- Tenho uma pergunta para te fazer... – Marco sentava-se ao lado de Milicent com Marten nos braços. Antes de olhar para o namorado, a jovem rapariga beijou uma das bochechas do filho.
- Pergunta lá.
- Se eu te convidasse para ficares comigo, só nós dois, mais uma noite aqui em Ibiza...irias responder o quê?
- Bom. Iria perguntar-te o porquê, mas isso parece-me óbvio. Depois perguntava com quem tinhas falado para levar o Marten...porque, se somos só os dois, calculo que ele vá embora.
Marco riu-se, aproximando-se de Milicent. Agarrou-lhe numa das mãos, levando-a até junto dos seus lábios para, de seguida, a beijar.
- O Marten vai com os teus pais e fica com eles. Eu sei que não estamos habituados a estar sem ele e que, provavelmente, me vais dizer que não mas eu gostava mesmo de um tempo só contigo – Milicent sorriu, levando as suas duas mãos à cara de Marco.
- Ficamos.
- Só nós dois? Aqui? – a rapariga percebeu que o namorado tinha ficado surpreendido com a resposta dela. Mas, na verdade, Milicent sabia que precisava de umas horas completamente a sós com ele. Beijou-o, sendo que foram interrompidos pelos barulhinhos que Marten fazia com a boca.
- O Mario e a Marlene?
- A Marlene foi lá dentro com a tua avó Rose e o Mario... – Marco apontou na direcção do amigo que vinha a caminhar para junto deles – ele está...bêbado?
- Deixa lá que tu também deves caminhar para lá – Marco arqueou a sobrancelha direita – não faças essa coisa com a sobrancelha. Já bebeste mais do que o costume, Marco.
- Ui, olha a mãezinha! – Mario sentou-se perto deles mas, em vez de puxar uma cadeira para se sentar, optou por fazê-lo na relva – tens de ter cuidado com o que bebes, Marco! Isso faz mal à saúde.
- Estás aí a gozar não sei porquê, mas pronto – Milicent deixou a sua cabeça cair sobre o ombro de Marco, agarrando a mão de Marten.
- Porque estamos numa festa, Mi. Daqui a umas horas estamos num avião a regressar para a rotina, por isso bebe puto! – Mario riu-se, bebendo ele mais um gole da bebida que trazia na mão – a Marlene?
- Foi com a minha avó lá dentro.
- Como é que é possível que ela não me tenha dito nada?
- Porque ela não tem a certeza de nada, Mario – foi Marco quem lhe respondeu o que, aos olhos de Milicent, acabou por chamar mais à atenção de Mario – é normal que ela esteja assustada e com medo por tudo o que aconteceu com a mãe.
- Mas, bolas, eu sou o namorado dela. O pai do possível, ou não, bebé...devia saber destas coisas. Deveria saber se vou ter uma coisa dessas – apontou para Marten, fazendo com que Marco e Milicent olhassem para o filho – um bebé assim só nosso. Só que ela, ultimamente, anda chata e só me ataca. Não me dá carinho!
- Andas com falta, Mario – comentou Milicent, em tom de brincadeira.
- Mas, agora, és tu que estás a gozar comigo em vez de ser o Marco?
- Não, Mario. Apenas estava a tentar aliviar a situação – Milicent colocou-se direita, olhando para ele – já pensaste em ir ver dela, ter um momento a sós com ela? Já falaste com a Marlene desde que ela falou aquilo?
- Não.
- Então...não seria melhor tentares?
- Ela vem aí – disse Marco, fazendo com que Mario olhasse para a relva.
- Já conspiraram muito sobre mim? – Marlene sentou-se ao lado de Mario puxando-lhe o braço para cima. Passou-o por cima dos seus ombros, encostando-se ao namorado. Mario ficou quieto, sem mexer um único músculo estranhando tudo aquilo.
