, a Marlene, a faculdade, o meu trabalho... tenho o...tenho a
minha vida aqui. Porque é que não podem vir viver para Dortmund,
porque?
- Porque o
tratamento que o teu pai tem de fazer, só existe em Berlim –
Milicent olhou para o seu pai e sentiu o seu cérebro bloquear. O seu
pai estava doente? Teria alguma doença grave?
- O que é que se
passa com o pai?
- Não é nada de
grave filha – respondeu-lhe o seu pai, com um sorriso nos lábios,
que a tranquilizou – o oxigénio chega com dificuldades ao meu
cérebro e preciso de um tratamento para que fique tudo normal.
- Corres risco de
vida, pai?
- Não, nada disso
Mili – o seu pai colocou-se junto das suas pernas, agarrando as
mãos da sua filha – é tudo muito suave e em seis meses fica tudo
bem. E eu compreendo que queiras cá ficar...e se ficares nós não
nos importamos.
- Não...eu vou com
vocês – mesmo sabendo que o tratamento que o seu pai iria fazer
não era nada que colocasse a vida dele em risco, Milicent preferia
estar com eles. Acima de tudo...são seus pais e são seis meses que
poderá estar com eles todos os dias. Como há demasiado tempo não
estava.
Quase não se
apercebeu que teria de ir embora naquele mesmo dia. Despediu-se de
Marlene (ambas choraram no momento em que o fizeram), despediu-se de
algumas colegas da faculdade, dos seu trabalho e dos seus avós.
Restava saber como se iria despedir de Marco.
Telefonema?
Provavelmente estaria com Carolin e não lhe poderia atender... Sms?
Não...demasiado esquisito. Carta! Milicent iria deixar-lhe uma carta
escrita por ela. Foi até à casa “deles”, sentou-se na mesa da
sala e escreveu. Escreveu tudo e mais algumas coisas e deixou a carta
em cima da almofada que era “dela”. Deixou a marca do seu batom no
envelope e saiu.
Voltou a casa dos
seus avós, despedindo-se, de novo, dele. Iria para Berlim, com a
certeza que o seu futuro para estes seis meses estava incerto, levou
consigo o desejo de não abandonar Dortmund e com a certeza de que as
lágrimas que lhe caiam pela face à medida que se iam afastando
daquele sitio não caiam apenas por causa dos seus avós, da sua
melhor amiga.
Aquelas lágrimas
eram por causa dele. Porque, apesar da promessa, Milicent estava
completamente apaixonada por ele.
Olá meninas!
Espero que não achem o capitulo demasiado secantes por ser muito grande. Contudo, devo dizer que é o capitulo do casal...e nos próximos entenderão o porque.
Espero os vossos comentários.
Beijinhos.
Olá. Adorei este capitulo :)
ResponderEliminarEu não quero ser ave agoirenta, mas qq dia o Marco é apanhado pela Carolin e a bomba rebenta :P
Ainda bem que a Marlene reagiu bem e apoia a amiga Mili :D
Sinceramente não gostei muito da parte final...6 meses longe do Reus?...isso não :/. Também não gostei de saber que o pai da Mili está doente :/
Espero pelo próximo sff bjs :)
Olá
ResponderEliminarAmei , mas 6 meses longe dele ? Oh tens de aproxima-los , si ?
PRÓXIMO !
Beijinhos
Catarina
Oláaa!!!
ResponderEliminarOlha lá foi pa isto que quiseste que eu lesse??? Opa vou chorar!! Isto não se faz! Odeio tudo o que resumidamente afasta um casal ou quase isso! Mas va tou a brincar! xD
Começando pelo início...amei a desculpa a dele e o facto de apesar de ser a noite de núpcias ele não querer saber da outra pa nada! Sim gostei muito disso! xD Depois eu sabia....eles estão apaixonados!! Se não tivessem teria sido mais uma noite de sexo e não assim uma noite agarradinhos apenas! Assim deu para ver que foi apenas isso mas sim que é mais que isso!
Agora...assim que ela recebeu o telefonema...a minha cabeça começou logo a pensar "hum os pais vem ai mas esta rapariga de certeza que inventou alguma coisa com a vinda dos pais" e pronto...inventaste e foi uma coisa má! Milicente é perto do Marco....não é longe! Não gostei pa! Coitado do Marco quando souber! Aturar todos os dias uma pessoa que não se gosta e a que se gosta mesmo tar longe deve ser mauzinho!
Olha sabes que eu tinha vontade...era de ir ter com a Carolin e dizer-lhe que o Marco tinha outra pa ver se ela mandava o Marco embora para ao pé da Mili mas a rapariga pode ser maluca e ainda fazia alguma coisa de mau por isso esquece lá! E até gosto dos encontros deles e das desculpas do Marco!
Vá agora que venha o próximo...e que os 6 meses passem a voar! Ou que o Marco invente um amigo de Berlim que precise de ajuda xD
Próxximmmoo!
Beijinhos!
OLÁAAAAAAAA
ResponderEliminarEu amo isto, tu sabes né?
Começando por eu gosto , eu amo, eu quero mais isto é lindo, vá mas vamos ao que interessa.
Tu escrita assim es perfeita! Gosto deles, ainda gosto mais o facto de ele estar casado. Trair asim é que é trair! Ele não trai a Carolin com uma qualquer não, ela é Mili rapariga que não se quer apaixonar mas apaixona-se, que não se quer sentir atraida por ele mas sente-se.
Porque é que eu acho que aquela carta vai ser perfeita, porque eu sei que é perfeita. Em carta todos todos os sentimentos vao para o papel e fantástico *.*
Estes 6 meses prometem , distância faz com que quando eles estiverem juntos haja '' tau tau pimba'' para todo o lado e faz com que ele deixe aquela miss plasticina e diga olá a Mili e a um futuro com Mili.
Quero o próximo capitulo si?
Beijitos grandes* Rita