Milicent tinha mesmo de fazer aquela pergunta a Marco. Se
avançar com a ideia que tem na cabeça, quer que Marco faça parte dessa mesma
ideia.
- Marco...é
que...bom, eu já ando à imenso tempo a pensar nesta ideia e ando a juntar
dinheiro mesmo para realizar esta minha vontade e quero que faças parte dessa
ideia - Marco olhava para Milicent um pouco
confuso, afinal não estava a compreender nada daquilo que ela estava a dizer - eu sei que não me estas a entender
nada...essa cara não engana ninguém, tonto - Milicent deu-lhe um curto
beijo nos lábios, voltando a olhar para ele - bom...eu quero tatuar um oito em numeração romana no braço. Não é
hoje nem amanhã...só quando sentir que tenho todos os elementos desse oito
completos mas...quando eu o tatuar...tu aceitas ser parte dele?
Marco não esperava tal pergunta de Milicent. O que a
jovem rapariga deseja fazer é "apenas" um numero mas que, com ele,
trás grande parte (se não a maioria) da vida de Milicent.
- E...quando é que
estás a pensar fazer a tatuagem?
- Hum...perto do
Natal, talvez. Ou então no inicio de 2014.
- Se
quiseres...terei todo o gosto em levar-te ao meu tatuador. Ele tem preços acessíveis
e é de grande qualidade.
- Marco...isso quer
dizer...
- Que terei enorme
orgulho em fazer parte do teu oito - Marco
sorria e Milicent apenas o beijou. Marco marcou a vida dela, fez com que essa
vida mudasse e passasse a existir uma nova vida cheia de vontade de viver,
felicidade, novas definições na palavra amor e amizade.
Milicent tem a certeza que pouco sabe da vida, que ainda
terá muito para viver e aprender. Sabe que ainda vai encontrar novos amigos,
novas amizades...mas sabe que nenhuma será como a sua amizade com Marlene. Sabe
que irá encontrar possíveis amores mas, também sabe que poucos serão como
Marco.
Os dias iam passando...a correr. A semana de Marlene em
Berlim iria acabar dentro de quarenta e oito horas e Milicent começava a sentir
que precisava de aproveitar bem cada segundo com a sua melhor amiga. Cada dia
tinha uma peripécia diferente. Marlene e Mario estavam cada vez mais próximos e
a darem-se super bem como amigos (era isso que seriam por enquanto), Marlene
cada vez percebia melhor a relação de Marco e Milicent e, estes dois, andavam
cada vez mais apaixonados um pelo outro.
Milicent vivia completamente feliz. Sentia-se completa.
Amada por um homem, amada pela sua melhor amiga, amada pelos pais e, sobretudo,
ama-se a ela própria.
As duas raparigas tinham combinado encontrar-se com Marco
e Mario no quarto de Marco. Passavam ali horas os quatro...e pela noite apenas
os dois. Cada tarde faziam algo diferente, algo com que se conseguissem
entreter.
Hoje não seria excepção e, contra uma inicial pouca
vontade das raparigas, os quatro acabaram por alinhar num momento de
PlayStation.
- Eu vou perder! - Barafustava Milicent que jogava contra Marco. A ideia
era: quem perde passa o comando a outro. Mario jogou contra Marco e perdeu,
passando o comando a Milicent.
- Aposto que o
Marco vai fazer de propósito para que ganhes! - Mario estava visivelmente irritado.
- Oh Mariozito, lá
porque perdeste e bem, diga-se, não tens de estar chateado... - Marlene rodeou o tronco de Mario com os seus braços,
ficando de joelhos em cima da cama atrás dele.
- Eles estão ali os
dois concentrados no jogo ou é impressão minha? - Marco e Milicent tinham, simplesmente, feito silêncio e
jogavam concentrados. Via-se que Milicent estava ainda mais concentrada já que
era o segundo jogo que fazia de FIFA.