- Estávamos só a comentar que o Mario anda com falta... – Milicent conseguiu fazer com que os dois se rissem ao mesmo tempo – olha, pelo menos, ainda se mantêm em sintonia!
- Tu não sabes o que dizes, Mi – atirou Marlene olhando para a amiga.
- Estás mais calma – começou Marco – se calhar nós íamos fazer qualquer coisa, Mili.
- Não! Eles não vão falar de assuntos sérios, Marco. Só o devem fazer em Munique, vai uma aposta? – Milicent estendeu a mão na direcção do namorado que se riu.
- Eu não aposto contigo...ainda perdes e ficas zangada.
- Mas olha que ela ganhava – disse Mario, capturando a atenção de todos.
- É capaz é – concordou Marlene.
- Mas eu não devia ganhar, não! Vocês precisam de falar, seus tolos!
- Olha agora aprendeu a insultar não quer outra coisa.
- Não se trata disso, Mario. Só que vocês são os dois casmurros ao ponto de não irem falar disso enquanto um ou outro não der o braço a torcer. E...uma possível gravidez é um assunto sério!
- Acho que a Mi está revoltada – disse Marlene, rindo-se – está tudo tranquilo, agora, Mi. Só quando chegarmos a Munique é que poderei ter certezas. O que é que é suposto falarmos agora?
- Não sei. De sexo ou a falta dele Marlene, por exemplo – para espanto de todos foi Mario quem respondeu.
- Queres falar disso? – Marlene afastou-se um pouco dele, olhando-o – Tu nunca queres!
- Ai eu é que não quero? Desculpa mas, quando eu tento alguma coisa tu dizes que te dói isto ou aquilo e começas a fazer outras coisas.
- E quando eu tento alguma coisa tu dás-me para trás!
- Então se calhar, engravidaste com o ar. Será?
- Se calhar, Mario! Isso explicaria muita coisa em relação a ti – Milicent não se conseguiu conter mais e riu-se até que lhe começaram a doer as costelas.
- Estás a rir-te do quê, oh cunhada?
- Nada, nada. Mas eu ainda me lembro que o Marco disse, no dia em que chegaram, que o teu rabo era estranho.
- Ele é que é estranho na ponta da...daquela coisa!
- Mario! – Marlene repreendeu-o, olhando chocada para Mario.
- Que é que foi?
- A ideia que vocês dão é que já se virão completamente nus! E isso não é nada agradável de se pensar, querido namorado.
- Vais dizer que nunca viste a Milicent nua? – perguntou-lhe Mario, não obtendo nenhuma resposta – alem do mais eu jogo futebol, nos balneários o que se vê mais é gajos nus.
- Que pouca vergonha.
- Nós devíamos estar a gravar esta conversa – comentou Milicent ao rir-se – ele amanhã não se vai lembrar de nada!
- Mas tu achas que eu estou assim tão bêbado?
- Acho, Mario – Milicent não conseguia parar de rir naquele momento.
- Vou provar que não. Vou levantar-me sem meter as mãos na relva – todos o olhavam atentos. Mario preparou-se, tentou vezes sem conta levantar-se mas não conseguia fazê-lo com muita facilidade. Quando, finalmente, se começou a pôr de pé começou a perceber que estava mais zonzo do que pensava e voltou a cair na relva – isto é da relva...não é lá muito boa.
Aquele momento tinha sido bom para os quatro. Depois de toda a tensão que existiu com o momento de Marlene e a sua possível gravidez, estarem assim tão descontraídos tinha sido benéfico.
- Mili...estás toda suada, chega para lá! – Milicent não fez o que Marco pediu. Pelo contrário, deitou-se em cima dele – olha, olha... – Marco rodeou o corpo da namorada com os braços, conseguindo virá-la de forma a deitá-la a seu lado.
- Que chato! Não sei para que é que quiseste uma noite inteira só para nós.
- Olha...se estivesse cá o Marten, o Mario ou a Marlene ias estar tão à vontade para te expressares?
