-
Já te disse que não te conto nada, Mi.
-
Mare…porque? – As duas
amigas estavam deitadas na cama de Milicent, mirando o teto. Milicent
pressionava a melhor amiga a contar-lhe o que se tinha passado na noite
anterior, já que Marlene havia saído do quarto de Marco dizendo que ia para o
de Mario.
-
Porque não aconteceu nada…
-
Mas não foste para o quarto dele?
-
Fui.
-
E não aconteceu nada…?
-
Não! – Marlene virou-se de barriga para
baixo, olhando para a amiga – Aconteceu…mas nada do que estás a pensar.
-
Eu não estou a pensar nada…
-
Estás! Estás sim, estás a pensar que eu fui para a cama dele…que coiso.
-
Já percebi que não aconteceu nada disso, então…mas conta-me! – Milicent abanou a amiga virando-se para ela.
-
Eu conto…porque és tu, mas tens de prometer-me que não dizes nada ao Marco, nem
comentas com o Mario!
-
Tens noção que, da mesma forma como tu me estás a contar…o Mario vai contar ao
Marco?
-
Achas?
-
É capaz…
-
Olha que conte! Não foi nada de mais…
-
Então começa a falar!
-
Sim…bom então…
Lembrança
ON – Marlene
“Não, tu não
estás bêbeda…mas porque raio foste dizer estas coisas? Ah pois…queres deixar a
Mi sozinha com o Marco.” As minhas
pernas parecem tremer que nem varas, o coração vai sair pelo peito disparado e
vai bater contra a parede. O que é que me deu para dizer aquilo? Podia ter dito
outra coisa qualquer…
E agora? Ele vai sair? Ele vem atrás de mim? Por um
lado era bom…ia deixar aqueles dois sozinhos, mas depois…o que é que lhe digo? “A verdade, Marlene…”.
-
É mesmo para o meu quarto que vais? – Aquela
voz…AQUELA VOZ! Não, não, não chegues perto, não! Sim…ele estava a
aproximar-se.
-
Fica quieto onde estás!
-
Tens medo que te morda?
-
Não…isso não irá acontecer. Mario, eu apenas disse aquilo para os deixar
sozinhos. É o primeiro dia deles sem pensarem muito na Carolin…
-
Eu percebi…
-
Tu…hã?
-
Sim, eu percebi que os querias deixar sozinhos.
-
Então ainda bem…assim não há mal entendidos.
-
Mas, se quiseres, podemos mesmo ir até ao meu quarto. Ficávamos por lá a falar,
podíamos fazer alguma coisa e…não sei, estou só a sugerir.
-
Hum…não sei, não sei mesmo Mario.
-
Vem. Ias para casa?
-
Não…ainda não sei bem o caminho para lá chegar.
-
Então vamos. Podemos conhecer-nos melhor e podes dormir cá – “Dormir…cá!?
Oh que é que vem a ser isto?!” – não comeces já a pensar que eu
te quero levar para a cama…o quarto tem um sofá e eu posso lá dormir. Tu ficas
na cama e amanhã de manhã a Milicent leva-te para casa.
-
Mas…
-
Não há volta a dar…tu já disseste a eles que ias para o meu quarto, por
isso…vamos e acabou.
Lembrança
OFF
Milicent ouvia atentamente tudo o que a melhor amiga
lhe dizia.
-
E depois?
-
Depois…depois há pouca coisa. Estivemos a falar de vocês um bom bocado, falámos
daquilo que gostávamos em vocês, o Mario ama o Marco tal e qual como eu te amo
a ti…a cena deles é tão…ai nem sei descrever. Eles amam-se. O Mario fala do
Marco com um orgulho enorme Mi, o Mario fez 21 anos à cinco dias, o Marco 24 à
oito, eles têm três anos de diferença…o Marco é o mais velho mas o Mario parece
ser o que é mais protector – Marlene
falava tudo o que lhe ia passando pela cabeça, não estava com um discurso
articulando, mas Milicent ia percebendo onde é que ela queria chegar – bom e
pronto. Depois falámos de nós, dos nossos gostos. São tão diferente Mi…mas, ao
mesmo tempo, aproximámo-nos. Ele interessou-se pelo que eu estou a estudar – as
duas andavam na mesma faculdade mas em cursos diferentes. Enquanto que Milicent
está na sua área da Pediatria, Marlene está na área que sempre quis que fosse a
sua: Fisioterapia – Sim…é normal ele interessar-se…afinal eu estudo
problemas que ele pode ter…mas foi tão querido Mi…ele deu-me a cama dele para
dormir e ele dormiu no sofá.