Marlene e Mario aproximaram-se deles, sentando-se
ligeiramente atrás deles. Estavam os quatro no chão e Milicent pareceu ter
despertado daquele seu estado de concentração.
- Até sei jogar um
bocadinho a isto...
- Tu estás é com
sorte! - Marco respondia a Milicent cortando
uma bola na grande área - Tu tentas
marcar mas está difícil, amorzinho.
- Amor é amor mas
jogos de FIFA à parte, Marco! -
Milicent aproximou-se do ecrã percebendo que poderia marcar. E assim foi! Ela
marcou o 1-0 aos 10 minutos de jogo -
pimba! Eu marquei! - Milicent levantou os braços e ouviu os gritos de golo
vindos de Marlene e Mario. Como estava à frente de Marco olhou para ele...era
visível que Marco estava contente por ela ter marcado mas, ao mesmo tempo,
Milicent percebia que ele teria mau perder -
Tenho a ligeira sensação que vou dormir a casa se ganhar o jogo... -
Milicent gatinhou na direcção de Marco, sentando-se no meio das pernas dele - Não tenhas mau perder, bebé -
Milicent roçou o seu nariz no de Marco, que lhe roubou um beijo.
- Se é para andarem
nessas figuras cada vez que marcarem é melhor passarem os comandos a nós e irem
para outro lado - Mario decidiu picá-los
(mais uma vez) e fez com que Milicent saísse do colo de Marco, sentando-se no
chão.
- Não...eu quero
ganhar.
O jogo foi decorrendo com golos de parte a parte. No fim
Milicent ganhou e Marco teve de passar o comando a Marlene. Ele sentou-se atrás
de Milicent rodeando a sua cintura com os seus braços encostando-se a ela.
- Que fique claro
que eu te deixei ganhar...
- Sim, sim...então não?!
Admite puto, ela joga melhor que tu - Mario,
como sempre, metia-se com eles na brincadeira. Também ele estava perto de
Marlene, não tão unidos como Marco e Milicent. Mas estavam...juntos.
- Oh e se te
calasses? Também perdeste! Jogas com ela perdes também!
- Calem-se lá e
observem as pro's a jogarem -
Marlene falou, fazendo com que os dois tomassem atenção ao ecrã da televisão.
As duas tinham escolhido a mesma equipa. Então era:
Borussia Dortmund contra Borussia Dortmund. Por ser o FIFA 13, Mario ainda
estava no Borussia e as duas alinhavam exactamente com a mesma equipa que
incluía Marco e Mario.
- Mas vocês estão
doidinhas?
- Elas são doidas,
Mario - Marco e Mario falavam mas elas
fingiam que não ouviam.
- Vá Mi, passa aqui
ao Götze passa - dizia Marlene andando
com o boneco de Mario de um lado para o outro.
- Espera, tem de
ser o Reus a passar mas eu não o vejo!
- Já nem conheces o
teu namorado?
- O boneco não tem
as mesmas proporções que o verdadeiro. Fica difícil de o reconhecer.
- O Götze é fácil
de reconhecer...
- É...é aquele que
anda sempre a mexer-se e a ser chato.
- Olha eu estou a
ouvir isso!! - Pela primeira vez Mario
interrompia a conversa delas - Vocês
estão a jogar ou a brincar?
- A brincar
jogando, como é óbvio - Marlene
respondeu-lhe e Mario aproximou-se dela, pegando nas suas mãos que seguravam o
comando.
- Ei isso assim não
vale! - Protestou Milicent que, depressa,
viu as suas mãos serem cobertas pelas de Marco.
Depressa se tornou num jogo de Marco contra Mario já que
eram eles quem tomava conta dos comandos.
Milicent estava no seu quarto a acabar de se arranjar.
Iria sair com Marlene, apenas e só com a sua melhor amiga, já que o tempo desta
em Berlim estava a acabar. Arranjou-se optando por um conjunto mais descontraído.