- Cala-te!
- Ah pois, bem me parecia.
- Mas tu, não sei porquê, andas a deixar-me mais cansada! A culpa é tua.
- Olha, minha porquê? – Marco olhou para Milicent que mantinha os olhos fechados – Só porque andas fraquita?
- Mas que fraquita? Podíamos começar já a segunda volta. Só não o fazemos porque...porque...
- Porque?
- Oh porque estou cansada! Esta coisa de pós-parto tem muito que se lhe diga.
- É o pós-parto é.
- Agora a sério – Milicent abriu os olhos, percebendo que Marco se ria – eu não estou como estava, pois não?
- Como assim?
- Sei lá! Isto, o sexo, parece que está diferente.
- Só se for para melhor...porque eu ainda não me queixei e já retomamos a nossa vida normal à umas semanas atrás.
- Eu ainda não me sinto totalmente eu.
- Provavelmente não te irás sentir o antigo tu, Mili – Milicent virou-se de lado, ficando frente a frente com Marco – foste mãe, é um marco importante na tua vida, no teu corpo e na tua cabeça. Isso não te vai deixar voltar a seres o que eras...vais ser uma nova Mili com as mesmas características da que havia antes. Ou mais maduras ainda.
- Vais virar psicólogo?
- Também o foste para mim e, neste momento, só estou a dizer-te aquilo que vejo e sinto. Continuas a ser a mesma Mili por quem me apaixonei, mais madura e a mãe do meu piolho.
- Marco...
- Diz.
- Vais começar uma semana intensa de treinos e preparação...mas tem cuidado. Por favor.
- Não vai acontecer nada, Mili.
- Então e...não tentes acelerar as coisas. Deixa que levem o rumo certo, sim?
- Estás tão preocupada...
- Preocupada, ansiosa, com medo...é uma mistura de tudo. Só quero que corra tudo bem daqui para a frente.
- Vai correr, Mili. Eu acredito – Marco deu-lhe um pequeno beijo na testa, percorreu a bochecha da namorada com beijos terminando com um caloroso beijo nos lábios.
- E então? Então, Marlene? – Marlene entrava no carro vinda do consultório médico. Optaram por Mario ficar no carro para não alimentar falsas noticias que pudessem surgir – já sabes alguma coisa? Fizeram análises? Fala.
- Ei, calma lá! Ainda agora acabei de entrar no carro, tartaruga.
- Hum. Estás a chamar-me um nome querido.
- Estou – Marlene virou-se para ele, sorrindo – não sei bem o que é que querias mas, neste momento, não há bebé para nós a não ser o Marten.
- A sério?
- Sim. Eu não estou grávida.
- Estavas pronta para ser mãe?
- Não! Mas, houve uma altura desta fase onde gostei da ideia. Mas não, preparada para ser mãe não. Até porque tu não saberias trocar fraldas, dar biberão e essas coisas.
- Isso é mentira! Eu ainda te vou mostrar que sei fazer disso.
- Lá está, treinamos com o Marten e, um dia mais tarde, havemos de pensar em ter um filho.
- Isso significa que vamos continuar a fazer o processo de bebés?
- Vamos. Quer dizer, estás de castigo.
- Estou de castigo?
- Sim! Tu não falaste comigo durante muito tempo depois de saberes do atraso. Estás de castigo!
- Oh...fiquei chocado. Não me disseste nada, depois andavas a beber, eu já estava a pensar em tudo o que estava a acontecer e a processar. Não me ponhas de castigo.
- A ver vamos...fazes o pequeno-almoço todos os dias?
- Durante quanto tempo?
- O resto das nossas vidas, como é óbvio.
- Tanto tempo? Ai, mas ok. Sem sexo é que eu não quero ficar.
- Temos acordo, então.
Os dois riram-se e Mario começou a conduzir em direcção a casa. Passavam o primeiro dia em Munique, ainda em ritmo de férias.