-
Então vocês não nada mesmo? – Em tom
de brincadeira, Milicent transmitiu, na voz, uma certa desilusão.
-
Eu estou aqui a contar coisas lindas, coisas que me fizeram ainda admirar mais
aquele rapaz e tu querias que eu e ele fossemos para a cama!?
-
Mare…estou a brincar oh tonta – Milicent
deu um pequeno encontrão a Marlene e as duas riram-se.
-
Ainda não acabou…
-
Ai! Há mais!?
-
Há…mas não houve sexo!
-
Oh…
-
Deves pensar que é tudo tão necessitado como tu e o outro.
-
Atenção que o outro tem nome e é o meu homem.
-
Ai que coisa linda.
-
Vá conta lá o resto.
Lembrança
ON – Marlene
A cama é, sem dúvida, muito boa. São quatro da manhã
e parece que já dormi uma eternidade e apenas me deitei à uma hora. Voltas e
mais voltas na cama e os meus olhos presos a ele…coitadinho…está ali todo torto.
Amanhã não se deve conseguir mexer e cabíamos os dois nesta cama…
Levantei-me indo ter com ele…acordo-o? E se ele
começa a mandar vir comigo? E se me chama nomes? É melhor não, vamos voltar
para a cama. Virei-me e dei, apenas, dois passos em direcção da
cama…mas…coitadinho. Voltei a virar-me para ele, ajoelhando-me no chão.
-
Mario…? – Falei baixinho…se falasse muito
alto ele podia assustar-se. Mas o baixinho não deu resultado…ele não se mexe! –
Mario…? – Aumentei um pouco a voz falando junto do seu ouvido. Ele mexeu-se
e virou a sua cara para mim.
-
Aconteceu alguma coisa? Estás bem? Precisas de algo?
-
Ei calma…guarda lá a preocupação para quando tiveres de acordar a meio da noite
para tratares dos nossos filhos – “MARLENE!! O que é que tu acabaste de dizer!? OH MEU
DEUS QUE VERGONA!!!” – Bom…eu…eu não queria dizer isto…só
que…
-
Querias…e eu não me importo.
-
Hum…Mario?
-
Sim?
-
Queres…vir dormir comigo? Estás aí todo torto, o sofá é demasiado pequeno para
ti e a cama suficientemente grande para cabermos lá os dois e…sempre me
aquecias mais que os cobertores…
-
Tu és sempre assim?
-
Desbocada e depois fico cheia de vergonha? Sim, sou…
-
És tão linda…
-
Como o sol da meia-noite.
-
Não há sol à meia… - ele não
terminou a frase e começamos os dois a rir…obvio que não há sol à meia-noite.
-
São quatro da manhã…nenhum de nós está em condições de falar coisas certas.
Queres dormir comigo ou não?
-
Quero… - à medida que o Mario se ia virando
no sofá, eu levantei-me e fui até à cama. Comecei a deitar-me e ele,
contrariamente ao que eu pensei, veio para o mesmo lado que eu – chega para
lá um bocadinho – ele entrou na cama, colocando a sua mão na minha cintura… “Não desmaies agora…precisas de te lembrar
disto amanhã.” – Dorme bem, Marlene – disse-o depositando um beijo
na minha bochecha.
-
Dorme bem, Mario.
Lembrança
OFF
-
Que fofinho, Mare! – Milicent via
que a amiga lhe contava tudo aquilo com um enorme sorriso nos lábios, com uma
felicidade enorme e, na verdade, Marlene sentia-se muito feliz. Tinha passado a
noite a dormir, apenas a dormir, nos braços de Mario mas aquelas conversas,
aquelas horas que passaram a falar foram as suficientes para se aproximar de
Mario.