Marlene não estava em casa. Depois de terem passado a
tarde com os rapazes, Milicent tinha ficado no quarto de Marco a jantar e
Marlene foi jantar com Mario. Estava combinado as duas encontrarem-se à porta
da discoteca.
Milicent chegou primeiro ao local combinado e percebeu
que era uma discoteca normal. Boa música ia passando e o ambiente era
agradável. Pelo menos visto do exterior, já que esperava a amiga à porta. Não
havia ninguém no seu exterior, excepto o segurança.
Estava distraída a olhar para o telemóvel, ia falando com
Marlene e a última mensagem que viu dizia:
“Doida, achas mesmo que te deixo pendurada? Estou quase,
quase a chegar.”
A partir daí…o verdadeiro pesadelo de Milicent estava a
começar. Tinha sido empurrada por alguém com alguma (bastante) violência,
sentiu o seu corpo cair do alcatrão da estrada, sentindo a sua cabeça
estilhaçar, entrando, de seguida, num completo estado de raiva. Quem fosse que
lhe estivesse a fazer aquilo…tinha criado raiva em Milicent.
- Podes ter a
certeza que ainda agora comecei… - Era uma
mulher. Milicent nunca tinha visto uma fotografia de Carolin, nem nunca tinha
ouvido a sua voz…mas iria jurar que tinha, em cima dela, Carolin Böhs. Actual,
e futura ex, mulher de Marco.
Carolin estava sentada sobre a cintura de Milicent e as
duas olhavam-se. Milicent queria defender-se, porque sabia que iria andar à
porrada com ela, mas estava completamente petrificada, sem saber o que fazer. A
raiva, o ódio, o desprezo…estava tudo no olhar de Carolin.
- Eu não contava
apanhar-te sozinha…mas assim o queridinho não interfere – as certezas tomavam conta de Milicent. Era ela.
Marlene caminhava já em passos apressados. Tinha Milicent
à sua espera e já estava atrasada. Ao chegar deparou-se com um cenário lastimável.
Estavam duas ambulâncias paradas junto da discoteca e duas raparigas caídas no
chão…e não foi preciso muito tempo para Marlene perceber que uma delas era a
sua Milicent.
Correu na direcção da melhor amiga, ajoelhando-se do seu
lado. Percebia que ela não estava consciente…e sentiu o seu coração explodir.
- O que é que se
passou? Ela…ela está viva? – Disparou
perguntas na direcção dos bombeiros e as lágrimas começaram a escorrer-lhe pela
cara.
- Quem é a senhora?
- Eu sou amiga
dela…ela estava à minha espera, mas eu demorei mais tempo…
- A sua amiga ficou
inconsciente à pouco tempo, temos de a levar para o hospital o mais depressa
possível. Pode vir connosco na ambulância e talvez seja melhor avisar os
familiares.
- Claro, claro – Marlene levantou-se e os bombeiros colocaram Milicent na
maca. Marlene, por fracções de segundo, olhou para a outra rapariga…estava
consciente, com bastante sangue no lábio e via-se que estava arranhada. Marlene
não sabia quem ela era…nunca viu Milicent dar-se mal com alguém…e está em
Berlim à tão pouco tempo…como é que tudo isto poderia ter acontecido?
Marco estava deitado, com o computador em cima das pernas
a ver um filme. Tinha combinado com Mario ficarem ali os dois a jogar, mas não
havia sinais do seu amigo em lado nenhum.
O som do seu telemóvel despertou-o para a realidade e, ao
olhar para o visor, viu o nome de Milicent. Estranhou…ela estaria com Marlene e
não estava à espera que lhe ligasse a estas horas:
- Meu amor…
- Marco, sou eu a Marlene! – Não esperava ouvir aquela voz…e logo ali soube que algo
não estava bem.
- Marlene…o que é
que se passa? A Mili está bem?