- Já viste a foto que o Marco pôs no instagram? – perguntou Mario.
- Achas?
- Oh pois, esquece lá. Mas vê, vê. Até vais ficar de queixo caído.
- Vão ser pais outra vez?
- Fogo! Isso era preciso terem começado a trabalhar logo a seguir ao Marten ter nascido! – Mario olhou de esguelha para Marlene que abanava a cabeça como que colocando aquela hipótese em cima da mesa – achas que eles...logo a seguir?
- Não, Mario. A Mi não iria passar por essa experiência.
- É assim tão mau?
- Não sei. Eu nunca tive relações depois de ter tido um filho, Mario.
- Estás tão engraçada. Vá, vê lá a foto.
Marlene ficou concentrada no telemóvel, até que encontrou a tal fotografia que Marco havia publicado na rede social.
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Manhãs maravilhosas |
- Mas o teu amigo está maluco?
- Eu não sei mas ele não era assim! O Marco tentava sempre esconder coisas tão pessoais.
- Já bastava a fotografia ser...assim, ainda lhe foi acrescentar um: manhãs maravilhosas. Ele está doido.
- Tenho uma teoria: perdeu alguma aposta com a Mi ou ela perdeu. Mas, essa foto, deve ter qualquer coisa a ver com apostas.
- Eles estão no avião a esta hora mas mais logo eu ligo à Mi.
- Eu disse que ias ficar de queixo caído.
- Eles estão malucos, Mario. A sério...isto é demasiado íntimo para ser partilhado.
- Não se vê grande coisa, não é?
- Olha se fosse uma foto minha assim? Com meio mundo a ver e comentar...
- Se o Marco a pôs é porque não tem ciúmes.
- Não sei o que lhes deu, mas pronto.
Marlene estava mesmo espantada com aquilo. Não sabia como é que eles começavam a partilhar coisas tão íntimas como aquela fotografia.
- Mi, tu estás despida!
- Mare...olha nunca pensei que ele a fosse publicar! Eu disse-lhe que não era capaz, apostamos e pronto perdi.
- O Mario bem disse isso. O sexo anda a fazer-vos mal à cabeça. Daqui a nada fazem um filme porno!
- Marlene!
- Vá, desculpa. Só que me apanharam de surpresa. Nunca pensei ver uma foto tua assim, na internet, semi nua. Quer dizer estás nua mas pronto.
- E eu fiquei chocado com o Marco! Uma vergonha! – Milicent ouviu a voz de Mario, olhou para Marco e os dois riram-se. Tinha o telemóvel em alta voz já que se preparava para dar banho a Marten.
- A Mili vai fazer uma sessão fotográfica para uma revista masculina. Andamos a treinar... – disse Marco, deixando de ouvir, do outro lado da linha, a conversa que Marlene e Mario mantinham os dois.
- Agora estás a gozar, não é? – perguntava Marlene – A Mi? Ela seria incapaz disso! Incapaz. Ela iria ter vergonha!
- Sim, ele está a gozar. Só faço revistas masculinas se forem exclusivas para ele.
- Isso é bom saber... – Marco aproximou-se da namorada, beijando-a com bastante intensidade e desejo.
- Eles vão fazer um irmão para o Marten mais depressa do que esperamos Marlene.
- Se andarem a treinar para isso...não me admirava nada.
- Eles estão ali aos beijos e, só naquela, até se devem esquecer do miúdo.
- Oh! – Marco quebrou o beijo, chamando Mario à atenção – Fica sabendo que entre mim e a Mili, há um Marten pronto para ir ao banho.
- Oh que lindo! Vão dar banhinho ao menino! Finalmente!
- Mario, não sejas estúpido. O nosso sobrinho toma banho todos os dias, não é como tu!
A gargalhada foi geral e os quatro acabaram por terminar aquela conversa. Milicent, auxiliada por Marco, deu banho a Marten e, de seguida, adormeceram o menino.