-
Milicent…pára com isso.
-
Oh…porque? O Mario é uma pessoa espectacular, super amigo…isso vê-se com o
Marco. É chato, muito chato…mas ele é querido Mare. Foi tão querido para ti.
Vão sair mais vezes?
-
Mi…vamos estar juntos daqui a nada.
-
Também vais ao jogo? – Hoje era dia
de mais um jogo do torneio onde Marco estava a participar. Seria o último jogo
e, possivelmente, mais golos para Milicent.
-
Não queres que vá?
-
Oh não é isso…pensei é que pudesses ir passear com o Mario.
-
Já agora… - Marlene levantou-se da cama,
retirando o elástico que lhe prendia o cabelo – importas-te que vá tomar
duche?
-
Claro que não…eu já tomei por isso vai tu.
-
Tens de me ajudar a escolher a roupa.
-
Duvidas a esta hora?
-
Não…é só mesmo porque quero impressionar o rapaz – Marlene não deixou Milicent responder-lhe e
enfiou-se na casa de banho.
Milicent ainda tinha de trocar de roupa, mas decidiu
ir ter com a sua mãe à sala.
-
Então filha?
-
Mãe…eu preciso de falar contigo.
-
Passa-se alguma coisa? – Renae
ajeitou-se no sofá e Milicent sentou-se ao lado da mãe.
-
Não…acho eu. É só que…mãe, eu sei que era suposto virmos para Berlim e sermos
só os três. E, de repente, é mais o Marco e a Marlene…
-
O Marco ainda não conheço, não.
-
E ainda é cedo para isso…é tudo muito recente mãe. Ainda tenho de falar com o
pai, tenho de lhe contar tudo. Eu não vos escondo nada, contei a verdade toda
porque quero que saibam por mim o que se passa. Mas…eu queria pedir desculpas
por andar mais ausente.
-
Mili… - Renae agarrou a mão da filha,
passando com a sua outra mão na cara dela – tu és nova, fazes 21 anos dentro
de dois meses. Só tens mais é que aproveitar a vida, ser feliz, amar e ser
amada. Esse Marco…esse Marco é só a pessoa que te dá tudo. Ele faz-te feliz,
ama-te e faz-te amar. Não o conheço…vá sei quem é ele é por causa da bola, é
jeitoso e tal, mas sei que ele te ama. Caso contrário, não teria desfeito uma
relação tão longa como a que tinha.
-
Mãe…tu estás desiludida comigo? – Milicent
havia feito a mesma pergunta à avó…sabia perfeitamente que era um assunto
delicado.
-
Não. Não estou nem um bocadinho. Tu apaixonaste-te, mesmo que soubesses que ele
era casado ou ia casar…o amor é para ser aproveitado quando chega. E tu, mais
que ninguém, mereces ser amada. Posso fazer-te uma pergunta?
-
Claro.
-
Tens medo?
-
Tenho…ele é figura pública, só com isso tenho logo medo. E depois…eu acabei por
destruir o casamento dele, a relação que ele tinha. Se me apresentar à
família…eles podem sempre rejeitar-me. Tenho medo de o perder, de deixar de o
ter no meu dia…e ele poderá sempre voltar a fazer o mesmo.
-
Trair-te?
-
Sim…
-
Precisam os dois de ser sinceros um com o outro…isso será a base da vossa
relação. E não podes pensar no Loresn…
- Eu
não penso…e…tenho medo do pai.
-
Ele irá aceitar a tua felicidade. Para nós é só isso que interessa. És a nossa
única filha, estamos sempre longe, sempre ausentes…nós nunca poderíamos travar
a tua felicidade, nem colocar-te barreiras. Estaremos sempre para ti, para
quando precisares, mas és tu quem toma as decisões na tua vida. E…não penses
que ele te poderá trair. O Marco é mais velho, ele deve ter cabeça.
-
Obrigada mãe…obrigada mesmo – Milicent
abraçou a mãe, apertando-a fortemente. Aquela conversa era precisa e veio no
momento indicado.