- Acho que vai ficar…Marco, a Mi está no hospital. Eu
estou aqui no hospital, com ela, com os pais…e o Mario já cá está também.
- E porque é que eu
só estou a saber agora? O que é que aconteceu? – Marco colocou o computador para o outro lado da cama,
começando a calçar os ténis.
- É um assunto delicado Marco…é que…a Mi andou à porrada
com a Carolin. Elas estão as duas internadas, as duas em estados lastimáveis
e…há polícia, há tanta coisa…
- Calma. A Carolin?
– Marco congelou, mas depressa se levantou da cama pegando
nas chaves do seu carro e saiu do quarto.
- Sim…foi feio.
- Eu estou a ir
para aí, cinco minutos e eu estou aí.
- Tem calma Marco. Ela está bem.
Renae, Hinrich, Marlene e Mario estavam na sala de espera
quando Marco chegou perto deles.
- Como é que ela
está? – Via-se perfeitamente que Marco
estava completamente aterrorizado com a ideia de que algo de muito grave
tivesse acontecido a Milicent.
- Dentro dos
possíveis…está bem, Marco – era
Renae quem lhe respondia.
- Já sabem o que se
passou?
- Parece que…tens
uma maluca por ti à solta, com o teu apelido e não gostou que tivesses acabado
com ela – Mario era super frontal com Marco.
Sempre o foi e, mesmo num momento mais constrangedor, foi super directo com o
melhor amigo.
- Mario…
- Que é que queres,
Marco? É a verdade! A Carolin espancou a Milicent porque não suporta que tenhas
acabado com ela, a Milicent deixou a Carolin num estado…consideravelmente mau.
Tiveste duas raparigas à porrada por tua causa. E só podes cuidar de uma! E é
essa que mais precisa de ti, oh.
- Está feito o
resumo – Hinrich, o pai de Milicent, foi que
falou fazendo com que Marco olhasse para ele – ela vai precisar de descanso, de mimo mas aquilo vai ao lugar. A Mili
é pacífica, mas quando tocam no que é dela…vira fera.
- Eu peço
desculpas…é por minha causa que ela está nesta situação…
- Querido, não – Renae pegou na mão de Marco, continuando a falar – não te podes culpar. A tal Carolin é que
não sabe o que é uma separação. A Mili está bem, partiu a cabeça e tem vários
hematomas no corpo, mas está bem. Precisa de descanso e mimo. A Carolin tem
vários hematomas no corpo também, mas nenhuma vai apresentar queixa…pelos visto
poderia prejudicar a Carolin, segundo a Mili…
- Como é que ela
pode pensar em não prejudicá-la quando…eu posso vê-la?
- Já lá devias
estar. Nós só te avisamos à pouco tempo porque só nos entregaram o telemóvel da
Milicent à pouco e o Mario estava com a Marlene a preencher os papeis.
- Eu vou vê-la
então…
- Ao fundo do
corredor à direita.
Marco caminhou pelo corredor, chegando ao fim do mesmo.
Abriu a porta devagarinho, espreitando para o interior. Milicent mantinha os
olhos fechados, tinha a sua mão esquerda em cima da barriga e uma ligadura em
torno da cabeça.
- Marco… - Milicent abriu os olhos e confirmou as suas suspeitas.
Tinha sentido o cheiro dele invadir aquele quarto e, de imediato, sentiu-se
protegida.
- Mili… - Marco fechou a porta, indo rapidamente ter com Milicent – Olha o teu estado…
- Só quero que ela
esteja um bocadinho pior que eu… - custava-lhe
a falar. Tinha a barriga dorida da força que Carolin havia feito, a cabeça
latejava com as dores e sentia o seu corpo todo dormente.
- Deve estar
princesa…eu espero bem que esteja! Olha o que ela te fez… - Marco começou a dar-lhe leves beijos na testa, descendo
até à bochecha, até que chegou aos lábios de Milicent. Não estavam magoados, ao
contrário dos de Carolin – A minha
rainha está toda magoada.