-
Não me agradeças filha…sou tua mãe, estarei sempre do teu lado em qualquer
circunstância. E agora vai despachar-te, vá!
-
Eu prometo que venho jantar com vocês. Trago a Mare e jantamos os quatro.
-
Porque não trazes o Marco também?
-
Mãe…
-
É cedo, eu sei, mas vinham só como dois amigos, sem pressão.
-
Eu depois vejo isso com ele e digo-te qualquer coisa, pode ser?
-
Claro, meu anjo – Renae
depositou um beijo na testa da filha que se levantou. Milicent dirigiu-se até
ao seu quarto percebendo que Marlene ainda não tinha saído da casa de banho.
-
Não sei como é que não há acidentes por aqui – dizia Mario quando chegava perto de Marlene e
Milicent. Tinham combinado encontrar-se os três perto da entrada do estádio
municipal – boas tardes, meninas – Mario cumprimentou primeiro Marlene
com dois beijos e, só depois, Milicent.
-
Que é que querias dizer com aquilo? – Perguntou
Milicent, referindo-se ao que Mario havia dito.
-
Com duas avionetas aqui paradas, os carros ainda podiam chocar uns contra os
outros.
-
Respeitinho, Mario, respeitinho!
-
Quer dizer…eu estou a elogiar-te a ti como minha cunhada preferida e à minha Marlene
e sou tratado assim?
-
Que querido Mario! Vê-se mesmo que a noite correu bem!
-
Mi! – Marlene deu uma chapada no braço
da amiga, repreendendo-a.
-
Uh que ela ficou violenta agora… - disse
Mario, fazendo com que Marlene lhe desse também uma chapada, mais forte, no
braço – eu elogio e depois sou vitima de violência domestica.
-
Não estamos em casa Mario…mas obrigada aí pelos elogios…cunhado.
- Sim obrigada…e desculpa a
brutalidade – disse
Marlene, agarrando-se ao braço de Mario – e a roupa não é nada de especial.
![]() |
Marlene |
![]() |
Milicent |
-
Ficas especial de qualquer maneira… - Era
visível, para Milicent, que os dois se davam realmente bem mas decidiu provocar
Mario.
-
E depois eu e o Marco é que é só mel… - Milicent
não os deixou responder e apenas entrou no recinto do estádio. Os dois riram-se,
seguindo-a. Sentaram-se na bancada, esperando o inicio do aquecimento.
-
Ainda bem que chegaram – os três, por
segundos, assustaram-se. Marco aparecera por trás deles, sem que dessem conta.
Deu um aperto de mão a Mario, dois beijinhos a Marlene e sentou-se atrás de
Milicent, rodeando a cintura dela com os seus braços. Devido à indumentária de
Milicent o contacto entre os dois era pele com pele – tu queres que eu me
desconcentre no jogo, é?
-
Porque?
-
Vens assim…tão linda.
-
Olha…obrigada, sim? Mas estou muito menos arranjada do que nos outros dias…
-
Sim porque a Milicent adormeceu enquanto esperava por mim e vestiu-se à pressa
– esclareceu Marlene.
-
As coisas feitas à pressa saem-me sempre bem.
-
Uma grande verdade, sim senhora. Já fizemos tanta coisa à pressa e sempre bem…
- Marco confirmou o que Milicent
havia dito, subindo um pouco as suas mãos.
- Grandes
badalhocos que vocês me saíram! – Atirou
Mario, fazendo Marlene rir que nem uma perdida.
-
Cala-te oh Mario – disse Marco,
colocando a sua cara junto da de Milicent – vens comigo até lá atrás?
-
Marco…vais jogar dentro de minutos, essas coisas ficam para logo.
-
Não é nada disso, oh! Preciso de falar contigo.
-
E não podes esperar para depois do jogo?
-
Não…
-
Vamos lá então – os dois
levantaram-se e Marco ajudou Milicent a subir para o lado onde ele estava –
eu já volto, meninos – avisou Milicent indo atrás de Marco.
Os dois chegaram até uma parte mais escondida do
estádio e, aí, Marco aproveitou para beijar Milicent. Foi um beijo demorado…um
beijo como eles gostavam.
-
Preciso de te pedir uma coisa – Marco
acabou por interromper aquele beijo, colocando as suas mãos no pescoço de
Milicent.
-
Diz.
-
Considera-me teu namorado.
Milicent ficou sem qualquer reacção…era difícil ter
uma reacção àquele pedido de Marco. Tratá-lo por “namorado” era algo demasiado
sério…demasiado sério para uma coisa que apenas tem uma semana. Não sabia se
seria o mais correcto a fazer. Marco estava a sair de uma relação, de uma
relação de anos…e ela…ela não poderia considerá-lo namorado.
-
Marco…eu não posso.
-
Não podes porque?
-
Porque…tu ainda és casado. Estás, ainda, comprometido com alguém.
-
A única pessoa com quem eu me quero comprometer é contigo. E quero mesmo que
entendas isso…considerares-me teu namorado seria a prova disso. Eu quero
considerar-te minha namorada. Quero que me apresentes aos teus amigos,
familiares, como teu namorado. Assim como eu te irei apresentar como minha
namorada…a minha rainha.
-
Marco…é tudo tão recente.
-
O tempo é relativo. Passamos praticamente os dias todos juntos, fazes-me tão
feliz e completo. És tudo para mim, Mili…e eu só peço…que namores comigo.
-
Isso…é o teu pedido de namoro? – Os dois
sorriram…e as palavras desapareceram por momentos. Nenhum dos dois precisava de
falar. Os olhares, o toque, os sorrisos bastavam. Marco deu-lhe um beijo na
testa encostando, de seguida, o seu nariz no de Milicent.
-
É. Milicent Werner… - fez uma
pequena pausa, levando as suas mãos até ao fundo das costas de Milicent –
namoras comigo?
-
Eu…só por acaso, mas só por acaso mesmo, namoro contigo.
-
Isso é um sim?
-
É…é um sim, Marco Reus – Marco tomou
os lábios de Milicent de assalto, pegando-a ao colo rodopiando o seu corpo.
Quando voltou a colocar Milicent no chão, voltou a
dar-lhe um beijo mais demorado para, de seguida, a olhar.
-
Vou fazer de tudo, mas de tudo mesmo, para que sejas sempre a mulher mais feliz
deste mundo.
-
Já o sou…namorado – Marco sorriu,
de imediato, com aquela afirmação de Milicent beijando-a de novo.
-
Vou ter de ir…
-
E pronto, perco logo o meu namorado nos primeiros minutos de namoro.
-
Eu tenho de ir jogar, bebé…
-
Eu sei disso, amor…eu estava a brincar – Milicent
deu-lhe um beijo curtinho, envolvendo a cintura de Marco com os seus braços –
bom jogo, tem cuidado, marca golos para mim.
-
Obrigado, eu tenho cuidado e vou marcar golos para ti – Milicent deu mais um beijo a Marco e os dois
afastaram-se. Milicent ainda o olhava e só quando ele entrou por uma porta é
que ela voltou para junto de Marlene e Mario.
Os dois estavam bastante juntos e mexiam no
telemóvel de Marlene e, ao chegar perto dele, Milicent percebeu que eles
tiravam fotografias.
-
Ai que até já tiram fotos juntos… - Milicent
sentou-se ao lado de Marlene olhando para eles.
-
Algum problema? – Perguntou
Marlene.
-
Nenhum, nenhum…ainda vais chamar cunhado ao Marco por seres namorada aí do
Mario.
-
Isso eu já chamo…por ser teu namorado.
-
Ele não é meu namorado…
-
Mas…se estás com esse sorriso é porque a resposta àquilo que o Mario me contou
foi um sim.
-
Vocês sabem? – Milicent
percebeu que eles já sabiam o que é que Marco lhe tinha dito.
-
O Marco contou-me e eu contei a Marlene – esclareceu
Mario.
-
Estou feita com vocês todos, estou.
-
Mas disseste que sim? – Perguntou
Marlene curiosa.
-
É capaz…
-
És oficialmente Miss Reus? – Inquiriu
Mario, chegando-se um pouco mais para a frente na cadeira.