- Bebé…dói-me tudo…
- Oh minha Mili… - Marco passou com a sua mão pelo braço de Milicent,
agarrando-lhe a mão que ela mantinha sobre a barriga.
- Foi tão…horrível.
Ela…ela disse coisas horríveis, Marco – Marco
sentou-se na cadeira que estava ali perto, chegando-a para perto de Milicent.
Continuou a agarrar-lhe na mão sem saber ao certo se haveria de insistir no
assunto ou não.
- Não precisas de
falar se te custar…
- Ela atirou-me ao
chão e ficou em cima de mim…eu percebi logo que era ela, sabes? Pela maneira
como ela me olhou, pela maneira como ela falou…eu percebi que era a Carolin.
Começamos à porrada até que o segurança a tirou de cima de mim…depois ela disse
que eu lhe metia nojo, que ia fazer de tudo para nos separar… - Milicent fez uma pequena pausa, falar tanto tempo seguido
estava a custar-lhe – A Carolin
disse…ela disse que te amava, que te ia conquistar outra vez, que nos ia
separar Marco…e quando ela disse isso eu explodi. Eu bati-lhe, arranquei-lhe
cabelos…Marco eu bati-lhe! – Marco percebia que Milicent estava com certos
remorsos sobre tudo o que se estava a passar.
- Tu não te
arrependas de lhe teres batido, amor. Ela mereceu tudo, mereceu mesmo.
- Marco…ela quer
separar-nos… - pelo canto do olho de
Milicent, havia uma lágrima a escorrer.
- Ela nunca vai
conseguir isso. Nunca mesmo…eu já entrei com os papéis do divorcio. Vai
demorar, ainda vai demorar um tempinho e, se ela levantar problemas, ainda vai
demorar mais. Mas nós vamos estar juntos sempre, Mili. Eu vou estar sempre do
teu lado a cuidar de ti, a dar miminhos a ti, a fazer jantares românticos, a
fazer muitas surpresas…Mili nós vamos estar juntos ao acordar, ao adormecer, a
lavar os dentes e até podemos estar juntos dentro da banheira…isso é óbvio – os dois riram-se um bocadinho, mas Marco continuou a
falar – vamos fazer amor, vamos ter
filhos, casar, ter netos, bisnetos e ser felizes o resto dos nossos dias. Eu
prometo-te que, nem ela, nem ninguém nos irá separar.
- Eu amo-te tanto,
Marco…e tu não me deixes…não me deixes mesmo.
- Mili…eu prometo
que só te irei deixar no dia em que morrer. E, se por acaso nos chatearmos como
qualquer casal se chateia, eu vou atrás de ti para resolvermos as coisas. As
coisas entre nós nunca ficarão mal…porque eu amo-te, como nunca tinha amado
ninguém. – Marco encostou a mão de
Milicent na sua bochecha, beijando-a de seguida - Eu prometo amar-te e, sejam quais forem os obstáculos que nos possam
separar, eu prometo que irei arranjar uma forma de nos juntar outra vez.
Milicent não sabia o que mais dizer. Marco fazia senti-la
completa e cada dia mais amada. Marco agora protegia-a…ela tem a certeza disso.
- A serio, Mare, eu
fico bem – Milicent estava já em
casa, deitada na sua cama e despedia-se da melhor amiga que tinha de rumar a
Dortmund.
- Se acontecer
alguma coisa liguem-me, eu vou andar sempre a mandar-te mensagens! – Marlene deu um beijo na bochecha de Milicent, levantou-se
da cama e começou a caminhar – E tu toma
bem conta desta preciosidade! Sei onde moras, tenho o teu número e posso muito
bem espancar-te como ela fez com a outra – Marlene falava com Marco que se
mantinha de pé ao fundo da cama de Milicent. Deu dois beijinhos a Marco,
despedindo-se, também, dele.