-
Não…sou oficialmente, para nós, namorada dele.
-
Bem-vindas à família, meninas.
-
Eu não faço parte de família nenhuma – disse
Marlene.
-
Ontem à noite querias fazer parte da minha…
-
Ele tem razão…para quem queria ter filhos com ele… - Mario olhou para Milicent percebendo que ela sabia o
que se tinha passado na noite anterior. Marlene encostou-se à cadeira, puxando
Mario para junto dela.
-
Primeiro dão-nos vocês sobrinhos – Marlene
deitou a língua de fora na direcção de Milicent e Mario aproveitou para lhe dar
um beijo na bochecha e encostar a sua cabeça no ombro dela. Milicent nada disse…mas
sabe perfeitamente que, entre eles os dois, algo está a surgir.
-
Deve estar para lá a arranjar o cabelo e deixa-me aqui nestas ânsias! – Milicent, Marlene e Mario estavam à porta do estádio
e já passava mais de uma hora do fim do jogo.
-
Até parece que o vais comer assim que ele chegar… - Marlene era quem falava. A tarde tinha sido benéfica
para Marlene e Mario. Os dois aproximaram-se…era visível, eles davam-se bem:
mandavam bocas, picavam-se, batiam-se mas…no meio de tudo sabem ser românticos
um com o outro, numa maneira muito deles.
-
Oh…olha. Quando tiveres aí o Götze a marcar golos para ti, eu quero ver…
-
Ele não faz disso…
-
Dedicar golos? – As duas
falavam como se Mario não estivesse ali.
-
Sim…ele nem sequer os marca.
- Podíamos
marcar era um jantar… - Mario parecia
nem ter ouvido o que Marlene havia dito. Puxou-a pela cintura, rodeando-a com o
seu braço. Os dois olhavam-se de forma intensa, viva e com desejo.
-
É quando quiseres.
-
É mesmo?
-
Sim! Gosto de ti… - Milicent
sentia-se intimidada ao estar a assistir àquela troca de palavras entre os
dois.
-
E eu também gosto de ti. Jantamos hoje?
-
Hum…sim, sim jantamos hoje – os dois
deixaram-se envolver no momento. Abstraíram-se de tudo e começaram a avançar
para aquilo que poderia ser o primeiro beijo entre os dois.
-
Desculpem a demora! – “Quando havias de ter chegado não chegaste…” pensou Milicent para ela. Foi visível a atrapalhação
entre Marlene e Mario e, ao mesmo tempo, Marco percebeu que tinha interrompido
a coisa – Podia ter raptado a Mili e já ninguém fazia de vela…desculpem.
-
Não há nada que pedir desculpa, então – Marlene
era quem estava mais atrapalhada e afastou-se, um pouco, de Mario.
-
Jantamos os quatro? – Sugeriu
Marco.
-
Bebé, eles vão jantar os dois…sozinhos e super românticos – esclareceu Milicent, rodeando a cintura de Marco que
encostou a sua bochecha na cabeça da jovem rapariga.
-
Não te importas, Mi? – Perguntou
Marlene, confirmando que iria jantar com Mario.
- Claro
que não! Vão, divirtam-se e sejam vocês.
-
Vamos? – Mario esticou a sua mão na
direcção de Marlene, os dois acenaram a Marco e Milicent começando a caminhar
na direcção do carro de Mario.
-
Então e nós…namorada? – Milicent
olhou para Marco que lhe deu um pequeno beijo nos lábios.
-
Bom…eu prometi à minha mãe que jantava com eles. E…ela até disse para te levar.
Eu não lhe dei certezas por isso ela está a contar só comigo e a Mare. Queres
jantar connosco?
-
Jantar…com os teus pais?
-
Tudo tranquilo, como amigos e aproveitava para contar toda a história ao meu
pai.
-
Já não achas que é cedo?
-
Prefiro…viver e saber que eles sabem a verdade.
-
Vamos a esse jantar então.
-
A sério?
-
Claro que sim – Milicent
beijou Marco e os dois foram até ao carro dele começando a conduzir até casa de
Milicent.
Ao chegarem a casa Milicent chamou pela mãe e pelo
pai e não obteve nenhum tipo de resposta. O mais provável era ainda não terem
regressado do tratamento.
-
Marco, importas-te que vá vestir umas calças de ganga? Estas são muito finas e
tenho frio…
-
Vai, claro.
-
Fica à vontade – Milicent
deixou Marco na sala, indo até ao seu quarto. Procurou as calças de ganga no
seu roupeiro e trocou-se em pouco tempo. Voltou à sala onde encontrou Marco a
ver algumas fotografias que estavam em cima das prateleiras – voltei.
-
Eras tão querida em pequenina.
-
Já não sou, é? – Milicent
sentou-se no sofá e Marco sentou-se do lado dela.
-
És querida agora sim…mas és mais…mulher – Marco
colocou a sua mão na cintura de Milicent, beijando-a. Os dois não estavam muito
preocupados em ficar quietos ou algo de género…não estava ninguém em casa.
Mas acabaram por ficar a ver televisão. Milicent
percebeu que Marco estava cansado e os dois estavam apenas a descansar na
companhia um do outro. Milicent adora fotografar, adora fotografias, desde
pequena e o facto de a sua relação com Marco ser secreta, faz com que ela dê
mais importância aos pormenores e, estarem ali os dois na sala, só fez com que
ela ligasse mais a isso.
Ao contrário foi Marco quem pegou no seu telemóvel
para retirar ele mais uma fotografia a dois.
-
Queres? – Perguntou ele à sua namorada.
- Olha, olha…que lindinho. Eu
quero – Marco
enviou a fotografia a Milicent, que a colocou no seu perfil do Instagram com a
descrição mais simples que encontrou na sua cabeça:
![]() |
Namorado |
Passaram cerca de quarenta e cinco minutos sozinhos
até que a porta de casa se abriu. Depressa se levantaram do sofá encarando
Renae e Hinrich. Milicent viu o seu pai ficar com uma cara de espanto como
nunca antes tinha visto, já a mãe esboçava um sorriso sincero e verdadeiramente
feliz.
-
Olá, boa tarde… - começou
Renae, deixando os sacos que trazia em cima da mesa de jantar.
-
Mãe…pai, este é o Marco, nós somos amigos e um bocadinho mais que isso e a
Marlene não vem jantar e eu pensei que ele podia jantar connosco – Milicent deu toda a informação aos pais que se
desmancharam a rir.
-
Filha…não é preciso tanta pressa para nos apresentares o Marco – disse Hinrich, chegando perto de Marco esticando a
sua mão na direcção dele – Hinrich Werner. Pai da Milicent, só espero que a
estadia aqui em casa seja do seu agrado Marco…Reus – Hinrich falava num tom
de brincadeira mas, por reconhecer Marco, sentia-se um pouco menos à vontade.
-
Muito gosto…trate-me por tu, por Marco. Sou pouco mais velho que a sua filha.
-
Com certeza.
-
Renae…Werner – Renae
aproximou-se, também, de Marco cumprimentando-o com dois beijinhos – mãe da
Mili e podes ficar à vontade cá por casa. E sê bem-vindo ao nosso núcleo.
-
Muito obrigado – Marco
sentiu-se muito bem recebido pelos pais de Milicent e, por sua vez, a rapariga
sentia-se feliz por o seu pai estar a aceitar aquele envolvimento. Teria de lhe
explicar as coisas mas iria esperar até ao jantar.
-
Estava muito bom o jantar, Renae – dizia
Marco quando Milicent e a mãe colocavam na mesa sumo de maçã com gás, já que
nem Renae nem Hinrich podiam beber álcool e, os quatro, optaram por brindar com
sumo de maçã. Brindar a que? Ao facto de Hinrich aceitar e abençoar o namoro de
Milicent e Marco.
O brinde foi feito e, para a
posteridade ficou apenas uma imagem dos copos de Marco e Milicent
![]() |
A nós! És meu e só meu, namorado. |
-
Vocês importavam-se se nós fossemos até à varanda? – Perguntou Milicent aos pais.
-
Claro que não…estejam à vontade!