- Marlene Costa! Eu
fico bem! – Milicent garantiu à
melhor amiga que ficaria bem. Afinal, tinha Marco a viver lá em casa…era essa a
nova condição deles.
- E eu tomo bem
conta dela – assegurou Marco.
- Beijinhos então…e
não vou ter saudades vossas não.
- Nem nós tuas! – Como era notório, as duas amigas estavam a brincar uma
com a outra.
Marlene voltou a dar um beijo a Milicent e saiu do quarto
dela. Ainda se despediu de Renae e Hinrich, rumando, de seguida, para Dortmund.
Marlene tinha ficado até mais tarde. O relógio marcava
21:50…iria chegar tardíssimo a Dortmund, já que iria de carro.
- Ela vai chegar
tão tarde a Dortmund… - comentou Milicent,
ajeitando-se na cama.
- Lá pelas duas da
manhã…ela podia ter ido com o Mario de manhã.
- Ela não deixa o
carro…e queria ficar aqui com a jeitosa das nódoas negras…dá-lhe um desconto – Milicent tinha saído do hospital na manhã daquele dia e
estava mais animada.
- E a jeitosa das nódoas
negras tem dores?
- Não, não senhor
enfermeiro – os dois riram-se e Marco
retirou a camisola, preparando-se para se deitar – mas…senhor enfermeiro? – Marco olhou para Milicent, esperando que
ela continuasse – a jeitosa agora ficou
assim com calores.
Marco riu-se e foi para perto de Milicent, dando-lhe um
beijo na testa.
- Não tens febre…
- Sabes
perfeitamente que disso eu não tenho… - Milicent
esticou a sua mão direita, chegando à barriga de Marco, passou-a para o braço
dele puxando-o para si – a Mili queria
assim…uns miminhos mais nossos, Marco.
- Tu estás toda
dorida, Mili. Só beijinhos e conchinha, nada disso.
- Marco…eu só
queria beijinhos também.
- Diz que sim… - Marco beijou-a e Milicent percorreu as costas despidas do
namorado com as suas mãos.
-
Vais ficar corcunda assim…devagar…mas mesmo devagar, Marco, anda cá – Milicent puxou ainda mais Marco para cima dela
acabando por se colocar em cima da cama, em cima dela, com cuidado.
3 semanas depois:
O dia que nenhum desejou…chegava. O dia em que Marco
teria de voltar a Dortmund. Iriam começar os testes médicos, a preparação da
nova época…e iria começar a separação entre os dois.
Milicent começava a sentir, já, saudades dele. Já se
tinha habituado a dormir com ele todas as noites, a acordar com ele todas as
manhãs. Já se tinha habituado a escovar os dentes ao lado dele depois de cada
almoço, de cada jantar. Já se tinha habituado a ficar na varanda até tarde a
olhar o céu. Já se tinha habituado…a ele.
Os dois acordaram quase ao mesmo tempo, mas mantinham-se
na cama.
- Quando é que nos
vemos?
- Agora ainda
estamos no inicio e acho que consigo vir cá aos fins de semana…e acho que
depois, depois havemos de arranjar uma solução – Marco puxou-a para si, beijando-lhe a testa.
- Eu vou ter tantas
saudades tuas, Marco.
-
E eu ainda mais saudades tuas vou ter, Mili – Marco aconchegou-a nos seus braços, “apresentando” ao
mundo a sua Milicent.
![]() |
You are the one that I'm loving, M. |
Milicent ficou surpresa com o que Marco acabara de fazer…mas
também ficou emocionada, por ser a prova de que ele não está preocupado com os
outros.
A despedida foi complicada para os dois e apenas ficaram duas imagens e
duas frases:
![]() |
Amo-te meu M. |
![]() |
Não chores...eu amo-te, minha M. |
Iria ser um novo começo…um começo que poderia significar
mais do que aquilo que eles estariam à espera.