Os dois foram até à varanda onde tinham uma vista
sobre toda aquela zona da cidade. A noite estava agradável, não havia frio e o
calor que se tinha feito sentir da parte da tarde tinha baixado.
Milicent tinha algo a dizer a Marco, não sabia como
o haveria de fazer…mas decidiu levar uma conversa menos pensada…ser ao natural.
-
Tu não me vais deixar, pois não? – Perguntou
Milicent num impulso.
-
Porquê essa pergunta agora?
-
Marco…isto tudo é muito recente. Falamos em namoro, em coisa séria…mas é tudo
recente. Tu trais-te a Carolin comigo e eu fui traída no passado…tenho medo.
Aliás, tenho vários medos.
-
Hum…eu também tenho medo. Sobretudo se encontrares aí um rapaz mais giro que eu
e que me queiras deixar.
-
Eu estou a falar a sério…!
-
E eu também – Milicent olhou para Marco que se
começou a rir – vá…estava a brincar um bocadinho – Marco colocou-se
atrás de Milicent, rodeando-a com os seus braços – é normal que tenhas esses
medos. É normal porque é tudo recente e porque começamos como dois amantes.
Mas…Milicent, eu só te quero a ti. Fiz-te a minha quarta namorada e serás a
última.
-
E se nos chatearmos? E se nos fartarmos um do outro?
-
Iremos resolver as coisas como adultos…ei – Marco
virou-a para si, encostando o seu nariz no dela – começo a amar-te cada vez
mais. Não te vou deixar nem que o mundo inteiro se vire contra nós.
-
É?
-
Sim, Mili…és a pessoa mais importante no meu dia.
-
Ai Marco – Milicent escondeu a sua cara no
peito de Marco, formando um sorriso sincero nos lábios – quando eu tiver
medos…eu só peço que me ouças, que me tentes entender. E…e não quero que me
digas coisas bonitas só para me fazeres sentir bem. Tens de dize-lo porque é o
que sentes…porque é a verdade – Milicent votou a olhar para Marco, seguindo
o seu discurso – mesmo que essa verdade custe ouvir. A verdade é sempre
melhor que a mentira.
-
De mim vais ouvir sempre a verdade. Quando precisares de falar tu podes sempre
vir ter comigo, podes rir, chorar, bater já não porque depois é mau…mas podes
vir sempre ter comigo.
-
E tu o mesmo…serei o teu porto seguro se assim quiseres.
-
Aceito…aceito se tu fizeres o mesmo.
-
Eu irei fazer isso…como fiz hoje – os dois
trocaram um pequeno beijo para, de seguida, Milicent o quebrar – mas há mais
uma coisa.
-
Ai…
-
Não tenhas medo.
-
Não tenho, diz lá.
-
Bom…o oito é um número especial para mim. Nasci dia oito do mês oito, com oito
anos perdi o medo da água do mar, os meus pais casaram a dia oito, a Marlene
faz anos a oito, marcaste oito golos para mim e hoje…o dia do nosso namoro…
-
É dia oito…wow.
-
Pois…
-
Afinal o número oito é que é o da perfeição.
-
Para mim sim…Marco…eu quero fazer-te uma pergunta.
-
Que envolve o oito de hoje?
-
Os dois: os golos e o namoro.
-
Sim…
-
Bom…podes achar estranho, mas é mesmo o que eu quero…
Milicent saberia que a pergunta iria ser estranha,
mas precisava de a fazer para, mais tarde ou mais cedo, surpreender todos
aqueles que estavam relacionados com o número oito.
Olá meninas!
Desde já peço imensas desculpas pela demora em publicar mas com a época final do semestre da faculdade e uns problemas familiares pelo meio foi impossível escrever alguma coisa para publicar.
Finalmente as coisas estão melhores, estou de férias e o capitulo está aqui! Espero que gostem, mesmo que seja maior que o normal.
Meu amor, minha princesa, irmã...é todo teu! É todo teu por tudo o que tens sido, por todo o apoio que me dás. Será necessário mencionar o teu nome? Sim: Ana Rita Pereira! Amo-te irmã de outra mãe.
Beijinhos a todas e muito obrigada!
Ana Patrícia.